"Devido à velocidade da luz ser superior à do som, algumas pessoas parecem inteligentes até as ouvirmos."

Domingo, 24 de Dezembro de 2023
Um Bom Natal para todos

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É comum dizer-se que o Natal é a Festa da Família... pois cá em casa a época natalícia é mesmo a GRANDE FESTA DA NOSSA FAMÍLIA, pois não só duas semanas antes faz anos a minha mulher, como no dia de Natal de 1978 nasceu a minha filha mais velha, a Joana (a mãe da Alice). Vocês já deverão estar a imaginar a festança que é cá em casa nestas semanas... e dura até ao Ano Novo.

 

 Os Presépios cá de casa... um é meu o outro é da minha mulher
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Rafael Fernandez de ZafraParabéns e muitas felicidades meu amigo, abraços. Me encanta el africano. Es angolano?
David Ribeiro - Sim, meu querido amigo Rafael Fernandez de Zafra... trouxe-o de Angola em 1986 e comprei-o a um artesão "Zairota", assim eram chamados os angolanos que tinham fugido para o Zaire no período colonial português e regressado após a independência.
Rui Gonçalves
Muito bonitos!

 

  Agarrem-me senão eu mato-os
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Publicado por Tovi às 07:49
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Sexta-feira, 10 de Novembro de 2023
Os meus tempos de “mercenário” - V

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Incongruência ou rebeldia juvenil?... Não sei, mas foi isto que aconteceu na festa de aniversário do filho do meu diretor quando eu trabalhava na capital de Angola nos anos 1985 e 86. Fui convidado para a festa e quando me aproximei da vivenda do meu chefe notei vários soldados armados do corpo privado de segurança da Presidência da República e apercebi-me logo que a Isabelinha, filha de José Eduardo dos Santos e colega de turma do aniversariante, estaria entre os convidados. Com efeito lá estava ela no terraço da vivenda dançando freneticamente com todas as outras meninas e meninos. Só que... para espanto meu a Isabelinha, filha de um presidente de um país marxista, envergava uma t-shirt igual à da foto.



Publicado por Tovi às 07:09
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Domingo, 29 de Outubro de 2023
Os meus tempos de “mercenário” - IV

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Todos se recordarão de num passado recente a empresária Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente de Angola, ter dito que tinha um sentido muito especial para os negócios desde muito nova e que até vendia ovos quando tinha seis anos. Pois não sei se foi desde tão tenra idade, mas no início de 1986, estava eu a trabalhar em Luanda como responsável pela logística de importação de produtos alimentares para um supermercado privativo de funcionários estrangeiros da Fina Petróleos, quando uma arreliadora avaria inutilizou todos os artigos que se encontravam num contentor frigorífico, incluindo umas centenas largas de dúzias de ovos. Como o próximo contentor de produtos lácteos e ovos só chegaria a Luanda dentro de três meses havia que resolver o problema recorrendo à importação por avião (usando o voo semanal de carga da TAAG que fazia Ostende - Luanda) mas os custos eram elevadíssimos e o espaço de que dispúnhamos neste avião era limitado. Foi então que uma das frequentadoras da Loja Fina, Tatiana Kukanova, mãe de Isabel dos Santos na altura uma adolescente de 12 anos, me disse que sua filha criava galinhas poedeiras e que me poderia vender ovos. Educadamente disse-lhe que as minhas necessidades de ovos eram no mínimo de 100 dúzias/semana e que dificilmente a Isabelinha teria capacidade para tal. Que não, que sua filha tinha uma enorme produção e que estavam à vontade para as quantidades que eu desejava, disse a Tatiana. E assim ficou combinado: Uma sua empregada viria semanalmente entregar-me 100 dúzias de ovos (quantidade que poderia ser alterada em qualquer altura) e o pagamento far-se-ia por créditos em compras. E assim funcionou até ao meu último dia de trabalho em Luanda, finais de outubro de 1986.

  
  
Jose Bandeira - Obrigado pela partilha deste lampejo de vida real, David Ribeiro. A História faz-se com pessoas e estes testemunhos na Primeira Pessoa do Singular são extremamente importantes para ajudar a validar, ou não, a informação provinda da comunicação social que nos soterra. Um óptimo exemplo de cidadania!
Jose Riobom
Devias era ter "comido" a galinha depois de gorda ....😉🤣🤣🤣🤣🤣
Rui Lima
Uma grande empresária que muito fez por Angola e Portugal.


Publicado por Tovi às 07:09
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Terça-feira, 24 de Outubro de 2023
Os meus tempos de “mercenário” - III 

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Como durante a minha estadia em Luanda [anos de 1985 e 86] sobrava-me algum tempo para o lazer e porque as ofertas não eram muitas, resolvi inscrever-me no Clube de Ténis dos Coqueiros, onde se podia bater umas bolas nos vários "courts”, ainda em razoável estado de conservação. Eu não era nem de longe nem de perto um grande jogador e nos primeiros dias ficava-me por bater bolas contra a parede, mas um belo dia o recepcionista do clube veio ter comigo e perguntou-me se eu não me importava de jogar com o Embaixador da Zâmbia, dizia o rapaz que ele estava mais ao menos ao meu nível de jogador. Dito assim, concordei... e lá fui conhecer o tal senhor. Acabamos por ficar amigos e praticamente todos os fins de tarde batíamos umas bolas. Ao sábado de manhã é que a coisa era interessante... depois do jogo e de um banho retemperador, íamos para a sumptuosa vivenda do embaixador, onde se comia e bebia excecionalmente bem, e onde ficavamos a “preguiçar” toda a tarde.

  
Joaquim Diniz
Bons tempos Amigo
Castro Ferreira PadrãoSaudades, não é?
Isabel PiresBoa vida!
David Ribeiro - Tinha dias Isabel Pires.  Quando era preciso desalfandegar contentores no porto de Luanda a coisa era complicada. Se tínhamos cais para acostar o "supply boat", não tínhamos guindaste... se tínhamos cais e guindaste não tínhamos camiões. Juntar tudo no mesmo local e à mesma hora era coisa complicada e nem sempre uns "cadeaux" resolviam a situação.
Mário Santos
O célebre inferno de Mário Soares...
Altino DuarteTambém passei alguns dias em Luanda mas não posso dizer o mesmo. Outros tempos,talvez...
Rafael Maciel OliveiraE o candeeiro de caçador que te ofereci quando foste fez-te jeito?, bons tempos!!
David RibeiroLembro-me bem, Rafael Maciel Oliveira... mas nunca fui à caça, que era coisa que só lá para os lados do Parque Nacional de Quiçama é que havia e já era zona de guerra.
Joaquim Figueiredo
A parte melhor... o após. Abraço



Publicado por Tovi às 07:44
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Quinta-feira, 19 de Outubro de 2023
Os meus tempos de “mercenário” - II

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Na época a que este meu relato se refere [anos 1985 e 86] ainda havia guerra entra o MPLA e a Unita, com tropas cubanas a combaterem ao lado das forças governamentais e Luanda sob um arreliante recolher obrigatório da meia noite às seis da manhã. Não havia qualquer estabelecimento público onde se pudesse comprar ou beber uma simples cerveja e os angolanos eram unicamente abastecidos pelas Lojas do Povo em sistema de senhas de racionamento ou em pequenos mercados de rua onde se revendia parte do que se tinha recebido no racionamento. Claro que quem trabalhava para os estrangeiros era pago em bens, muito mais importante do que os “oficiais” quanzas. No que à “liberdade de movimentos” dizia respeito estávamos expressamente limitados à cidade de Luanda. Cacuaco a norte, Viana a leste e Barra do Cuanza a sul, eram os limites e para além destes locais só com autorização escrita da Direcção Nacional de Emigração e Fronteiras de Angola (DNEFA). José Eduardo dos Santos (*) ainda não tinha abandonado a ideologia marxista e continuava o senhor todo poderoso de Angola com o apoio da União Soviética e de Cuba.
 
