"Devido à velocidade da luz ser superior à do som, algumas pessoas parecem inteligentes até as ouvirmos."

Sexta-feira, 22 de Julho de 2022
Rússia e Ucrânia assinam acordo sobre cereais

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A Ucrânia e a Rússia vão assinar hoje um acordo para permitir a exportação de cereais através do Mar Negro. A cerimónia de assinatura deste acordo do envio de cereais, na qual estarão presentes o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan e o secretário-geral da ONU, António Guterres, terá lugar às 13h30 locais (14h30 em Portugal), no Palácio Dolmabahçe, em Istambul, com a participação da Ucrânia e Rússia. Este acordo visa trazer pelo Mar Negro cerca de 20 milhões de toneladas de cereais que se encontram bloqueados em silos ucranianos, por causa da ofensiva russa na Ucrânia, que teve início em 24 de fevereiro. O acordo também deve facilitar as exportações russas de cereais e fertilizantes, afetadas pelas sanções ocidentais que afetam a logística e as cadeias financeiras russas.

 

  Bom trabalho do presidente turco Erdogan e do secretário-geral da ONU, António Guterres. As Nações Unidas e a Turquia trabalham há dois meses para intermediar o que Guterres chamou de um “pacote” – para retomar as exportações de cereais da Ucrânia no Mar Negro e facilitar os embarques russos de cereais e fertilizantes.

  Zelensky, no briefing diário na noite de quinta-feira, afirmou: “E amanhã também esperamos notícias da Turquia, sobre o desbloqueio de nossos portos”. 

 

  Alguns dos pontos conhecidos do acordo assinado esta tarde entre a Ucrânia e a Rússia, para permitir a exportação de cereais bloqueados nos portos do Mar Negro
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O acordo prevê um centro de coordenação e controlo em Istambul, dirigido por todas as partes envolvidas: um ucraniano, um russo, um turco e um representante das Nações Unidas. Os delegados vão gerir a rotatividade de navios no Mar Negro. Pode demorar quatro semanas até o centro estar operacional.
Moscovo exige inspeções aos navios à partida e chegada na Turquia para garantir que não levam armamento. Há um compromisso em manter corredores marítimos sem atividade militar, e qualquer desminagem fica a cargo de um “país terceiro” por especificar.
O acordo dura quatro meses mas é renovável. E tem uma contrapartida: um memorando de entendimento em como as sanções contra Moscovo não vão afetar direta ou indiretamente cereais e fertilizantes.

 
Rodrigues Pereira - Estou a pensar que é uma enorme honra ver o nosso compatriota António Guterres a firmar um acordo entre a Rússia e a Ucrânia, co-negociado pela ONU e a Turquia, e que pode constituir o primeiro passo sério para o fim da guerra!
David Ribeiro - Sem dúvida... até porque, como sempre defendi, o DIÁLOGO é a melhor forma de se tentar resolver um conflito.
Paulo PereiraUm primeiro passo para um cessar fogo, acho.

 


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António Guterres, secretário-geral da ONU, afirmou que "este é um acordo para o mundo" e que, a partir desta sexta-feira, "existe um farol no mar negro: um farol de esperança, de possibilidade e de alívio".
Recep Tayyip Erdogan, o presidente da Turquia, país onde se assinou o acordo que irá permitir a exportação de cereais ucranianos, bloqueados nos portos do Mar Negro devido à guerra, acredita que "este acordo é um passo a caminho da paz".

 


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O oligarca russo Roman Abramovich, que também tem nacionalidade portuguesa, foi visto participando da cerimónia de assinatura do acordo de cereais em Istambul. Não ficou claro a que título o ex-proprietário do Chelsea Football Club estava a participar no evento. Kiev e Moscovo tinham indicado anteriormente que Abramovich estava operando como intermediário entre os dois lados no início da guerra.

