(Ilustração de Rodrigo Acevedo Musto)
Há quem diga que as coisas ainda não ficaram claras na Catalunha, mas não restam dúvidas para ninguém que Mariano Rajoy saiu completamente derrotado destas eleições.
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«Raul Vaz Osorio» - O Ciudadanos, pelo menos na sua versão catalã, está também contra o 155 e a estratégia de colorido fascista adoptada por Rajoy. Sendo assim, podemos considerar que houve uma maioria qualificada e não apenas absoluta que rejeitou a aplicação do dito artigo. Querem maior derrota do que esta?
«Gonçalo Graça Moura» - Eu acho que quem perdeu foram os catalães... quero ver como vão recuperar todos os negócios que saíram de lá com esta história...
«Raul Vaz Osorio» - Essa perspectiva materialista é que é o grande mal do mundo de hoje. Da forma como você coloca a questão, conclui-se que o único valor importante em jogo aqui é o dinheiro é isso negócios. Se não o único, pelo menos o fundamental. Ora, na verdade, existe toda uma gama de valores em jogo nesta situação e não é lícito escolher um em detrimento dos outros, seja ele qual for, com a excepção, talvez, da liberdade de opinião e escolha. Como regionalista, autonomista e no limite até independentista se necessário, em prol do Norte, desde já lhe digo que sacrificava de bom grado alguns grandes negócios para ver a minha região livre do parasitismo lisboeta.
«Serafim Guimarães» - Raul, concordo genericamente mas pergunto-te porque é que a Catalunha quer independência, ao contrário da Galiza. Claro que é pelos motivos materiais, pela percepção de que dão mais a Espanha do que o que dela recebem. E estão a esquecer-se que fora da União Europeia, a Catalunha perde (muita) riqueza. E o bem estar material de uma sociedade é que permite que ela se dedique a ter outras preocupações. Por isso é que, apesar de toda a minha simpatia pela causa catalã, acho que eles fazem mal separar-se e espero que consigam encontrar uma solução que não passe pelo radicalismo... Já saíram 3000 em presas (milhares de empregos). Até a Seat (que é alemã....) ameaça sair!!!
«Raul Vaz Osorio» - Serafim mas nunca me ouviste dizer que eles fazem bem ou mal. Digo é que lhes compete a eles decidir. Digo que há muitos valores em jogo é que não é lícito aplicar à questão a lógica TINA.
Já agora, essa do "fora da União Europeia" não é, de forma alguma, um dado adquirido. Mas faz parte, juntamente com a saída de empresas, de una chantagem do establishment politico-economico europeu sobre os catalães.
«Serafim Guimarães» - Raul Vaz Osorio fora da união europeia sim, porque para entrar um novo membro tem que haver unanimidade....
«Raul Vaz Osorio» - Estás a assumir que há saída. Não seria muito difícil criar uma norma, mesmo à margem dos tratados, que preservasse a integridade da União face a separatismos. Era apenas levar a lógica da Europa das Regiões, já consagrada no edifício político e legislativo da UE. Aliás, bastava a Escócia ou o Ulster decidirem em referendo demarcar-se do Brexit e pretender permanecer na UE para as mesmas vozes que anunciam a inevitabilidade da saída de uma Catalunha independente virem explicar como se poderia manter essas regiões na UE.
Mais de cinco milhões vão hoje votar na formação de um novo país ou colocar um travão a fundo nesse sonho milenar do Povo Catalão. Em verdade o que se vai escolher nesta consulta popular são os novos líderes catalães, depois de o governo de Mariano Rajoy, primeiro-ministro espanhol, ter dissolvido a Generalitat. A última sondagem do Centro de Pesquisa Sociológica (CIS) mostra que duas forças opostas podem estar, na realidade, muito próximas. A formação unionista de Inés Arrimadas, o Cidadãos, está perto dos 22,5% nas intenções de voto (entre 30 a 32 assentos parlamentares) e a Esquerda Republicana (ERC) está nos 21% (como o mesmo número de lugares possíveis). Mais logo, o mais tardar amanhã de manhã, saberemos qual o destino da Catalunha.
La Vanguardia - Elecciones catalanas 2017 del 21D
08h24 - Alrededor de 5,5 millones de catalanes están convocados este jueves a las urnas en unas elecciones catalanas que servirán sobre todo para dirimir si los ciudadanos avalan la aplicación del artículo 155 de la Constitución que ha intervenido el autogobierno catalán y rechazan la independencia, o si dan un nuevo impulso al proceso soberanista.