(*) José Eduardo dos Santos na imagem no discurso de encerramento da 1.ª Conferência Nacional do Partido em 1985.


Publicado por Tovi às 07:16
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Sexta-feira, 13 de Outubro de 2023
Os meus tempos de “mercenário” - I

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No início de outubro de 1985 aterrei pela primeira vez na minha vida em Luanda para cumprir um contrato de trabalho de dois anos da Eurest com a empresa belga Fina Petróleos de Angola, uma das várias empresas petrolíferas ao serviço do Ministério dos Petróleos angolano. O meu trabalho consistia essencialmente na gestão e supervisão de toda a logística dos abastecimentos de um pequeno supermercado que a Fina tinha na capital de Angola e de uso exclusivo de todos os funcionários expatriados ao serviço desta empresa belga. A adaptação foi rápida e muito facilitada por todo o apoio recebido, quer da Direção da Eurest Angola quer dos quadros superiores da Fina. Passei a viver num simpático apartamento no décimo andar de um edifício conhecido por “Mini Pet” (abreviatura de Ministério dos Petróleos) na praça onde está localizada a Igreja de Nossa Senhora da Nazaré (*), muito perto da Marginal de Luanda.

(*) A pequena igreja da Nossa Senhora da Nazaré foi construída em 1664, quase sobre a água. A fachada ficava em frente à baía. O Governador André Vidal de Negreiros, um dos heróis da libertação do Brasil do jugo holandês, construiu a capela para agradecer a Deus ter sido salvo de um naufrágio, numa viagem do Brasil para Angola. Em 1922 a Igreja foi considerada como monumento nacional.

 
Mário Paiva...e esta foto é do tempo do Kaparandando...
David RibeiroSim, Mário Paiva... mas o prédio onde vivi já lá estava.
Mário Paiva...já sim... foi cedido à ImporAfrica - representante da KIA - penso que por 20 anos, e foi completamente remodelado/alterado... o acesso aos apartamentos deixou de se fazer pela varanda trazeira - que desapareceu - e é feito por corredor central com apartamentos à esquerda e à direita... também do "teu" décimo andar já só se vêem nêsgas da Baía, que os vizinhos cresceram bwé...
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Publicado por Tovi às 07:01
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Quinta-feira, 15 de Dezembro de 2022
África minha... filme de Sydney Pollack

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Deu no domingo passado [11dez2022], na RTP Memória, o filme "África Minha"... um fabuloso filme assinado por Sydney Pollack, galardoado em 1985 com sete Óscares (Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Argumento, Melhor Fotografia, Melhor Banda Sonora Original, Melhor Direção Artística e Melhor Som) e que conta com as soberbas interpretações de Meryl Streep e Robert Redford. Vi-o pela primeira vez em maio de 1986, no dia em que cheguei ao Porto para as minhas primeiras férias após uma estadia profissional de seis meses na capital de Angola. Embora o enredo se desenrole na África britânica, atual Quénia, a verdade é que para mim, deslumbrado com tudo o que pela primeira vez via neste continente, foi um filme para nunca esquecer. Ainda hoje o vejo com interesse.


Fatima Gabriel
Obg
Isabel PiresAdorei o filme. Vou rever.
Maria de DeusUm dos filmes da minha vida! Beijinhos
Luis BarataAs belas Províncias Ultramarinas agora destroçadas!... Days of glory and joy. Tempos em que se faziam civilizações e Nações e agora Países desfeitos..
David Ribeiro
Luis Barata, tendo tido o privilégio, nesta minha estadia em África, de visitar alguns dos países saídos de colonialismo europeu, não há dúvida que Portugal fica muito mal na história, principalmente pelo muito pouco que fizemos por aqueles povos.
Luis BarataDavid Ribeiro a sério, David!? Percebi que pelo seu post foram seis meses apenas, de estadia. A sua cultura não lhe mostrou nunca mais nada!? Não teve relacionamentos de família ou amizades que lhe transmitissem o tanto e quanto Portugal fez!?...Uma sociedade organizada , escalonada, hospitais, escolas, liceus, comércio, administração, redes viárias e ferroviárias, portos, pontes, agricultura, pecuária, pescas... Vidas!!! Nada conta!?... Que decepção! Que tristeza de resposta. Ignorância só, mesmo!? Ou outra coisa? 
David RibeiroLuis Barata , como atrás lhe disse, comparando com os outros colonizados em África, ficamos muito mal na história.
Luis BarataDavid Ribeiro não acho nada disso. Compara como e com que parâmetros!?
David RibeiroLuis Barata , educação, saúde, nível de vida... sem comparação com o que por lá deixamos.
Luis BarataDavid Ribeiro em que países!!??... Concretize!
David Ribeiro - Só os que visitei em trabalho: Costa do Marfim; Zambia; Namíbia, na altura ainda em conflito pela independência da África do Sul; República Democrática do Congo. 
Luis BarataDavid Ribeiro cruamente foi um crime brutal a descolonização nos termos em que os bandidos a decidiram
David RibeiroTem razão, Luis Barata, foi feita tarde e a más horas... mas Salazar apostava estupidamente num “Portugal uno e indivisível do Minho a Timor”.
Laura Lages Brito…um dos filmes da minha vida 😊
Nuno Moreira
É sim senhor,
Mário PaivaLuis Barata, a cruz e a espada... 😑



Publicado por Tovi às 07:58
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Sexta-feira, 2 de Dezembro de 2022
Uma prisioneira ou uma mulher livre?

Em parte incerta, e com um mandado de captura internacional, Isabel dos Santos acusa o governo angolano de "perseguição" e manifesta interesse no futuro político do país.


  A entrevista transcrita e na íntegra da TVI/CNN Portugal
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Sente-se uma mulher livre ou uma prisioneira?
Eu acho que estes últimos anos, para mim, têm sido uma uma batalha, mas também uma lição de vida. Tenho aprendido muitas lições, houve momentos muito difíceis, obviamente, de um ponto de vista pessoal. Também do ponto de vista profissional. Mas é uma jornada, é um caminho, e eu acredito que a vida tem que ser vivida e nós estamos aqui com uma missão. Estamos aqui na Terra para transformar o mundo num lugar melhor. Pelo menos é assim que eu vejo isto e, enquanto estiver aqui, sinto essa liberdade de viver.
O seu espaço, digamos que era todo durante muitos anos. Tinha uma base em Angola, tinha interesse em Portugal, tinha negócios noutros sítios e esse espaço de repente ficou mais pequeno, mais pequeno, mais pequeno. E a notícia das últimas semanas é que há um mandado internacional de detenção. A minha pergunta vai nesse sentido. Isso de alguma forma a transforma numa prisioneira?

