Já foram ao Café Majestic, na rua de Santa Catarina, em plena Cidade Invicta, tomar um café de saco, servido em chávena de meia de leite, e a acompanhar uma Rabanada?... É de chorar por mais.
Artur Manuel . Chegas ao fim deixas lá 20€
David Ribeiro - E depois, Artur Manuel?... Com um serviço daquela qualidade e num local histórico como aquele, que preço queria?
Gonçalo G. Moura - Custa um rim, mas dizem que a experiência é que conta...
Carlos Teixeira - Estive lá no início do mês,estava cheio, tive de esperar para entrar. Com pianista privativo e um serviço 5 estrelas, o café não pode custar 50 cêntimos.
Joao Rodrigues - Talvez mas os preços são proibitivos para k Português comum
As origens do Majestic remontam, com efeito, a 17 dezembro de 1921 quando foi constituída, por um conjunto de comerciantes do Porto, a Sociedade por Quotas Café Elite Limitada que, nesse mesmo dia, assina um contrato de aluguer do rés-do-chão do prédio sito na Rua de Stª Catarina nºs 110 ao 116 “destinado à montagem de um café, cervejaria”. Contrato este que teria início a 1 de Junho de 1922. Contudo, foi só quase um ano depois, a 2 de dezembro de 1922, que teve lugar a inauguração ao público do “feerico e deslumbrante conjunto do Majestic Café” de cuja autoria “(...) architectonica encarregou-se o architecto snr. José Pinto de Oliveira (...)". *in: Commércio do Porto, “Os grandes estabelecimentos do Porto. Inauguração do Majestic-Café”, 2 de dezembro de 1922. Mantendo desde a sua abertura o seu nome, Majestic Café, a 4 de dezembro de 1924, a Sociedade Café Elite Lda sua proprietária é substituída pela sociedade Majestic Café Lda. Em 30 de Julho de 1925, deu entrada na Câmara Municipal do Porto um pedido para “construção de um Bar (...) com frente para a Rua de Passos Manuel, onde seja posto à venda Vinho do Porto. Para isso escolheu-se o estilo regional da nossa arquitetura” **, projeto este, assinado pelo arquiteto João Queiroz. **in: Requerimento para licenciamento de obras, interposto pela empresa Majestic Café Lda e assinado pelo arquiteto João Queiroz, em 30 de julho de 1925. Carimbo de licença nº 1319 de 27 de setembro de 1925. Arquivo de Obras da Câmara Municipal do Porto. (...) Sob a égide dos Barrias, em 1992, o café foi encerrado para a execução de um projeto de recuperação que ficou a cargo da arquiteta Teresa Mano Mendes Pacheco. Em 1994, depois da substituição do pavimento interior e da reposição do mobiliário original, o Majestic foi reaberto. Fotografias encontradas por Fernando Barrias permitiram conservar a alma do local, transportando, com sensibilidade, um passado luminoso para o presente. Os inúmeros prémios e o reconhecimento internacional - "Prémio Especial de Café Creme" (1999), "Medalha de Prata de Mérito Turístico" (2000), "Medalha de Prata de Mérito Municipal - Porto" (2006), "Certificado do Prémio Mercúrio - O melhor do Comércio na área das empresas na categoria Lojas com História" (2011) e "Medalha Municipal Mérito - Grau Ouro" (2011), classificado pelo site cityguides como o sexto café mais belo do mundo e o Certificado de Excelência da TripAdvisor - surgiram com naturalidade, devolvendo-lhe, finalmente, a justa notoriedade que, durante tantos anos, havia sido esquecida. Nunca venho ao Porto sem dar ao menos um salto a este belo café Majestic, que não hesito em considerar como um dos que em toda a Europa melhor conservam a atmosfera dos começos do século e que, por isso mesmo, bem importa conservar, preservar, respeitar.
Foi ontem à noite, na RTP2.
