Discurso de Pedro Baptista (escritor, investigador, deputado municipal no Porto e Comissário Geral das Comemorações da Revolução Liberal de 1820 da cidade do Porto) durante as cerimónias comemorativas do 129º aniversário do 31 de Janeiro.
Portuenses! Portugueses!
Não lembramos quantas vezes nos deslocamos a este local, na manhã deste dia! Mas quem cumpre esta homenagem desde jovem, e já não é jovem, lembra os tempos em que não se perfilavam aqui forças institucionais em continência, mas se disseminavam pelos umbros, sombras escondidas, destinadas ao terror e à repressão!
Esses aprenderem, nesta escola, em repetidas manhãs de correrias, vozearias, espancamentos, prisões, e até tiros, que o 31 de Janeiro é dia de lembrança do luto, mas é sobretudo dia de lembrança da luta, dia de luta para quem acredita na liberdade enquanto progresso do homem social na história.
Desde que, pelo fim da adolescência, começamos a participar nesta homenagem, o epitáfio gravado neste monumento funerário, erigido ainda no tempo da monarquia, nunca deixou de repicar no fundo da nossa consciência: “Aos vencidos!” Não ato piedoso para com os que foram vencidos! Pelo contrário, reconhecimento de que, ao serem vencidos na maior das honras de terem oferecido as vidas à nobreza da maior das causas, não foram vencidos, porque o exemplo frutificou e disseminou-se, agente sobre as gerações futuras, marco erigido e fulgente na história sobre a poeira dos que, simplesmente, voltaram ao pó! Aos Vencidos! Honra aos Vencidos, senão mesmo Glória aos Vencidos, porque foram os vencedores, por isso são homenageados! Mesmo que na história, 1910 republicano não tenha realizado os desígnios federalistas de 1891... e até os tenha traído soçobrando ao monstro centralista... mas longos dias tem cem anos e ainda mais dias tem duzentos: o futuro realizá-los-á!
Meus amigos portuenses e portugueses.
É a terceira vez que tomo a palavra nesta evocação anual. Desta, a convite da Associação 31 de Janeiro, que agradeço.
Este ano, em que celebramos o centésimo vigésimo nono aniversário do 31 de Janeiro de 1891, celebramos também o ducentésimo aniversário 24 de Agosto de 1820!
No ideário de uma parte dos revolucionários liberais de 1820, estavam os pressupostos republicanos que impeliriam ao 31 de Janeiro de 1891.
Se podemos sublinhar que são processos diferentes, com 71 anos de distância entre eles, poderemos também afirmar que um aparece no seguimento do outro, comungando, no fundo, do mesmo ideário.
Ambos foram respostas a apelos patrióticos contra a prepotência inglesa, mas em 1820, o programa da revolução era mínimo, clamando pela eleição de novas cortes constituintes em nome do rei, enquanto o de 1891, era republicano e federalista, pela demolição da monarquia e do centralismo.
Invariável foi a recusa de Lisboa em aderir aos movimentos revolucionários desencadeados no Porto, situação que se repetirá, em 1927, a 3 de Fevereiro, o primeiro levantamento contra a ditadura instalada em 1926, cujo nonagésimo terceiro aniversário assinalaremos na próxima segunda-feira, com o Porto, mais uma vez sozinho, secundado apenas, no dia 7, quando Inês estava morta, pela lisbonense “revolução do remorso”.
Meus amigos:
Visitar este monumento funerário “Aos Vencidos” do 31 de Janeiro de 1891, não provoca a reação lúgubre de uma Saudade regressiva e depressiva! Pelo contrário, a visita a estes exemplos de heroicidade, desprendimento e nobreza dos espíritos, convoca-nos a uma Saudade progressiva e otimista de confiança no futuro, lembra-nos que as grandes causas enfrentaram as maiores vicissitudes e que, na história, a derrota foi, tantas vezes, a mãe da vitória de amanhã.
Não há ciclos históricos encerrados para o Porto! Os ciclos abrimo-los nós, na determinação da vontade coletiva!
Acreditamos no futuro!
