Para melhor compreendermos tudo o que se está a passar em Ferguson convém não esquecer que esta é uma pequena cidade (16 km2) do estado americano do Missouri, com pouco mais de 21 mil habitantes, sendo 29,3% brancos e 67,4% afro-americanos (U.S. Census - 2010). O rendimento per-capita nesta cidade é de 20.524 USDollars (menos de metade do rendimento per-capita dos EUA) e 17,6% da população vive abaixo da linha de pobreza.
Cronologia dos acontecimentos (por Marcus Lütticke da Deutsche Welle)
9 de agosto de 2014: Michael Brown, de 18 anos, é baleado por um policial em Ferguson, um subúrbio da metrópole de Saint Louis, no estado do Missouri. De início são contraditórias as informações sobre as circunstâncias que levaram aos tiros. Segundo a polícia, Brown teria tentado roubar diversos pacotes de cigarrilhas de uma loja e se comportado de forma "agressiva", antes de ser alvejado. Uma testemunha relata a jornalistas uma sequência de fatos diferente, porém: Brown estaria a caminho para a casa da avó. Ao receber os tiros, teria as mãos levantadas. Como a grande maioria da população de Ferguson, o jovem era afro-americano.
10 de agosto de 2014: Pela manhã a polícia convoca uma coletiva de imprensa. Segundo Jon Belmar, chefe de polícia do condado de St. Louis, o agente que disparou contra Michael Brown foi empurrado de volta para o carro policial e lá "atacado". O primeiro disparo teria sido feito ainda de dentro do veículo, sem atingir ninguém, e os tiros fatais, já do lado de fora. Diversas perguntas da imprensa sobre os acontecimentos permaneceram sem resposta. Em memória de Brown, um grupo se reúne à tarde, nas proximidades do local do homicídio. Alguns oram, outros protestam contra a polícia. Pela noite adentro, os protestos acabam em violência, lojas da área são saqueadas. Um helicóptero policial é atingido por tiros.
11 de agosto de 2014: Trabalhos de limpeza após uma noite de violência. À tarde, os pais de Brown apelam aos manifestantes para que mantenham a calma, mas à noite voltam a ocorrer protestos, violência e saques. Pela primeira vez a polícia emprega gás lacrimogêneo.
12 de agosto de 2014: A polícia se recusa a divulgar o nome do agente atirador, declarando que ele teria recebido ameaças de morte. O presidente Barack Obama pede calma aos habitantes de Ferguson e expressa condolências à família da vítima. Na terceira noite de protestos violentos, há emprego de gás lacrimogêneo e de veículos blindados.
13 de agosto de 2014: Durante o dia, os moradores de Ferguson se manifestam pacificamente. A intervenção da polícia é criticada pela opinião pública. À noite volta a ocorrer violência. As forças de segurança respondem com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral.
14 de agosto de 2014: Obama conclama à "paz e calma" em Ferguson. Jay Nixon, governador do Missouri, transfere o comando da operação, da polícia local para a Missouri State Highway Patrol, a policia estadual. A chefia é entregue a Ronald Jonson, afro-americano e natural de Ferguson. No início da noite, no Gateway Arch, marca registrada de St. Louis, há protestos, a maioria silenciosos, contra a violência policial, com a participação da família de Brown. A noite em Ferguson é tranquila.
15 de agosto de 2014: A polícia revela pela manhã o nome do atirador: Darren Wilson, policial branco com seis anos de experiência profissional que até então nunca chamara a atenção negativamente. À noite há protestos pacíficos, enquanto paralelamente os saques prosseguem. Ocorrem choques entre manifestantes e saqueadores. A polícia está presente, mas se mantém basicamente neutra.
16 de agosto de 2014: O governador Jay Nixon decreta estado de exceção e toque de recolher em Ferguson, entre a meia-noite e as 5h da manhã. Apesar disso, violência e saques continuam.
17 de agosto de 2014: Segundo uma perícia encomendada pelos pais de Michael Brown, o jovem foi atingido por seis balas, duas na cabeça e quatro no braço direito, todas pela frente. Acontecem novos distúrbios à noite, antes mesmo do início do toque de recolher. Manifestantes isolados atacam os policiais com coquetéis molotov, segundo a polícia há também disparos entre a multidão. Os agentes empregam gás lacrimogêneo para dispersar os protestos.
