"Devido à velocidade da luz ser superior à do som, algumas pessoas parecem inteligentes até as ouvirmos."
Sábado, 23 de Dezembro de 2023
Lendo “Palestina Uma Biografia” de Rashid Khalidi

Já chegou este livro que encomendei há uns dias... segundo já li "não é uma crónica de vitimização, uma tentativa de branquear os erros dos líderes palestinianos nem a negação da emergência de movimentos nacionalistas de ambos os lados. É, antes, uma nova e esclarecedora visão de um conflito com mais de um século, uma história de colonização e de resistência de um povo que não abdica de existir."

 

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Pag. 39, 40 e 41 – Na viragem do século XX, antes de a colonização sionista ter tido grande impacto na Palestina, havia novas ideias a alastrar, a educação moderna e a literacia tinham começado a expandir-se, e a integração da economia do país na ordem capitalista global avançava a bom ritmo. A produção para exportação de colheitas como o trigo e os citrinos, o investimento de capitais na agricultura e a introdução de culturas de rendimento e trabalhos assalariados, visíveis na rápida propagação dos laranjais, estavam a mudar a face de grandes zonas rurais. (...) Socialmente, a Palestina era ainda fortemente rural e de natureza predominantemente patriarcal e hierárquica, e assim permaneceu, em grande medida, até 1948. Era dominada por estreitas elites urbanas oriundas de algumas famílias como a minha, que se agarravam às suas posições e privilégios enquanto se adaptavam às novas condições, com os membros mais jovens da família a obterem educações modernas e a aprenderem línguas estrangeiras a fim de manterem a sua posição e os seus benefícios. Estas elites controlavam a política da Palestina, ainda que o crescimento de novas profissões, ofícios e classes significassem que, na década de 1900, havia mais vias de progressão e ascensão social. Nas cidades costeiras em rápido crescimento, nomeadamente Jafa e Haifa, as mudanças eram mais visíveis do que nas cidades mais conservadoras do interior, como Jerusalém, Nablus e Hébron, uma vez que as primeiras assistiram ao aparecimento de uma burguesia comercial emergente e de uma embrionária classe trabalhadora urbana.

Pag. 46 e 47 - A histórica declaração proferida há pouco mais de um século em nome do conselho de ministros britânico no dia 2 de novembro de 1917, pelo Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros Arthur James Balfour - e que veio a ficar conhecida como Declaração Balfour - continha uma única frase: O governo de Sua Majestade vê de forma favorável a criação na Palestina de um lar nacional para o povo judeu, e empregará os seus melhores esforços para facilitar a realização deste objetivo, sendo claramente entendido que nada será feito que possa prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não judaicas existentes na Palestina, ou os direitos e o estatuto político de que gozam os judeus em qualquer outro país. Se Se já antes da Primeira Guerra Mundial muitos palestinianos clarividentes tinham começado a ver o movimento sionista como uma ameaça, a Declaração Balfour introduziu um novo e temível elemento. Na linguagem suave e enganadora da diplomacia, com a sua expressão ambígua a aprovar «a criação na Palestina de um lar nacional para o povo judaico», a declaração garantia efetivamente o apoio britânico às aspirações de Theodor Herzl de um Estado judaico, com soberania e controlada imigração em toda a Palestina. Significativamente, a esmagadora maioria árabe da população (cerca de 94 por cento na altura) não foi mencionada por Balfour, a não ser de forma indireta, como as «comunidades não judaicas existentes na Palestina». Eram descritos em termos de que não eram, e certamente não como uma nação ou povo - os termos «palestiniano» ou «árabe» não aparecem nas setenta e uma palavras da declaração. A esta esmagadora maioria, eram prometidos apenas «direitos civis e religiosos», não políticos ou nacionais. Em contraste, Balfour atribuía direitos nacionais àquilo a que chamava «o povo judeu». que em 1917 era uma minúscula minoria - 6 por cento - dos habitantes do país. 



Publicado por Tovi às 07:22
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