Viva o 31 de Janeiro! Viva o Porto! Viva Portugal!
...mesmo quando o nosso sangue corria pelas ruas da cidade.
Pedro Baptista no Facebook
Fez ontem 90 anos - 3 de Fevereiro de 1927 – que eclodiu no Porto a primeira tentativa de golpe militar contra a Ditadura que se tinha instaurado em 28 de Maio no ano anterior. Malgrado a grande mobilização militar e popular na cidade do Porto e o apoio de grande parte das unidades militares nortenhas, o levantamento acabou por falhar pela indisponibilidade das unidades da capital que parece, tal como em 31 de Janeiro de 1891, não terem gostado da iniciativa a Norte. Lisboa haveria de aderir ao levantamento militar apenas no dia 7, ou 8, quando o Porto, depois de ferozmente bombardeado durante toda a semana e com centenas de mortos, já tinha sido obrigado a render-se para poupar a vida dos seus soldados. Sarmento Pimentel, um dos revoltosos que só haveria de voltar ao país depois de 1974, chamou ao levantamento lisboeta do Largo do Rato, a Revolução do Remorso! Bem observado!
Há 125 anos o Porto foi o centro da revolta contra a monarquia. A revolução fracassou, mas ajudou a fermentar a vontade de mudança. Foi apenas o ponto de partida para um movimento imparável que culminou com a implantação da República, a 5 de Outubro de 1910.
O meu Amigo Pedro Baptista escreveu hoje
31 DE JANEIRO: dia de muitas lutas...
Celebra-se hoje, o 125º aniversário da primeira revolução republicana portuguesa e da primeira proclamação da República, ocorridas no Porto, 19 anos antes da revolução vitoriosa.
Celebra-se também, na próxima quarta-feira, dia 3 de Fevereiro, o 89º aniversário de outra Revolução portuense derrotada, a da primeira revolução contra a Ditadura instaurada em 1926, derrotada a 7 de Fevereiro de 1927 pelo bombarda e aviação governamentais, pouco antes de eclodir em Lisboa, já ao destempo, o que Sarmento Pimentel veio a classificar de “A Revolução do Remorso”.
O 31 de Janeiro de 1891 foi celebrado pela elite republicana portuense e de muitas outras cidades durante os 48 anos de ditadura militar, salazarista e marcelista, sendo um dia de luta que, pela convergência oposicionista, fazia sempre estremecer o regime.
Lembrámo-nos de ter 19 ou 20 anos quando junto ao monumento de glorificação dos Vencidos do 31 de Janeiro, no Cemitério do Prado do Repouso, gritámos um dos nossos primeiros “Abaixo o fascismo”, logo seguido dum clamor uníssono, quando a luta oposicionista, pelos finais da década de 60, passava para uma fase mais aguerrida de combate à ditadura e à guerra colonial. Lembrámo-nos de um grandioso comício, na noite do 31 de Janeiro de 1970, com o Coliseu a transbordar de gente e de entusiasmo democrático, da sequente manifestação de rua, da brutal e habitual repressão policial ao fundo de 31 de Janeiro e de todos sentirmos que, com o ímpeto que a luta estava a tomar, o fim da ditadura e da guerra não podiam estar muito longe, viéssemos ou não viéssemos, pessoalmente, a ver-lhes o término.
Depois do 25 de Abril de 1974, no Parlamento, pelo menos enquanto lá estivemos, em mandato único, na supina honra de representar os cidadãos do Porto, houve sempre, a 31 de Janeiro, da boca de Raul Rêgo, uma interpelação à Mesa para aludir à efeméride, o primeiro grande marco da luta pela República. Quando o nosso querido Camarada, com quem ainda pudemos privar algum tempo, se teve de afastar e em seguida faleceu, fizemos questão de nunca deixar de lhe seguir o exemplo, e interviemos sempre, a 31 de Janeiro, do alto da tribuna, para realçar o significado histórico da data para o Porto e para o país.
Parece ter sido prática que desapareceu da arena parlamentar. Não é de estranhar. E nem sequer será preciso explicar porquê.