18 de agosto de 2014: Pela manhã cedo, o governador Jay Nixon assina uma portaria permitindo a mobilização da Guarda Nacional americana para Ferguson. Mais tarde, um advogado da família de Brown afirma que uma autópsia privada confirma que o jovem foi atingido por ao menos seis tiros.
«Manuel Rocha» no Facebook >> O problema está travestido de racismo.
«Mario Jeronimo» no Facebook >> David Ribeiro relativamente ao teu comentário inicial, porque é que uns são brancos... e os outros são afro-americanos, e não pretos ou negros???. Abraço.
«David Ribeiro» no Facebook >> Os Afro-americanos são realmente pretos, mas com a diferença que já nasceram e/ou foram criados nos EUA e isso faz a diferença, meu caro Mario Jeronimo.
«Manuel Rocha» no Facebook >> Quantas manifestações anti-racismo têm havido pelo facto da polícia balear criminosos brancos?pelo que me parece nesse estado há mais negros do que brancos... porque não dizem que o negro atacou roubando o branco porque era branco?
«David Ribeiro» no Facebook >> O facto de o negro baleado ter eventualmente atacado ou roubado um branco não dá o direito a ninguém de o matar. Mesmo nos países onde ainda há a a pena de morte, esta só pode ser efectuada após julgamento, meu caro Manuel Rocha.
«Manuel Rocha» no Facebook >> Eu nunca me referi ao direito de matar ou não... a que propósito o diz?
«David Ribeiro» no Facebook >> Foi o que entendi, mas aceito que deverá ter sido erro meu.
«Manuel Rocha» no Facebook >> Ando um pouco farto de se falar em racismo onde não é esse problema que existe.
«David Ribeiro» no Facebook >> Também não me parece que seja um problema de racismo o que se está a passar em Ferguson, mas muito mais um "luta" entre os mais desfavorecidos e os outros. Só que neste caso "os mais desfavorecidos" são negros.
«Manuel Rocha» no Facebook >> É a arma que têm. :(
«António Alves» no Facebook >> O racismo é um problema histórico nos EUA particularmente em relação aos negros. O Estado do Missouri tem uma história eloquente de discriminação e segregação racial. Fazer de conta que o problema não existe é no mínimo perigoso.
«Manuel Rocha» no Facebook >> Se existe; não foi este caso... se o é; porque não referiram o roubo e agressão de um preto com brutalidade contra um branco? É que por azar a maioria nesta comunidade é negra ok?
«António Alves» no Facebook >> Eu considero claramente que existe tendo em conta a sequência dos acontecimentos e o historial americano. Desde janeiro até hoje a polícia americana já abateu a tiro mais de 400 homens negros. Algo de mal se passa na América. Mas admito estar errado e possa pura simplesmente ter sido um caso de um polícia impreparado para o trabalho que tem de executar. Uma outra coisa: a acusação de roubo está por provar. O vídeo mostrado pela polícia em que se vê um negro a roubar uma loja e a empurrar o comerciante de um modo que não podemos inclusivamente considerar muito violento, mas isso obviamente não desculpa o crime de roubo, só apareceu dias depois dos acontecimentos e nele não é possível identificar claramente o assaltante. O que é factual é que o rapaz foi abordado na rua, às duas da tarde, por um carro patrulha para ser revistado e interrogado, recusou-se a isso. Após discussão com os polícias fugiu e de seguida o agente em causa saiu do carro e disparou. O rapaz parou e levantou os braços. De seguida foi abatido com seis tiros. Quatro nos braços e dois na cabeça. O tiro que o matou entrou no cérebro de cima para baixo, facto que é eloquente sobre a cena testemunhada por várias pessoas. A autópsia prova estes factos. Michael Brown, negro,18 anos, tinha acabado o liceu e ia ingressar este ano na universidade. menos de 15% dos negros americanos conseguem tal feito.
«Manuel Rocha» no Facebook >> E pode dizer no historial americano quantos brancos foram abatidos a tiro pela polícia estadunidense? Se acha que nada pode provar mesmo atravéz de um vídeo que seja algo indecoroso como violento, muito menos pode provar sobre a forma que o negro foi abordado pela polícia e como este reagiu não é? Digo-lhe isto frontalmente porque ando fartinho de ver por aqui no burgo atirar pedras de racismo só a brancos como se os negros nunca o fossem!