Eu acho que hoje há uma maior compreensão do que realmente se está a passar e não há dúvidas de que nós estamos perante um cenário de perseguição política. Olhando para Angola e para o nosso sistema jurídico, é fácil de entender que o procurador-geral da República recebe ordens diretamente do Presidente. Ou seja, ao contrário de alguns países, onde um procurador é independente, ou depende de um outro organismo.
Não há uma separação de poderes.
Não. Em Angola, o procurador, portanto, o general Pitta Grós, recebe ordens diretamente do general Lourenço, do presidente João Lourenço. Então, qualquer ordem desse tipo é uma ordem direta do presidente.
Já encontrou as motivações para isso que descreve como uma vingança política, mas também quase pessoal.
"Lawfare", que é no fundo usar a lei para fazer guerra ou utilizar as instituições estatais, públicas, utilizar os próprios tribunais e utilizar a lei para combater um opositor, um opositor económico e um opositor político. Portanto, eu acho que a razão é fundamentalmente essa, é que não se quer ter concorrência com outras pessoas que tenham outras ideias ou outras vozes, a entrarem na política em Angola e a dominar a economia. Eu vou utilizar as leis, vou manipular o sistema jurídico para causar muitos problemas jurídicos a um opositor. Um opositor político ou económico, por exemplo. E ao mesmo tempo, na opinião pública, vou criar toda uma impressão, uma opinião pública sobre essa pessoa utilizando os media. Então, há uma série de informações que são passadas aos media, que são efetivamente falsas.
Por que acha que isto aparece nesta altura concreta e não apareceu mais cedo? Estou a falar especificamente do mandado que foi emitido pela Interpol.
Eu não tenho conhecimento do documento oficial. Não sei do que é que se trata. Não ouvi, apenas estou a comentar o que tenho ouvido nas notícias e o que tenho lido. E a mim, o que me parece é que isto está sem dúvida ligado à nacionalização da Unitel. Quando nós vemos a nova lei da nacionalização em Angola, há uma cláusula muito estranha que diz que se houver um processo ou um inquérito, a empresa ou a pessoa visada não tem direito a uma indemnização.
Porque é que uma empresária privada, bem sucedida, vai a certa altura para a Sonangol, que era um óbvio problema? Vai lá para resolver o problema?
Naquela altura, o Ministério das Finanças pediu a uma das minhas empresas para ser consultora e assinou um contrato connosco, um contrato que foi validado, inclusive no Tribunal de Contas. Para nós prestarmos uma consultoria na restruturação do setor dos petróleos. Do que é que podia ser feito para tornar mais competitivo e, em particular, olhar para a Sonangol. Eu e a minha equipa fazemos a apresentação desse modelo ao Ministério das Finanças, e com base nisso foi criada uma comissão, uma comissão de reestruturação do setor petrolífero e da Sonangol. Naquele momento, eles tomam conhecimento do trabalho, e felizmente é um modelo que foi adotado e que o presidente João Lourenço continua a adotar até hoje. Eu sou convidada pela comissão, porque eles dizem que precisam de um angolano ou de uma angolana que consiga implementar aquilo, e que não havia muitos. Como eu já tinha participado e tinha efetivamente mentorado este novo modelo, gostariam que fosse eu e a minha empresa a implementar. E é assim que nós somos convidados e vamos como consultores. Eu sou convidada pessoalmente para ir como PCA não executivo, naquele momento, e é um momento muito difícil para a empresa. Há muitas dívidas. Quando eu cheguei, recordo-me que não havia dinheiro para pagar salários. Recebi uma carta dos bancos internacionais a cobrarem 450 milhões de dólares e deram-me 45 dias para pagar, e não havia dinheiro. Portanto, tive que entrar logo em negociações com a banca internacional para fazer uma reestruturação da dívida, tive que rapidamente entrar em negociações com a banca nacional para ver como é que nós podíamos otimizar algum cash flow. Era importante proteger os empregos e os salários, e proteger as pessoas que trabalhavam na empresa, porque eu precisava dessas pessoas para poder reconstruir a empresa.
É nessa altura que decide também chamar consultores internacionais, sociedades de advogados portuguesas. E isso é, digamos, o que dá origem, depois, àquilo a que aqueles que a acusam chamam "Luanda Leaks". Ainda hoje mantém a afirmação de que aquilo que dizem ter acontecido não aconteceu.
É em 2015, quando a minha empresa começa a trabalhar com o Ministério das Finanças, que estes consultores começam a trabalhar comigo. Ou seja, nós criamos um núcleo de consultores, eu sou o consultor principal e temos um núcleo de consultores que trabalha connosco. Trabalha comigo diretamente, pessoas com quem conversamos, analisamos, olhamos para vários modelos, comparamos o modelo da Noruega com o modelo da Arábia Saudita, por exemplo, comparamos com o modelo de Angola. Portanto, fazemos esse trabalho profundo, que é um novo modelo para o setor.
Mas ainda hoje está convencida de que a solução que encontrou, eventualmente comparável com essas de que está a dar conta, foi a melhor para a Sonangol. Isto é, não tinha sido mais transparente pagar diretamente à Pricewaterhouse? Não tinha sido mais transparente pagar diretamente à VDA? Era preciso envolver outras entidades nessa manobra?
Primeiro, não foi uma manobra. Como eu disse desde o início, a empresa foi contratada, foi a minha empresa. No âmbito desta reestruturação, eu vou para a Sonangol com um mandato muito específico de reestruturar a empresa. O que é acusado hoje é que estes consultores não existiram e que não estiveram na Sonangol e não prestaram serviços. Se ler as entrevistas do procurador-geral da República, as alegações que ele faz é que não houve serviços prestados à Sonangol, e aí é que é mentira, que é grave, porque houve os serviços, os serviços foram prestados. E depois disso ainda diz mais: que todo este contrato de reestruturação da Sonangol é uma manobra, é uma ficção, que nunca houve restruturação nenhuma.
Para serem desviados 131 milhões de dólares.
Exatamente. Agora eu pergunto: a reestruturação da Sonangol foi uma ficção? Há dúvidas na opinião pública de que a Sonangol estava falida? Há dúvidas de que houve uma reestruturação? Não há. A Sonangol estava mal? Estava. As pessoas sabiam que estava mal. Havia relatórios sobre isso, havia informações sobre isso, havia notícias sobre isso. Portanto, era de facto, de conhecimento público. Houve consultores. Era público o conhecimento? Era. Eu lembro-me, na altura, das notícias que vinham para os jornais: "porque é que a engenheira Isabel dos Santos encheu a Sonangol de consultores?". É preciso perceber que a Sonangol não é só uma empresa, são 90, e depois tem uma empresa de aviação, então tem que entender de aviões. Tem uma empresa de hospitais, tem que entender de saúde, tem uma empresa de mobiliário, tem que perceber de construção. Aquilo são montes de empresas diferentes e muitas delas com grandes dificuldades.
A esta distância, prefere dizer que quando encontrou a Sonangol nesse estado, que a culpa tinha morrido solteira? Ou que o responsável pelo estado a que a Sonangol chegou era Manuel Vicente, porque, no fundo, ele tinha sido o homem da Sonangol durante grande parte desses anos.
O que eu quero hoje é o reconhecimento por parte da PGR e do Estado, que esta história de contar que não houve consultores e que não foram pagos não é verdadeira. E o que é muito aborrecido é que é esta história que eles usam para depois emitir mandados ou emitir manobras restritivas, ou inclusive fazer arrestos. É com esta história, não é com outra.
Mas eu perguntei-lhe sobre Manuel Vicente. Não quer responder.
Vou responder, porque é uma boa pergunta. Porque é que a Sonangol estava no estado em que está quando eu cheguei? Ora, eu vou tentar resumir em três grandes linhas de pensamento. Primeiro, porque era uma empresa que não era competitiva, ou seja, era uma empresa que tinha uma cultura de gestão estatal e uma cultura de gestão pública. Não tinha sido desenhada como uma empresa que ía concorrer com outras. Ao contrário das minhas empresas, que sempre concorreram. Por exemplo, na ZAP eu concorro com a DSTV, na Unitel concorria com a Angola Telecom e Movicel, na Candando concorro com a Shoprite, com o Kero, com a Casa dos Frescos. No Banco concorro com o Banco Económico, com a Caixa. Eu sempre tive empresas que tinham que concorrer e a primeira coisa que eu notei é que a Sonangol não tinha que concorrer com ninguém, porque os direitos eram de concessionário, eram direitos adquiridos. Isso era um problema de competitividade. Segunda questão é que a Sonangol tinha muitos projetos que eram altamente deficitários, que perdiam dinheiro. Aí sim, concordo consigo que as gestões anteriores às minhas não deviam ter investido em projetos deficitários. A mim já aconteceu investir em projetos que não tenham gerado lucro, isso não é um crime, mas quando o projeto não gera lucro, tem que se rever e tem que se parar. Coisa que eles não fizeram. Nós temos o caso da Refinaria do Lobito, um projeto de quase 15 anos onde foram gastos 1,4 mil milhões de euros, e não há refinaria. Não há edifício, só há terraplanagem.
Para onde é que foi o dinheiro?
Pelos vistos foi para terraplanagem, mas aí já é uma gestão irresponsável e danosa.
Posso depreender que está a chamar gestor irresponsável e gestor danoso a Manuel Vicente ou é um abuso da minha parte?