Comentários no Facebook
«Pedro Baptista» >> Obrigado, amigo David Ribeiro, bom 31 de Janeiro, até breve!
«Gonçalo Graça Moura» >> A primeira revolta liberal culminou na primeira ditadura sanguinária republicana? um bocado rebuscado isso, não?
«David Ribeiro» >> O grande mal do início da República foi a alternativa ao liberalismo ter como base o entendimento entre integralistas e católicos sociais, ambos defensores de um corporativismo autoritário… e esse “gosto” pelo poder absoluto manteve-se durante muito tempo… e mesmo nos dias de hoje ainda há alguns “tiques” autoritários.
Já vimos aqui desde a adolescência, mas foram outros tempos. Vir aqui no tempo da ditadura era fazer resistência, manifestar revolta, gritar “Abaixo o Fascismo”. Depois do 25 de Abril, a evocação aqui dos heróis do 31 J (31 de Janeiro), tornou-se folclore e ritual oficial, cada vez com menos significado. Se o Partido do Norte está hoje aqui, não é para alinhar com mistificações, nem para nos confundirmos com elas. É para usarmos este momento para falarmos verdade, para seguirmos o caminho da verdade.
Foi a Oligarquia, a corrupção, a degenerescência no Terreiro do Paço que levou a que o Porto, tal como em 1820, tenha dado o passo necessário. E face à violência do poder estabelecido o passo portuense, em 1891, só podia ser o da revolução executada na madrugada do 31 J. Falhou, como podia ter vencido. São assim as vicissitudes da história. Mas embora o Porto tenha sido, por esse acto, o precursor da República vitoriosa em 1910, é bom que se diga, em abono da verdade, que o ideário da revolução portuense que falhou em 1891 teve pouco a ver com o ideário da revolução lisboeta vitoriosa em 1910. Em 1º Lugar a revolução portuense, se anti-clerical como todo o republicanismo e até todo o liberalismo da época, nunca foi anti-espiritualista ou não fosse animada por espíritos como Antero de Quental e Guerra Junqueiro, paladinos da liberdade religiosa; ao contrário, a revolução lisboeta, logo se deixou dominar por um anti-clericarismo primário, de pendor positivista e persecutório, pondo em causa a liberdade religiosa e as inclinações espirituais da esmagadora maioria da população portuguesa. Por isso, se no ideário da revolução portuense se procurava a maior empatia com a população nortenha, como aconteceu, de resto, na madrugada revolucionária, na da revolução vitoriosa de Lisboa estabeleceu-se um poder jacobino, isolado do país, onde a reacção monárquica pode manobrar a seu bel talante, o que levou ao isolamento da república e à sua incapacidade para pôr a democracia eleitoral a funcionar, o que ainda mais se agravou com a política persecutória contra a liberdade religiosa. Em 2º lugar a revolução portuense era de cunho democrático e federalista, tal como rezava a doutrina do Partido republicano e sublinhavam nos escritos os seus diversos paladinos. Pretendia-se uma revolução de todo o país, para libertar todo o país da capital. Para através de novos poderes democráticos municipais, provinciais e federais, o país se libertar do jugo corrupto do Terreiro do Paço e dos seus inquilinos ancestrais. A revolução triunfante em 1910 célere rasgou o programa do partido republicano e instaurou um regime centralista, unitarista, anti-provincial e anti-federal, mal-grado os protestos dos que conclamavam a realidade do país profundo e a coerência com os programas adoptados. Não é por acaso que os grande pensadores políticos do 31 de Janeiro de 1891, Basílio Teles e Sampaio Bruno se recusaram a aceitar os convites para integrarem o governos saído do 5 de Outubro, e um de uma forma, outro de outra, ambos rapidamente se afastaram do partido republicano e da revolução que consideraram traída.