 


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A União Europeia saúda este acordo... mas não lhe tinha ficado mal se já tivesse "lutado" por ele há mais tempo.
  Francisco Seixas da Costa
Hoje, foi um dia estranho para a União Europeia. Desde há muitos anos, fomos habituados a ver surgir a União Europeia em quase todos os cenários que, direta ou indiretamente, se ligassem aos seus interesses geopolíticos. Como “honest broker” ou como “soft power”, os enviados de Bruxelas tinham sempre uma espécie de lugar cativo nos cenários de crise ou de tentativa de resolução de conflitos. Da União esperava-se sempre apoio, intermediação e uma atuação que, sem descurar interesses, carreasse o seu peso político: com afirmação de princípios, com clareza de posições, mas sempre com sentido de compromisso e, em especial, com uma linguagem serena e sem histerismos jingoístas. Hoje, em Istambul, naquela que é uma tentativa de entendimento, pontual mas muito relevante, entre dois Estados da sua vizinhança, em aberto conflito armado, a União Europeia não teve lugar na sala. Nem como simples observador. Vale a pena perguntar porquê, embora todos saibamos a resposta.

 


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As reações já se fazem sentir... e ainda não saiu pelo Mar Negro nenhum carregamento de cereais.



Publicado por Tovi às 07:47
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Sábado, 7 de Maio de 2022
Rinat Akhmetov... o dono da Azovstal

 Quem é o oligarca ucraniano dono da Azovstal (e de meio país)
(Bruno Faria Lopes, na Sábado - 5mai2022)

img_980x653$2022_05_04_22_54_09_671428.jpgO homem mais rico da Ucrânia, que promete usar a sua fortuna para reconstruir Mariupol, tem origem humilde e uma ascensão tão meteórica quanto suspeita. Há seis meses estava em guerra aberta com Zelensky - a invasão russa parece tê-los unido temporariamente.
Parte da onda de apoio que levou o comediante Volodomyr Zelensky à presidência da Ucrânia em 2019 assentava numa promessa: fazer frente aos oligarcas do país. Nenhum é maior do que Rinat Akhmetov – a sua fortuna, citada pela Forbes em mais 7 mil milhões de dólares, supera o total dos três bilionários seguintes no ranking. Mas, se há apenas seis meses Zelensky e Akhmetov travavam uma batalha feroz por influência, a invasão russa parece ter congelado as diferenças. Akhmetov tem elogiado o Zelensky, criticado o regime de Moscovo do qual era próximo – e promete ajudar a reconstruir Mariupol, onde se trava a batalha pelo último reduto ucraniano no complexo da Azovstal, pertença do oligarca. 
Rinat Akhmetov, 55 anos, é dono de um conglomerado enorme (System Capital Management) para a escala e o desenvolvimento da Ucrânia. Os negócios vão dos metais às minas, da energia à banca, do imobiliário às telecomunicações, do futebol (é dono do Shakhtar Donetsk) aos media (tem mais do que uma estação de TV). Ao todo emprega mais de 200 mil pessoas, quase 2% do que era a população empregada antes da guerra. A fortuna gerada anos após ano por este império dá margem para Akhmetov fazer o que os oligarcas tipicamente fazem: gastos sumptuosos que saltam para os media internacionais.
Em 2011, por exemplo, Akhmetov comprou por 136,4 milhões de libras um apartamento em Londres, que os media britânicos descreveram como uma "fortaleza" com janelas à prova de bala e segurança feita por ex-fuzileiros. Já em 2020 juntou ao seu portfolio imobiliário uma mansão de finais do século XVIII situada na Riviera francesa – com um dos mais importantes jardins botânicos do mundo, segundo citação do antigo proprietário Financial Times – por 200 milhões de euros. O clube de futebol Shakhtar Donetsk – que venceu a Liga Europa e foi treinado por portugueses – é outra das extravagâncias de Akhmetov.
De origens humildes – o pai era mineiro, a mãe trabalhava numa loja – Akhmetov trabalhou nos anos 80 para um milionário com ligações ao crime, Akhat Bragin. Ao longo do percurso de Akhmetov são várias as referências ao seu envolvimento em actividade criminosas nos anos 80 e 90, de lavagem de dinheiro a fraude. O bilionário, que sempre negou esse envolvimento, foi investigado mais do que uma vez, mas nunca foi julgado pela justiça do seu país, um dos mais corruptos da Europa. A origem da vasta fortuna é difícil de precisar. O seu patrão Bragin morreu em 1995, com uma bomba no seu carro dentro do estádio do Shakhtar Donetsk, de que era presidente. Em 2000 fundou a System Capital Management Group e, por entre investigações judiciais que iam caindo, o músculo da empresa foi crescendo.
Com a assunção da fortuna veio o perfil mais público do bilionário e a participação na política. Rinat Akhemtov não foi só um grande financiador do Partido das Regiões, o partido pró-russo que dominou a vida política do país entre 2006 e 2014 – foi Akhmetov que fez a ponte entre o norte-americano Paul Manafort e o político Viktor Yanukovich. Manafort, um consultor político e lobista que dirigiu a campanha de Donald Trump em 2016, prestou serviços ao partido ucraniano, que caiu na revolução de 2014.     
A guerra entre separatistas russos e forças ucranianas no leste da Ucrânia (Donbas) em 2014 e a invasão russa este ano destruíram uma parte substancial dos negócios e da fortuna estimada de Akhmetov (que terá caído para menos de metade), que foi montando organizações de apoio humanitário na região leste. Em novembro do ano passado, Zelensky – que reteve pagamentos a uma das empresas do bilionário e preparava legislação para o afastar dos media – acusou Akhmetov de estar envolvido numa conspiração com apoio russo para o afastar do poder, coisa que o oligarca negou com veemência. Meses depois o cenário mudou radicalmente para os dois homens e o país a que pertencem: ambos exigem publicamente a retirada russa e a recuperação do território da Ucrânia.