‘Joana, a Louca’, filme do cineasta espanhol Vicente Aranda sobre o trágico destino de Joana I de Castela, Rainha de Espanha, perdidamente apaixonada pelo marido infiel. Laredo, 1496. Os reis católicos de Espanha despedem-se da filha Joana que parte para Flandres onde deverá casar com Filipe da Áustria, que mais tarde será conhecido como o Belo, a fim de formar uma aliança entre as dinastias. Embora o casamento tenha começado como uma jogada política, Joana apaixona-se por Filipe. Mas, o destino tem outros planos. Com o passar do tempo, Filipe perde o calor da paixão por Joana. Ao descobrir as diversas traições do marido, a saúde mental de Joana começa a deteriorar-se. A morte dos irmãos mais velhos e da mãe, Isabel, a Católica, convertem a infanta em rainha de Castela e herdeira da coroa de Aragão. Estes acontecimentos levam a duas batalhas: uma política, da luta da corte dos Países Baixos pelo trono espanhol, e outra, muito mais dolorosa, que pretende declarar Joana louca e incapaz de exercer a realeza, de modo a que Filipe assuma o trono.
Ficha Técnica
Título Original - Juana, La Loca
Intérpretes - Pilar López de Ayala, Daniel Liotti, Rosana Pastor, Giuliano Gemma, Roberto Alvarez, Guillermo Toledo, Susy Sánchez, Manuela Arcuri, Eloy Azorín.
Realização - Vicente Aranda.
Produção - Enrique Cerezo P.C., Pedro Costa P.C., Production Group, Take 2000 - José Mazeda.
Autoria - Argumento: Vicente Aranda, Antonio Larreta.
Música - José Nieto.
Ano - 2001
Em março de 2022, a convite do meu amigo Nikdel Farhard, estive presente na Biblioteca Almeida Garrett, na cidade do Porto, nas celebrações NOWRUZ - o Ano Novo Persa. E tive a honra e o prazer de aí conhecer e manter uma curta e simpática conversa com o na altura embaixador do Irão em Portugal, Morteza Damanpak Jami, que me recordou terem o Irão e Portugal relações históricas de mais de 500 anos, o que sempre foi um bem comum para os dois países, não havendo fronteiras para que a cooperação política, parlamentar, económica e cultural possam crescer.
Se vos for possível vejam esta série que começou na passada quinta-feira [18abr2024] a ser transmitida na RTP2.
(Link para a RTP Play)
Estamos em 1320, no recém-formado país a quem chamamos de Portugal. Isabel, a Rainha Santa, é mulher de Dinis, o rei, e mãe de Afonso, o herdeiro, ambos envolvidos numa guerra civil que a todos afeta. É no meio desta desordem e desta violência, que Maria Afonso, a filha bastarda mais nova do rei D. Dinis é violada e morta no convento de Odivelas. Num dos pés onde assenta o túmulo dela está a figura de um cavaleiro a espetar uma espada numa jovem. Foi a forma de mostrar ao mundo como morreu esta filha natural: abusada e sangrada até ao fim. Desgostoso com a morte da sua filha preferida, o rei pede ao conde Lopo Aires Teles que conduza uma investigação destinada a encontrar o assassino de Maria Afonso. O caminho que o cavaleiro percorre irá levá-lo a Vataça, a aia da rainha por quem Lopo desenvolve uma obsessão sexual e à própria Isabel, a rainha Santa, detentora de segredos que podem mudar o rumo da história de Portugal.
...a de cá de casa e mais nenhuma.
Quem sabe, sabe... e o meu querido amigo Rafael Fernandez de Zafra sabe muito.
Foi há 100 anos!...
Noite Sangrenta (outubro 1921)
“A camioneta-fantasma! Foi o nome rocambolesco, filmesco com que o povo, os jornais atónitos ante o rocambolesco, filmesco capítulo das nossas revoluções, batizaram o estranho veículo de tragédias, em que se tornou uma simples camioneta da Administração Militar.”
No dia 19 de outubro de 1921, eclode uma revolta militar sob o comando do coronel Manuel Maria Coelho, antigo revolucionário do Movimento Republicano de 31 de Janeiro de 1891. O chefe do Governo, António Granjo, apresenta a demissão, mas o Presidente da República, António José de Almeida, não nomeia um novo executivo.
Neste ambiente de impasse, na noite de 19 para 20 de outubro, um grupo de civis e militares, liderado pelo cabo marinheiro Abel Olímpio, conhecido por O Dente de Ouro, conduz os acontecimentos da designada Noite Sangrenta.
