"A Europa Adormecida - O racismo e a ascensão da extrema-direita" de Liz Fekete (pág. 58)
Em Europa Adormecida, publicado originalmente em lingua inglesa em 2018, Liz Fekete dá-nos a conhecer "um excelente estudo não só sobre como o racismo está uma vez mais a ser normalizado, mas também como age como manto sob o qual o fascismo resurge."(Nicolas Lalaguna, Morning Star)
Portugal em abril2024 Autoridades admitem o crescimento da importância dos grupos de extrema-direita em Portugal, havendo um “agravamento da ameaça” representada por setores da mesma em Portugal.Existem suspeitas de que o ataque organizado no Porto contra imigrantes partiu de elementos desta fação extremista [um grupo de seis homens encapuzados, armados com bastões, facas e uma arma de fogo, invadiu na sexta-feira 3abr2024 a casa onde vive uma dezena de imigrantes argelinos, além de um venezuelano, para os espancar, destruir o recheio da habitação e proferir insultos racistas]. Segundo o mais recente Relatório Anual de Segurança Interna, há um “agravamento da ameaça representada por setores daextrema-direita” no país. Após um período de estagnação, as organizações tradicionais e os militantes dos setores neonazi e identitário “retomaram a sua atividade, promovendo ações de rua e outras iniciativas com propósitos propagandísticos”.
O presidente da Câmara do Porto afirmou esta segunda-feira [6abr2024] que o ataque contra migrantes, que ocorreu na madrugada de sexta-feira, é "inaceitável e um crime de ódio", defendendo a extinção da AIMA - Agência para Integração de Migrantes e Asilo. "O ataque a uma casa onde residem imigrantes, na freguesia do Bonfim, no Porto, é um crime de ódio que não pode ser relativizado a qualquer título. É um ataque inaceitável", disse Rui Moreira no início da reunião do executivo municipal. "Esses discursos servem para aqueles a quem interessa abrir barricadas na nossa sociedade", acrescentou. Rui Moreira entendeu que este episódio exige "ações concretas, muita responsabilidade e racionalidade na gestão dos escassos recursos públicos". "Repito, a AIMA é uma agência inoperante que desperdiça dinheiros públicos sem o cumprimento da missão a que se propôs e, por isso, deve ser extinta", insistiu.
Carla Afonso Leitão - Muito bem! Antonio Dasilva - Não serão estes extremos , uma consequência da mediocridade extrema dos organismos que deveriam ser mais eficazes na resolução dos mais variados problemas…Apenas acho que a revolta vai na direção errada…E por isso mesmo não deve ser relativisada dessamaneira…Estes casos e outros apenas são reações ás mais variadas injustiças criadas por pessoas que estão no poder …Meu caro Rui Moreira julgamentos liniares não resolvem problemas… David Ribeiro - Segundo noticía o JN o homem que a PSP deteve logo após as agressões a dois imigrantes marroquinos, na madrugada de sexta-feira, na zona da Batalha, no Porto, confessou às autoridades as motivações racistas do ataque e assumiu ter entrado em vários confrontos físicos com cidadãos de origem magrebina nas últimas semanas. Por isso a PSP classificou logo o caso como sendo um crime motivado por ódio racial. Um dos identificados terá ligações ao grupo de ideologia de extrema-direita 1143, liderado por Mário Machado, que já veio a público negar qualquer associação do seu movimento aos suspeitos. Este e os dois outros ataques a imigrantes cometidos na mesma madrugada estão a ser investigados pela PJ, que irá apurar se os três ataques foram orquestrados e perpetrados pelo mesmo grupo.
[pag. 15] - O fascismo não é apenas uma ideologia ou um conjunto de ideias - é uma atitude em relação à própria vida humana.
[pag. 26] - Sempre que um partido da extrema-direita consegue criar uma base de poder, abre um espaço no qual uma cultura de rua violenta de ultradireita pode florescer mais facilmente.
[pag. 35 e 36] - Atualmente a cena ultradireita oferece estágios em proxenetismo e extorsão, lavagem de dinheiro, tráfico de droga e armamento, tráfico de pessoas, milícias e combate armado (neonazis escandinavos estão entre os que lutam na Ucrânia). (...) Julgamentos importantes envolvendo conspirações criminosas de ultradireita ocorreram nos últimos anos ou estão em curso em muitos países, incluindo Alemanha (NSU, White Wolves Terror Crew, Old School Society, Freital Group), Espanha (Frente Antissistema), Áustria (Objekt 21), Itália (Nova Ordem), França (White Wolves Klan) e Hungria (homicídios de ciganos em série por neonazis que formaram as suas próprias milicias privadas). Todos revelaram conluio, direto ou indireto, entre os neonazis, polícias, militares, serviços de informação, ou uma mistura de todos. [pag. 43 a 45] - No final dos anos 1980, a extrema-direita começava a emergir com uma força eleitoral viável e alguns dos partidos anti-imigração e anti-Islão que agora rompem a tradição da política europeia não tinham ainda sido estabelecidos. As primeiras incursões parlamentares deste grupo heterogéneo de populistas xenófobos foram repelidas pelos outros partidos, juntamente com as ideologias políticas da extrema-direita exclusivamente nacionalistas. Os políticos europeus davam preferência às táticas de isolamento político da chamada abordagem cordon sanitaire em relação ao fascismo desde 1945. Tal abordagem permitiu aos políticos estabelecer as suas credenciais antifascistas, ao mesmo tempo que ignoravam as razões para o apelo eleitoral da extrema-direita. O fascismo foi definido como um problema à margem da sociedade, uma espécie de membro com gangrena que tinha de ser amputado para preservar a saúde do corpo político. Muitos estudos académicos sobre o fascismo deixaram igualmente a política dominante livre de responsabilidades, ao sugerir que foi a presença da extrema-direita que empurrou o centro de gravidade político para a direita - por exemplo, em questões de imigração e asilo. Isto, convenientemente, ignorava as afinidades entre a extrema-direita e o centro e a convergência de interesses em torno de toda uma série de questões que surgiram desde o início dos anos 1990, conforme exposto abaixo. A primeira convergência - sobre refugiados - surgiu em resultado do colapso da União Soviética, do desmembramento da ex-Jugoslávia e do movimento de refugiados de Estados autoritários no Sul Global que foram apoiados por potências ocidentais e sujeitos aos programas de ajuste estrutural - como o Sri Lanka, o Zimbábue, a Nigéria, o Zaire/RDC, a Argélia e o Uganda. (...) A convergência sobre o asilo foi seguida pela convergência sobre emprego e direitos sociais dos migrantes, no contexto do estado-providência (...) A terceira-corrente - desta vez emanada da Guerra contra o Terror - conduziu igualmente a convergências em todo o espectro político nas políticas culturais para comunidades minoritárias. Esta recalibragem da política dominante encorajou consideravelmente a extrema-direita a justificar a sua narrativa anti multiculturalista cuidadosamente elaborada.
