Diz a Wikipédia que o “PESCETARIANISMO, ou PISCITARIANISMO, é um regime alimentar que inclui peixes e frutos do mar, mas exclui a carne de outros animais”. Não é que eu tenha abolido da minha dieta alimentar a CARNE, mas peixes e algumas vezes frutos do mar, fazem-me cada vez mais as delícias do meu palato.
"Pescetariano" e "pescetarianismo" são neologismos, provavelmente de origem inglesa (de pescetarian, conforme propõe a Infopédia), língua que associa a forma 'pesce-', baseada no latim piscis, à terminação '-tarian'. Do ponto de vista dos padrões de composição do português, a forma 'pisci-', que ocorre em compostos morfológicos como piscicultura e piscícola, é preferível a 'pesce-', que é uma adaptação direta da forma pesce do inglês pescetarian. Observe-se, porém, que '-tariano' não constitui uma unidade morfológica (um radical que marque um significado), mas, sim, resultado da segmentação arbitrária - vegetariano -, pelo que a palavra em discussão é formada por um processo irregular a que se chama amálgama (cf. Dicionário Terminológico). Neste sentido, embora PISCITARIANO seja configuração preferível, não parece de rejeitar pescetariano como adaptação (ainda que menos exigente) de pescetarian. [in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa]
Agora que a Dieta Mediterrânica foi classificada pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade está na hora de assumirmos, ou não, se é esta a gastronomia típica portuguesa. Embora eu seja adepto da chamada “Dieta Mediterrânica” desde há muito tempo, a verdade é que continuo a ter dúvidas sobre esta matéria. Aqui ficam, para reflexão de quem gosta destas coisas, a opinião de gente conceituada no que aos “comes e bebes” diz respeito:
a) O médico e investigador americano, Ancel Keys, em meados do século passado, chegou á conclusão que os pobres e mal nutridos povos do Sul da Europa eram mais saudáveis do que os cidadãos das chamadas “sociedades de bem-estar”. A chamada “Dieta dos Pobres” - uma dieta à base de alimentos sazonais e ricos em fibras, como pão, frutas e legumes, reduzidas quantidades de carnes vermelhas, e o azeite como principal gordura – foi na altura considerada como responsável pela menor prevalência de doenças e maior longevidade das suas populações. Diz-se que na altura não fomos incluídos nestes estudos, pois Salazar recusava ver o nome de Portugal inscrito na lista da dieta dos pobres.
b) O talentoso cozinheiro português José Avillez é da opinião que não existe uma cozinha mediterrânica. “O que há é um conceito de dieta muito alargado – e não fundamentalista – a partir da evolução do homem primitivo. A base é o azeite, o pão e o vinho, ou seja, a transformação dos cereais, azeitonas e uvas para conservação e consumo ao longo do ano – ao que juntaram depois os legumes.”
c) José Bento dos Santos, presidente da Academia Portuguesa de Gastronomia, defende que a designação não é um conceito fechado: “O nome foi inventado por um americano [Ancel Keys], que podia muito bem ter-lhe chamado dieta da boa vida ou outra coisa qualquer.” Para este conceituado gastrónomo o importante “é a utilização do azeite, a gordura que era a dieta dos pobres”.
d) Para o professor e investigador em história da alimentação e gastronomia Virgílio Gomes “dizer que temos uma cozinha mediterrânica é uma falácia”, pois “mesmo no Alentejo, onde se organizam congressos e festivais sobre dieta mediterrânica, é hoje pouco praticada com os guisados, puxados e enchidos condimentados” fazendo mais sentido falarmos em “dieta atlântica”.
e) André Magalhães, cozinheiro e docente no Mestrado em Ciências Gastronómicas do Instituto Superior de Agronomia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, também tem “dificuldade em defender que temos uma dieta mediterrânica". A verdade é que “historicamente só Trás-os-Montes é que tinha azeite, nas outras regiões eram as gorduras animais, e mesmo no pão a nossa tradição foi sempre a de farinhas de mistura. A cultura do trigo é recente e resulta da industrialização da panificação”. Ou seja, “seria muito mais interessante a ideia de dieta atlântica, que melhor nos identifica e nos colocaria nos países da linha da frente, a começar pelo consumo de peixes e mariscos frescos.”
Por onde eu ando...
Nova Crítca - vinho & gastronomia
PINN (Portuguese Independent News Network)
Meus amigos...
A Baixa do Porto (Tiago Azevedo Fernandes)
Antes Que Me Passe a Vontade (Nanda Costa)
Caderno de Exercícios (Celina Rodrigues)
Cerâmica é talento (Pataxó Lima)
Clozinha/and/so/on (Maria Morais)
Do Corvo para o Mundo!!! (Fernando Pimentel)
Douro de ouro, meu... (Jorge Carvalho)
Douro e Trás-os-Montes (António Barroso)
Escrita Fotográfica (António Campos Leal)
Let s Do Porto (José Carlos Ferraz Alves)
Life of a Mother Artist (Angela Ferreira)
Marafações de uma Louletana (Lígia Laginha)
Matéria em Espaço de Escrita com Sentido (Mário de Sousa)
Meditação na Pastelaria (Ana Cristina Leonardo)
Memórias... (Boaventura Eira-Velha)
Mente Despenteada (Carla Teixeira)
Nortadas (Francisco Sousa Fialho, João Anacoreta Correia e outros)
O Portugal Futuro (Tiago Barbosa Ribeiro)
O Porto em Conversa (Vitor Silva)
Os meus apontamentos (Vitor Silva)
Renovar o Porto (Rui Farinas e Rui Valente)
Reportagens de Crítica, Investigação e Opinião (Tron)
Que é que se come por aqui (Ricardo Moreira)
Servir o Porto (Pedro Baptista)
Um Rapaz Mal Desenhado (Renato Seara)
Vai de Rastos (Luís Alexandre)
(IN)TRANSMISSÍVEL (Vicente Ferreira da Silva)
Adoradores de Baco...
Site de Prova de Vinhos (Raul Sousa Carvalho)