 

 

  Esta manhã autoridades no território separatista moldavo da Transnístria denunciaram novos ataques... naquilo que eu considero o "novo" polo de conflito no Leste Europeu.
"...novos ataques de 'drones' de origem desconhecida."
"...foram lançados dois engenhos explosivos a partir de um 'drone'..."
"...ninguém morreu ou ficou ferido..."
"...foi o segundo ataque na cidade de Voronkovo..."
"...situação na Transnítria começou a ficar tensa no final de abril..."
"Kiev alegou que era uma operação de 'bandeira falsa' da Rússia para culpar a Ucrânia..."
"...a Rússia descreveu os incidentes como uma tentativa de arrastar estes territórios para o conflito armado na Ucrânia."

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  Jose Antonio M Macedo - Como um paiol na Transnístria (o maior da Europa) está a "pôr os russos nervosos". Tem mais de 20 mil toneladas de material guerra, de calibre soviético, que poderá resolver os problemas das forças ucranianas. A situação na região pode inclusive criar um novo palco de conflito na Europa de Leste, segundo o major-general Agostinho Costa.

 

 

  Efeito colateral do conflito Rússia-Ucrânia
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  Edgar Morim (filósofo e ensaísta francês) no DN de hoje
Captura de ecrã 2022-05-07 140937.jpgVivemos uma paz guerreira, os nossos corpos instalados na paz, os nossos espíritos entre bombas e escombros. Atacamos um inimigo com palavras e ele ataca-nos com ameaças, mas nós dormimos numa cama e não num abrigo. E, no entanto, participamos na verdadeira guerra sem nela termos entrado, mas fornecendo-lhe armas e munições. (…) A estratégia do exército russo é implacável. Ela é filha da estratégia de Jukov, durante a Segunda Guerra Mundial, dando o protagonismo a formidáveis bombardeamentos de artilharia, não só contra o exército inimigo, mas também contra as cidades a tomar acabando com o esmagamento total pela artilharia pesada da capital do Reich, Berlim. Como todos os exércitos vitoriosos, mas mais terrivelmente no avanço soviético na Alemanha, assassinatos e violações multiplicaram-se. Nós soubemo-lo na altura, mas evitámos denunciá-los, explicando-os como uma vingança pelo imenso sofrimento e mortes infligidos pela Alemanha nazi às populações soviéticas. No que respeita à Ucrânia, povo se não irmão pelo menos primo próximo do povo russo, podemo-nos perguntar se assassinatos e violações se devem à desordem de certas tropas, à fúria da derrota ou a uma vontade de aterrorizar. (…) O que parece provável agora, salvo um golpe de estado no Kremlin ou um golpe militar fatal ou ainda um golpe de teatro diplomático (cessar-fogo, compromisso de paz), é que a guerra está para durar e intensificar-se com o contributo cada vez mais abundante das armas ocidentais e as retaliações cada vez maiores da Rússia. (…) Estamos na escalada da desumanidade e no colapso da humanidade, na escalada do simplismo e no colapso da complexidade. Mas, sobretudo, na escalada em direção à guerra mundializada e no colapso da humanidade para o abismo. Conseguiremos escapar a esta lógica infernal? (…) Por muito repugnantes que sejam as superpotências a diversos títulos, o apaziguamento dos seus conflitos é uma condição sine qua non para evitar os desastres generalizados. Assim, devemos aspirar a um compromisso. A humanidade não ficaria a salvo; ganharia uma prorrogação e, talvez, uma esperança.

