Está a decorrer esta quinta-feira de manhã a 13.ª sessão de apresentação sobre a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, no Infarmed, em Lisboa, com a presença do presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa.
"Boa notícia": pico foi a 25 de novembro
André Peralta Gomes, da DGS, destacou que há uma "boa notícia" no que toca à situação epidemiológica do país: a 25 de novembro deu-se a "consolidação de um pico" e tem havido uma "tendência de descida" dos contágios, que se espera que seja consolidada nos próximos dias. Deu-se um "desagravamento em vários municípios, sobretudo na região Norte", apesar de, aí, as incidências ainda serem "muito elevadas". No Centro e em Lisboa e Vale do Tejo também está a descer, mas no Alentejo e nos Açores continua a subir.
Norte regista melhoria
Óscar Felgueiras, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, disse que nos últimos dias tem havido "uma melhoria" no que toca à situação da região Norte. Deu-se uma "descida generalizada em quase todos os distritos" da região, excepção feita ao norte do distrito de Vila Real. As zonas do Porto, Maia e Matosinhos já têm menos de 960 infetados por 100 mil habitantes. De acordo com o especialista, o pico de casos na região deu-se relativamente cedo, entre 29 de outubro e 4 de novembro, a que se seguiram vários dias de "estabilização". No entanto, o pico não foi igual em todas as faixas etárias: no setor acima dos 70 anos, este ocorreu entre 9 e 12 de novembro. Paços de Ferreira, o concelho que teve a incidência mais alta, conheceu o pico a 3 de novembro; em Lousada, esse fenómeno ocorreu no dia 16.
Índice de transmissão já está abaixo de 1
Baltazar Nunes, do Instituto Ricardo Jorge, revelou que o R, que indica o número médio de de pessoas que cada infetado contagia, é agora de 0,99. Ou seja, em média, cada portador do vírus já contagia menos de uma pessoa. Portugal entrou, assim, numa fase de "decrescimo ou estabilização de incidência". Baltazar Nunes recordou que a situação epidemiológica nacional é "muito dominada" pela realidade da Região Norte. Esta tem agora um R de 0,96. O especialista do Instituto Ricardo Jorge considerou que medidas como o estado de emergência ou a redução da circulação poderão ter contribuído para esta redução. No entanto, "é preciso esperar algum tempo" para comprovar se esta tendência de descida se mantém, alertou.
Pico de óbitos no final do mês, média de 76 por dia
Manuel do Carmo Gomes, professor de Epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), indicou que há a estimativa de que o pico de óbitos se atinja no final de dezembro, com uma média de 76 óbitos diários. O total acumulado no fim do ano deverá oscilar entre os 6 mil e 6500 mortos de covid-19 desde o início da pandemia, em março. Na quarta-feira, Portugal registava 4645 mortes de covid-19.
Imunidade de grupo é incógnita
João Gonçalves, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, explicou a forma como atuam os sistemas imunitários e as vacinas. "A vacina não vai criar imunidade igual para todas as pessoas", afirmou. O especialista destacou que tem havido progressos ao longo dos últimos oito meses e que a vacina vai conseguir desenvolver anticorpos de "elevada potência". No entanto, afirmou que ainda não é possível saber quando será criada a imunidade de grupo. A imunidade ao vírus também irá variar conforme a idade, já que o sistema imunitário dos mais idosos é menos eficaz. "É importantíssimo continuar a proteger os grupos de risco", defendeu. E em relação às reações adversas das vacinas deixou uma recomendação aos portugueses: "Não tenham medo das reações adversas. São reações do vosso sistema imunitário".
Globalização e clima podem gerar novas pandemias
António Roldão, do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica, explicou como são produzidas as vacinas. O especialista alertou que, em virtude de fenómenos como a cada vez maior circulação de pessoas ou as alterações climáticas, é "expectável" que surjam novos vírus ou novos surtos de vírus já conhecidos. Desde o início do século já houve cerca de 20, vincou.
Há 274 vacinas em desenvolvimento
Fátima Ventura, do Infarmed, revelou que há, neste momento, 274 vacinas em desenvolvimento. Destas, 59 estão já em ensaios clínicos.