«António Alves» no Facebook >> Eu não pretendo provar nada. Isso compete aos tribunais americanos. Limito-me a enumerar FACTOS PÚBLICOS sobejamente documentados e a dar a minha opinião. Quanto aos brancos abatidos pela polícia americana. Este ano não chegam aos número dedos das mãos. E eles são a maioria da população. Além de terem uma menor propensão para o crime (vivem melhor e não são discriminados pelo sistema) a abordagem pela polícia e até as sentenças em tribunal, facto comprovado estatisticamente, para crime semelhante são por norma mais "generosas". De qualquer maneira acho inaceitável que alguém pretenda defender a legitimidade da polícia abataer alguém por ter roubado cigarros e bolachas. Se quiser dar-se ao trabalho de ler todos os nomes desta lista e contar aqueles que lhe parecem WASP faça o favor. List of killings by law enforcement officers in the United States 2014 - Wikipedia, the free... Em todas as comunidades humanas existe racismo. Isso não é novidade nenhuma. Existem países africanos que praticam um racismo claro contra outrros cidadãos e etnias. Mas isso não justifica que isso seja aceitável num país com um estado de direito organizado e civilizado.
«Manuel Rocha» no Facebook >> Aqui que eu saiba ninguém falou em "legitimidades" que eu consiga ver; não vislumbro no link que postou mais mortes de negros por assassinato que brancos.
«David Ribeiro» no Facebook >> É muito importante para a análise dos factos saber as alterações demográficas verificadas em Ferguson. A população da cidade desceu drasticamente nas últimas décadas (28.759 habitantes em 1970 para 21.203 em 2010), ao mesmo tempo que a percentagem de brancos e afro-americanos sofria uma alteração radical. No census de 1990 estavam identificados 73,8% brancos e 25,1% negros, mas no ano 2010 a situação era já completamente diferente, com 29,3% de brancos e 67,4% de negros.
«Jorge Veiga» no Facebook >> David Ribeiro eu volto atrás um pouco, mas essa dos afro-americanos faz-me comichão. Ainda ontem examinei uma boa dose de individuos de raça negra, Guineenses (Guiné-Bissau), com dupla nacionalidade. Serão esses Luso-Africanos ou Afro-Lusitanos? Eu acho que são pretos, como nós somos brancos, os chineses amarelos. Que treta de prurido têm os americanos de chamar os bois (como dizemos) pelos nomes? Não há qualquer racismo nisso, pelo menos é o que eu penso. Roubar seja o que for é "feio", mas matar por causa de uns maços de tabaco?!!!!
«David Ribeiro» no Facebook >> Não é uma questão de racismo mas sim uma forma correcta, no meu entender, de indicar que esses negros já nasceram nos EUA, a maior parte deles filhos, netos e bisnetos de negros nascidos no País.
«António Alves» no Facebook >> essa doa afro-americanos é fruto do politicamente correcto tal como os "native americans" para os índios. Em Portugal também é "feio" dizer preto. O "correcto" é negro.
«Jorge Veiga» no Facebook >> a raça é negra. Chamar Negro? por mim serve, mas não vou chamar afro-lusitano a um negro de angola, nem vou chamar luso-africano a um branco nascido em moçambique, ou como queiram...
«António Alves» no Facebook >> até porque as raças não existem. a cor da pele é uma característica que se engloba no mesmo nível de outras como a cor dos olhos ou do cabelo. não é biologicamente lá grande distinção :-)
«Jorge Veiga» no Facebook >> Lá teremos de ir à Wikipédia e substituir a palavra raça por outras, que no fim de contas dizem o mesmo. Há diferenças de genotipo.
«António Alves» no Facebook >> as questões etnoculturais são imensamente mais influenciadoras do comportamento humano que a cor da pele. Ou o genótipo
«Mario Jeronimo» no Facebook >> David Ribeiro desculpa mas essa de terem ou não nascido no território... deixa a desejar. Ou os tratas por pretos ou negros... e nós por brancos... ou então podemos falar por aqui de afroamericanos.... e caucasianos... porra.
«Jorge Veiga» no Facebook > Concordo com o que diz o Sr Mário Jerónimo. Foi o que atrás referi no caso de um descendente de negros e sendo negro, nascido em Lisboa, para mim é um português (se ele o quizer) e não um Afro-Lusitano (até parece mais uma raça de cavalo, desculpem-me...).
«Diamantino Hugo Pedro» no Facebook >> Em Portugal, a julgar pelo que, por hábito, vem nas noticias, o termo politicamente correcto é "Jovem".
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