Manuel Vicente não agiu sozinho. Manuel Vicente foi o PCA da Sonangol. Havia um Conselho de Administração, portanto eram vários administradores, eram vários diretores. Havia pessoas com vários pelouros. Ele não geriu sozinho. Da mesma maneira que quando eu estive na Sonangol também não estive lá sozinha. Como disse, foi falta de competitividade por um lado, projetos e investimentos que não eram rentáveis, e também encontrei más práticas.
Encontrei contratos que talvez custassem duas ou três vezes mais do que deviam custar, encontrei empresas de diretores a prestarem serviços a preços exorbitantes. Enfim, encontrei muitas coisas que estavam erradas e cortei. Eu baixei os custos da Sonangol em 18 meses, em 40%. É muito. Obviamente que as pessoas não gostaram disto. Têm um contrato de limpeza que limpa todos edifícios da Sonangol por milhões e milhões. Eu chego, faço um estudo comparativo e digo "não, desculpe, esta empresa até pode continuar, mas já não pode ser milhões e milhões". Tem que ser milhões e milhões, menos os 40% para ser ao mesmo nível que o preço do mercado.
Quando diz que o Luanda Leaks foi uma construção, foi uma construção de quem?
Do Estado angolano. Do presidente João Lourenço, especificamente.
Vem da cúpula. Não tem dúvidas sobre isso.
Não, não tenho, hoje tenho provas sobre isso. Quando o Luanda Leaks acontece é muito estranho, primeiro porque é uma história muito mal contada. Quem lê 715 mil documentos? É impossível. E até hoje ninguém os viu, vimos 140 documentos no website.
Foram forjados, na sua visão?
Quando se vai olhar para os 140 documentos do website, a maior parte desses documentos são completamente inócuos. Os jornalistas têm um papel muito importante e a media tornou-se o quarto poder, disso não temos dúvida. Ao mesmo tempo, também tem uma responsabilidade que é informar, mas informar com conhecimento daquilo que informa. Pergunto: um jornalista que não fala português, que não conhece as leis angolanas, não conhece as leis portuguesas, está a julgar?
Mas havia jornalistas portugueses no consórcio.
Havia.
E fizeram o seu trabalho.
Bom, se me disser que um jornalista sabe ler um contrato, e de um ponto de vista jurídico julgar se o contrato é legal ou ilegal, para mim seria uma surpresa. A não ser que fosse um jornalista que tivesse uma formação jurídica, que não me parece que fosse o caso.
A questão de Luanda Leaks tem um efeito em cascata, porque tem um efeito em Angola, a seguir tem um efeito em Portugal e tem um efeito até noutras geografias. Na Holanda, uma parte nos Estados Unidos.
Fazer "lawfare" não é uma ação nova. Eu não sou a primeira vítima de "lawfare". Há outros casos também.
Há várias pessoas a braços com a Justiça, que usam a expressão "lawfare" justamente para dar conta de, na sua visão, ser aquilo que lhes está a acontecer. Temos casos como Lula, no Brasil, Sócrates, em Portugal. 
Há vários casos. Agora, eu pergunto: se o Estado tem provas contra um cidadão, porque é que no meu caso, do arresto civil em Luanda, há oito documentos falsos? Por que é que a PGR falsifica um passaporte? Falsifica emails que vêm de uma conta de gmail e consultant, um tal de Mohamed que ninguém sabe quem é? Por que é que a PGR apresenta como prova uma carta dos serviços secretos de Angola a testemunhar um encontro, numa reunião de trabalho minha que nunca aconteceu? Em data e num sítio onde nunca estive. Ou seja, se é um Estado de boa fé, vai forjar provas para arrestar património do empresário?
No caso português, acha que as autoridades em Lisboa agiram quase por contágio daquilo que se passava em Angola, ou aqui não há má fé e boa fé?
Portugal está a tentar perceber se as alegações que houve, que saíram no jornal, são verdadeiras ou falsas. Principalmente, esta questão dos consultores é muito interessante, porque ainda durante o processo de inquérito, o juiz do inquérito já confirmou que todos os pagamentos foram feitos e todos os consultores foram pagos e que os serviços foram prestados, e que não houve dinheiro do Estado ou dinheiro da Sonangol que tenha sido tirado para meu benefício próprio. Isso está lá escrito, a decisão do juiz de inquérito. E é muito raro, numa fase de inquérito, já os juízes terem tanta certeza do que estão a dizer, porque quando eles tomaram contacto com os elementos de prova contraditórios, efetivamente viram que aquilo que tenho tentado dizer durante muito tempo era verdade, e que o que o Estado angolado estava a dizer não era. Entretanto, Portugal tem um acordo que é o Tratado da CPLP, as comunidades de língua portuguesa. Nesse acordo, se há um pedido, e nesse caso não civil, que venha na base de um processo criminal, aí Portugal tem que atender o pedido. E foi isto que aconteceu. Só que, bizarramente, eu em Angola não tenho um processo crime em tribunal.
Então o que aconteceu?
Há uma decisão forjada do juiz do Tribunal Supremo que é enviada para Portugal, e Portugal pega nessa decisão forjada e age sobre essa decisão forjada.
Houve aquela expressão muito citada em Lisboa, que era o "irritante", por causa do caso que na Justiça em Portugal envolvia o então ex-vice-presidente Manuel Vicente. Acha que a Justiça em Portugal teve dois pesos e duas medidas em relação a si e ao ex-vice-presidente? Por ação do poder político, por alguma intervenção do poder político?
O caso jurídico do engenheiro Manuel Vicente, eu não conheço os detalhes porque não é um caso que eu siga. Eu acho que hoje a Justiça em Portugal é morosa, é lenta. Talvez porque o sistema em si não tem capacidade de processamento suficiente. Acho que é morosa, e esta demora que existe no meu caso e no caso das minhas empresas não é boa, porque há decisões que precisam de ser tomadas, como por exemplo o pagamento de impostos, pagamentos de rendas, pagamento de salários, e que a justiça portuguesa não autoriza. Quando um juiz português não autoriza uma empresa minha a pagar salários aos trabalhadores, não é a mim que ele está a prejudicar. Ele está a prejudicar as famílias portuguesas, as pessoas que estão a trabalhar. Quando um juiz português não autoriza o pagamento de rendas, internet, água, luz, a empresa tem que fechar, porque uma empresa pode viver sem escritório. Então eu acho que é uma falta de sensibilidade por parte da Justiça.
O facto de estar muito património arrestado é quase uma condenação?
É uma condenação. Estou a assistir hoje à Justiça portuguesa a condenar empresas portuguesas e empregos portugueses, pelas decisões que têm tomado.
Essa é a dimensão empresarial, depois há outra, porque também há património arrestado que está em nome de offshores, com casas no Algarve, na Quinta do Lago. Isso também faz parte do mesmo universo ou não?
Isso faz parte da ficção do Luanda Leaks.
Há uma parte que é realidade e outra parte que é ficção?
Não tenho casa no Algarve. Eu gosto do Algarve, mas não tenho casa no Algarve. Se um dia tivesse comprado uma casa no Algarve podia ter em nome de uma empresa, talvez por questões fiscais, se eu quisesse alugar, mas com certeza que, se tivesse uma casa no Algarve, não negaria tê-la.
O poder político em Lisboa nunca a ajudou?
Os meus contactos foram sempre empresariais. Não tive contactos com o Governo, a não ser os normais dos licenciamentos, quando às vezes as empresas têm que licenciar algum documento e enviam, mas isso são coisas das próprias empresas. A minha relação com Portugal foi sempre através dos investimentos privados, e se esses investimentos privados tivessem sucesso nas parcerias com quem eu estava a conversar naquele momento, com aquelas pessoas, ou se me quisessem vender as ações, ou se quisessem receber um investimento, chegavam a bom porto.
E esse padrão de comportamento foi igual com os governos do PSD e com os governos do Partido Socialista?
Durante todo o período que eu investi em Portugal, as minhas relações foram com os empresários portugueses.
E também nunca sentiu da parte dos governos portugueses um pedido de ajuda para que investisse na economia portuguesa nos anos mais complicados, designadamente nos anos da troika?
Pedidos específicos, não. Não tive pedido específico de investir em Portugal por parte do Governo português
Nem no caso da Efacec?
No caso da Efacec, eu comecei a trabalhar no setor das telecomunicações em 98 e a minha visão era uma visão para África, porque havia muito poucos telefones naquela altura. No meu país, sobretudo, e no continente em geral. Uma vez que as telecomunicações foram um boom e que o mercado estava cada vez mais atendido, eu comecei a olhar de um ponto de vista estratégico, para qual é que seria o próximo setor no qual eu queria investir, e era o setor da energia. Queria investir no setor da energia em Angola, em África, e criar uma empresa competitiva exatamente nesses mercados. Aí, a Efacec era uma oportunidade, porque ela estava à venda. Havia vários compradores, houve um processo, nós participámos num processo de licitação, portanto não éramos os únicos. Não foi ajuste direto, havia várias propostas, estavam a ser analisadas, etc. E nós participámos nesse processo, porque eu tinha interesse em adquirir uma empresa de energia com as valências que a Efacec tinha, porque permitiria fazer muito trabalho em África, de uma forma geral. Não só em Angola, mas no continente.
Para a compra da Efacec beneficiou do empréstimo da Caixa Geral, mas acha que se tratou de um negócio limpo, normal? Isto é, um empresário muitas vezes vai à banca para se financiar.
Gostei muito do que acabou de dizer, porque acabou de confirmar que, para o negócio da Efacec, tive acesso, em parte, ao financiamento bancário. Infelizmente, quando se ouve, uma vez mais, o que Angola diz a Portugal, dizem que o investimento foi feito com dinheiro do Estado angolano.