 


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As notícias desta manhã dizem-nos que as tropas de Putin continuam a atacar a fábrica de Azovstal, em Mariupol, com tanques e artilharia. E alguém (não é importante quem) dizia na 5.ª feira [5mai2022], num canal de tv nacional, que “os militares não são feitos para se renderem, mas a função do sacrifício e de mobilização de um dos lados já surtiu efeito”, pelo que até seria desejável que estivesse já a ser negociada a saída dos militares, alegadamente do batalhão Azov, “sem este estrondo todo”. Também na tarde de hoje [7mai2022] seis mísseis atingiram a cidade portuária de Odesa, segundo informação da porta-voz do comando militar do sul da Ucrânia à emissora pública do país. Natalia Humeniuk disse que quatro mísseis atingiram uma fábrica de móveis numa área residencial, enquanto os outros dois atingiram uma pista de aviação já anteriormente danificada.

 

  16h26 (GMT) 7mai2022
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A vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, acaba de anunciar que todas as mulheres, crianças e idosos foram retirados do complexo siderúrgico de Azovstal.
  David RibeiroA Rússia também confirmou que a evacuação de Azovstal foi concluída, mas há que ter algum cuidado com estas informações, visto que os esforços para retirar civis de Azovstal, em Mariupol, estão a ser coordenados pela ONU e pela Cruz Vermelha e até ao momento ainda nenhuma destas organizações confirmou o que foi noticiado. O presidente ucraniano admitiu, este sábado, que a Ucrânia está a preparar a retirada de todos os militares da fábrica Azovstal, último foco de resistência armada à invasão russa na cidade. Na última mensagem publicada nas redes sociais, Zelensky confirmou que todos os civis foram retirados da Azovstal e que, a seguir, seguem-se os militares feridos e médicos.



Publicado por Tovi às 07:02
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Sexta-feira, 1 de Abril de 2022
Roman Abramovich está a tentar mediar a paz?

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  By Mansur Mirovalev / Al Jazeera – 30mar2022

Abramovich é um dos mais excêntricos oligarcas pós-soviéticos que dificilmente parece apto para ser um negociador de paz no conflito Rússia – Ucrânia. O multimilionário de 55 anos com barba por fazer, mas cuidadosamente cuidada, enriqueceu durante a transição da Rússia para o capitalismo na década de 1990 e exerceu um enorme poder por trás do trono do Kremlin de Boris Yeltsin, o primeiro presidente pós-soviético da Rússia que escolheu a dedo Vladimir Putin como seu primeiro-ministro e sucessor em 2000. Durante os primeiros mandatos de Putin, Abramovich governou Chukotka, uma região siberiana coberta de permafrost [tipo de solo encontrado na região do Ártico, constituído por terra, rochas e gelo permanentemente] cuja população de menos de 50.000 habitantes poderia caber facilmente num dos estádios onde o seu Chelsea joga. (…) Na terça-feira [29mar2022], Abramovich foi visto em Istambul a participar de negociações de paz entre Moscovo e Kiev, mais de um mês depois da Rússia ter invadido a Ucrânia, onde se encontrou com o presidente Recep Tayyip Erdogan. (…) Sobre o seu papel como corretor financeiro, Gennady Gudkov, um líder da oposição russa exilado que cumpriu três mandatos na Duma, a câmara baixa do parlamento russo, disse à Al Jazeera: “Ele tem um talento fantástico para ver o futuro, ele tem a capacidade de prever”. A Ucrânia também tem uma visão positiva de Abramovich. O Wall Street Journal informou em 23 de março que Zelensky pediu especificamente ao presidente dos EUA, Joe Biden, para não adicionar Abramovich à lista de oligarcas russos sancionados porque ele “pode ser importante como intermediário com a Rússia para ajudar a negociar a paz”. (…) A resposta pode estar na decisão que ele tomou nos finais dos anos 2000, quando terminou o seu mandato como governador de Chukotka. Abramovich optou por se dissociar do Kremlin e de um punhado de bilionários que permaneceram na Rússia e se envolveram nos projetos económicos de Putin para transformar a economia por meio de um controle governamental mais rígido.