Dois em cada 1000 portugueses poderão propagar vírus no Natal
Henrique de Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, abordou a questão da incerteza que grassa em torno da pandemia. O especialista destacou que cerca de um milhão de portugueses já terão estado em contacto com o novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19, embora tenha alertado que a margem de erro varia entre os 600 mil e os 1,8 milhões. O especialista afirmou que, no Natal, cerca de dois em cada 1000 portugueses poderão infetar outros. “Se em cada família o risco é pequeno, multiplicado por muitas reuniões corresponderá à ocorrência de muitas infeções", afirmou. Quanto à vacina, se esta tiver uma eficácia de 100%, será necessário vacinar 67% dos portugueses para obter a imunidade de grupo. No entanto, se a eficácia for de 90%, será necessário vacinar 74% dos cidadãos e, se caísse para 70%, seria necessário vacinar 95% dos portugueses. Segundo Henrique de Barros, neste momento uma “proporção alta” da população já estará imune ao vírus. Mas “não sabemos é por quanto tempo e quem são essas pessoas”, concluiu.
Cerca de 20% das pessoas admitem não usar sempre máscara
Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de LIsboa, afirmou que, nos últimos tempos, os comportamentos dos portugueses têm sido "tendencialmente um pouco mais concordantes com as medidas propostas”. No entanto, ainda há 20% de pessoas (das inquiridas num estudo desenvolvido pela especialista) que admitem não usar sempre máscara quando saem de casa e 40% que dizem que não utilizam quando estão em grupos de 10 ou mais pessoas. A nível de saúde mental, são os cidadãos com maior escolaridade que têm reagido pior às restrições. Já os mais jovens ressentem-se sobretudo da imposição das medidas de distanciamento social. Cerca de 40% dos inquiridos evitam ou adiam consultas médicas por receio de contrair o vírus da covid-19. 50% acham que as medidas que o Governo tem tomado são "pouco ou nada adequadas" (um indicador que tem piorado, revelou Carla Nunes) e 70% duvidam da capacidade dos serviços de saúde na resposta às doenças não covid. A confiança dos portugueses na vacina também está a aumentar, revelou a especialista.
As perguntas de Marcelo e o "otimismo" dos peritos
1) Como veem o mês de dezembro em relação ao início de 2021? Ainda estamos a atingir o pico?
Manuel Carmo Gomes respondeu que está "otimista em relação ao fim do ano" e sobre "o que se vai passar até ao fim do primeiro trimestre". "Tenho esperança de que, quando chegarmos ao Verão, já estejamos próximos de retomar a normalidade", concluiu.
2) No quadro das medidas a adotar, como veem a questão da deslocação e da mobilidade das pessoas? Qual é o grau de relevância da mobilidade nos períodos de Natal e fim do ano?
Carmo Gomes admitiu que, no Natal, haverá "inevitavelmente" um aumento de contágios, mas disse esperar que esse fenómeno já possa ser controlado através da vacinação. Baltazar Nunes sugeriu a hipótese de se criarem "bolhas de Natal" como no Reino Unido - ou seja, que as famílias reduzam o número de contactos sociais antes e depois dessa festividade.
3) Henrique de Barros apontou para entre 10% e 20% de imunizados, mas outros estudos apontam para valores na ordem dos 4% ou 5%: “É relevante saber o grau de imunidade dos portugueses”.
Henrique de Barros respondeu que está "confiante" quanto à evolução da imunidade de grupo. No entanto, disse ser "fundamental" que se desenvolva um inquérito epidemiológico nacional, de modo a conhecer "verdadeiramente" o "grau de defesa" da população.
4) Começa a haver uma evolução no sentido de se aceitar a vacinação ou, como no caso da gripe, pode haver perigo de um protesto generalizado em virtude da escassez de vacinas?
Carla Nunes recordou que, segundo o estudo que desenvolveu, mais de 20% dos portugueses afirmaram querer tomar a vacina assim que puderem. Mais de 50% também disseram querer tomá-la apesar de terem algumas reservas e apenas 7% afirmaram não ter intenções de a tomar. A especialista referiu que os dados mostram que já há uma "predisposição" a nível nacional no sentido de ser vacinado e desvalorizou os 7% de céticos mais radicais. No entanto, vincou a necessidade de as mensagens da campanha de vacinação terem de ser "muito curtas e claras".
As novas medidas para o combate à covid-19 vão ser conhecidas no próximo sábado. Mas ao contrário do que tem acontecido, as restrições deverão durar até ao início do próximo ano, ao invés de durarem apenas 15 dias.
O Parlamento deu 'luz verde', na tarde desta sexta-feira [04dez], ao decreto do Presidente Marcelo que prevê o prolongamento do Estado de Emergência em Portugal até 23 de dezembro, mas sinaliza já outro prolongamento, até 7 de janeiro. Tal como previsto, PS e PSD - que juntos somam mais de dois terços dos deputados - e a deputada não inscrita Cristina Rodrigues votaram a favor. PCP, Verdes, IL, Chega votaram contra e BE, CDS, PAN e a deputada não inscrita Joacine Katar Moreira abstiveram-se.
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