Não houve aval do Estado angolano?
Não, de todo.
O antigo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, no seu livro chamado exatamente "O governador", disse que num determinado momento do seu mandato recebeu uma chamada do primeiro-ministro António Costa, em que António Costa interferia a seu favor e a expressão era esta: "Nós não podemos tratar mal a filha de um chefe de Estado amigo". E depois descreve até que foi um telefonema muito irado. Primeiro, acha possível que isso tenha acontecido? Segundo, alguma vez pediu ajuda a António Costa especificamente para ele interferir junto do governador?
Nas minhas relações que eu tive com Portugal, foram realmente relações com o setor privado. Não tenho contactos ou relações com ministros em Portugal ou proximidade com o Governo. Os meus investimentos foram investimentos diretos, privados. Não acredito que tenha tido um apoio específico do Estado português, porque inclusive eram investimentos de risco. O BPN, quando nós comprámos, era um banco que estava falido.
Está a fugir à pergunta.
Não vou fugir à pergunta, vou é dizer a relação que eu tive lá, porque disso eu posso falar. E a relação que eu tive em Portugal não foi uma relação com o Governo, foi efetivamente uma relação com os privados, e os negócios que fiz. Lembro-me da audiência que tive no Banco de Portugal, que foi uma audiência para tratar de ações relacionadas com o Banco BIC. Foi uma reunião curta e só me lembro que tenha havido uma reunião, e foi profissional.
Portanto, esta chamada ter acontecido foi por iniciativa do primeiro-ministro, mas não há pedido seu.
Eu não sei se a chamada aconteceu ou não. Não fiz parte de chamada alguma. O que eu posso dizer é que, do meu lado, as relações que eu tive com Portugal foram sempre pelo lado empresarial e não pelo lado do Governo, nem pelo lado do Estado.
E de um ponto de vista institucional, o seu pai nunca a ajudou? 
Eu podia ter trabalhado com o meu pai se assim o tivesse decidido há muitos anos atrás na minha carreira. Se eu quisesse ter ido para política, por exemplo, teria trabalhado com o meu pai. Mas eu não quis ir para a política naquela altura.
Acha que o seu futuro pode passar por um papel em termos políticos em Angola? Ambiciona isso?
Eu não tenho dúvida que, de uma forma ou de outra, vou contribuir para o futuro político do meu país.
Mas com protagonismo ou num papel mais lateral?
Eu acredito que Angola precisa de um novo futuro político. Acho que nós, hoje, temos desafios que são outros. Já não são os desafios da independência, já não são os desafios da revolução. Hoje são os desafios da economia, do emprego, são os desafios sociais, do bem estar social, como as pessoas vivem melhor. Temos um grande desafio, que é a urbanização. Como é que nós vamos preparar as nossas cidades de forma a poderem receber estes milhões de pessoas que nascem todos os anos, com água, com luz, e que não seja só conversa. Outro desafio que nós temos é a segurança alimentar. Nós produzimos muito pouco e vimos que na altura do covid, quando os preços dos contentores, da logística, dispararam, que os preços em Angola também subiram muito. A comida ficou muito, muito cara. Portanto, a questão da segurança alimentar com uma população que está a chegar a 30 milhões é um dos outros temas. E acredito que hoje os partidos políticos que estão no poder ou que estão na oposição não estão a olhar para estas questões. Não há uma visão, não há um plano. Para Angola, hoje, não há um plano estratégico de como desenvolver, como tornar Angola competitiva.
Do que está a falar, acha que pode protagonizar essa visão e esse plano estratégico para um país que é muito diferente daquilo que tem sido.
Eu ambiciono um país diferente.
Agora, para lá chegar, tem que se libertar das questões que tem em braços com a Justiça. Como é que acha que vai fazer isso? Eu tenho à minha frente uma mulher de 48 anos, que neste momento viu o seu império empresarial congelado, apertado, diminuído, e que está a braços com um mandado da Interpol. Como é que vai sair desse labirinto onde a meteram?
Esta questão ocorre numa perseguição política, exatamente para me impedir de um dia poder fazer a diferença em Angola. As questões jurídicas, elas em si, se a lei for cumprida, não têm base. Mas hoje eu vivo num país onde a lei não é cumprida. Vivo numa Angola que não tem um Estado democrático de direito. Vivo numa Angola que viola a Constituição, viola os direitos do cidadão. Portanto, vivo num país em que a lei não é cumprida. Os nossos tribunais não são independentes, os nossos juízes recebem instruções. Não todos, mas há alguns juízes que são utilizados pelo sistema para cumprirem uma agenda política do poder político.
E se eu tomar como bom aquilo que está a dizer, o que é que a leva a pensar que isso vai mudar? E como é que vai mudar?
Eu acredito que vai mudar, e vai mudar.
Como é que vai mudar?
A história diz-nos que todos os sistemas ou regimes que não entenderam que era necessária a mudança, não entenderam que era necessário atender às aspirações das novas gerações, todos fracassam.
Somos pessoas que vão obrigar a uma mudança do regime.
A nova geração, que quer uma outra Angola, quer outras coisas para Angola, tem outras ambições e ambicionam ver uma Angola diferente. Eles vão fazer a mudança, sem dúvida.
Já disse que, por norma, os seus dias eram muito preenchidos, muito ocupados e eu andei a fazer algum trabalho de casa. Também sei que era assim. Como é que é hoje o seu dia a dia?
Quando eu estive na Sonangol, curiosamente, os meus dias eram realmente muito ocupados. Eram muitas vezes das 7 horas até às 21 horas. Também foi um período muito especial na minha vida, porque eu estava à espera de um bebé. Portanto, imagine, eu tive 18 meses na Sonangol e durante nove daqueles 18 meses estava à espera de um bebé. O bebé nasceu em Julho, ou seja, ainda mais dois ou três meses pós-parto depois disso. Tive ali um período que, fisicamente, foi muito exigente e não tive muito próxima da minha família, gastei muito tempo. E antes disso, nas minhas empresas, antes de 2016 também, sempre trabalhei muito, porque gosto de ser ativa. Sou uma pessoa operacional, gosto de ir para o terreno, pôr a mão na obra, ir para a obra, estar lá com um capacete, com as minhas equipas, trabalhar. Fiquei muito tempo longe da minha família para poder construir as empresas que eu construí, para poder alcançar e chegar onde eu cheguei, e fiz muitos sacrifícios pessoais. A minha presença, o estar com os meus filhos, estar com a minha família. E hoje tenho mais tempo, e é isso a que eu me dedico, efetivamente poder estar presente na vida deles, poder ser mais ativa na educação dos meus filhos, e obviamente tenho um desafio, e que não é pouco, que são todas estas batalhas que me são postas pelo Estado angolano, que apesar de eu já não estar em Angola há quatro anos, continua a perseguir-me por todo o lado.
Sente-se a salvo no país onde estamos?
Eu acredito que nos países onde a lei funciona e os tribunais são justos, imparciais e independentes, eu estarei sempre a salvo. O único sítio onde eu não estarei a salvo é efetivamente em Angola, onde os tribunais não são independentes e onde a lei não se cumpre. Mas todos os outros países no mundo que cumprirem a lei e em que os tribunais sejam independentes, eu acredito que que eu estarei em condições de segurança.
Responda-me como entender, mas gostava de lhe perguntar. Foi a Barcelona e esteve em Barcelona nos últimos dias do seu pai, mas acha que se despediu dele da maneira como queria?
O meu pai, em 2018, manifestou a vontade de deixar de viver em Angola e queria viver comigo e com o meu esposo. Portanto, eu tenho acompanhado e tenho vivido com o meu pai desde aquela altura. Não foram só apenas os últimos dias em Barcelona, foi realmente desde aquela altura. Ele veio para Espanha, depois temporariamente voltou a Luanda. Essa viagem, em que ele foi a Luanda, foi uma viagem muito difícil para ele. Queria ficar menos tempo. Infelizmente, as autoridades em Angola, de alguma maneira, impediram ou não facilitaram o regresso mais cedo. Finalmente, voltou em março e nós ficámos muito felizes que ele pudesse ter voltado. Enfim, a vida é triste.
Mas despediu-se dele da maneira que queria ou acabou por não ter essa oportunidade?
Eu estive com o meu pai em todos os momentos. Mais do que meu pai, ele era sem dúvida o pai da nação e o presidente da República. E houve um debate muito alargado entre a família e o próprio Estado angolano, sobre como é que devia ter sido a homenagem a José Eduardo Santos. Na altura, e até hoje, eu acho que houve uma precipitação do lado do Estado. E foi uma pena, porque muitos angolanos que se podiam ter despedido dele com muita mais calma, sem estarem preocupados em quem vão votar, em quem não vão votar, podiam tê-lo feito. Podiam ter tido tempo. E esse tempo não lhes foi dado. 
Tem nacionalidade russa?
Eu tenho nacionalidade russa, nasci na Rússia. Esse é um fato público.
E admite vir a viver na Rússia nas atuais circunstâncias da sua vida particular?
Eu tenho um carinho especial porque é a terra da minha mãe, portanto é um sítio onde tenho família, e que respeito muito a cultura, a história. É um país que tem teatro, música, ballet, é um país com uma cultura fenomenal. Gosto do país, acho que é bonito.
Como é que alguém que tem essa dimensão pessoal, de ligação com o país, olha para o conflito da Rússia com a Ucrânia e para a invasão russa?
Eu espero que as coisas se resolvam.
Não se lhe oferece dizer mais nada.
Espero que as coisas se resolvam. Paz é importante para todos.



