"Devido à velocidade da luz ser superior à do som, algumas pessoas parecem inteligentes até as ouvirmos."
Quinta-feira, 1 de Dezembro de 2022
Ainda há tanta janela sem defenestração


Joaquim Figueiredo
Mesmo... ainda há muitos Vasconcelos
José Manuel Nero - Portugueses é que já não há, a prova é o estado em que está o País.
David Ribeiro - Ou então, José Manuel Nero, o mais provável é que mesmo aos tropeções e à falta de melhor é isto que os portugueses querem.
 
José Manuel Nero
David Ribeiro Sim, julgo que o parte da população é mesmo isto que quer. Para esses, é tudo muito mais fácil vantajoso em termos económicos sem exigir trabalho ou responsabilidade. As crianças de hoje vão ser os escravos de amanhã tal vai ser, essa sim, a pesada herança que lhes vamos deixar.
Jorge Veiga
Há tanta janela desaproveitada...



Captura de ecrã 2022-12-01 093525.jpgMas, nenhuma palavra me fascinava tanto quanto "defenestração".
A princípio foi o fascínio da ignorância. Eu não sabia o seu significado, nunca me lembrava de procurar no dicionário e imaginava coisas. Defenestrar deveria ser um acto exótico praticado por poucas pessoas. Tinha até um certo tom lúbrico. Galanteadores de calçada deveriam sussurrar ao ouvido de mulheres:
- Defenestras?
A resposta seria uma bofetada na cara. Mas, algumas… Ah, algumas defenestravam.
Também podia ser algo contra pragas e insectos. As pessoas talvez mandassem defenestrar a casa. Haveria, assim, defenestradores profissionais.
Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que encerram os documentos formais? “Nesses termos, pede defenestração...” Era uma palavra cheia de implicações. Devo até tê-la usado uma ou outra vez, como em:
- Aquele é um defenestrado.
Dando a entender que era uma pessoa, assim, como dizer? Defenestrada. Mesmo errada era a palavra exacta.
Um dia, finalmente, procurei no dicionário. E aí está o Aurelião que não me deixa mentir. “Defenestração” vem do francês “Defenestration”.
Substantivo feminino. Acto de atirar alguém ou algo pela janela.
Ato de atirar alguém ou algo pela janela!
Acabou a minha ignorância, mas não minha fascinação. Um acto como esse só tem nome próprio e lugar nos dicionários por alguma razão muito forte. Afinal, não existe, que eu saiba, nenhuma palavra para o acto de atirar alguém ou algo pela porta, ou escada a baixo. Por que então, defenestração?
(…)
- Com prédios de três, quatro andares, ainda era possível. Até divertido. Mas, daí para cima é crime. Todas as janelas do quarto andar para cima devem ter um cartaz: “Interdito defenestrar”. Os transgressores serão multados. Os reincidentes serão presos.
Na Bastilha, o Marquês de Sade deve ter convivido com notórios defenestradores. E a compulsão, mesmo suprimida, talvez ainda persista no homem, como persiste na sua linguagem. O mundo pode estar cheio de defenestradores latentes.
- É essa estranha vontade de atirar alguém ou algo pela janela, doutor…
- Humm, O Impulsus defenestrex de que nos fala Freud. Algo a ver com a mãe. Nada com o que se preocupar – diz o analista, afastando-se da janela.
Quem entre nós nunca sentiu a compulsão de atirar alguém ou algo pela janela? A basculante foi inventada para desencorajar a defenestração. Toda a arquitectura moderna, com as suas paredes externas de vidro reforçado e sem aberturas, pode ser uma reacção inconsciente a esta volúpia humana, nunca totalmente dominada.
Uma multidão cerca o homem que acaba de cair na calçada. Entre gemidos, ele aponta para cima e balbucia:
- Fui defenestrado…
Alguém comenta:
- Coitado. E depois ainda o atiraram pela janela.
Agora mesmo deu-me uma estranha compulsão de arrancar o papel da máquina, amassá-lo e defenestrar esta crónica. Se ela sair é porque resisti.
(Luís Fernando Veríssimo n'O Candeeiro do Vasco - 1dez2013)

  Joaquim FigueiredoDavid Ribeiro excelente texto... obrigado pela partilha. Atirar pela porta fora, não será deportar? Óptimo feriado

 

  Ainda vai dar um treco ao André Ventura
Captura de ecrã 2022-12-01 115147.jpg
(...) Ao lembrar tantos portugueses, de tantas origens, que se envolveram no movimento revolucionário, o Presidente da República quer lembrar também os Portugueses de etnia cigana que, como reconheceu então o próprio Rei D. João IV, deram a vida pela nossa independência nacional. O “cavaleiro fidalgo” Jerónimo da Costa e muitos dos duzentos e cinquenta outros ciganos que serviram nas fronteiras “procedendo na forma de traje e lugar dos naturais” tombaram por Portugal. Portugal lembra-os, presta-lhes homenagem e exprime a sua gratidão. Este dever de memória é de elementar Justiça e rompe com tanto esquecimento e discriminação de que os ciganos têm, infelizmente, sido alvo no nosso País.

 

  
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Publicado por Tovi às 10:05
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