(Na imagem confrontos em Kiev, entre manifestantes e a polícia - 21nov2013)
Historicamente o sudeste da Ucrânia sempre gravitou em torno da Rússia. Em 1919, Vladimir Lenin, então chefe do governo soviético, integrou o Donbass à República Socialista da Ucrânia contra a vontade da população da região. Após o colapso da URSS, o plebiscito de 1994 em Donbass relativo à federalização da região e à transformação do russo numa segunda língua oficial foi igualmente ignorado pelo então governo ucraniano. Na altura do Euromaidan, as partes sudeste e noroeste da Ucrânia já estavam divididas sobre o futuro do país, com a primeira a procurar integrar-se na UE, enquanto a segunda queria desenvolver laços económicos com a Rússia. O sudeste incluía os territórios de Kharkiv a Odessa, a chamada Nova Rússia, juntamente com a Crimeia. E separadamente, havia o noroeste, onde as tendências nacionalistas ucranianas eram bastantes fortes. Esta divisão tornou-se especialmente visível em 2004, quando a Revolução Laranja, apoiada pelo Ocidente na Praça da Independência, levou Viktor Yuschenko ao poder em Kiev. E a partir de então, com um rompimento de relações entre a Rússia e a Ucrânia, a guerra do gás e a guerra do açúcar, atingiram muito duramente o Donbass, pois as suas indústrias dependiam, em particular, do gás barato russo. As escaramuças entre as forças de Kiev e os independentistas do leste ucraniano mantiveram-se até ao início de maio de 2014, altura em que ocorreu o hediondo massacre na Casa dos Sindicatos de Odessa, onde cerca de 50 pessoas foram espancadas até a morte e queimadas vivas. No dia nove desse mês ultranacionalistas e militares ucranianos mataram e perseguiram participantes do Desfile do Dia da Vitória em Mariupol. O regime ucraniano também começou a bombardear o Donbass. Nesta altura a Rússia interveio para acabar com a guerra do regime de Kiev contra o Donbass, conseguindo-se os Acordos de Minsk de 2014 e 2015, que, infelizmente, falharam, uma vez que nem a Ucrânia nem os seus apoiantes ocidentais estavam dispostos a observar as disposições dos acordos. Também o presidente ucraniano Vladimir Zelensky, após a sua eleição em 2019, tomou a decisão de não observar os acordos. Depois... todos já sabemos como foi, mas ainda não sabemos como vai terminar.
Castro Ferreira Padrão - E agora há o resultado que ambas as partes lamentam e, como vai acabar?
David Ribeiro - Essa é a resposta que vale mais de um milhão, Castro Ferreira Padrão.
Hajo Funke, um dos mais influentes analistas políticos no Berliner Zeitung, 20 de Fevereiro de 2024 (via Miguel Castelo Branco)
A contra-ofensiva do exército ucraniano, há muito planeada e celebrada externamente, falhou sangrentamente. A Ucrânia sofreu uma derrota decisiva e, com base no julgamento médio, já não está em condições de conseguir militarmente a reconquista dos territórios ocupados, tal como reclamado pela liderança ucraniana. A substituição do reconhecido anterior Chefe do Estado-Maior General, Zaluzhnyi, [...] mostra quão enfraquecido e dividido o país está sobre a escalada da guerra. O apoio ao presidente ucraniano diminui; segundo estudos de opinião, o apoio de que goza estará em torno de 20%. Faltam soldados, armas e munições. Acima de tudo, muitos ucranianos sentem agora que a NATO os levou à guerra e depois os abandonou. A fadiga é evidente e muitos evitam o serviço militar. Só na Alemanha há cerca de 200 mil ucranianos que não querem ser carne para canhão numa guerra que não precisava ser travada dessa forma e poderia há muito ter terminado. De acordo com um antigo colaborador próximo de Zelensky, cerca de 4,5 milhões recusaram ser registados pelas autoridades militares. Para um país com uma população estimada em apenas 28 milhões de habitantes, 10 milhões dos quais são reformados, este é um enorme problema que põe em causa a continuação da guerra. Os negociadores ucranianos sublinham agora abertamente que houve negociações de paz muito avançadas entre ucranianos e russos em Istambul, em Março e Abril de 2022, e que não foi culpa deles ou de Zelensky se um acordo não foi alcançado naquela altura, mas sim na atitude dos britânicos e dos americanos à qual os outros membros da NATO teriam então aderido.
Castro Ferreira Padrão - E eu continuo, e agora?
David Ribeiro - Só há uma solução, Castro Ferreira Padrão: sentarem-se à mesa de negociações.
Mário Paiva - David Ribeiro, o que podiam ter feito em Istambul em 2022 e evitado a mortandade e a destruição do país...
David Ribeiro - Claro, Mário Paiva.
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