Tinha-me esquecido de vos contar... foi este livro - A Europa Adormecida de Liz Fekete - que as minhas filhas me ofereceram no Dia do Pai. Vou acabar um outro livro que estou a ler e brevemente vou devorar este que nos fala do racismo e a ascensão da extrema-direita.
Sinopse: Compreender como as fraquezas da Europa permitiram a ascensão da extrema-direita e os novos radicalismos. Em A Europa Adormecida, Liz Fekete desenvolve uma extensa investigação à forma como os movimentos e forças políticas desta direita recém configurada se interconectam com as forças antidemocráticas e iliberais da sociedade. Com base em mais de três décadas de trabalho, expõe as linhas onde a Europa falha fundamentalmente na luta contra o racismo e a tirania.
iz Fekete é Diretora do Instituto de Relações Raciais, onde trabalha há mais de trinta anos. Dirige o European Research Program (ERP) e é editora consultiva do jornal Race & Class.
Luis Barata - Há algum livro que recomende sobre a agenda da extrema esquerda e a sua triste ascensão e sobre a queda livre que se observa nos dias de hoje? David Ribeiro - Tenho dúvidas que já esteja escrito, Luis Barata... Há um, muito interessante, que fala sobre o fim do comunismo na Rússia, mas não sei se lhe interessa.
Luis Barata - David Ribeiromuito obrigado, vou tentar saber mais sobre esta obra.
Já mandei vir esta banda desenhada sobre "Tintin vai à Rússia fazer uma reportagem para o jornal, mas vários homens tentam impedi-lo para que não revele a verdadeira realidade russa." Estou curioso em conhecer como Hergé via em janeiro de 1929 o País dos Sovietes.
Raul Vaz Osorio - Nunca leu? David Ribeiro - Penso que não,Raul Vaz Osorio. Terei eventualmente lido no Cavaleiro Andante se lá foi publicado, mas não me recordo. Raul Vaz Osorio - David Ribeiroeu sou do tempo da revista Tintin
Já chegou este livro que encomendei há uns dias... segundo já li "não é uma crónica de vitimização, uma tentativa de branquear os erros dos líderes palestinianos nem a negação da emergência de movimentos nacionalistas de ambos os lados. É, antes, uma nova e esclarecedora visão de um conflito com mais de um século, uma história de colonização e de resistência de um povo que não abdica de existir."
Pag. 39, 40 e 41 – Na viragem do século XX, antes de a colonização sionista ter tido grande impacto na Palestina, havia novas ideias a alastrar, a educação moderna e a literacia tinham começado a expandir-se, e a integração da economia do país na ordem capitalista global avançava a bom ritmo. A produção para exportação de colheitas como o trigo e os citrinos, o investimento de capitais na agricultura e a introdução de culturas de rendimento e trabalhos assalariados, visíveis na rápida propagação dos laranjais, estavam a mudar a face de grandes zonas rurais. (...) Socialmente, a Palestina era ainda fortemente rural e de natureza predominantemente patriarcal e hierárquica, e assim permaneceu, em grande medida, até 1948. Era dominada por estreitas elites urbanas oriundas de algumas famílias como a minha, que se agarravam às suas posições e privilégios enquanto se adaptavam às novas condições, com os membros mais jovens da família a obterem educações modernas e a aprenderem línguas estrangeiras a fim de manterem a sua posição e os seus benefícios. Estas elites controlavam a política da Palestina, ainda que o crescimento de novas profissões, ofícios e classes significassem que, na década de 1900, havia mais vias de progressão e ascensão social. Nas cidades costeiras em rápido crescimento, nomeadamente Jafa e Haifa, as mudanças eram mais visíveis do que nas cidades mais conservadoras do interior, como Jerusalém, Nablus e Hébron, uma vez que as primeiras assistiram ao aparecimento de uma burguesia comercial emergente e de uma embrionária classe trabalhadora urbana.
Pag. 46 e 47 - A histórica declaração proferida há pouco mais de um século em nome do conselho de ministros britânico no dia 2 de novembro de 1917, pelo Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros Arthur James Balfour - e que veio a ficar conhecida como Declaração Balfour - continha uma única frase: O governo de Sua Majestade vê de forma favorável a criação na Palestina de um lar nacional para o povo judeu, e empregará os seus melhores esforços para facilitar a realização deste objetivo, sendo claramente entendido que nada será feito que possa prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não judaicas existentes na Palestina, ou os direitos e o estatuto político de que gozam os judeus em qualquer outro país. Se Se já antes da Primeira Guerra Mundial muitos palestinianos clarividentes tinham começado a ver o movimento sionista como uma ameaça, a Declaração Balfour introduziu um novo e temível elemento. Na linguagem suave e enganadora da diplomacia, com a sua expressão ambígua a aprovar «a criação na Palestina de um lar nacional para o povo judaico», a declaração garantia efetivamente o apoio britânico às aspirações de Theodor Herzl de um Estado judaico, com soberania e controlada imigração em toda a Palestina. Significativamente, a esmagadora maioria árabe da população (cerca de 94 por cento na altura) não foi mencionada por Balfour, a não ser de forma indireta, como as «comunidades não judaicas existentes na Palestina». Eram descritos em termos de que não eram, e certamente não como uma nação ou povo - os termos «palestiniano» ou «árabe» não aparecem nas setenta e uma palavras da declaração. A esta esmagadora maioria, eram prometidos apenas «direitos civis e religiosos», não políticos ou nacionais. Em contraste, Balfour atribuía direitos nacionais àquilo a que chamava «o povo judeu». que em 1917 era uma minúscula minoria - 6 por cento - dos habitantes do país.
