A época de Natal quando frequentava o 1º ano, no longínquo ano de 1958, era um tempo especial, onde se misturava a alegria dos 11 anos com a expectativa da afixação das classificações académicas para o 1º período, alguns com olhar ansioso no "Quadro de Honra" onde nunca estive. Uma grande árvore de Natal, enfeitada e iluminada, estacionava junto à sala dos professores onde só entrávamos para receber uma qualquer reprimenda. Sentia-se o prazer da época nos próprios professores cheios de sorrisos enquanto se dirigiam para as salas. A professora de Português, uma jovem que nos ensinava a ler em voz alta o "Romance da raposa", aproveitava a oportunidade para nos fazer estudar textos sobre o Natal de grandes escritores portugueses (aquela professora suicidar-se-ia no ano seguinte). O professor de Francês, Dr. Cobeira, também nos fazia ler textos natalícios de autores franceses e mesmo o professor de Matemática, Dr. Pedrosa Afonso (o Popi, porque dizia "popiedades") dava-nos problemas onde o Natal aparecia como mote transversal (se X recebe 4 prendas, Y o triplo e Z metade, quantas prendas foram dadas?), mas tinhamos que os resolver "de cabeça", sem recurso àquele caderno designado por sebenta que comprávamos na papelaria do Liceu. No Desenho, eram inevitáveis temas natalícios brilhantemente coloridos pelos lápis da Viarco. Canções de Natal eram obrigatórias no Canto Coral sob a tutela do Prof. Regadas que nos dividia em A (melhores vozes) e B (eu era e chamava um de nós para accionar o pedal do pequeno piano porque ele era manco, arrastando-se de bengala pelos corredores. No último sábado antes das férias, perfilados no grande pátio, cantávamos o hino nacional trajados à Mocidade Portuguesa: calção castanho, camisa verde e bivaque!
O que mais recordo desses tempos é a alegria exuberante que nos fazia correr nos pátios durante os 10 minutos dos intervalos, com início e fim assinalados por estridente campaínha, os risos sonoros quando partilhávamos os maiores disparates, o jogo da "laranjnha só praticado no exterior enquanto alguns aguardavam a boleia que os levaria ao almoço em casa e os faria regressar no princípio da tarde. Esta camaradagem, onde condições sociais eram irrelevantes, perdurou para todo o futuro, sempre evocada quando o acaso nos faz encontrar o antigo colega, já tão raro. Foi essa a maior lição que tivémos no LAH, aprendendo, sem o saber, o lema dos Três Mosqueteiros. Uma semana antes do Natal, quando começavam as respectivas férias, segredávamos as prendas que cada um ansiava receber, alheios ao ar triste daqueles para quem não havia Pai Natal.
E é assim, com o espírito que o grande Liceu nos educou, que vos desejo umas Boas Festas e um Ano Novo cheio de saúde e alegria.
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