Publicado por Tovi às 08:45
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Sexta-feira, 26 de Agosto de 2022
Eleições Gerais em Angola

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Angola foi a votos na última quarta-feira [24ago2022] para escolher um novo Presidente da República e os 220 novos representantes na Assembleia Nacional. Estas foram as quartas eleições do pós-guerra em Angola e o quinto processo eleitoral desde 1992, ano em que foi introduzido este exercício democrático, e a primeira vez em que angolanos residentes no estrangeiro puderam votar. 

 

  00h50 de 25ago2022 - Comissão Nacional Eleitoral 
Resultados provisórios quando estão apurados 33,16% do total dos votos
MPLA - 60,65%  /  UNITA - 33,85%  /  PRS - 1,45%  /  FNLA - 1,28%
PHA - 1,05%  /  CASE-CE - 0,75%  /  APN - 0,51%  /  P-NJANGO - 0,48%

 

  11h00 de 25ago2022 - Comissão Nacional Eleitoral 
Resultados provisórios quando estão apurados 86,41% do total dos votos
MPLA - 52,08%  /  UNITA - 42,98%  /  PRS - 1,18%  / FNLA - 1,07%
PHA - 1,02%  / CASA-CE - 0,73%  /  APN - 0,48%  /  P-NJANGO - 0,42%
Resultados provisórios em Luanda com 77,12% dos votos apurados
UNITA - 62,93%  /  MPLA - 33,06% 

 

  20h45 de 25ago2022 - Comissão Nacional Eleitoral
Quando faltam apenas 2,7% das mesas por apurar, o MPLA mantém-se à frente da contagem de votos com 51,07%, que lhe permite eleger 124 deputados, seguido da UNITA (oposição) com 44,05%, o equivalente a 90 deputados. De acordo com a segunda e última actualização do dia de hoje, feita pelo porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Lucas Quilundo, o PRS, FNLA e PHA conseguem eleger dois deputados cada, enquanto CASA-CE, APN e P-JANGO sem hipótese de eleger deputados.  