Uma camioneta – a "camioneta-fantasma" – percorre Lisboa em busca de diversas figuras do regime republicano, que, forçadas a entrar no veículo, são posteriormente executadas. Na Noite Sangrenta são assassinados, entre outros, o Primeiro-Ministro, António Granjo, e dois protagonistas da Revolução de 5 de Outubro de 1910, Machado Santos e Carlos da Maia.
No dia 20 de outubro, A Capital apresenta um relato do sucedido na noite anterior:
“Grupos de revolucionários armados tinham ido a casa do capitão sr. Cunha Leal, onde prenderam o sr. dr. António Granjo (…) e ao que parece também a casa do capitão de mar e guerra Carlos da Maia, onde igualmente prenderam este oficial. (…)
Conduzidos em automóvel ao Arsenal da Marinha, ao ser aberto o portão (…) uma grande multidão armada (…) entrou de roldão, começando logo a apupar os dois presos (…).
Quando (…) chegaram ao quarto do 1.º andar, em que deviam ficar detidos (…) foram alvo de bastantes tiros. (…)
Pouco depois da morte do sr. dr. António Granjo e do sr. Carlos da Maia, deu-se em condições idênticas a do sr. Freitas da Silva, que foi chefe de gabinete do ministro da Marinha demissionário. Um grupo de indivíduos fora buscar a sua casa aquele senhor, metendo-o no “camion” da Guarda Republicana que seguiu para o Arsenal da Marinha. Ao chegar à porta daquele estabelecimento, foi atingido por vários tiros, falecendo instantaneamente.
Cerca da meia-noite um grupo de indivíduos foi a casa do almirante sr. Machado Santos, na rua José Estêvão, convidando a acompanhá-lo ao Arsenal da Marinha. No Intendente, porém, estabeleceu-se discussão entre aqueles indivíduos e o preso. Acabando o sr. Machado Santos por ser morto a tiro.”
No dia do funeral de António Granjo, a 24 de outubro, o Diário de Lisboa apresenta uma reconstituição das últimas horas do antigo governante, desde o pedido de abrigo na casa de Cunha Leal até ao desfecho no Arsenal na Marinha, que testemunha a crueldade do crime:
“O chefe do governo vencido mantém até ao fim a coragem que o abatimento não excluiu (…) Lança as suas últimas palavras, em que há ódio e resignação: Já sei o que vocês querem! Matem-me, que matam um bom republicano!
Soou uma descarga. (…) Granjo caiu ao comprido vertendo sangue por inúmeros ferimentos. Estava ainda nas últimas convulsões, quando um dos assassinos (…) sacou da espada e a cravou no estômago com violência tal que, atravessando o corpo, ficou presa ao sobrado.
Depois, friamente, o facínora, pondo o pé sobre o peito de António Granjo, sacou a arma e gritou triunfalmente, mostrando-a aos companheiros.
– Venham ver de que cor é o sangue de porco!”
Após o interregno dos trabalhos do Parlamento, em 2 de março de 1922, a Câmara dos Deputados e o Senado prestam homenagem aos antigos parlamentares vítimas do massacre da Noite Sangrenta, exigindo o apuramento da verdade.
A homenagem é uma oportunidade para refletir sobre os confrontos políticos e também sobre a evolução do regime republicano. O Presidente da Câmara dos Deputados, Domingos Leite Pereira, refere a responsabilidade coletiva pelo sucedido: "Essa injustiça sanguinária, insaciável, implacável, é também a resultante de longa e estonteadora luta em que portugueses se vêm debatendo; luta que tanta vez atinge o aspeto e as proporções duma infindável guerra de extermínio; luta estranha e tão obcecante que, dir-se-ia, entre nós as ideias são delitos e as opiniões são crimes. É tempo de a acabar. Meditemos na dura verdade de que todos temos culpas, e não esqueçamos que o embate de opiniões, necessário e inseparável das sociedades modernas, pode e deve fazer-se numa atmosfera superior de justiça, recíproca, de respeito mútuo; sejamos dignos do nosso tempo e, sobretudo, recordemos que somos irmãos da mesma raça, filhos da mesma terra gloriosa."