É o ideário da revolução portuense e nortenha do 31 de J, democrático, libertário, descentralizador, federalizante que estamos aqui a celebrar e nada mais. É a esses heróis que proclamaram pela força das armas, contra a violência instituída, a República e o Governo provisório do Norte que aqui rendemos homenagem. Também nós queremos um governo do Norte e para o Norte, para bem do país. Felizmente, até ver, temos algumas condições políticas para nos associarmos e exprimirmos livre e legalmente. Mas atenção, companheiros! O regime actual já se assume como uma oligarquia partidocrata, em que os que lá estão se consideram os donos do país, consideram este o seu regime e não o dos portugueses. Por isso não se eximem em rapinarem o erário público com escandalosas subvenções partidárias, com o desvio degradante de verbas do contribuinte para alimentar instituições inúteis que têm como único fito a amamentação das clientelas pessoais e partidárias, provocando uma situação de desigualdade para com todos os portugueses que queiram construir novas formações políticas alternativas, que tão necessárias são, dado o descalabro dos cinco partidos instituídos actualmente e que já passaram o prazo de validade. E por último, queridos companheiros, o actual regime constitucional, ao mesmo tempo que hipocritamente não se cumpre a si próprio, como é o caso da regionalização, estabelece articulados ditatoriais contra o regionalismo e a autonomia das populações, com a ridícula e ilegal proibição dos partidos regionais que entretanto admite através de truques, sendo neste aspecto uma vergonha para a propalada democracia portuguesa, o único país europeu da União europeia onde existe este tipo de restrição, embora ultrapassado pela Declaração dos Direitos fundamentais dos europeus, desde o Tratado de Lisboa, uma fonte superior de direito também em Portugal e por isso superior ao texto constitucional português. O caminho que temos pela frente é penoso. A actual partidocracia que enterra o país não quer deixar os seus privilégios. Essa tropa fandanga de deputados que se fazem eleger sem ninguém os conhecer e que não abrem a boca uma única vez a não ser para dizer que sim aos directórios partidários, esquecendo quem os elegeu, não querem deixar os lugares nem assumirem um trabalho decente como os outros portugueses. Por isso temos muito trabalho pela frente, para honrar a memórias destes “vencidos” heróicos que aqui estão sepultados. Trabalho de organização do Partido em todo o Norte; trabalho de esclarecimento junto ao povo, mostrando que o voto de cada um é uma arma preciosa que tem sido malbaratada. É preciso que a partir de agora, nas próximas eleições com o PN presente, cada um use o voto a seu favor, cada um use o voto a favor da sua região, para eleger deputados que tem como primeiro e sagrado comprimisso o de servir o país, servindo a sua região e o seu eleitorado, tudo fazendo a favor do Norte e nada contra o Norte. Com os nossos votos só contarão as políticas favoráveis ao nosso eleitorado, à nossa região e ao processo de construção da nossa AUTONOMIA REGIONAL. Um governo regional do Norte e para o Norte.
Teve lugar ontem na Praça da Liberdade no Porto (em frente ao Banco de Portugal) uma teatralização de rua em que se fez a Reconstituição Histórica da Revolta de 31 de Janeiro de 1891. Este evento foi uma produção do Ateneu Comercial do Porto, com encenação de Norberto Barroca e teve a colaboração do Teatro Experimental do Porto, Seiva Trupe, Escola de Artes Cénicas / Teatro do Bolhão, Guarda Nacional Republicana, Museu Militar e Região Militar Norte.
Nas duas primeiras fotos pode-se ver a população a aclamar a Bandeira Republicana que está a ser desfraldada na varanda (foto 3). Nas fotos seguintes estão retratados os ataques da Guarda Municipal às forças Republicanas, que provocaram mortes e feridos. Na última foto pode-se ver os revoltosos a serem presos.