Os meus sublinhados e apontamentos (IV) pag. 115 - As sondagens produzem informação que é tão relevante como complexa. Os dados assim obtidos permitem a especialistas compreenderem melhor o que nos rodeia e fundamentar iniciativas apropriadas. Repararam na palavra complexa? Pois, complexidade é exatamente aquilo que os media não conseguem formular. O jornalismo é a técnica da simplificação. O seu modus faciendi é mesmo o de transformar em comunicação simples as circunstâncias mais complicadas. Tudo o que se diz tem de ser encapsulado num soundbite de dez palavras. Da generalidade das sondagens não se retira uma conclusão única, muito menos um soundbite de dez palavras. Nem um prognóstico eleitoral. Os estudos de opinião servem para muita coisa, mas não servem para prever os resultados de uma eleição. E, nos media, os dados das sondagens são lançados com tal imprudência (ia escrever arrogância) que muitos tenderão a concluir que nem vale a pena ir votar porque já se anunciou quem ganha e quem perde.
Rashid Khalidi tem 75 anos, a idade do Estado de Israel. O pai fugiu para os Estados Unidos da América durante o Nakba - a catástrofe, em árabe - o êxodo em massa dos palestinianos na guerra israelo-árabe, em 1948. Nasceu em Nova Iorque e tornou-se historiador e professor de Estudos Árabes na Universidade Columbia. É de lá que fala com a CNN Portugal, numa entrevista por videochamada feita a 10 de novembro de 2023. No seu mais recente livro “Palestina - Uma Biografia: cem anos de guerra e resistência” (*) escreveu sobre seis momentos marcantes do seu povo que se entrelaçam com a história da sua família, uma das mais antigas de Jerusalém. Publicada em 2020, se essa biografia fosse escrita hoje teria mais um capítulo.
(*) Um dos grandes livros sobre a questão Israelo-Palestiniana. «Em nome de Deus, que a Palestina seja deixada em paz.» É desta forma que o presidente da câmara de Jerusalém termina a carta enviada em 1899 a Theodore Herzl, pai do movimento sionista, onde explicava que a Palestina tinha habitantes nativos e advertia para os perigos que se aproximavam. E é com este relato que Rashid Khalidi, o maior historiador do Médio Oriente nos Estados Unidos e sobrinho-neto do autor da dita carta, inicia a sua narrativa sobre os palestinianos e a guerra contra eles travada. Original, envolvente e marcante, Palestina – Uma Biografia cruza eventos históricos, materiais de arquivo nunca antes explorados e relatos de gerações, tratando de forma simultaneamente sóbria e emotiva os factos de um confronto trágico entre dois povos que reivindicam o mesmo território. Esta não é uma crónica de vitimização, uma tentativa de branquear os erros dos líderes palestinianos nem a negação da emergência de movimentos nacionalistas de ambos os lados. É, antes, uma nova e esclarecedora visão de um conflito com mais de um século, uma história de colonização e de resistência de um povo que não abdica de existir. Inclui prefácio exclusivo do autor para a edição portuguesa.
Imaginava que o ataque do Hamas a 7 de outubro e a guerra em Gaza pudessem acontecer? Fiquei surpreendido, creio, como todos ficaram, com o ataque de 7 de outubro. Não acho que mesmo as pessoas que são observadoras atentas esperavam algo desta ferocidade e intensidade. No entanto, penso que nos últimos dois anos é claro que a situação nos territórios ocupados tem sido cada vez mais explosiva. E não deveríamos ter ficado surpreendidos que de uma forma ou de outra, num lugar ou noutro, haveria uma explosão. Não estava à espera. O governo israelita e os militares israelitas não estavam à espera, obviamente. Muitas pessoas ficaram surpreendidas. Não deveríamos ter ficado surpreendidos. Deveríamos ter previsto que isto iria acontecer.
Em 2022, deixou uma nota na edição portuguesa do livro para os leitores portugueses, aludindo ao passado colonialista de Portugal. A ideia de colonização é muito central no seu livro. Porquê? Porque é isso que o empreendimento sionista sempre foi, ao mesmo tempo um empreendimento nacional e um empreendimento colonial, como os próprios primeiros líderes sionistas reconheceram. Escrevi no livro até que ponto, até à Segunda Guerra Mundial, as instituições sionistas e os líderes sionistas não tinham vergonha de falar sobre a natureza colonial do que estavam a fazer. Cito Ze'ev Jabotinsky e outros primeiros líderes sionistas que admitiram, sem vergonha, que este é um empreendimento colonial. Argumentaram, claro, que tinham o direito ao que eles chamavam de Terra de Israel e que se tratava de um projeto nacional. Era uma tentativa de criar uma entidade nacional, mas em cooperação com a maior potência colonial da época, a Grã-Bretanha, e como um projeto colonial de colonos, trazendo principalmente imigrantes europeus para se estabelecerem num país com uma enorme maioria árabe, isto era perfeitamente claro para todos. Após a Segunda Guerra Mundial, houve uma tentativa para encobrir as origens coloniais de Israel. Uma tentativa muito bem-sucedida.
Começámos por ver as vítimas israelitas no dia 7 de outubro. Houve uma exigência por parte do público para que se mostrasse o outro lado da história. Começámos a ver as mortes em Gaza… Acha que isso está a mudar a opinião pública? Acha que essa mudança de opinião pública pode beneficiar os palestinianos no futuro ou irá desaparecer quando as imagens de Gaza pararem de chegar? É verdade que o terrível número de mortos em Gaza, que ultrapassou os 11 mil, quase todos civis, talvez 5 mil deles crianças, teve um efeito enorme no Ocidente e no resto do mundo. Também é verdade que, no início, o terrível número de mortes de civis em Israel, de pessoas mortas nos primeiros dois dias, dominou a maneira como as pessoas viam isso e criou uma grande simpatia por Israel. Mas com o tempo, os cerca de mil civis israelitas que foram mortos foram ofuscados, até certo ponto, pelos 11 mil palestinianos. Como o foco das mortes mudou do assassinato de civis israelitas no início para o massacre ou o assassinato, como quiser chamar, de milhares de civis palestinianos, a opinião pública mudou. Agora, se vai durar ou não, se vai afetar de forma positiva os palestinianos… é impossível responder. Mas isto não é inédito, na verdade. Se recuarmos à guerra de 1982, quando Israel invadiu o Líbano e cercou Beirute, e no final da guerra matou tantas pessoas, enviou militantes libaneses para matar tantos civis palestinianos nos campos de refugiados de Sabra e Shatila, a cobertura mediática mudou de simpatia, com Israel no início, para simpatia com os palestinianos no final. Isso desapareceu. E houve outras ocasiões, outros ataques a Gaza, em que penso que ocorreu o mesmo tipo de mudança. Mas no passado isso tendeu a desaparecer com o tempo, em parte porque Israel é muito bom em retomar a narrativa.