O Deputado Cunha Leal, que tentara proteger António Granjo naquela noite, ficando ferido, defende a instauração da pena de morte: "É preciso que nos defendamos e repito o que aqui disse já: – precisamos restabelecer a pena de morte para certos crimes, respondendo com a morte a quem mata. Precisamos defender a sociedade por uma forma implacável. Ainda como homenagem aos mortos de 19 de outubro, eu prometo trazer aqui um projeto restabelecendo a pena de morte."
O Presidente do Ministério, António Maria da Silva, rejeita a ideia de restabelecer a pena de morte: "Há de fazer-se justiça a quem delinquiu. Ninguém tem o direito de duvidar de mim nem dos homens que estão nas cadeiras do Poder, embora o Poder Executivo não possa intervir nas averiguações da justiça. (…) Mas, para isso, não é preciso instituir de novo em Portugal a pena de morte, contra a qual toda a minha natureza se revolta. Seria um verdadeiro crime, seria corresponder ao ato do Dente de Ouro com um outro crime. Não podemos retrogradar. Seria mesmo inconstitucional que se promulgasse qualquer providência que se parecesse um pouco, embora de longe, com essa medida. Não é legítimo que num regime de liberdade se aplique qualquer penalidade, seja a quem for, que não seja inscrita no Código da Justiça para os atos praticados em determinado momento. Estou convencido de que se pudéssemos consultar António Granjo, Machado Santos e Carlos da Maia, eles próprios se revoltariam contra uma determinação da Câmara tendente a instituir a pena de morte."
Em 1923, os responsáveis diretos pelos assassinatos seriam julgados e condenados a penas de prisão e de degredo, não se tendo, no entanto, averiguado completamente as causas que permitiram o sucedido na Noite Sangrenta, nem as suas ligações com os responsáveis pela revolta do dia 19 de outubro de 1921.
No final do século XIX, o Afeganistão tornou-se um Estado tampão no "Grande Jogo" entre os impérios Britânico e Russo. Na Primeira Guerra Anglo-Afegã, de 1839 a 1842, tropas britânicas, vindas da Índia, tomaram o controle do Afeganistão, mas acabaram por ser decisivamente derrotadas. Após a Terceira Guerra Anglo-Afegã de 1919, o país conseguiu tornar-se independente da influência estrangeira. Em 1926, o Afeganistão tornou-se numa monarquia sob comando de Amanulá Cã. Contudo, em 1973, o rei Zair foi derrubado e uma república de partido único foi estabelecida. Em 1978, após um segundo golpe de estado, o Afeganistão tornou-se um Estado socialista, que levou a nação a passar boa parte da década de 1980 envolvido na Guerra Afegã-Soviética contra os rebeldes mujahidins. Em 1996, a maior parte do país havia sido tomado por fundamentalistas do grupo Talibã, que estabeleceram um regime totalitarista radical que só foi derrubado do poder na invasão dos Estados Unidos em 2001, mantendo, no entanto, controle e influência sob boa parte do país, especialmente nas zonas rurais e montanhosas. A guerra civil no país continuou entre o novo governo afegão e os insurgentes Talibã, que resultou em mais de 150 mil mortos, atrocidades, atentados terroristas, torturas, sequestros e assassinatos. Como a nova república afegã dependia imensamente da ajuda económica e militar dos americanos, quando os Estados Unidos iniciaram a retirada, em 2020, o exército afegão entrou em colapso e o governo central começou a ruir. Em maio de 2021, os Talibã iniciaram uma grande ofensiva generalizada e em poucos meses dominaram a maioria dos distritos do país, acabando por chegar à capital Cabul em agosto deste ano, completando o colapso da república afegã.
