Diz a Wikipédia que o “PESCETARIANISMO, ou PISCITARIANISMO, é um regime alimentar que inclui peixes e frutos do mar, mas exclui a carne de outros animais”. Não é que eu tenha abolido da minha dieta alimentar a CARNE, mas peixes e algumas vezes frutos do mar, fazem-me cada vez mais as delícias do meu palato.
"Pescetariano" e "pescetarianismo" são neologismos, provavelmente de origem inglesa (de pescetarian, conforme propõe a Infopédia), língua que associa a forma 'pesce-', baseada no latim piscis, à terminação '-tarian'. Do ponto de vista dos padrões de composição do português, a forma 'pisci-', que ocorre em compostos morfológicos como piscicultura e piscícola, é preferível a 'pesce-', que é uma adaptação direta da forma pesce do inglês pescetarian. Observe-se, porém, que '-tariano' não constitui uma unidade morfológica (um radical que marque um significado), mas, sim, resultado da segmentação arbitrária - vegetariano -, pelo que a palavra em discussão é formada por um processo irregular a que se chama amálgama (cf. Dicionário Terminológico). Neste sentido, embora PISCITARIANO seja configuração preferível, não parece de rejeitar pescetariano como adaptação (ainda que menos exigente) de pescetarian. [in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa]
Ainda a propósito dos “bifes na Universidade de Coimbra” gostaria de vos dizer que sou um fervoroso adepto da Dieta Mediterrânica, um elemento do Património Cultural Imaterial da Humanidade inscrita originalmente na Lista Representativa da UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural, em Novembro de 2010 em Nairobi, pela Espanha, Itália, Grécia e Marrocos, e que teve a sua extensão a Portugal, Chipre e Croácia em Dezembro de 2013, na 8ª Sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Imaterial da Humanidade, em Baku, no Azerbaijão.
Agora que a Dieta Mediterrânica foi classificada pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade está na hora de assumirmos, ou não, se é esta a gastronomia típica portuguesa. Embora eu seja adepto da chamada “Dieta Mediterrânica” desde há muito tempo, a verdade é que continuo a ter dúvidas sobre esta matéria. Aqui ficam, para reflexão de quem gosta destas coisas, a opinião de gente conceituada no que aos “comes e bebes” diz respeito:
a) O médico e investigador americano, Ancel Keys, em meados do século passado, chegou á conclusão que os pobres e mal nutridos povos do Sul da Europa eram mais saudáveis do que os cidadãos das chamadas “sociedades de bem-estar”. A chamada “Dieta dos Pobres” - uma dieta à base de alimentos sazonais e ricos em fibras, como pão, frutas e legumes, reduzidas quantidades de carnes vermelhas, e o azeite como principal gordura – foi na altura considerada como responsável pela menor prevalência de doenças e maior longevidade das suas populações. Diz-se que na altura não fomos incluídos nestes estudos, pois Salazar recusava ver o nome de Portugal inscrito na lista da dieta dos pobres.
b) O talentoso cozinheiro português José Avillez é da opinião que não existe uma cozinha mediterrânica. “O que há é um conceito de dieta muito alargado – e não fundamentalista – a partir da evolução do homem primitivo. A base é o azeite, o pão e o vinho, ou seja, a transformação dos cereais, azeitonas e uvas para conservação e consumo ao longo do ano – ao que juntaram depois os legumes.”
c) José Bento dos Santos, presidente da Academia Portuguesa de Gastronomia, defende que a designação não é um conceito fechado: “O nome foi inventado por um americano [Ancel Keys], que podia muito bem ter-lhe chamado dieta da boa vida ou outra coisa qualquer.” Para este conceituado gastrónomo o importante “é a utilização do azeite, a gordura que era a dieta dos pobres”.
d) Para o professor e investigador em história da alimentação e gastronomia Virgílio Gomes “dizer que temos uma cozinha mediterrânica é uma falácia”, pois “mesmo no Alentejo, onde se organizam congressos e festivais sobre dieta mediterrânica, é hoje pouco praticada com os guisados, puxados e enchidos condimentados” fazendo mais sentido falarmos em “dieta atlântica”.
e) André Magalhães, cozinheiro e docente no Mestrado em Ciências Gastronómicas do Instituto Superior de Agronomia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, também tem “dificuldade em defender que temos uma dieta mediterrânica". A verdade é que “historicamente só Trás-os-Montes é que tinha azeite, nas outras regiões eram as gorduras animais, e mesmo no pão a nossa tradição foi sempre a de farinhas de mistura. A cultura do trigo é recente e resulta da industrialização da panificação”. Ou seja, “seria muito mais interessante a ideia de dieta atlântica, que melhor nos identifica e nos colocaria nos países da linha da frente, a começar pelo consumo de peixes e mariscos frescos.”
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