Esta guerra está a dividir o mundo, está a dividir a Europa… Se compararmos com a guerra na Ucrânia está realmente a dividir a Europa, famílias, amigos… Todos parecem ter uma opinião, mas parece que as pessoas têm informações diferentes sobre este conflito. Porque é que isto acontece? É uma pergunta difícil de responder, mas penso que tem que ver com o que disse anteriormente, o enorme sucesso de Israel, e antes disso, do movimento sionista, na comunicação de uma imagem, em grande parte falsa. Fazer florescer o deserto, uma terra sem povo para um povo sem terra, a única democracia no Médio Oriente... Tudo isso é falso. A Palestina produzia laranjas no valor de centenas de milhares de libras esterlinas em 1914. Não era um deserto. Israel não a fez florescer. Israel é uma democracia para cidadãos judeus israelitas. Os cidadãos árabes de Israel estiveram sob regime militar de 1948 a 1966, e Israel governou mais de 5 milhões de palestinos durante 56 anos sob a lei militar, o que não é lei. Como podem dizer que é a única democracia? A única democracia no Médio Oriente com 5 milhões de pessoas prisioneiras de um regime militar. Cada um destes mitos foi insidioso e deliberadamente semeado nas mentes das pessoas de tal forma que as pessoas estão divididas, em parte porque algumas das informações são absolutamente falsas, e em parte porque muitas pessoas estão ligadas a lados diferentes deste conflito. Algumas pessoas simpatizam com os colonizados, outras simpatizam com Israel por causa da culpa europeia relativamente ao antissemitismo histórico… Vive num país onde os judeus foram expulsos. Os judeus foram expulsos da Espanha. Os judeus foram expulsos da Inglaterra. Os judeus foram expulsos da França no período medieval, do século XII ao século XV. Portanto, há boas razões para a culpa europeia relativamente ao tratamento terrível aos judeus durante séculos e séculos. Para não falar do Holocausto, quando os países europeus poderiam ter deixado entrar centenas de milhares de pessoas que teriam sido autorizadas pelos nazis a partir antes da Segunda Guerra Mundial, e fecharam as portas de forma insensível e deliberada, condenaram as pessoas à morte. Portanto, os nazis mataram-nos, mas as pessoas que poderiam tê-los salvado - os Estados Unidos, a Europa Ocidental e outros países - também são culpadas. Há uma grande culpa justificada, e acho que isso leva a uma disposição para se curvar para evitar críticas. Israel, é claro, aproveitou-se disso na sua propaganda. A forma como o Holocausto, a forma como os pogroms na Rússia foram citados repetidas vezes é um exemplo de jogo com a culpa europeia. Isto é visto por muitas pessoas como parte da perseguição ao povo judeu ao longo da história. Devo dizer, porém, que o que aconteceu depois de 7 de outubro nos colonatos israelitas em torno da Faixa de Gaza teria acontecido quer os habitantes desses colonatos fossem judeus, cristãos ou pagãos, porque são vistos pelos palestinianos como colonos em terras que lhes foram tiradas quando foram expulsos em 1948 e forçados para Faixa de Gaza. Se os colonos fossem marcianos, se os colonos fossem taiwaneses, brasileiros… Teria sido o mesmo. Não tem nada a ver com o fato de serem judeus. Tem a ver com o facto de os palestinianos em Gaza, 80% deles serem refugiados forçados para a Faixa de Gaza quando essas áreas foram tomadas pelo exército israelita e depois foram estabelecidos colonatos judaicos no lugar das aldeias e cidades palestinianas.
Os relatos de Gaza são devastadores. Acha que esta guerra irá criar gerações traumatizadas ao ponto de quererem vingança e poderem juntar-se ao Hamas? A guerra já traumatizou pessoas de ambos os lados. Os israelitas ficaram traumatizados com o que aconteceu a partir de 7 de outubro, compreensivelmente. Todos os meus amigos israelitas conhecem pessoas que foram mortas, feridas ou sequestradas. E o trauma só aumentou, em parte devido ao número de atrocidades que o governo e os meios de comunicação israelitas estão a publicar. Manteve esta ferida viva na mente das pessoas em Israel e no estrangeiro. Muitas pessoas no Ocidente têm parentes em Israel e sabem das coisas horríveis que aconteceram aos civis israelitas. E eles também estão traumatizados. Desse lado, claramente há trauma e é visto em termos de trauma histórico judaico, quer tenha algo a ver com isso ou não. É ainda mais o caso do lado palestino, devido à extensão e à escala das perdas - 11 mil pessoas mortas até agora e quase 30 mil feridas. Estamos a falar de mais de 40 mil pessoas mortas e feridas, pelo menos, numa população de 2,2 milhões. E isso terá todos os tipos de efeitos. Todos nós conhecemos pessoas em Gaza. Eu conheço pessoas em Gaza. A minha sobrinha tem parentes em Gaza. Todos os palestinianos estão comovidos. Muitas pessoas no mundo árabe estão comovidas. E temo que isso conduza - em Israel e para os palestinianos - não apenas a um desejo de vingança, mas a levar as pessoas aos extremos. Não creio que haja qualquer dúvida de que esse pode muito bem ser o resultado disto.