The Economist, 18set2021
De Cabul a Kandahar... pela estrada que liga as duas maiores cidades do Afeganistão
A rodovia com quase 500 quilómetros de extensão que liga a capital do Afeganistão, Cabul, à sua segunda cidade, Kandahar, já foi considerada como um sinal de grande progresso na campanha dos Estados Unidos para pacificar o Afeganistão. Quando Hamid Karzai, então presidente, inaugurou o primeiro trecho em 2003, disse que foi um dos melhores dias de sua vida. No entanto, a estrada rapidamente se tornou um exemplo preocupante do que estava errado. Um mês depois dos Talibã assumirem o poder, a viagem de Cabul a Kandahar ilustra como o país mudou da noite para o dia e os fracassos que ajudaram a precipitar essa mudança. Desde algumas semanas atrás, dirigir por este trecho da Rodovia 1, uma espécie de anel viário nacional, era já impensável para muitos afegãos. Postos de controle improvisados dos Talibã interrompem o trânsito e vasculham ónibus e táxis em busca de membros das forças armadas para sequestrar ou matar. Comboios militares foram destruídos por bombas escondidas sob a estrada. Alguns distritos, como Saydabad na província de Wardak, não muito longe de Cabul, tornaram-se conhecidos como locais de perigo.
JN, 22set2021 às 00h06
Por acaso gostava de ouvir o que eles têm para dizer ao Mundo... mas ao que me parece ainda não há reconhecimento formal da sua autoridade.
Al Jazeera, 22set2021 às 08h45
O primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, alertou sobre o risco de uma “guerra civil” no Afeganistão se os Talibã não forem capazes de formar um governo inclusivo, isto é, incluindo todas as fações, o que iria seguramente ter também impacto no Paquistão.
O que é a Sharia?
Os Talibã planeiam governar o Afeganistão de acordo com a Sharia. Durante a sua passagem anterior no poder, este grupo fundamentalista islâmico era conhecido por sua interpretação estrita da jurisprudência islâmica, proibindo a música e forçando as mulheres a usarem uma burca completa em público. Mas muitos países além do Afeganistão - entre eles Arábia Saudita, Irão e partes da Indonésia e Nigéria - também usam a Sharia mas sem tais restrições. Então, o que é Sharia e como ela é aplicada?
Sharia significa “caminho” em árabe, indicando a conduta que agrada a Deus. Abrange as leis criminais, comerciais e de família, mas é muito mais holístico do que os sistemas jurídicos seculares: também estabelece as regras éticas pelas quais os muçulmanos devem viver e adorar (Um código semelhante que rege questões legais e éticas, halakha, existe no Judaísmo). A Sharia é baseada no Alcorão, o livro sagrado do Islão; o "hadith", ou ditos do profeta Muhammad; e o trabalho subsequente de estudiosos jurídicos islâmicos. Existem algumas punições muito severas para crimes considerados contra Deus (conhecidos como "hudud"), incluindo morte por apedrejamento ou 100 chicotadas para adúlteros. Mas o padrão de prova para condenação é extremamente alto, tornando raras essas punições. No caso de adultério, quatro testemunhas devem testemunhar. A retribuição por crimes graves contra pessoas, como assassinato, também pode ser severa, com base no princípio de “qisas”, ou “olho por olho”. Mas o Islão encoraja as vítimas a serem misericordiosas e pagar “diya”, “dinheiro de sangue”, em vez disso.
Al Jazeera, 26set2021
Vai ser uma tarefa árdua a destes quatro países… Rússia, China, Paquistão e Estados Unidos estão a trabalhar em conjunto para garantir que os novos governantes Talibã do Afeganistão cumpram suas promessas, especialmente no que diz respeito a formar um governo genuinamente representativo, evitando que a violência se espalhe.
Caminho percorrido pela expedição (a preto); também se pode ver, para comparação, o caminho percorrido por Pêro da Covilhã (a laranja) separado de Afonso de Paiva (a azul) depois da longa viagem juntos (a verde).