 

  12h40 de 26ago2022 - Agência Lusa
O Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA, no poder) perdeu um milhão de votos nas eleições de quarta-feira face a 2017, enquanto a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) obteve quase um milhão a maisSegundo os dados da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), quando estão escrutinados 97,03% dos votos, o MPLA (no poder desde 1975) obteve 3.162.801 votos, menos um milhão que em 2017, quando obteve 4.115.302 votos. Já a UNITA teve uma grande subida, elegendo deputados em 17 das 18 províncias e obtendo uma vitória histórica na de Luanda, a maior do país, conseguindo até ao momento 2.727.885 votos enquanto em 2017 teve 1.800.860 boletins favoráveis. Além desta mudança de votação, há um registo de uma menor afluência. Menos 700 mil angolanos acorreram às urnas nas eleições gerais de quarta-feira apesar de o universo eleitoral ter aumentado mais de 55%, passando de 9,22 milhões para 14,4 milhões de eleitores. Em 2022, com um caderno eleitoral substancialmente superior, verificou-se uma abstenção de 56% quando, em 2017, data da primeira eleição de João Lourenço, a abstenção foi apenas de 23,5%.

 

  19h10 de 26ago2022 - UNITA não reconhece resultados das eleições
A UNITA anunciou esta sexta-feira que não reconhece os resultados das eleições do dia 24 de agosto, que deram a vitória ao MPLA em Angola. "Não existe a menor dúvida em afirmar, com toda a segurança, que o MPLA não ganhou as eleições do dia 24 de agosto", afirmou Adalberto Costa Júnior em conferência de imprensa. "A UNITA não reconhece os resultados provisórios divulgados pela CNE." Costa Júnior referiu que a UNITA criou um escrutínio paralelo "para proteger o voto do povo do assalto daqueles que ainda não entenderam o conceito de democracia", e que os dados do partido são significativamente diferentes dos da Comissão Nacional Eleitoral de Angola. "As discrepâncias dos mandatos atribuídos à UNITA pela CNE são brutais", afirmou o líder do maior partido da oposição. Costa Júnior deu vários exemplos das alegadas diferenças do número de votos atribuídos à UNITA, incluindo na região de Luanda. Segundo o líder político, as atas síntese na posse da UNITA revelam que o partido obteve 1.417.447 votos na região da capital, o que corresponde a 70% dos votos. Estes dados contrariam os da CNE, que revelam que o partido fundado por Jonas Savimbi obteve 1.230.217 votos, cerca de 137 mil votos a menos, o que corresponde a 62,59% do total dos votos no círculo eleitoral de Luanda.

 

  Resultados Oficiais - CNE 29ago2022
Votaram 44,82% dos 14,4 milhões de eleitores, com 1,67% de votos brancos e 1,15% de votos nulos.
MPLA - 51,17% - 3.209.429 votos - 124 deputados.
UNITA - 43,95% - 2.756.786 votos - 90 deputados.
PRS - 1,14% - 71.351 votos (1,14%) - 2 deputados.
FNLA - 1,06% - 66.337 votos - 2 deputados.
PHA - 1,02% - 63.749 votos - 2 deputados.
CASA-CE - 0,76% - 47.446 votos - 0 deputados.
APN - 0,48% - 30.199 votos - 0 deputados.
P-NJANGO - 0,42% - 26.867 votos - 0 deputados.
O plenário da CNE proclamou assim Presidente da República de Angola João Lourenço, cabeça de lista pelo MPLA, e vice-presidente Esperança da Costa, segunda da mesma lista.



Publicado por Tovi às 08:00
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Sexta-feira, 8 de Julho de 2022
Morreu ZéDu 

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José Eduardo dos Santos foi presidente de Angola de 1979 a 2017. O seu “reinado” foi frequentemente associado à grande corrupção e ao desvio de recursos do petróleo para proveito próprio e da sua família, esquecendo-se de grande parte da população, que vive em condições de pobreza e com grandes diferenças entre as cidades e o campo. A História recorda sempre mais facilmente o “mal feito” do que algo “de bem” que se fez, e eu, que vivi em Luanda a trabalhar para o Ministério dos Petróleos em 1985-86, recordo o digno papel de ZéDu na crise transfronteiriça entre Angola e a África do Sul, que culminou no repatriamento do contingente militar cubano, na independência da Namíbia, e na retirada das tropas sul-africanas de Angola. 


Luis BarataSei quem é e quem foi. Qual o seu comentário pessoal ao personagem?
David Ribeiro
A única coisa "de bem" que reconheço no longo reinado de ZéDu é aquilo que acima referi, a resolução da crise transfronteiriça entre Angola e a África do Sul, que culminou no repatriamento do contingente militar cubano, na independência da Namíbia, e na retirada das tropas sul-africanas de Angola. E já agora: Não o conheci pessoalmente, mas convivi vários anos com a sua primeira mulher, Tatiana Kukanova, mãe da Isabel dos Santos, que na altura era uma menininha com pouca mais de 12 anos.
Luis BarataDavid Ribeiro uma pena realmente a entrega a estrangeiros comunistas e o presidencialismo totalitário-familiaris... E as infraestruturas e estruturas sociais desfeitas, e a criminalidade, e tudo e tudo e tudo... De bom o quê?!
David Ribeiro - Realmente ZéDu exerceu um presidencialismo só comparável às maiores ditaduras africanas. E o "desenvolvimento" que fez após o grande investimento na exploração petrolífera serviu essencialmente para o seu enriquecimento pessoal, o da sua família e de mais alguns indefetíveis apoiantes, alguns dos quais ainda se pavoneiam por este mundo fora.

 

   Mensagem da Presidência da República de Angola
O Executivo da República de Angola leva ao conhecimento da opinião pública nacional e internacional, com um sentimento de grande dor e consternação, o falecimento de Sua Excelência o ex-Presidente da República Engenheiro José Eduardo dos Santos, ocorrido hoje às 11h10, hora de Espanha certificada pelo boletim médico da clínica, em Barcelona, após prolongada doença.
O Executivo da República de Angola inclina-se, com o maior respeito e consideração, perante a figura de um Estadista de grande dimensão histórica, que regeu durante muitos anos com clarividência e humanismo os destinos da Nação Angolana, em momentos muito difíceis.
O Executivo da República de Angola apresenta à família enlutada os seus mais profundos sentimentos de pesar e apela à serenidade de todos neste momento de dor e consternação.
Luanda, 8 de Julho de 2022"

  Organismo integra 11 ministros e a governadora de Luanda
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  O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, acaba de enviar as condolências ao Presidente João Lourenço e à Família do Presidente José Eduardo dos Santos. O Presidente José Eduardo dos Santos foi o interlocutor de todos os Presidentes Portugueses em Democracia, durante quatro décadas, constituindo um protagonista decisivo nas relações entre os Estados e os Povos Angolano e Português. Portugal testemunha o respeito devido a essa longa memória, em período determinante para o nascimento e o arranque da CPLP e do engrandecimento das nossas relações bilaterais após a descolonização.

 


Captura de ecrã 2022-07-08 145310.jpg
Foi neste prédio onde vivi em Luanda em 1985-86. Os outros dois edifícios na época ainda não existiam.



Publicado por Tovi às 13:41
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Sábado, 25 de Janeiro de 2020
Justiça ou ajuste de contas?

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Ainda não estou seguro se a recente atuação da Procuradoria Geral da República angolana é uma luta contra a corrupção na nossa ex-colónia ou se não passa de um ajuste de contas entre duas fações dentro do MPLA.