Os palestinianos têm tentado explicar ao mundo que não são o Hamas e que a maioria não apoia nem se identifica com os valores do Hamas. Mas há um argumento que costuma surgir nesta discussão. Em 2006, o Hamas ganhou as eleições com 44% dos votos. Ainda é assim? Os palestinianos apoiam o Hamas? O Hamas ganhou apoio quando Israel e as potências ocidentais se recusaram a avançar com um horizonte político para os palestinianos, o que envolvia, nos anos 90 e no início dos anos 2000, a criação de um Estado Palestiniano ao lado de Israel. Isso foi bloqueado, não aconteceu. A ocupação intensificou-se, os colonatos expandiram-se, o movimento palestiniano foi restringido e a criação de um Estado Palestiniano nunca aconteceu. O Hamas beneficiou. Se os Estados Unidos, a Europa Ocidental e Israel continuarem a intensificar a ocupação, a expandir os colonatos e a negar aos palestinianos os mesmos direitos que os israelitas reivindicam para si próprios, haverá um movimento em direção à violência e ao extremismo. É inevitável. É claro que o Hamas tem apoio, mas há sondagens que mostram, antes do ataque de 7 de outubro, que tinha cerca de um terço do apoio entre os palestinianos. Porquê? Porque não há horizonte político. Netanyahu recusou-se a negociar durante 15 anos. Netanyahu não aceita a solução de dois Estados. Netanyahu pertence a um partido político que disse que Israel será soberano na sua plataforma eleitoral de 1977. O partido Likud disse que só haverá soberania israelita entre o rio Jordão e o mar. Se é isso que oferecem aos palestinianos, a soberania israelita entre o rio e o mar, o que é que os palestinianos deveriam fazer? Aceitar isso? Tem de ser apresentado um horizonte político.
A solução de dois Estados continua a ser mencionada pelos líderes mundiais como uma solução após o fim desta guerra. Acredita que ainda é possível? Líderes mundiais, governos ocidentais, Estados Unidos, que supostamente apoiam a solução de dois Estados, não fizeram nada para concretizá-la pelo menos nos últimos 15 anos. Os líderes mundiais que supostamente apoiam a solução de dois Estados ajudaram, de facto, Israel a fortalecer sua ocupação, a expandir seus colonatos, que se destinam a impedir uma solução de dois Estados. Os líderes mundiais e os Estados Unidos impedem de facto uma solução de dois Estados. Falam, hipocritamente, sobre uma solução de dois Estados. Armam e financiam Israel na construção de mais colonatos e na intensificação de sua ocupação militar sobre os palestinianos. É isso que tem vindo a acontecer nos últimos anos. Por isso, estou um pouco cansado dos líderes mundiais falarem sobre uma solução de dois Estados. Se quisessem uma solução de dois Estados, deveriam trabalhar no sentido de uma solução de dois Estados. Deveriam impedir Israel de fazer o que tem feito há 56 anos, que é prevenir a solução de dois Estados ao construir colonatos nos territórios ocupados. É muito simples. Ou temos colonatos ou temos uma solução de dois Estados.
O que é que acha que vai acontecer? Receio que os Estados Unidos continuem a apoiar Israel em alcançar a sua ocupação militar em todos os territórios ocupados. Temo que os países europeus sigam como ovelhas qualquer caminho que a América decida seguir. Em vez de agirem por interesse próprio, que é evitar a catástrofe humanitária em Gaza, os países europeus basicamente endossam e apoiam uma catástrofe humanitária em Gaza. E podemos acabar com mais refugiados. Podemos acabar com mais pessoas a deixar Gaza. Podemos acabar com muito mais violência e extremismo se algo não for feito para acabar com esta guerra rapidamente, acabar com a morte de várias centenas de civis por dia, e dar um horizonte político para os palestinianos. O que ouvimos de Israel não é tranquilizador. Os líderes israelitas falam sobre segurança e controlo permanente por parte de Israel. Isso significa ocupação. Isso significa que haverá resistência. Todas as ocupações na história geraram resistência. Será pacífica ou violenta? Isto terminará com os palestinianos a alcançarem os seus direitos ou vão continuar a ver os seus direitos negados? O que vai acontecer depende das respostas a estas perguntas.
Os meus sublinhados e apontamentos (III) pag. 84 e 85 - A segunda dificuldade [no caso da abstenção] prende-se com o tratamento a dar aos ditos indecisos. É que o movimento de decisão dos eleitores é assíncrono e, em alguns casos, arrasta-se até um período posterior ao conhecimento dos candidatos e e das propostas. Por isso é que, nos estudos eleitorais, à mentira da abstenção se soma a dúvida dos indecisos. Estes serão sempre uns 20%, 15%, 10%, - se bem que a tendência seja, naturalmente, para que a sua expressão vá diminuindo à medida que nos aproximamos do momento eleitoral. O que fazem as empresas de estudos de opinião com os indecisos? Escondem-nos. Isto é, desculpando o exagero, pegam neles e transformam-nos em eleitores decididos. Pois se o inquirido tem dúvidas sobre em quem vai votar - embora garanta que tenciona votar, o que também sabemos ser duvidoso -, o investigador não tem dúvidas e vota em seu nome. A distribuição de indecisos é como o bacalhau, são conhecidas cem receitas para o fazer. Mas, tal como o bacalhau, só uma é realmente do meu gosto. A minha distribuição à Gomes de Sá é a proporcional - o que, na prática, significa a anulação da percentagem de indecisos levando as intenções de voto expressas a totalizar 100%. Deixando claro: distribuem-se os indecisos na exata proporção das intenções de voto. Se temos 10% de indecisos e o partido A tem 20% de intenções de voto, com a distribuição de indecisos passa a ter 22%. pag. .102 e 103 - Pode uma sondagem fazer simultaneamente bem à alma e mal à saúde? Esta pequena história dá-nos uma resposta afirmativa. Estávamos em 1987, decorria mais uma campanha eleitoral para as Legislativas depois de o Governo de maioria simples ter caído no Parlamento. Aníbal Cavaco Silva estava em campanha. É uma daquelas campanhas pesadas, com três ou quatro comícios por dia, que se usavam à época. Havia uma genuína preocupação com a voz do candidato. Aguentaria ela uma agenda tão exigente? Para não correr riscos desnecessários, a equipa da candidatura integrava Manuel Pais Clemente, um otorrinolaringologista de prestígio. Algures na Serra da Estrela, entre Seia e Gouveia, o presidente do PSD fica sem voz. O jornalista Carlos Magno, que faz a reportagem para a Antena 1, antecipa o pior e vai consultar o médico para averiguar da extensão do problema. Ira a campanha ser suspensa? Será aliviada a agenda do candidato que é o principal ativo político do PSD? Pais Clemente descansa o jornalista: trata-se de um problema passageiro, uma emoção. Emoção como?, insiste, insiste, até que: A culpa é da sondagem. De facto, o quartel-general de Cavaco Silva tinha recebido os dados de uma sondagem interna em que pela primeira vez se abria a janela de uma maioria absoluta. Pelos vistos, estes dados tiveram impacto positivo na alma da equipa e negativo na voz do líder. O resultado real foi para além da previsão. O PSD obteve 50,22% de votos expressos. A primeira maioria absoluta de Abril, assinalava o expressivo título do JN: Cavaco quis, pode e manda.