Fez ontem 524 anos que a armada de Vasco da Gama partiu de Belém, em Lisboa, rumo à Índia. A linha de navegação de Lisboa a Cabo Verde foi a habitual e no oceano Índico é descrita por Álvaro Velho: «rota costeira até Melinde e travessia direta deste porto até Calecute». Durante esta expedição foram determinadas latitudes através da observação solar, como refere João de Barros. Relatam os Diários de Bordo das naus muitas experiências inéditas. Encontrou esta ansiosa tripulação rica fauna e flora. Fizeram contacto perto da baía de Santa Helena com tribos que comiam lobos-marinhos, baleias, carne de gazelas e raízes de ervas; andavam cobertos com peles e as suas armas eram simples lanças de madeira de zambujo e chifres de animais; viram tribos que tocavam flautas rústicas de forma coordenada, o que era surpreendente perante a visão dos negros pelos europeus. Ao mesmo tempo que o escorbuto (carência de vitamina C) se instalava na tripulação, cruzavam-se em Moçambique com palmeiras que davam cocos. Apesar das adversidades de uma viagem desta escala, a tripulação mantinha a curiosidade e o ânimo em conseguir a proeza e conviver com os povos. Para isso reuniam forças até para assaltar navios em busca de pilotos. Com os prisioneiros, podia o capitão-mor fazer trocas, ou colocá-los a trabalhar na faina; ao rei de Mombaça pediu pilotos cristãos que ele tinha detido e assim trocou prisioneiros. Seria com a ajuda destes pilotos que chegariam a Calecute, terra tão desejada, onde o fascínio se perdia agora pela moda, costumes e riqueza dos nativos. Sabe-se, por Damião de Góis, que durante a viagem foram colocados cinco padrões: São Rafael, no rio dos Bons Sinais; São Jorge, em Moçambique, Santo Espírito, em Melinde; Santa Maria, nos Ilhéus, e São Gabriel, em Calecute. Estes monumentos destinavam-se a afirmar a soberania portuguesa nos locais para que outros exploradores não tomassem as terras como por si descobertas. (in WikiPédia - a enciclopédia livre)
Campo de Instrução Militar de Santa Margarida
Batalhão de Engenharia n.º 3
Quarta-feira, 24 de Abril de 1974, 22h55
São quase 11 horas da noite e já entreguei no gabinete do oficial de dia ao QG do CIM (Campo de Instrução Militar) o relatório da ronda acabada de efetuar aos paióis. As temperaturas estão registadas, os cadeados das portas foram verificados, o pessoal está nos postos.
A caminho do nosso quartel, o Martins, o brioso condutor da Land Rover, desafia-me para uma partida de snooker: “Só uma partidinha… Hoje estou com uma fezada que lhe ganho”. Concordo e lá vamos para a messe de sargentos. O “barista” dormita encostado ao balcão e, com cara de quem já não esperava mais clientes, diz-nos: “Depressinha que tenho que fechar antes da meia-noite”. Duas minis fresquinhas escorrem-nos pelas goelas abaixo e começo eu. Nas duas primeiras tacadas entram a “1” e a “5”. Giz no taco, aponto à “3”, preparo o efeito… e aparece o Sargento da Guarda ao Quartel. “Quem é o Sargento de Dia ao Piquete?” pergunta ele. Com uma tacada brusca meto a bola no buraco do canto. “Sou eu, porquê?” – respondo-lhe com maus modos. Com o ar mais importante do Mundo diz-me: “O Nosso Segundo Comandante está à tua espera no edifício de Ordem Pública do QG. Vai lá depressa”. Prontos… lá se foi uma vitória certa. Boina na cabeça, blusão apertado e lá vamos a caminho do Quartel-General. Em 10 minutos estamos lá. À porta de armas informam-nos que deveremos ir imediatamente para a Sala de Operações. Entro, faço a continência e com um olhar rápido inventario os participantes na reunião: Um Major, o meu Segundo Comandante; três Capitães, dois do meu quartel e um de cavalaria; seis Alferes, todos do QG. Com ar grave diz-me o Major: “Ó Ribeiro, vamos entrar em prevenção rigorosa e quero que você me organize a defesa e proteção dos paióis. Ponha todos os seus homens do piquete a interditar as estradas de acesso e, a partir de agora, reporta diretamente a este grupo de oficiais. Vá lá organizar as tropas e depois encontramo-nos na messe de oficiais do Batalhão”. Faço novamente a continência e respondo: “Sim senhor, meu Comandante. É para já”. Meia volta e em passo rápido dirijo-me para o jeep. O Martins, com o ar mais aparvalhado que já lhe tinha visto pergunta-me: “Então?! Vai haver merda?”. Sem lhe responder entro na viatura e com a mão aponto-lhe a direção do quartel. Não me apetece falar… Ainda não digeri a ordem que acabo de receber. Tenho a certeza absoluta que aquilo que andamos a falar há uns tempos vai ser hoje.