Publicado por Tovi às 09:38
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Sexta-feira, 24 de Janeiro de 2020
Danos colaterais do Luanda Leaks

Captura de Ecrã (387).png


Nuno Ribeiro da Cunha foi encontrado morto, esta quarta-feira à noite, na sua casa, no Restelo. O diretor nacional da PJ, Luís Neves, disse que as autoridades não estão a investigar a “intervenção de terceiros” na morte do diretor do private banking do Eurobic, arguido no caso Luanda Leaks.


Três administradores não executivos da NOS, ligados à empresária angolana Isabel dos Santos, demitiram-se. "O Dr. Jorge de Brito Pereira, Dr. Mário Filipe Moreira Leite da Silva e Dra. Paula Cristina Neves Oliveira apresentaram hoje, ao Conselho Fiscal, as respetivas renúncias aos cargos de membros não executivos do Conselho de Administração desta sociedade", refere um comunicado da operadora à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).


“A Engª Isabel dos Santos informou o Conselho de Administração que decidiu sair da estrutura acionista da Efacec Power Solutions, com efeitos definitivos”, revelou hoje a empresa em comunicado. Mário Leite da Silva e Jorge Brito Pereira também abandonam os cargos na administração.



Publicado por Tovi às 08:55
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Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2020
Será que...?

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  Tudo sobre "Luanda Leaks", no Expresso

 


No início de 1986, estava eu a trabalhar em Luanda como responsável pela logística de importação de produtos alimentares para um supermercado privativo de funcionários estrangeiros da Fina Petróleos, quando uma arreliadora avaria inutilizou todos os artigos que se encontravam num contentor frigorífico, incluindo umas centenas largas de dúzias de ovos. Como o próximo contentor de produtos lácteos e ovos só chegaria a Luanda dentro de três meses havia que resolver o problema recorrendo à importação por avião (usando o voo semanal de carga da TAAG que fazia Ostende - Luanda) mas os custos eram elevadíssimos e o espaço de que dispúnhamos neste avião era limitado. Foi então que uma das frequentadoras da Loja Fina, Tatiana Kukanova, mãe de Isabel dos Santos na altura uma adolescente de 12 anos, me disse que sua filha criava galinhas poedeiras e que me poderia vender ovos. Educadamente disse-lhe que as minhas necessidades de ovos eram no mínimo de 50 dúzias/semana e que dificilmente a Isabelinha teria capacidade para tal. Que não, que sua filha tinha uma enorme produção e que estavam à vontade para as quantidades que eu desejava, disse a Tatiana. E assim ficou combinado: Uma sua empregada viria semanalmente entregar-me 50 dúzias de ovos (quantidade que poderia ser alterada em qualquer altura) e o pagamento far-se-ia por créditos em compras. E assim funcionou até ao meu último dia de trabalho em Luanda, finais de outubro de 1986.



Publicado por Tovi às 10:38
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Quinta-feira, 2 de Janeiro de 2020
Preocupada com o pagamento de salários?...

…não me faças rir, Isabelinha.  

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 Notícia de hoje do JN

 

  Comentários no Facebook

Hélder Pais - Há muitas formas de ameaça... Esperemos que não venham aí tempos complicados (novamente) ali para os lados da Arroteia.

David Ribeiro - A mim, que não passo de um simples observador das estratégias empresariais e financeiras, já em 2015 me parecia que mais tarde ou mais cedo daria raia a compra de dois terços da Efacec pela empresária angolana Isabel dos Santos. É verdade que a empresa estava em agonia financeira e a filha do ex-presidente angolano apresentou-se como a solução para dar a volta, comprando uma grande parte da empresa aos seus acionistas portugueses, a José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves, mas… Esperemos que num futuro próximo eu não venha a ter razão.

Jose Riobom - Juro que não percebo os teus comentários... Não és tu o "supremo markteer" do "clube de amigos da especulação imobiliária" que há não muito tempo andou com o séquito "Isabelino" por aí com toda a "pompa e circunstância" ??? Estará na altura do..... QUEM ??? EU ??? Não conhecemos de lado nenhum...!!!

David Ribeiro - Ena pá!... Estava convencido que me conhecias melhor do que parece que me conheces. Aposto, singelo contra dobrado, como não consegues encontrar em lado nenhum qualquer afirmação minha de apoio ao "séquito isabelino". E olha que convivi em Luanda (quando lá trabalhei no Ministério dos Petróleos nos anos de 1985-86) com a Isabelinha e sua mãe, era a filha de José Eduardo dos Santos uma linda e inteligentíssima menina com uns onze ou doze anos.

Mario Ferreira Dos Reis - Lembro que parte inicial da fortuna vem da sua mãe!

David Ribeiro - Conheci pessoalmente Tatiana Kukanova quando ambos trabalhamos em empresas ligadas ao Ministério dos Petróleos (1985-86) em Luanda e ninguém lhe conhecia fortuna pessoal.

 

   Joana Amaral dias no Correio da Manhã

Lembra-se quando a elite portuguesa escarnecia da justiça angola? Claro que se lembra. Foi até ao ano passado, 2019, e António Costa chamava-lhe ‘o irritante’. Lembra-se de como Isabel dos Santos e toda uma corte pútrida jactava pelo nosso país, ostentando riqueza e branqueando dinheiro, enquanto o capital português beijava o chão que pisava e lhe lambia os pés? Lembra pois. Foi até 2019.
Súbito tudo mudou. As autoridades angolanas decretaram o arresto de bens da Princesa (para quem herda e rouba o título ‘empresária’ só pode ser fantasia) e, afinal, deram uma chapadona de luva branca nas autoridades portuguesas. Enfim, a menina do ZéDu construiu um império no petróleo e nos diamantes que passou sempre pelo nosso país, pela NOS, pela banca, pela Efacec. O rei vai nu e para já está totalmente exposta a bajulação e a cumplicidade na corrupção e no nepotismo angolanos por parte dos responsáveis portugueses: das autoridades judiciais à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e ao Banco de Portugal.
Em Angola, a Era da Impunidade vai acabando e o país está a tentar devolver às populações o que lhes foi roubado. Em Portugal, ninguém parece sequer querer saber porque é que a Sonangol emprestou dinheiro para Isabel dos Santos entrar na Galp.
O Mundo vai mudando. Portugal nem tanto. Que irritante.



Publicado por Tovi às 10:38
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Sábado, 25 de Agosto de 2018
Angola… ainda há miséria

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Trabalhei em Luanda para o Ministério dos Petróleos nos anos de 1985 e 86, ainda o MPLA lutava contra a UNITA, e nunca me pareceu que a culpa da miséria fosse do Povo. Seria da nomenclatura do poder instalado, mas muito mais dos europeus a quem toda a situação era financeiramente favorável.

 

  Comentários no Facebook

«João Greno Brògueira» - Principalmente da ELF que estava muito bem instalada nessa altura lá. Eu estive em Luanda durante a FIL no hotel turismo antes da sarrabulhada entre o MPLA e a UNITA.. David Ribeiro ainda visitei o Mercado Roque Santeiro acompanhado dum sujeito do MPLA. ;) Diz lá se não ia uma lagosta da foz do kuanza grelhada acompanhada dumas cucas. ;)

«David Ribeiro» - Cucas já não havia no meu tempo, bebíamos Stella Artois. Lagostas na Barra do Kuanza eram fabulosas, arranjadas ali mesmo na praia, junto do farol. O mercado Roque Santeiro visitava-o todos os sábados. No meu tempo a Elf ainda lá estava mas quem dominava o petróleo era a Fina belga.

«Mario Ferreira Dos Reis» - Só mudaram as marcas as lagostas são as melhores



Publicado por Tovi às 13:56
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