Era previsível... infelizmente.
Dois bebés e uma grávida morreram entre junho e agosto (9 de junho - bebé morre no hospital das Caldas da Rainha. 28 de julho - grávida perde bebé depois de percorrer mais de 100 quilómetros. 27 de agosto - grávida morre enquanto estava a ser transferida por falta de vagas). Mas estes não foram os únicos casos a evidenciar as fragilidades do Sistema Nacional de Saúde (SNS). Os serviços de obstetrícia e ginecologia estão em rutura há vários meses - com médicos internos a ultrapassarem as linhas do trabalho extraordinário - mas agravaram-se desde junho, quando as urgências de vários hospitais anunciaram o fecho durante horas ou dias.
Pedro Santos Guerreiro, diretor executivo da CNN Portugal - "A ministra antecipou-se: não tinha força política para o impacto da morte da mulher grávida que foi mandada de um hospital para outro."
Comunicado do gabinete do primeiro-ministro - António Costa "recebeu o pedido de demissão da ministra da Saúde". O chefe de governo "respeita a decisão e aceita o pedido, que já comunicou ao senhor Presidente da República". António Costa agradeceu "todo o trabalho desenvolvido" por Marta Temido, "muito em especial no período excecional do combate à pandemia da covid-19". Na nota divulgada pelo gabinete do primeiro-ministro acrescenta-se que o executivo "prosseguirá as reformas em curso tendo em vista fortalecer o SNS e a melhoria dos cuidados de saúde prestados aos portugueses".
Sindicato dos Enfermeiros - “Não estávamos à espera. Ficámos surpreendidos, mas parece lógico”.
Sindicato Independente dos Médicos - “Nos últimos meses”, houve uma dissociação da realidade entre Marta Temido e os problemas na Saúde.
Bastonário da Ordem dos Médicos - Miguel Guimarães referiu que para o Ministério da Saúde se pretende "um ministro que faça acontecer e que resolva os problemas que afetam a saúde em Portugal e que de uma forma transversal afetam todos os portugueses". "A saída da senhora ministra do Governo é uma decisão dela e que só ela pode explicar aos portugueses. E só o senhor primeiro-ministro pode explicar porque aceitou de imediato esta demissão".
Luís Paixão Martins - Não interpreto a demissão de Marta Temido como uma vitória dos lóbis sindicais da Saúde. Pela prosaica razão de que as posições destas instituições estão extremadas, são tão partidárias, que não contribuem para influenciar a escolha do sucessor (ou da sucessora). É mais simples (simplista) provocar o desgaste de um membro do governo do que influenciar as políticas do governo. as acredito que os fãs dessas instituições aplaudam.
Raul Vaz Osorio - A Martinha já tinha finalmente percebido que andava a navegar na maionese desde que foi a ministra. Estava à espera de um caso onde não tivesse culpas no cartório para usar como desculpa para sair sem perder a face. Aproveitou-o bem. Já vai é tardíssimo.
Raul Almeida - A grande notícia não é a demissão de Marta Temido. A verdadeira notícia é o facto de ter sido ministra tanto tempo, com um desempenho trágico numa área tão importante como a saúde. Costa tem responsabilidades óbvias nesta tragédia.
Rodrigues Pereira - O Confusionismo. 1. A ministra Temido demitiu-se. 2. Desta vez, o Primeiro-Ministro aceitou a demissão. 3. Porém, exigiu que a demissionária ministra prosseguisse com a criação da entidade que vai administrar "de facto" o Serviço Nacional de Saúde, criando uma espécie de CEO do mesmo. 4. Para tal, teremos a demissionária ministra a exercer, de facto, funções durante mais quinze dias. 5. Quem quer que seja que venha a ser nomeado ministro da Saúde vai, portanto, ser colocado perante um "fait accompli" , algo de difícil explicação (e, para mim, de muito mau gosto). 6. É um facto indiscutível que, com todos os acidentes de percurso que teve, esta ministra desempenhou com êxito (inesperado ?!) o controlo da pandemia, durante mais de dois anos. 7. Também é sabido que a própria pandemia colocou os profissionais de saúde no limite do "burn out", não tendo muitos deles sequer tido férias durante estes últimos dois anos e meio. 8. E que não era possível continuar a exigir tal aos referidos profissionais de saúde. 9. A necessidade de aqueles descansarem e uma péssima gestão das escalas hospitalares conduziram ao estado pré-caótico em que se encontra o SNS, com urgências a encerrarem e até mortes que poderiam ter sido evitadas. 10. O estado mais ou menos de graça (não é piada) em que até há uns tempos se encontrava Marta Temido, resvalou rapidamente - muito à boa maneira portuguesa - para o epíteto "de bestial a besta". 11. Fica, pois, claríssimo que a ministra não tinha quaisquer condições de continuar no cargo e que a sua saída peca por tardia. 12. Não se pode ser Ministro da Saúde CONTRA os médicos e enfermeiros. Dá sempre mau resultado. Nem, tampouco, CONTRA as instituições privadas de saúde. Marta Temido sabia-o, mas fez orelhas moucas: tratou os profissionais de saúde abaixo de cão e desprezou as instituições privadas de saúde. Ficou sem interlocutores ... 13. Não sei que coelho irá António Costa retirar da cartola. Sei que, o mais fácil, é apostar tudo na "evolução na continuidade", nomear o tal CEO do SNS aconselhado por Marta Temido e promover Lacerda Salles a ministro. 14. E o que é que isto iria melhorar/alterar ? Pois a meu ver, absolutamente nada ! 15. Precisa-se de sangue novo , de gente com provas dadas (e há alguns) e de cessarmos de colocar as ideologias políticas à frente do bem-estar dos cidadãos. 16. Aqui bem perto, no Porto, temos alguém que preenche estes requisitos : Chama-se Fernando Araújo, é professor da Faculdade de Medicina e Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário São João. A ver vamos ...
