A jornalista e escritora Ana Cristina Pereira Leonardo não permitiu a partilha deste seu post no Facebook… mas eu roubei-o.
Nuno Matos Pereira - Não sei o que quer dizer este seu post! Mas a pergunta é directa!O David Ribeiro acha que a vacinação deveria ser obrigatória?
David Ribeiro - Sim, tendo em consideração todas os dados conhecidos, quer a nível nacional como internacional, bem como a informação vinculada pela comunidade científica, sou da opinião que a vacinação deveria ser obrigatória, obviamente com todas as ressalvas que a ciência recomenda.
Nuno Matos Pereira - Ok! Obrigado pela sua resposta, sincera! Gosto de quem tem certezas absolutas. Mas digo-lhe que a ciência só evolui se for posta em causa!
David Ribeiro - Eu não tenho certezas absolutas, muito menos na área da ciência que muito pouco domino, e também acredito que há evolução em todo o saber.
Nuno Matos Pereira - Eu também não tenho certezas absolutas, também não sou especialista em ciências médicas! Tenho uma opinião muito própria sobre esta vacinação! Pessoas abaixo dos 30 anos, nem no pico da pandemia houve casos significantes! Pessoas que já tiveram a doença, grave ou sem sintomas, deveriam ser informadas para fazer testes serológicos e verificar o seu grau de imunidade! Pessoas que são alérgicas a compostos das vacinas deveriam se informar com os médicos! Vacinação em massa é uma completa loucura, principalmente em crianças... E poderia continuar, mas acho que dá para perceber o meu ponto de vista.
David Ribeiro - Entendo o que acaba de dizer, Nuno Matos Pereira ... mas não se esqueça que muitas das maleitas que atingiram a humanidade foram eliminadas com enormes campanhas de vacinação. Eu sou do tempo que para frequentar o liceu era necessário apresentar o boletim de vacinas.
Nuno Matos Pereira - David Ribeiro a gripe espanhola matou 1/3 da população mundial, ninguém se vacinou, e foi por esses que se criou imunidade de grupo! Devemos sempre olhar para o copo meio vazio.
David Ribeiro - O preço de não ter havido vacina para a Pneumónica foi o enorme número de mortes que provocou. Já agora, Nuno Matos Pereira... O livro "Contágios - 2500 anos de pestes" de Jaime Nogueira Pinto (Dom Quixote - agosto2020) é uma boa informação como têm vivido e morrido as pessoas e as sociedades em tempo de peste.
Mario Ferreira Dos Reis - A vacinação é obrigatória em muitas situações. Não se pode ir para muitos países de África sem a vacina da Febre Amarela. Não se pode trabalhar em muitos sítios sem a vacina do Tétano. A erradicação da Varíola deve-se em muito da sua obrigatoriedade. As vacinas que são ministradas no ex serviço militar obrigatório eram obrigatórias. Quando íamos para a Escola o boletim de vacinas em dia era obrigatório para o procedimento de matrícula. É até estupida esta situação de que atenta contra a nossa liberdade que num caso de saúde pública como este não seja obrigatório, com tantas coisas obrigatórias. A começar pelo sinto de segurança no automóvel. Por causa da liberdade dos que não se querem vacinar é que temos todas estas restrições, que também nos atingem. Ou seja, o direito à liberdade de uma minoria afecta a todos os outros com menos liberdade. Só esta premissa justifica uma obrigatoriedade.
Jaime Nogueira Pinto, nascido no Porto em 1946, tem escrito sobre temas de Ciência Política e História Contemporânea e nesta sua obra «Contágios – 2500 anos de pestes» chamou-nos à atenção para o facto da Covid-19, apesar da Ciência e da Tecnologia, nos mostrar que, de peste em peste, de praga em praga, há comportamentos que se repetem, comportamentos não só dos homens mas também das sociedades. Lê-se bem este livro que nos confronta com a continuidade da natureza humana vivida no fio da navalha ao longo das mudanças políticas, sociais e culturais determinadas pelo tempo e o modo das epidemias.
(As máscaras foram um ritual nos dias da Gripe Espanhola)
Bruscamente, na Primavera de 1918, na frente de Batalha da Flandres, no ano final da Grande Guerra, uma nova espécie de gripe mortífera atacou os exércitos dos dois lados – alemães, franceses, ingleses e americanos. O vírus [influenza] terá vindo da América, do Kansas, dum campo militar, mas chamaram-lhe Gripe Espanhola ou Pneumónica. Nos dois anos seguintes, a Pneumónica mataria milhões de pessoas em todo o mundo; mas as tragédias da guerra e as euforias e convulsões dos anos 20 e do que se lhes seguiu diluiriam o lugar da pandemia na memória coletiva do Ocidente. Portugal não escapou à Pneumónica, que, como outras epidemias e pandemias, teve uma primeira fase relativamente moderada, na Primavera-Verão de 1918, e uma segunda, mais violenta e mortífera, no Outono do mesmo ano. Com cerca de 140 mil mortos, Portugal foi, proporcionalmente, dos países mais atingidos da Europa. Só a Itália e a Bulgária tiveram uma letalidade mais alta. Entre as celebridades mortas pela epidemia contam-se o pintor Amadeu de Sousa Cardoso e os santos pastorinhos de Fátima, Francisco e Jacinta. (“Contágios” de Jaime Nogueira Pinto, pag. 194 e seguintes)
A Grande Peste de Londres
(Coleta de cadáveres na rua durante a Grande Peste de Londres)
Quando da Peste de Londres [1665-1666] …/… Muitos viam o abandono do Rei como vergonhoso, fugindo da peste [peste bubónica] e deixando o governo da cidade ao Lord Mayor. Mas o Lord Mayor, Sir John Lawrence, não fugiu e pôs em prática uma série de medidas: fechou as escolas, restringiu a frequência de estalagens, tabernas e cafés e limitou a assistência a funerais. (“Contágios” de Jaime Nogueira Pinto – pag. 116)
O insólito surto portuense
No fim do século XIX, em 1899, em Portugal, no Porto, deu-se o inesperado último surto da Peste Bubónica na Europa. Ricardo Jorge, director dos serviços hospitalares da cidade, liderou o combate à praga, que matou cerca de centena e meia de pessoas; mas os negacionistas nortenhos obrigaram-no a abandonar a cidade. (“Contágios” de Jaime Nogueira Pinto, pag. 145 e seguintes)
Já chegou… vai ser a minha leitura dos próximos dias.
Contágios - 2500 Anos de Pestes
2020 - Publicações Dom Quixote
ISBN: 978-972-20-7097-3
Depósito legal n.º 471 210/20
Imagem da capa: "O Triunfo da Morte", pintura a óleo de Pieter Bruegel, o Velho, pintada c. 1562. Está no Museu do Prado em Madrid.
Ainda só agora comecei a ler este livro… mas logo no capítulo I – A Mais Maléfica das Deusas, à página 32 o Jaime Nogueira Pinto, sobre “as causas, as culpas e os medos” da primeira pandemia da Era Cristã (Peste de Justiniano – de 541 a 542, tendo matado 40% da população da capital do Império do Oriente que era, ao tempo, de 500 mil habitantes) põe-me a pensar: “Mais sobre a interminável especulação dialética das causas e das culpas pairava o medo. O medo que acompanha o Homem desde as cavernas, o medo da noite, o medo das trevas, o medo do fogo, o medo das bestas e animais do outro lado do mundo, o medo da morte, o medo da dúvida e da incerteza.”
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