 

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  Da série "Rússia invade Ucrânia"
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  Expliquem-me por favor - que bem explicado eu percebo tudo – como é que num clima de verdadeira guerra é possível passar tanto gás pela Ucrânia e todo ele com origem no país invasor e com destino aos apoiantes do invadido.
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Carlos Miguel SousaComo diria alguém em tempos em bom inglês, e obviamente sem ofensa para o autor do post; «É a €economia, estúpido !!»
Jorge De Freitas MonteiroE com os invadidos a receberem as rendas dos transporte…
Jorge Veiga...e nem uma bombinha acertou neles!
João Greno BrògueiraQuando a água bate na rocha quem se lixa é o mexilhão.
Francisco BismarckDa mesma maneira que os americanos durante a IIWW vendiam motores GM e coca-cola sob o nome de fanta à Alemanha....
Da Mota Veiga SuzetteQuando é para ganhar, o dinheiro fala mais alto!

 

  
Energoatom_3.jpgA empresa pública de energia nuclear ucraniana, Energoatom, revelou ontem [31mar2022] que as forças militares russas estão a abandonar as instalações de Chernobyl, depois de terem assumido o controle da central em 24 de fevereiro. Apesar de ainda haver alguns militares no local, a maioria está a dirigir-se para a fronteira bielorrussa.

Adao Fernando Batista Bastos
Pois, parece que estão a sentir sintomas de radioactividade...
David Ribeiro
É oficial: já não há tropas russas na central nuclear desativada de Chernobyl. A confirmação foi dada ao final de quinta-feira pela agência estatal da Ucrânia responsável pela Zona de Exclusão de Chernobyl. A Energoatom publicou uma atualização revelando que todos os russos abandonaram o local, e que o controlo da central voltou a estar nas mãos dos responsáveis e técnicos ucranianos. De acordo com o pessoal da central nuclear, não há atualmente no local pessoas de fora da equipa de Chernobyl. As forças de ocupação russas também abandonaram a cidade satélite de Slavutych.

 


5cd2c40485600a7897541a57.jpgNa Rússia estão suspensas nos próximos seis meses as transferências para o exterior de contas bancárias de não residentes, pessoas físicas ou jurídicas de países que impuseram sanções contra a Rússia por causa da invasão da Ucrânia. No entanto o banco central da Rússia vai “suavizar” para os residentes estas restrições às transferências de fundos: “Dentro de um mês, os indivíduos têm o direito de transferir não mais que 10.000 dólares americanos ou o equivalente em outra moeda da Federação Russa de sua conta num banco russo para sua conta ou para outra pessoa no exterior”, disse o banco em comunicado.

 

  Danos colaterais da guerra Rússia–Ucrânia
custo-de-vida-800x450.jpgO que vai começar a ter efeitos na carteira dos portugueses já a partir do início deste mês de abril: comprar pão, acender a luz, ligar o esquentador ou mesmo um aquecedor encareceu.
O preço do trigo nos mercados internacionais aumentou porque a Ucrânia é um dos maiores exportadores. Em conjunto, a Ucrânia e a Rússia representam cerca de 30% do mercado global de cereais. O cereal que Portugal mais importa da Ucrânia é o milho. Apesar de também ser utilizado na nossa alimentação, a maioria do milho importado é utilizado para alimentar animais. Por isso, um aumento do custo deste cereal pode significar um aumento do preço final da carne, do leite ou dos ovos.
O custo do gás também aumentou porque a Rússia é o maior exportador de gás natural do mundo. E alguns comercializadores de energia já anunciaram que os preços da eletricidade e do gás vão ficar mais caros a partir deste mês de abril.

 

  37.º dia da invasão russa da Ucrânia
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O mayor de Kiev diz que batalhas “enormes” estão a ser travadas a norte e leste da capital da Ucrânia e alerta as pessoas que não devem retornar à cidade por enquanto.
No sudeste do país forças russas bloqueiam o esforço ucraniano para entregar ajuda à cidade portuária sitiada de Mariupol, disse uma autoridade local.
Funcionários da defesa dos EUA são da opinião que a reorientação da Rússia no que se refere aos seus esforços militares na região leste de Donbass pode anunciar um “conflito mais longo e prolongado”, já que as forças ucranianas oferecem resistência feroz.



Publicado por Tovi às 07:32
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Terça-feira, 29 de Março de 2022
Nova ronda de negociações entre Rússia e Ucrânia

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Arranca hoje na Turquia mais uma ronda de negociações presenciais russo-ucranianas e deverão estender-se até quarta-feira. O facto de Erdogan ter sido, desde o início, um dos mediadores de quem as duas partes desconfiam menos e também pelo facto da Turquia ser membro da NATO, é importante e poderá revelar alguma coisa. Veremos.