Um ano e nove meses passados não retiro uma vírgula ao que escrevi em finais de novembro de 2020 sobre Marta Temido:
Durante a primeira vaga desta pandemia várias vezes elogiei a ministra Marta Temido pela forma como estava a gerir o SNS no “ataque” ao vírus SARS-CoV-2, mas nesta segunda vaga parece-me ter falhado redondamente. Vejamos o que esta semana nos disse sobre o número de camas nas unidades de cuidados intensivos – dobraram as camas em UCI – mas ao que consta as camas existem, não havendo porém pessoal qualificado suficiente para as tornar operacionais. Poder-se-ão desviar médicos, enfermeiros e demais técnicos hospitalares de outros serviços, mas quem vai “pagar” vão ser os doentes doutras patologias. Também a vacinação contra a gripe foi um desastre, havendo neste princípio de dezembro milhares de portugueses à espera de uma vacina. Há quem diga que no meio de uma batalha não se mudam os generais… mas mais vale um simples mas bom sargento do que um mau oficial superior. É verdade que a manta é curta e se a puxarmos para cima ficam os pés de fora e se taparmos os pés apanhamos frio na cabeça... mas já vamos no oitavo mês de pandemia pelo que já era exigida uma outra forma de "atacar" as dificuldades. Esperemos que a prometida vacinação contra a Covid-19 não seja um desastre... para já algumas afirmações e logo de seguida os desmentidos, não auguram nada de bom.
Altino Duarte - Sinceramente, caro David Ribeiro, não entendo a razão porque faz referência ao que escreveu em 2020 sobre Marta Temido e ao que diz "não retirar uma vírgula"...
David Ribeiro - Altino Duarte ... Unicamente porque continuo a pensar que já teve melhores dias no Ministério da Saúde.
Tudo leva a crer que a morte de uma grávida de 34 anos, depois de ter sido transferida do Hospital de Santa Maria para São Francisco Xavier devido à falta de vagas na neonatologia, foi a “gota de água” que provocou a demissão da ministra da Saúde Marta Temido, num “copo já cheio” de vários episódios, por vezes difíceis de entender, durante a crise das urgências obstétricas e pediátricas encerradas por falta de profissionais. E como é uso dizer-se “rei morto rei posto”... só que o Primeiro-ministro diz que ainda não tem um nome pensado para o lugar de Temido, sendo que a sua substituição será feita “quando for oportuno”, demonstrando a ideia de que demorará a escolher o próximo ministro. António Costa afirmou hoje que “Marta Temido tinha em curso respostas importantes para o SNS, e nós vamos prosseguir essas reformas", o que torna claro que as "políticas não vão mudar”. E isto é que me preocupa, pois o passado recente não me garante estar o problema nas “pessoas”, mas sim nas “ideias”.
O Ministério Público abriu, esta terça-feira, um inquérito à morte da grávida que foi transferida do Hospital de Santa Maria para o São Francisco Xavier, em Lisboa, confirmou a Procuradoria-Geral da República. "Confirma-se a instauração de inquérito, no âmbito do qual o Ministério Público determinou a realização de autópsia médico-legal". Já esta terça-feira a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) tinha anunciado uma investigação às circunstâncias da morte.
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