Entro na caserna da 2ª Companhia de Sapadores e acordo o pessoal: “Está a formar rápido… Quero todos na parada em 5 minutos… Levantem rações de combate e encham os cantis de água… Quero toda a gente municiada e de capacete… Hoje não é exercício noturno… É mesmo a sério”. Tenho absoluta confiança nos meus homens. São Sapadores de Engenharia, habituados a acompanharem-me em operações de interdição de pistas de aviação e desativação de explosivos. Gente de barba rija.
Passam vinte minutos da meia-noite. No programa Limite da Rádio Renascença é transmitida a canção "Grândola Vila Morena" de Zeca Afonso. Está a começar o meu 25 de Abril.
Memórias... no Facebook
Faz hoje 52 anos... e eu não esqueço que o Ministro da Educação da altura, José Hermano Saraiva, foi o mandante desta violenta repressão.
Nuno Matos Pereira - Acabaram por ser todos militantes do MES, aproveitaram uma descolonização catastrófica, mobilizaram o povo com cravos, chegaram ao poder e agora desgovernam um país há 45 anos de forma tão catastrófica que nem conseguimos ajudar uma ex colónia a salvar o seu povo... É a forma resumida para gente que prometeu muito, continua a prometer, mas deixou muito a desejar.
David Ribeiro - Ó Nuno Matos Pereira... este seu post encaixa perfeitamente nos da série "antigamente é que era bom". 😉
Nuno Matos Pereira - David Ribeiro gostei da sua resposta, porque pode ter várias interpretações. Da minha parte, não posso dizer antigamente é que era bom, porque não vivi com a velha senhora! Estou em crer que não deveria ser nada bom, principalmente a liberdade e a porcaria de descolonização que fizeram, a mandar os "nossos filhos" para a guerra. Mas à custa daquilo que chamamos de liberdade, não passa de um ninho de gatos com tentáculos, e uma "pide" encapotada. A única diferença do agora e do que leio do antigamente, é que desta vez vamos tendo uma Europa que nos vai deitando a mão... Se a sua frase era para me associar ao antigamente é que era bom, desengane-se e não entre nessa do, "se não és por nós, és contra nós". Isso fica bem é dos Xuxas para a esquerda...
David Ribeiro - Meu caro Nuno Matos Pereira... longe de mim a ideia de fazer qualquer juízo de valor sobre si em relação ao antigamente. Mas já agora lhe digo, voltando ao dia 17 de abril de 1969 e seguintes, que ainda hoje me doem os costados das vergastadas que levei naqueles dias.
Nuno Matos Pereira - David Ribeiro compreendo perfeitamente, tenho amigos dessa geração, que possivelmente estiveram ao seu lado! Longe de mim de julgar as vossas convicções... Simplesmente houve meia dúzia de gatos que se aproveitaram e ainda se aproveitam das vossas lutas legítimas. Um grande amigo meu teve de fugir dentro do coliseu do Porto! Conta-me histórias, que possivelmente estaria ao vosso lado, nessas lutas. O que me bato é que houve uma cambada de malandros que se aproveitaram e destruíram. E o que me dói, é gente que nessa altura estava ao lado do proletariado, são os mesmos que atacaram os professores, enfermeiros, camionistas, polícias, estivadores...
David Ribeiro - Mas cinco anos depois destes incidentes tive a honra de contribuir, de armas na mão, para a queda do obsoleto Estado Novo. E disto não me arrependo, apesar das grandes "cambalhotas" que a democracia tem dado.
A peste que “fechou” a cidade do Porto
(in “O Sal da História”)
Que estranha doença estaria a matar os galegos da rua da Fonte Taurina, no Porto? A dúvida instalou-se no longínquo verão de 1899, levando a autoridade de saúde a investigar. Os responsáveis ficaram incrédulos face às primeiras impressões, porque, ao que tudo indicava, tratava-se da peste, essa que já se pensava não voltaria a matar. E o poder político só acreditou quando, de Paris, vieram os resultados que confirmaram o que os investigadores portugueses, com Ricardo Jorge à cabeça, já tinham garantido: a peste de levante, como antes se chamava, agora batizada de bubónica, estava a dizimar as populações mais pobres e frágeis da cidade. Era preciso fechar tudo para controlar a doença!