Os meus sublinhados e apontamentos (II) pag. 67 - As campanhas eleitorais, como descobriram, em 1948, os especialistas em sondagens, são fundamentais para a mobilização dos eleitores, em particular quando os candidatos pretendem atrair indecisos e despertar os fãs. A generalidade dos cidadãos e das cidadãs votam sempre no mesmo partido. Exceto quando a campanha é invadida pela narrativa de que os seus votos não são especialmente necessários. Nesse caso, parte deles será levada à abstenção. Os outros leitores precisam de ser diretamente chamados a participar. Ou para que ganhem especial confiança num determinado candidato (em comparação com outros), ou porque preferem determinada fórmula de Governo, ou porque querem defender interesses próprios. diretos, opiniões, ou porque pretendem evitar a chegada ao poder de adversários. É fácil apercebermo-nos da importância numérica destes grupos de eleitores, num país como Portugal, se compararmos o número de votantes em Eleições Legislativas com o número de eleitores em Europeias - onde apenas quase só votam fãs dos partidos. pag. 77 e 78 - Apesar da discrepância inevitável entre sondagens e eleições, parte dela parece também depender de fatores que não estão completamente fora do alcance de quem conduz as sondagens. Sondagens feitas por empresas com maior experiência no mercado e em contextos de maior competição entre empresas têm a tendência para gerarem resultados menos discrepantes com as eleições, sendo também visível, nalguns casos, a existência de empresas cujas sondagens tendem a estar sistematicamente mais distantes dos resultados eleitorais. Contudo, alguns dos restantes fatores que estão igualmente sob controlo de quem conduz sondagens - dimensão da amostra, modo de inquirição - parecem não estar relacionados com as nossas varáveis dependentes. (...) Foi detetada a tendência de se verificar uma discrepância cada vez maior entre sondagens e resultados eleitorais. A diminuição das taxas de resposta e da cobertura do telefone fixo podem estar por detrás deste fenómeno, revelando os importantes desafios que as empresas enfrentam no sentido de continuarem a fornecer informação precisa sobre as atitudes e intenções comportamentais do eleitorado.
Há muito que eu dedico algum tempo à recolha e análise de "estudos de opinião" sobre política nacional. Mas como sempre defendi que estas "sondagens" não deverão ser vistas cada uma de per si mas antes a evolução dos resultados num certo período de tempo, vou ler o livro "Como Mentem as Sondagens" (*) de Luís Paixão Martins, com a maior atenção. Encomendei-o em 17 de novembro, chegou na passada segunda-feira e imediatamente comecei a leitura. Vejam os meus sublinhados e apontamentos.
Os meus sublinhados e apontamentos (I) pag. 15 - Como escreveu W. Joseph Campbell, os eleitores sabem que devem olhar para os estudos eleitorais com ceticismo, tratá-los como se pudessem estar errados e não ignorarem o cliché de que são mais arte do que ciência. E, no entanto, ao desvalorizarem as sondagens, não devem ignorá-las por completo, porque nem sempre estão erradas. Nem sempre. pag. 25 - No rescaldo das Eleições Legislativas de 2022, foi comum ouvir comentadores e analistas explicarem a (para eles) surpreendente expressão do resultado atribuído ao PS com a circunstância de ter havido um significativo movimento de eleitores moderados preocupados com o cenário hipotético de uma maioria de direita com o Chega. Se lhes pedíssemos que fizessem um cálculo empírico da dimensão desse contingente de eleitores, seria fácil obtermos estimativas de 5%, 6%, 7%. pag. 25 e 26 - A expressão margem de erro tem uma importante evidência comunicacional. Refere-se a erro. Numa sondagem, esta é a única expressão que relativiza os dados apurados. (...) uma coisa é anunciar que um candidato ou partido obteve 30% das intenções de voto num inquérito; outra bem diferente é que, sendo a margem de erro de 3,8%, por exemplo, esse resultado se situa no intervalo de cerca de 26% a cerca de 34%. pag. 30 - Quando somos confrontados com um resultado particularmente surpreendente ou dramático, o procedimento mais adequado é esperar para ver se o mesmo se confirma em sondagens sequentes. E esperar é, de facto, algo que não se pode pedir aos jornalistas. pag. 38 - A questão da representatividade da amostra não decorre apenas da vontade dos promotores dos estudos eleitorais e dos recursos envolvidos, Se fosse assim, seria relativamente fácil de resolver. O problema da ponderação parece insolúvel porque a taxa de resposta é dramaticamente baixa - e cada vez mais baixa. Segundo o Pew Research Center, uma das organizações mais importantes a fazer estudos de opinião, apenas 7% das suas chamadas telefónicas são atendidas. Comparando com 1970: eram 70%.
A Feira do Livro do Porto arrancou ontem, sexta-feira 26ago2023 pelas 12 horas, sob o signo de Manuel António Pina... e lá fui eu com a minha neta até aos Jardins do Palácio de Cristal. Todo este primeiro dia foi praticamente só dedicado aos livros para a Alice, a minha irrequieta neta - muito fala ela com os livreiros, principalmente se estão na banca livros que ela já conhece das leituras na biblioteca da escola. Comenta os livros, diz que trabalhos é que fez sobre eles... e os livreiros, muito simpaticamente, têm paciência para a ouvir.
Tenho que lá voltar para fazer as minhas compras, mas hoje já trouxe Lendas do Porto volume 5, de José Cleto (fotografias de Sérgio Jacques).
A minha neta Alice está cá em casa a passar umas semanas... e trouxe um livro que vai ser a base para as nossas digressões pela Cidade Invicta.
Ana Fernandes - Adoro este tipo de literatura. Faço "colecção" de livros (não roteiros de viagem) de e sobre as diversas cidades do mundo por onde viajei e ficaram no coração . São uma maneira de as revisitar, de voltar a viajar sem sair de casa.Vou pesquisarsobre esse. Parece-me muito interessante. Boa visita a essa cidade lindissima.
No passeio de ontem pelo Porto, com a minha neta Alice, fomos para as margens da Ribeira da Granja, mesmo em frente da Quinta do Rio.
