...neste Dia de Reflexão
Rui Moreira no Sol em 10out2025
Onde começam as maravilhas
Nada no Porto é simples ou sereno, dada a natureza burguesa, liberal e irresoluta da cidade. O portuense distingue-se por esse traço de caráter, que espero do meu sucessor.
‘O Porto é o lugar onde para mim começam as maravilhas e todas as angústias‘
Sophia de Mello Breyner Andersen
Domingo chega ao fim o meu 3.º mandato como presidente da Câmara do Porto. Para trás ficam 12 anos de dedicação ao projeto de cidade que apresentei aos portuenses. Agradeço a quem confiou em mim e acreditou que era possível implementar um projeto político à medida das nossas ambições, bem como a todos os que comigo trabalharam: eleitos, dirigentes e funcionários. Não me compete apresentar um balanço. É prematuro fazê-lo, e nunca serei a pessoa certa para isso.
Para mim, foi uma história de amor. Inevitavelmente, como sucede nas relações amorosas, nem tudo correu na perfeição e não pude concretizar tudo o que pretendia. Seria impossível agradar a todos, porque os interesses individuais dos meus concidadãos são muitas vezes divergentes.Nesta campanha para as autárquicas, ouvimos propostas muito diferentes, que resultam de projetos alternativos, de ideias diferentes para a cidade. Houve quem tudo criticasse, e não faltou quem reclamasse para si a autoria e os louros pelo que correu bem. Da espuma dos dias, percebe-se que há projetos que só queremos desde que não nos causem incómodo. Os ingleses têm uma expressão para isso: not on my backyard, ou seja, ‘não nas minhas traseiras’.
Reapareceram os saudosistas. Derrotados em 2017 e 2021, espreitam uma nova oportunidade, e tentaram impregnar todas as candidaturas. Creio que não têm noção do ridículo mas, em qualquer caso, recuso a posologia que nos propõem, inspirada por obsessão e revanchismo. Não me parece, de resto, que a cidade esteja doente. A hipocondria política é a arma favorita da demagogia que glorifica tempos em que o Porto estava ‘ferido na asa’, em que, como escreveu Carlos Tê e cantou Rui Veloso, víamos a cidade «abandonada, nesse timbre pardacento, nesse (…) jeito fechado de quem mói um sentimento».
Abomino o bota abaixo, que resulta de falta de cosmopolitismo: o Porto é, mesmo com dores de crescimento, melhor do que as narrativas que tentam inspirar perceções negativas, seja por despeito ou para amansar frustrados. Às vezes, é o olhar de quem nos visita que nos dá alento. Teresa Patrício Gouveia, que foi ministra da Cultura e presidente de Serralves e visita o Porto com frequência, escrevia há dias: «Ia a dizer: bastava uma ida a qualquer cidade espanhola para ver a qualidade urbana do espaço, a civilidade da convivência de peões e trânsito, o desenho dos passeios, a arborização das ruas, a sinalética, etc., etc., etc. – e fazer igual. Mas corrijo: basta ir ao Porto e ver o que lá se faz e como, desde sempre, se trata o espaço público, onde usufruímos a mesma civilidade e a mesma qualidade urbana. Não voto no Porto, voto no Príncipe Real.»
Comprometido com a neutralidade, não posso, ainda assim, ficar indiferente a expressões populistas que nos apoucam. Porque por muito que nós, os políticos, tenhamos responsabilidade, a nossa influência é efémera: o destino da cidade será sempre obra da cidadania.
Nada no Porto é simples ou sereno, dada a natureza burguesa, liberal e irresoluta da cidade. O portuense distingue-se por esse traço de caráter, que espero do meu sucessor. Conto que nos saiba alistar para o seu projeto, que seja persistente no gozo da autoridade e liberdade que o voto dos portuenses lhe irá conferir. Não queiramos quem não gosta da cidade. Quem a quer irrelevante e obediente. Quem nos quer desmobilizar. Já experimentámos isso e foi uma tristeza. Votem na certeza de que, em qualquer caso, o vosso futuro será seguramente diferente, como será o meu amanhã.
Manuela Fernandes - Sr Presidente Rui Moreira, estou um pouco zangada consigo, mas gostei deste texto.
Vasco Melo - Também estou zangado com Sr Presidente. Acho (achava) muito bem que não se comprometesse com nenhuma candidatura, tal como achava muito bem que apoiasse quem se propôs continuar com um movimento fora dos partidos, caso do seu vice Dr Filipe Araújo. Mas só que não, vá o Diabo saber, e nós daqui a uns tempos, preferiu estender a passadeira laranja desde o Bolhão até a Câmara.
Margarida L Silva - Rui Moreira= pior presidente das últimas décadas
José Miranda - Foi uma pena o doutor Moreira sair por limitação de mandatos e não via vontade eleitoral dos Portuenses. Este último mandato manchado pelo silêncio cúmplice da destruição da qualidade da vida dos cidadãos pela psicótica propriedade da empresa Metro do Porto sobre a cidade em que a resposta do doutoro Moreira foi plantar mecos por toda a cidade. E não se perdoa o seu silêncio sobre a candidatura do seu vice Presidente. Com amigos desses, Filipe Araújo não precisa de inimigos.
Fernando Peixoto - É triste que o Dr. Rui Moreira, não tivesse uma palavra de apreço pelo seu vice-Presidente e ficou calado. Conheço o Filipe Araujo e sei da sua competência e trabalho que fez. Não lhe prestou justiça pela lealdade que ele lhe prestou!
Toca a refletir...
Por onde eu ando...
Nova Crítca - vinho & gastronomia
PINN (Portuguese Independent News Network)
Meus amigos...
A Baixa do Porto (Tiago Azevedo Fernandes)
Antes Que Me Passe a Vontade (Nanda Costa)
Caderno de Exercícios (Celina Rodrigues)
Cerâmica é talento (Pataxó Lima)
Clozinha/and/so/on (Maria Morais)
Do Corvo para o Mundo!!! (Fernando Pimentel)
Douro de ouro, meu... (Jorge Carvalho)
Douro e Trás-os-Montes (António Barroso)
Escrita Fotográfica (António Campos Leal)
Let s Do Porto (José Carlos Ferraz Alves)
Life of a Mother Artist (Angela Ferreira)
Marafações de uma Louletana (Lígia Laginha)
Matéria em Espaço de Escrita com Sentido (Mário de Sousa)
Meditação na Pastelaria (Ana Cristina Leonardo)
Memórias... (Boaventura Eira-Velha)
Mente Despenteada (Carla Teixeira)
Nortadas (Francisco Sousa Fialho, João Anacoreta Correia e outros)
O Portugal Futuro (Tiago Barbosa Ribeiro)
O Porto em Conversa (Vitor Silva)
Os meus apontamentos (Vitor Silva)
Renovar o Porto (Rui Farinas e Rui Valente)
Reportagens de Crítica, Investigação e Opinião (Tron)
Que é que se come por aqui (Ricardo Moreira)
Servir o Porto (Pedro Baptista)
Um Rapaz Mal Desenhado (Renato Seara)
Vai de Rastos (Luís Alexandre)
(IN)TRANSMISSÍVEL (Vicente Ferreira da Silva)
Adoradores de Baco...
Site de Prova de Vinhos (Raul Sousa Carvalho)