"Devido à velocidade da luz ser superior à do som, algumas pessoas parecem inteligentes até as ouvirmos."
Terça-feira, 2 de Novembro de 2021
Ser mulher no Afeganistão
  A vida das mulheres no Afeganistão

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BBC/Getty Images - Mulheres em Cabul em 1979, durante o governo comunista apoiado pelos soviéticos

Toda a primeira metade do século XX refletiu as profundas divisões que existem no Afeganistão entre reformistas e tradicionalistas e também mostrou as diferentes interpretações que diferentes grupos fazem sobre o Islão e sua influência sobre o direito das mulheres. Como aconteceu em muitas outras sociedades, no Afeganistão existem interpretações reformistas da religião, que são totalmente a favor da igualdade de género. E há interpretações conservadoras, que dizem que as mulheres não devem ser educadas, que elas não precisam entrar no mercado de trabalho e que definitivamente não precisam de ter uma presença no Parlamento.
Em 1973, Zahir Shah foi deposto por seu primo, Mohammed Daoud Khan, encerrando mais de 200 anos de governo monárquico no Afeganistão. E durante a proclamada República do Afeganistão, os direitos das mulheres continuaram a aumentar. Não só começou a haver presença de mulheres no Parlamento, como se verificou uma grande enfase na formação universitária para mulheres e também presença de mulheres na esfera pública e nos cargos públicos. O status das mulheres afegãs continuou a melhorar durante os regimes apoiados pelos soviéticos no final dos anos 1970, quando o Partido Democrático do Povo do Afeganistão marxista assumiu o poder na Revolução de abril de 1978. E a melhora continuou após a invasão soviética em 1979, principalmente no setor de educação, onde 45% dos professores eram mulheres. Pode-se dizer que os direitos das mulheres atingiram seu ponto alto durante o regime comunista. O parlamento fortaleceu a educação das meninas e proibiu práticas como oferecer mulheres para selar disputas entre duas tribos ou forçar as viúvas a se casarem com o irmão do falecido marido. Mas, como aconteceu em muitos outros países, este movimento de mulheres não se espalhou por todo o país. E num país tão complexo como o Afeganistão continuou a haver diferenças marcantes entre o status das mulheres nas áreas rurais e urbanas e profundas divisões dependendo de sua etnia, tribo e, acima de tudo, religião.
Em 1996, os direitos que as mulheres mais urbanas e em regiões menos tradicionais tinham conquistado chegaram a um fim abrupto com a ascensão dos Talibã ao poder. Quando este regime foi derrubado por uma coligação militar liderada pelos EUA, em 2001, as mulheres foram aos poucos reconquistando seus direitos no novo governo civil. Voltaram a trabalhar, a estudar, a sair de casa sozinhas, não eram mais obrigadas a usar a burca e podiam ocupar cargos públicos - algumas conseguiram ser eleitas como autarcas e congressistas. Mas agora, 25 anos depois, quando os Talibã iniciaram uma nova era de poder no Afeganistão, teme-se que retornem às suas interpretações conservadoras da Sharia (a lei islâmica) e devolvam as mulheres à esfera doméstica. Tudo o que foi conquistado está em risco agora.
 
 

  Uma questão de vida ou morte no Afeganistão
Religião, família, violência e cultura ancestral pesam sobre as mulheres afegãs para chegarem ao casamento virgens, um teste que os pais e as autoridades podem pedir. Notícia completa aqui
el pais.jpg

 

  Mulheres afegãs protestam em Cabul
Um grupo de mulheres marchou desde o Ministério da Educação até ao Ministério das Finanças na capital afegã, empunhando cartazes com os seguintes dizeres: “Não temos direito a estudar e trabalhar” e “Desemprego, pobreza, fome”. [Fotos de FarsNews Agency – 23out2021]
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Publicado por Tovi às 07:17
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