A minha neta Alice, nos seus irrequietos 10 anos, tem vindo a "devorar" todos os romances Harry Potter... e eu, avô atento a tudo que diz respeito a esta minha neta, tentei ler estes livros de J.K. Rowling, mas... muito provavelmente por defeito meu, não estou apaixonado por estas obras. Obviamente que não vou desmotivar a Alice de continuar com estas leituras, mas não há dúvida que há algo que faz a diferença de gerações. Não acham?
Orquídea Pires - Não tem a ver só com gerações. Tem a ver com os gostos adquiridos e com o quanto estamos dispostos a ler fora da nossa zona de conforto. Conheço avós que gostam de ler Harry Potter. Conheço jovens que não gostam. E está tudo bem com isso Sonia Zen - Eu adoro! Sou fã dos livros dos filmes e de toda a magia Rosita Fontes -Eu tb nunca as li. Mas, conheço várias pessoas que gostam muito. Katya Freire - Esteja a gostar ou não, dá ideia de ser um super avô pelo cuidado em partilhar com ela o gosto pela leitura de Harry Potter David Ribeiro - Obrigado minha queridaKatya Freire(a minha idade já me dá o direito de tratar todas as mulheres por "queridas"). Anita Pinho Dias - David Ribeiro eu trato as minhas clientes mulheres por "meu amor" quando são idosas.... Saudades imensas das minhas avós... Helena Cepeda - Eu primeiro li 1 ou 2 fora de ordem e não gostei. Depois disseram me para ler por ordem, direitinho e gostei, não sou assim a maior fã, mas acho piada. Célia Gonçalves - Helena Cepedasim, sim ler por ordem faz toda a diferença, de outro modo não se apanha a contextualização Flor Moreira - Com toda certeza. Também não consegui ler. Tentei por causa do meu filho, que adora. Mas não deu. Patrícia Muñoz - Acho que não tem a haver com gerações. Ate pq se forem outros livros lidos podem voltar a lê-los em conjunto, podem bem gostar. Tem para mim a ver com o gosto, e com a adrenalina de ler um pouco sobre o livro e escolher se queremos continar motivadospara o ler até ao fim. Mas é muito bom ver uma relação baseada no amor e continuada no apoio literário. Ana Carvalho - Adoro o Harry Potter . Não creio que seja da geração , mais do gosto pessoal . Margarida Martins - Avó sofre. João Nobre - Livros só tenho o da Pedra Filosofal e Ordem da Fenix, mas mesmo assim, entre livros, filmes e jogos, adoro todo o universo Harry Potter. Custodia Pereira - Como professora de português fico feliz por ver os jovens a ler, o que é importante para a sua formação.Parabéns à neta e ao avô que a incentiva a fazê-lo. Marta Carvalho - Eu sou fã incondicional de livros de fantasia, mas tentei ler o primeiro há já vários anos atrás e não consegui terminar. A escrita é muito infantil, na minha opinião. Perfeita para jovens leitores, mas demasiado básica para adultos. Elisabete Simões Rasquete - Marta Carvalho, não é de todo básica. A sua apreciação é redutora. Os livros são fantásticos, um entrelaçar de mundos e de histórias. E eu nem sou a maior apreciadora da temática. Li-os adulta, e sou fã do mundo do Harry. Opiniões... Raquel Faisca - Eu adoro Harry Potter!! Márcia Parreiras Alvarinho - Eu Adorei estes livros e a minha filha mais velha a partir dos 12 também os leu todos de rajada Vera Pacheco Ferreira - Não me parece que seja uma questão de gerações mas sim de gosto pessoal. Felizmente não gostamos todos do mesmo mas confesso que li os 1ºs 5 livros em 2 semanas. Com essa idade lia tudo o que apanhava, desde bandas desenhadas a livros de culinária Boas leituras para ambos. Fátima Gonçalves - O meu filho leu toda a coleção entre os 8 e os 9 anos. Adora livros. Sandra Lucas - Eu só li os dois primeiros, depois desisti. O meu filho leu-os todos no verão passado, com 12 anos. Também já leu "A quinta dos animais" do Orwel, anda a ler Júlio Verne, devorou as BD do Tintim, pede livros de presente... lê e é isso que me deixa feliz!! Maria Semedo Oliveira - Sinceramente não sei bem porque os devorei todos primeiro que os netos e o mais novo já faz 23. O que eu acho é que nem todas as pessoas gostam do fantástico, e sobre bruxas ou vampiros e eu sempre fui fã dessas leituras e curiosamente não gosto de filmes sobre os mesmos temas . Vanda MesquitaTambém não me entusiasmou muito a saga, mas é importante incentivar os jovens á leitura, e confesso que gostei de entrar na "The Elephant House" e sentir aquela magiaBoas leituras Miga Rodrigues - Não creio que seja típico de uma geração. Claro que atualmente havendo tanta facilidade de comunicação e meios, tudo é um pouco diferente. Mas são opções de sintonia/gosto, creio eu. Entre irmãos da mesma geração, criados numa família normal, há os que devoram HP e outros que não.... optam por outros temas, mas no fundo, o importante é descobrir a leitura e os mundos que se abrem, que pode ser aparentemente pordivertimento e distração mas o importante é o desenvolvimento da imaginação, da criatividade, que será muito útil na Vida do dia a dia . Abre a mente, fomenta a literacia. Bons livros para a sua menina. São deliciosos quando ainda tão pequenos andam agarrados a um calhamaço!!! Tive essa vivência perto de mim. Margarida Dionísio Matoso - Não concordo. O fantástico é intemporal Micaela Ferreira - Não tem nada a ver com gerações mas com gostos pessoais apenas Elsa Rodrigues - Tem mais a ver com preferências. Estou a ler pela segunda vez (53 anos) e a gostar tanto como quando foram editados. Leonor Levy - Eu gostei dos primeiros talvez por serem diferentes e apresentarem um mundo mágico...os miúdos têm de ler o que gostam... não o que lhes é imposto... e depois evoluem Joana Páris Rito - Quando começou a ser publicada a saga Harry Potter, os meus filhos, que na altura tinham a idade das personagens, devoraram os livros em inglês porque são bilingues. Eu, para acompanhá-los na euforia, tentei ler os livros, desisti. A escrita é genialmente vocacionada para jovens, a J F Rowling teve o grande mérito de cativar milhões de crianças e jovens para a leitura com o seu imaginário fantástico. Eu sou adepta de outras leituras mais eruditas. Já os filmes vi-os todos e adorei. Silvia Almeida - Os meus parabéns a este avô. O meu filhote de 11 anos lia muito, mas há cerca de 2 anos com o telemóvel e o computador deixou de ter os hábitos de leitura que tinha... Agora com as férias já voltou a mostrar algum interesse, mas estamos com dificuldade no tipo de leitura. Harry Potter não gosta. Dicas para estes jovens leitores, recomeçarem a ler?? Jaime Leugim Soares - Isso é inapropriado para uma criança dessa idade. Célia Gonçalves - A minha filha Alice, a alguns dias de fazer 10 anos, começou o seu primeiro Harry Potter, afinal ouve-me falar dele desde que nasceu e agora é a vez dela
Na obra PAX LYNCIS do meu querido amigo João Lázaro, "depois de fazer o Chipre desaparecer, o doutor Shirakawa faz a Moldávia ser anexada pela Roménia (sem a Transnistria, que é anexada pela Ucrânia). No mundo real, o tema da reunificação destes países voltou a ser debatido como consequência do terrível conflito entre a Rússia e a Ucrânia; no livro, esse conflito não acontece, porque o Shirakawa tem outros planos para a Rússia..."
