Os militares ucranianos dizem que a Rússia fez explodir a barragem de Kakhovka, na cidade de Nova Kakhovka, na parte controlada pela Rússia da região de Kherson. A administração militar da Ucrânia disse às pessoas para se prepararem para evacuar várias aldeias na margem direita do rio Dnipro devido ao alto risco de inundações.
Al Jazeera às 06h00 GMT de 6jun2023
A Ucrânia e a Rússia acusam-se mutuamente de destruir a barragem de Kakhovka (*) na parte controlada pela Rússia da região de Kherson. A administração militar da Ucrânia disse às pessoas para se prepararem para evacuar várias aldeias na margem direita do rio Dnipro devido ao alto risco de inundações. Enquanto isso, a administração russa instalada na região planeja evacuações de três distritos controlados pelo Kremlin perto do dique da barragem.
(*) O dique da barragem de Kakhovka, de concreto e terra, tem 16 metros de altura e 3.273 metros de comprimento. Localizada no rio Dnipro é uma das maiores infraestruturas do tipo na Ucrânia. A central hidrelétrica tem uma potência de 334,8 megawattss, segundo a operadora ucraniana Ukrgidroenergo. Construída em 1956, durante o período soviético, a represa hidrelétrica de Kakhovka permite enviar água para o canal da Crimeia do Norte, que começa no sul da Ucrânia e atravessa toda a península da Crimeia, ocupada e anexada por Moscovo desde 2014. Na mesma área fica o reservatório de Kakhovka, um depósito de água artificial formado no rio Dnieper, com 240 km de comprimento e até 23 km de largura.
Cronologia do 468.º dia do conflito (via jornal Expresso)
07h20 - Kiev acusa Rússia de destruir barragem e alerta para inundações.
08h04 - Russos “usam cada metro para o terror”, diz Zelensky sobre barragem de Kakhovka.
08h07 - Destruição da barragem de Kakhovka representa “ameaça de catástrofe ambiental”.
08h08 - Destruição de barragem pode ter “consequências negativas” para central de Zaporíjia.
08h18 - Kuleba acusa Rússia de “crime de guerra hediondo”.
09h28 - Russos acusam ucranianos de ataques à central de Kakhovka.
08h33 - Água da barragem de Kakhovka atingirá “nível crítico” em breve.
08h34 - Líderes da UE vão discutir apoio após “ataque sem precedentes” a barragem.
09h33 - Mais de 700 pessoas retiradas após destruição de barragem em Kherson.
09h42 - Inundações no Dniepre podem afetar 80 localidades.
08h43 - AIEA diz que cheias em Kakhovka não afetam Zaporíjia de imediato.
09h50 - Presidente moldava condena destruição de barragem e disponibiliza apoio.
09h59 - Líder da administração russa na Crimeia garante não existir risco de inundações.
10h12 - Stoltenberg condena “ato ultrajante” russo.
10h37 - Kiev denuncia Rússia como Estado terrorista no tribunal de Haia.
10h50 - Cruz Vermelha alerta que destruição de barragem pode ser crime de guerra.
11h36 - “Um ato abominável” e “um crime de guerra”, acusa o Reino Unido.
11h54 - Ucrânia pede reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU.
12h17 - Barragem foi sabotada pela Ucrânia, acusa o Kremlin.
13h06 - Barragem atacada é estrutura fundamental no sul da Ucrânia.
14h20 - Destruição de barragem leva ofensiva russa a “nível sem precedentes”.
19h19 - Kiev e autoridades separatistas anunciam retirada de milhares de civis das zonas inundadas.
19h21 - Guterres aponta destruição de barragem como "consequência devastadora" da invasão.
19h25 - Agência de Energia Atómica aponta "redução significativa" de água para refrigerar central de Zaporijia.
19h36 - UE mobiliza ajuda através de mecanismo de proteção civil após ataque a barragem.
21h06 - EUA ainda avaliam qual o país responsável por destruição de barragem.
21h11 - Organização Internacional para as Migrações (OIM) envia ajuda para afetados pela destruição da barragem.
O Conselho de Segurança, o órgão máximo da Organização das Nações Unidas (ONU), composto por 15 membros, cinco dos quais permanentes e com direito de veto (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia), reuniu-se hoje, pelas 21h00 (hora de Portugal Continental), para discutir a destruição da barragem de Kakhovka. "Na noite de 6 de junho, o regime de Kiev cometeu um crime impensável ao explodir a barragem da central hidroelétrica de Kakhovka, resultando numa descarga descontrolada de água no rio Dniepre", disse o embaixador russo junto à ONU, Vasily Nebenzya, nesta reunião do Conselho de Segurança. O diplomata russo acusou as autoridades ucranianas de já terem idealizado no ano passado um ataque contra esta infraestrutura, localizada numa zona sob controlo de tropas russas, e lamentou que o Conselho de Segurança nada tenha feito face a esses alertas. Moscovo enviou uma carta à ONU em outubro do ano passado na qual denunciava "os planos do regime de Kiev para destruir a barragem" e, em particular, a possibilidade de "lançar minas marítimas no rio Dniepre ou um ataque maciço com mísseis". Em declarações aos jornalistas antes do início da reunião, Nebenzya mostrou-se favorável a uma investigação da ONU ao incidente e lembrou que o seu país já tinha tentado, sem sucesso, que as Nações Unidas investigassem a sabotagem do gasoduto Nord Stream. Por sua vez, o embaixador ucraniano junto à ONU, Sergíy Kyslytsya, acusou Moscovo de "detonar uma bomba de destruição ambiental em massa, que levou ao maior desastre causado pelo homem na Europa em décadas". "Este é um ato terrorista contra a infraestrutura crítica ucraniana que visa causar o maior número possível de vítimas civis e destruição. Ao recorrer à tática de terra arrasada ou, neste caso, de terra inundada, os ocupantes russos efetivamente reconheceram que o território capturado não lhes pertence e não são capazes de manter essas terras", disse. Na reunião, os representantes dos Estados Unidos e do Reino Unido junto à ONU abstiveram-se de atribuir o ataque a Moscovo, mas aproveitaram para criticar a invasão russa e as suas consequências.
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