A decisão de Ricardo Jorge, então médico municipal, não foi bem aceite, inicialmente pelos governantes, que temiam os resultados eleitorais dessa medida impopular e muito menos pelas “forças vivas” do Porto, com a imprensa e os comerciantes a serem responsáveis pelas atitudes mais violentas, chegando a por em causa a veracidade da epidemia.
Mesmo assim, a quarentena foi em frente.
A segunda cidade do País esteve isolada durante quatro meses. O cerco sanitário, imposto pela tropa, conteve o mal mas, apesar das medidas de desinfeção tomadas – na imagem, a casa onde teve início o surto e que foi incendiada por prevenção - não impediu o contágio interno sobretudo entre os muitos que viviam em espaços lotados e sem condições.
Foram infetadas 320 pessoas, 132 das quais morreram.
Talvez o mais famoso dos casos mortais tenha sido o de Luís Câmara Pestana. O investigador esteve por duas vezes no Porto na arriscada tarefa de recolher fluidos e outros materiais biológicos dos pestilentos, para melhor conhecer a moléstia e assim contribuir para a sua cura.
Nessa ânsia, não tomou as devidas precauções, tendo usado as unhas, sem luvas, para espremer um bubão – gânglio inflamado – de um dos cadáveres. Em pouco tempo, percebeu que não resistiria. Isolou-se e fez questão que recolhessem a sua própria urina para ajudar ao conhecimento da maleita.
A sua morte, que teve grande impacto na opinião pública, mostrou - como se fosse preciso - que a peste não escolhe as vítimas, mas aproveita as imprudências.
in WikiPédia
Operários, sobretudo da indústria vidreira, elegem um conselho operário que toma o poder e governa a Marinha Grande durante algumas horas. Entre as primeiras acções do Soviete conta-se a prisão do destacamento da GNR e a tomada da estação dos correios.
Todas estas acções são realizadas com grande serenidade, e sem derramamento de sangue. Os revoltosos, sem um plano de acção prévio, acabam por levar a família do comandante do posto da GNR para uma pensão, e os guardas são entregues à custódia do administrador da fábrica de vidro estatal. Nos correios, o chefe da estação pede para falar com a família, e é levado a casa onde usa o telefone para alertar as autoridades.
Uma vez alertadas, as autoridades militares fazem avançar para a Marinha Grande um contingente para repor a ordem pública, que chega na madrugada seguinte, pondo fim ao Soviete.
Ao contrário da acção dos revoltosos, a repressão movida pelo Estado Novo foi implacável, com perseguições ferozes, despedimentos, julgamentos fantoche que terminaram em pesadas penas, nomeadamente com o envio para o degredo nas colónias, e em particular para o campo do Tarrafal.
Por onde eu ando...
Nova Crítca - vinho & gastronomia
PINN (Portuguese Independent News Network)
Meus amigos...
A Baixa do Porto (Tiago Azevedo Fernandes)
Antes Que Me Passe a Vontade (Nanda Costa)
Caderno de Exercícios (Celina Rodrigues)
Cerâmica é talento (Pataxó Lima)
Clozinha/and/so/on (Maria Morais)
Do Corvo para o Mundo!!! (Fernando Pimentel)
Douro de ouro, meu... (Jorge Carvalho)
Douro e Trás-os-Montes (António Barroso)
Escrita Fotográfica (António Campos Leal)
Let s Do Porto (José Carlos Ferraz Alves)
Life of a Mother Artist (Angela Ferreira)
Marafações de uma Louletana (Lígia Laginha)
Matéria em Espaço de Escrita com Sentido (Mário de Sousa)
Meditação na Pastelaria (Ana Cristina Leonardo)
Memórias... (Boaventura Eira-Velha)
Mente Despenteada (Carla Teixeira)
Nortadas (Francisco Sousa Fialho, João Anacoreta Correia e outros)
O Portugal Futuro (Tiago Barbosa Ribeiro)
O Porto em Conversa (Vitor Silva)
Os meus apontamentos (Vitor Silva)
Renovar o Porto (Rui Farinas e Rui Valente)
Reportagens de Crítica, Investigação e Opinião (Tron)
Que é que se come por aqui (Ricardo Moreira)
Servir o Porto (Pedro Baptista)
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