David Ribeiro - O futuro próximo da Moldávia e da Roménia parece-me não ir sofrer grandes alterações... mas o autor da "Pax Lyncis" põe na mente do "doutor Shirakawa" coisas interessantíssimas de imaginar. João Lázaro - David RibeiroAcho muito improvável, embora não impossível, que aconteçam reunificações como esta na vida real. Aliás, espero sinceramente que nunca aconteçam se não contarem com o apoio claro e democraticamente expresso das populações dos países envolvidos. Senão, só ganham os do costume... David Ribeiro - João Lázaro... A região está (sempre foi) instável, o que dá o direito de todos nós imaginarmos futuros enquadramentos geoestratégicos.
Pouco se fala disto, mas... O Movimento para a reunificação da Roménia e da Moldávia iniciou-se em ambos os países após a Revolução Romena de 1989 e o início da política de glasnost na União Soviética. A questão da reunificação é recorrente na esfera pública dos dois países, muitas vezes como uma especulação, tanto como um objetivo e um perigo. Os indivíduos que defendem a unificação são usualmente chamados "unionistas" (unionişti). Alguns apoiam-o como um processo pacífico com base no consentimento dos dois países, outros em nome de um "direito romeno sobre a Bessarábia histórica". Entre aqueles que se opõem a ele, existe um grupo distinto de "Moldovenistas" (moldovenişti), que rejeitam a alegação dos unionistas que moldavos e romenos são um mesmo grupo étnico. Esse movimento é feito por alguns partidos políticos de ambos os países (nomeadamente o partido liberal de cada país) e alguns permaneceram até agora uma minoria do eleitorado nesses países. O tema da unificação voltou à tona após a Invasão da Ucrânia pela Rússia, iniciada em fevereiro de 2022. Isso porque a Moldávia suspeita que pode vir a ser o próximo alvo da Rússia devido à Transnístria, uma região separatista do território moldavo localizada na fronteira com a Ucrânia que se autodeclarou independente nos anos 1990 e que conta com forte apoio de Moscovo. Os temores aumentaram ainda mais após a declaração de generais russos de que o objetivo do Kremlin na guerra é o de ocupar todo o leste e sul da Ucrânia, chegando até à Transnístria. Portanto, a forma mais simples e rápida de a Moldávia se proteger seria se unindo à Roménia, já que este é membro da NATO da União Europeia. (in Wikipédia)
Jose Riobom - Isto de fazer países e traçar fronteiras a lápis no papel é no que dá há milhares de anos nesta Europa desigual e sem futuro. Luis Barata - Under fire... Da panela para a frigideira?... Angustiante, no mínimo. João Pedro Baltazar Lázaro - Eu digo o mesmo de sempre... Se isto acontecer, oxalá o consentimento das populações dos dois países seja claro e democraticamente expresso. Jorge Veiga - Tanto faz e se querem mudar as fronteiras, desde que por maioria e pacificamente, podem fazê-lo. O que não faz é esquecer o que os russos andam a fazer por lá perto. Carlos Almeida - Mas a Moldávia quer-se proteger da Rússia ou da Roménia? Ou agora defende-se “cada país uma raça”?! É que, sendo assim, “os russos na Rússia”, o que inclui a Crimeia e o Donbass…
Chegou na semana passada pelo correio e vou já começar a ler a obra PAX LYNCIS, do meu querido amigo João Lázaro. Tanto quanto me foi dado saber já deverá estar à venda na editora Cordel D'Prata.
Sinopse
O Leonardo, um jovem português com uma mente ímpar no mundo, é descoberto por uma equipa de cientistas japoneses que estão a desenvolver tecnologia que possibilita a telepatia. Juntando-se a eles, descobre não só o seu prodigioso potencial, mas também a sua urgente missão: impedir uma guerra de proporções inéditas, detendo o doutor Shirakawa, um criminoso que pretende usar essa tecnologia para semear o caos no mundo inteiro.
Para fazer isso, tem de deixar em Portugal a sua família e a sua namorada; esta, por sua vez, está a atravessar mudanças que só podem ser compreendidas sabendo aquilo que está a acontecer no Japão. Uma das pessoas com mentes fora do comum que o Leonardo conhece, a misteriosa Aurora, revela-lhe o maior de todos os segredos que ela e o doutor Shirakawa partilham: que a busca por mentes extraordinariamente poderosas não se limita ao planeta Terra.
Conheça o autor
João Pedro Baltazar Lázaro nasceu em Évora em 1983, estudou Linguística na Universidade de Lisboa, trabalhando simultaneamente no Oceanário de Lisboa, onde se esforçava sempre por falar na língua-mãe de cada visitante. Após a crise económica de 2008, acabou por se mudar para Madrid em 2014 para se tornar professor de inglês e português, mantendo até hoje esse trabalho como forma de promover o seu país e fomentar as boas relações com Espanha. A sua primeira obra - Pax Lyncis - visa refletir o seu interesse por diferentes línguas e culturas, pela história e geografia do mundo e por diferentes ramos da ciência, bem como a sua preocupação com a condição humana, a violência e as injustiças na sociedade e os conflitos à escala global.