O avião que transportava membros da delegação russa aterrou em Istambul a meio da tarde de ontem, para mais uma ronda de negociações, programadas para hoje e amanhã (28 e 29mar2022) em modelo presencial. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a Ucrânia poderá aceitar declarar neutralidade – e, eventualmente, aceitar um compromisso para as áreas reclamadas por separatistas no leste do país – bem como oferecer garantias de segurança à Rússia para garantir a paz “sem demora”. O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciou neste mesmo dia de segunda-feira que se reunirá tanto com a delegação ucraniana como com a russa antes de estas iniciarem hoje uma nova ronda de negociações no Palácio Dolmabahce de Istambul. É capaz de sair fumo branco destas negociações... e quem vai ficar bem na fotografia é Erdogan.

 

  O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, dirigiu-se às delegações ucraniana e russa, que retomam hoje as conversações de paz em Istambul. "Uma paz justa não terá um derrotado. O conflito continua a não beneficiar ninguém", disse o presidente turco, antes do arranque das negociações. No seu discurso, Erdogan sublinhou também o papel da Turquia, considerando que o seu país tem mostrado "uma posição justa" em todas as frentes desde o início da guerra. O presidente turco lembrou as partes que chegou o momento de as negociações "terem resultados concretos", pedindo um "imediato cessar-fogo". Erdogan disse ainda que os eventuais progressos alcançados em Istambul podem abrir caminho ao encontro entre os presidentes Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin, que a Turquia está também disponível para acolher. "Ambos são amigos de valor", sublinhou o presidente turco.

  oligarca russo Roman Abramovich está presente nas negociações entre a Rússia e a Ucrânia, que decorrem esta terça-feira, em Istambul. Foi filmado e fotografado por vários órgãos de comunicação no local, sentado ao lado de Ibrahim Kalin, porta-voz de Erdogan, enquanto escuta a tradução das declarações do presidente turco. De referir que esta não é a primeira vez que o dono do Chelsea participa nestas reuniões. De acordo com o Wall Street Journal, Abramovich esteve numa ronda de negociações, que teve lugar em Kiev, no início do mês. O oligarca russo foi um dos que sofreu graves sanções económicas em consequência da invasão à Ucrânia, muito devido à sua ligação a Moscovo e Vladimir Putin, que o levaram a colocar o Chelsea à venda.

 

  
Captura de ecrã 2022-03-29 135009.jpgO encontro entre as delegações da Ucrânia e da Rússia em Istambul já terminou [12h30 TMG], confirmou a embaixada ucraniana na Turquia e também Ankara. As negociações de paz duraram cerca de quatro horas, com algumas pausas, e ainda não é claro se serão retomadas na quarta-feira. A Ucrânia já apresentou a sua proposta final à Rússia sobre o que entende por neutralidade e aguarda agora uma resposta, segundo indicou um dos negociadores ucranianos, Oleksander Chaly, que falou aos jornalistas no final do encontro que decorreu em Istambul, ao lado do conselheiro presidencial Mykhailo Podolak. De acordo com a fonte ucraniana, se as garantias de segurança funcionarem, Kiev aceita o estatuto neutral. Este estatuto obrigará a que a Ucrânia não adira à NATO ou outras alianças militares e que não haja bases militares estrangeiras no país Kiev diz que para haver um acordo final com a Rússia tem de haver paz em toda a Ucrânia e ainda que os termos do acordo com Moscovo vão estar sujeitos a referendoA situação na Crimeia não foi excluída, com a Ucrânia a propor consultas com a Rússia sobre o estatuto da região, que foi anexada por Moscovo em 2014, durante os próximos 15 anosQuanto às garantias de segurança, além da Turquia ser apontada como o principal aliado neste capítulo, também Israel, Polónia e Canadá podem estar entre os países que assegurarão as condições necessárias de segurança ao abrigo de um novo sistema. A Ucrânia adiantou ainda que houve desenvolvimentos suficientes para que Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin se possam reunir presencialmente. O negociador e alto responsável do Kremlin, Vladimir Medinsky, confirmou que as conversações foram construtivas, que vão agora olhar para as propostas ucranianas e apresentá-las a PutinNo entanto, para que os dois presidentes se encontrem será necessário um acordo assinado entre os ministros dos Negócios Estrangeiros Sergei Lavrov e Dmytro Kuleba. O vice-ministro russo da Defesa, Alexander Fomin, anunciou que as tropas russas vão "reduzir radicalmente" as atividades militares em Kiev e Chernihiv, na sequência das negociações de paz. Fomin pediu também à Ucrânia para cumprir as Convenções de Genebra sobre prisioneiros de guerra.
  