Dionísio Santos Silva (bisavô de Artur Santos Silva, o Presidente da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República) foi um dos revoltosos do 31 de Janeiro de 1891 e sobre ele escreveu Jorge Fiel na Revista Expresso de 6 de Setembro de 2002:
Já passava da meia noite - ou seja, já era 31 de Janeiro -, quando Dionísio Santos Silva saiu da tipografia Empresa Literária de que era co-proprietário. Estivera largas horas a rever provas e, como de costume, dirigiu-se ao Suíço para cear na companhia dos amigos Sampaio Bruno e Eduardo de Sousa. O dia 30 de Janeiro de 1891 tinha sido comprido e agitado - e não iria terminar à mesa. Pela manhã tinha ido à cadeia visitar João Chagas, o director do diário «A República Portugueza», que lhe deu numerosos bilhetes e telegramas de felicitações, enviados de diferentes pontos do país, por causa da sua condenação por abuso de liberdade de imprensa e destinados a serem impressos no jornal. Dionísio tinha andado numa roda viva, em contactos conspirativos preparatórios para a revolta contra a Monarquia que se anunciava para o dia seguinte. A tipografia não era o único negócio deste homem já maduro e vivido nos seus 47 anos, proprietário da Chapelaria Portuense, de porta aberta no 61 da Rua de Santo António (actual Rua 31 de Janeiro) onde tinha à venda um sortimento completo e variadíssimo de tudo o que havia de chapelaria, das coisas mais modestas às mais chiques. No Suíço, assim que o chispe chegou à mesa, Dionísio e os amigos anteciparam a vitória da sublevação, para onde partiriam logo que a fome estivesse saciada, fazendo proclamações num tom de voz que não passou desapercebida aos restantes comensais e criadagem. Com os olhos postos no acepipe, brindaram a que fosse aquele o último chispe por eles deglutido em regime monárquico. Não quis a História que isso fosse verdade. A acção levada a cabo pelos militares foi bastante desordenada e acabou esmagada pela Guarda Municipal, que a meio da manhã disparou sobre a última bolsa de resistência dos revoltosos republicanos, concentrados na praça da D. Pedro (actual praça da Liberdade), aniquilando uma sublevação que apesar de fracassada foi um importante passo do irreversível processo revolucionário que conduziria ao 5 de Outubro. Gorada a primeira tentativa de implantação da República em Portugal, logo começaram as perseguições. A publicação de «A República Portugueza» foi suspensa, transformando este vibrante diário de combate numa das primeiras vítimas daquele dia pavoroso e ensanguentado de 31 de Janeiro de 1891. João Chagas foi deportado para África. Sampaio Bruno partiu para o exílio. Dionísio e Eduardo Sousa foram encarcerados no paquete «Moçambique» ancorado em Leixões, juntamente com os outros implicados no movimento. Levado a Conselho de Guerra, Dionísio acaba absolvido. No interrogatório, reconhece que sabia da revolta que se preparava, «como toda a gente, excepto aquela que tinha ouvidos para não ouvir», pois falava-se nela em todos os pontos de reunião - mas nega o envolvimento nas operações militares. De origem modesta, Dionísio iniciara a vida como operário chapeleiro. Em 1877 é um dos principais agitadores da greve dos chapeleiros, firmando logo ao 25 anos uma fama de revolucionário. Mercê de grande perseverança e uma vontade inquebrantável logrou triunfar na vida e estabelecer-se. Mas nunca esqueceu os mais desfavorecidos. Esteve sempre apaixonado pela política. Começou na esquerda monárquica. Foi militante influente do Partido Progressista como se comprova pelo facto de, em 1881, apenas com 27 anos, ter sido eleito presidente da Junta da Paróquia de Santo Ildefonso, onde valeu aos desfavorecidos e dedicou especial atenção à instrução popular e à assistência. Envergonhado com a cedência monárquica ao Ultimatum britânico (a Coroa aceitou desistir do Mapa Cor-de-Rosa que consistia em criar a África Meridional Portuguesa, de costa a costa, ocupando os territórios situados entre Angola e Moçambique), adere ao Partido Republicano. Num ambiente de grande efervescência patriótica, funda «A República Portugueza», jornal de que foi administrador e onde colaboraram Teófilo Braga, Latino Coelho, António José de Almeida e Basílio Teles, entre outros. O fracasso do 31 de Janeiro abala-lhe as finanças. A chapelaria abre falência. Para conseguir que as suas quatro filhas tirem o curso do Magistério Primário, é obrigado a socorrer-se do apoio de Eduardo, o filho mais velho e único varão, que quando o pai foi preso tinha apenas 11 anos e andava no 2º ano do Liceu Central do Porto. Mas nunca desistiria da militância republicana. A sua casa era frequentada por Afonso Costa, Guerra Junqueiro e Alves da Veiga, entre outros. Em 1907 funda o Centro Republicano Rodrigues de Freitas. Recompõe a vida como sócio-gerente do Teatro-Circo Águia de Ouro. Com o advento da República assume diversos cargos políticos, Até morrer, em 1920, foi administrador dos concelhos de Gaia e Santo Tirso, co-proprietário do diário republicano «O Norte». Nos idos de 80 teve uma casa de penhores, protagonizando a estreia da família num negócio (o do dinheiro) onde o seu bisneto Artur viria a triunfar, lá mais para o final do século XX.