Carlos Miguel Sousa - Oxalá esta gente se entenda.
David Ribeiro - Já parece haver uma ténue luz ao fundo do túnel... e o Erdogan a ficar bem na fotografia.
Carlos Miguel SousaO Erdogan, posiciona-se sempre como a principal potência regional. E tem sido inteligente nessa estratégia.

 

  As negociações de paz entre as delegações da Ucrânia e da Rússia que se encontram em Istambul não prosseguem amanhã, adiantou o ministério turco dos Negócios Estrangeiros, dando o encontro de hoje como concluído.

 

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5b973878a31033b41c02ae18.jpegNuma altura em que não é clara a posição da China relativamente ao apoio militar à Rússia na guerra com a Ucrânia, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros disse ontem [2.ª feira, 28mar2022] que as relações entre os dois países nunca estiveram tão fortes. O tema não foi, no entanto, aprofundado por Sergei Lavrov, que respondia aos jornalistas sobre como a Rússia estava a reagir às sanções internacionais, sabendo-se desde já que Pequim recusou aplicar sanções económicas a Moscovo. "As nossas relações com a China estão mais fortes do que nunca. A nossa parceria estratégica privilegiada com a Índia está a crescer. Também temos laços com a maior parte do Médio Oriente, com os países latinos e africanos", apontou Lavrov.

 

  João Fernando Ramos, enviado especial da CNN Portugal a Lviv
O “Obelix” da Ucrânia
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Conheci hoje o Iaroslav.
Estava sentado na entrada da aldeia de Nova Camianka, junto a uma proteção muito musculada da sede do poder local. A aldeia fica a uns quarenta quilómetros de Lviv, perdida no meio da imensidão dos campos desta região. Chegámos lá por uma estrada de terra, depois de termos contornado uma barreira cheia de sacos de areia e de blocos de betão, mas sem ninguém de guarda.
As pessoas ficam muito desconfiadas com a chegada de estrangeiros. Ninguém fala inglês e só o nosso tradutor consegue quebrar o medo com a insistência de que somos portugueses e que vimos por bem.
Só restam os velhos, algumas mulheres e muitas crianças. Estão aqui no colo dos avós, muito mais seguras do que nas cidades. Quem vive ali acredita nisso. Não lhes disse nada em contrário, mas não me tranquiliza deixar o meu novo amigo Iaroslav, mesmo com os seus 180 quilos, com a missão de defender aquela terra de caçadeira em punho e, se necessário, a correr russos à paulada. Este país tem um contraste imenso entre as cidades e o campo. O desenvolvimento tarda em chegar aqui e esta guerra vai ainda causar mais problemas para quem ainda resiste. Os tratores são da primeira geração de máquinas agrícolas. O transporte de estrumes e adubos é feito ainda de burro e as bicicletas servem para novos e velhos se aventurarem naqueles caminhos poeirentos com sacos e pertences.
A conversa com Iaroslav foi deliciosa, mesmo com uma tradução muito incompleta pelo meio. Acabámos sentados numa mesa com eles a partilharem o melhor que tinham, ao ritmo de copinhos de vodka ucraniano. Falta quase tudo aqui e estas pessoas vivem do que a terra dá - mesmo assim partilham. Iaroslav contou os dias e as noites em que partiram brigadas da aldeia com sopa e agasalhos para os milhares de refugiados que passavam por ali. Ele optou por ficar, com a aldeia, mas também com a família. Na mesa juntaram-se a senhora Iaroslav e a filha.  Entraram logo naquela conversa com gestos e sorrisos que nos afastou a todos do temor de um qualquer ataque surpresa.
Brindámos à paz, à Ucrânia e a Portugal.
Não sei se o vou voltar a ver, mas ficará nas doces memórias de uns dias terríveis como o nosso Obelix, que não desiste, mesmo quando só tem as mãos para lutar.



Publicado por Tovi às 08:07
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