(Gravura publicada na revista Illustração onde se documenta a proclamação da República feita a partir da varanda da Câmara Municipal do Porto)
Neste sábado, pelas 18:30 horas, sob a "batuta" do encenador Norberto Barroca, sessenta actores e militares vão reconstituir na Praça da Liberdade, no Porto, a tentativa falhada de implantação da República em 31 de Janeiro de 1891, uma iniciativa do Ateneu Comercial do Porto com apoio do Governo Civil do Porto. Eu vou estar por lá... e vou ver se consigo fazer umas fotos.
No próximo dia 29 de Janeiro, pelas 18 horas, no Auditório do Clube Literário do Porto, vai ter lugar uma conferência sobre a Revolta de 31 de Janeiro pelo Prof. Hélder Pacheco.
[Excerto do texto de Helder Pacheco no JN de 1Fev2001] - No próximo dia 31 de Janeiro assinala-se o aniversário da revolta que um punhado de homens, comandados por: capitão Leitão, tenente Coelho e alferes Malheiro, prepararam, para dar expressão cívica ao sobressalto patriótico provocado na população pelo Ultimato inglês de 1890. Afronta que viria popularizar o movimento republicano e serviria para despoletar como "verdadeiro acto de impaciência" nacional a Revolução do Porto, preparada pelo menos a partir de Setembro de 1890 através de reuniões de sargentos e cabos, nas instalações do jornal "A República Portuguesa". No final, o defensor deixaria o juízo vindouro sobre os acontecimentos: “Por tão acumuladas razões vós haveis de ser clementíssimos para tantos infelizes. E que razão há para o não serdes? Vós julgais, mas a História vos julgará...” Com efeito, dezanove anos depois, a República vingaria, mas o tempo não apagaria o sofrimento dos obreiros da revolta. Hoje, em país conquistado pelo materialismo rasteiro e sem memória, trago à lembrança a dignidade destes homens, em cujo horizonte estava uma pátria melhor. E recordo a frase, lacónica e tão bela, do monumento que lhes foi dedicado no Prado do Repouso: ”31 de Janeiro de 1891: aos vencidos.”
«Jose Aires» in Facebook ► De nada serve comomurar estas revoltas do passado. Revoltas e golpes de estado, não serviram para a grande maioria dos Portugueses, que depois destes anos passados continuam a ser explorados por patrões sem escruplos com salários de miséria e a trabalhar com contratos part time em full time 7/7 na semana. E a justiça é o que se vê em Portugal, tens dinheiro não vais preso, se não tens paciencia, Lamentavel! Os bancos não pagam aos clientes (BPN, BPP) e não se passa nada, para o Banco de Portugal é tudo normal, se o cliente deve algo ao banco e se atrasa uns dias no pagamento, para alêm dos juros de mora é lhes cancelado os cartões de crédito e outros. Por isso meus Sr(as) antes de conferenciar sobre as revoltas do passado, é preciso pensar nas proximas revoltas. Cumprimentos
«Ivone Ribeiro» in Facebook ► Comemorar as revoltas do passado é ao mesmo tempo fazer com que essas revoltas não se repitam no presente por isso bem haja aos organizadores.
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