10h39 - Uno de los cabezas de lista que no podrá votar será el candidato de ERC, Oriol Junqueras, encarcelado preventivamente desde el pasado mes de noviembre acusado de rebelión, sedición y malversación. Sin embargo el vicepresident de la Generalitat de Catalunya cesado se ha manifestado a través de su cuenta de Twitter evocando que hace justo 4 años que se casó con su mujer, y ha confiado en salir pronto de la cárcel para poder estar con su familia.
11h13 - Más de dos horas después de la apertura de los colegios electorales, las colas siguen siendo las protagonistas. En algunos centros de votación de Barcelona es de incluso más de media hora.
12h00 - Cinco días de castigo a Junqueras por su entrevista a RAC1. Los servicios penitenciarios sancionan al candidato de ERC también por grabar un audio desde prisión.
14h19 - Los servicios penitenciarios han desmentido haber sancionado a Oriol Junqueras, exvicepresident y candidato de ERC a la presidencia de la Generalitat, con cinco días de confinamiento en su celda por conceder una entrevista a El Món a RAC1 mediante conexión telefónica y por grabar un audio desde prisión, según ha podido saber La Vanguardia.
15h05 - Un 34,7% de los catalanes llamados a las urnas este jueves ha votado hasta las 13 horas, lo que supone 0,4 puntos menos que en el primer avance de participación de las elecciones catalanas del 27 de septiembre de 2015, cuando a la misma hora había votado el 35,1% del censo.
18h10 - La participación se dispara y supera la de 2015 hasta el 67,96%. Supone un 6,3% más respecto al 63,12% registrado en 2015 a las 18:00 horas.
(El fusilamiento de Lluis Companys en los fosos del castillo de Montjuic)
Nestes dias de forte tensão na Catalunha, após a declaração uniliteral da independência e a suspensão da autonomia da região pelo Senado espanhol, convém não esquecer que apesar de no século XIX ter sido severamente afectada pelas guerras napoleónicas e carlistas, a Catalunha representou desde essa altura a força industrial da Espanha, sendo a primeira a introduzir a industrialização através do vapor, com o têxtil a representar a força da indústria. O capital estrangeiro investiu na Catalunha e isso introduziu a siderurgia, além de outros novos elementos característicos da Revolução Industrial. Os primeiros bancos conseguiram grande impulso durante a chamada Febre do Ouro até à quebra dos mercados de 1866.
Durante a curta vida da Primeira República Espanhola (1873-1874) duas propostas de Estado foram debatidas em Madrid: A primeira delas via a Espanha como uma única nação, a segunda, apoiada pela Catalunha, pretendia um Estado federado. Após o golpe de estado monárquico de 1874 nasceu o movimento chamado em catalão "Renaixença", o início das reivindicações do catalanismo político. Com a proclamação da II República Espanhola, em 1931, reconheceu-se novamente a autonomia da Catalunha, tendo-se chegado a proclamar unilateralmente a República Catalã, mas esta proclamação não foi bem aceite pelo governo de Espanha, embora fosse uma proclamação federalista. Com a derrota dos Republicanos na Guerra Civil (1936-1939), a Catalunha perdeu novamente a sua autonomia, todas as instituições de autogoverno catalãs foram banidas, e sofreu uma importante e pesada repressão cultural e linguística (com a abolição e proibição do uso do catalão), por parte do Estado Nacionalista Espanhol, totalitário e de inspiração fascista. Em 15 de Outubro de 1940 o presidente catalão, Lluís Companys, foi fuzilado pelo regime fascista espanhol. Com a morte do ditador Francisco Franco (1975) e o fim da ditadura, a Catalunha foi a primeira comunidade a recuperar outra vez a sua autonomia, restaurando a Generalitat (exilada desde o fim da Guerra Civil em 1939) e adoptando um novo Estatuto de Autonomia em 1979.
Com uma história destas quem duvida que mais-dia-menos-dia a agora auto-proclamada República Catalana será uma realidade?
14h00 de hoje
Milhares de pessoas manifestam-se em Barcelona contra a independência da Catalunha - Como sempre nestas coisas os números são díspares e feitos à vontade de cada um: polícia municipal diz serem cerca de 300 mil e a organização garante que são mais de um milhão. Mas não há dúvida que a Catalunha está completamente dividida e a marcação de eleições na comunidade autónoma para Dezembro só vai contribuir para o extremar das posições. Puigdemont e Rajoy arranjaram uma bonita encrenca… que não sabemos como irá acabar.
Agora é que vai ser... Será que o governo de Madrid já terá mandado ligar os motores dos tanques para invadir a República da Catalunha?
15h30 de hoje
Senado espanhol aprova entrada em vigor do artigo 155 da Constituição espanhola que permite ao governo de Madrid assumir o controlo dos poderes autonómicos da Catalunha.
19h30 de hoje
Em conferência de imprensa o primeiro-ministro Mariano Rajoy, informou que o Governo Espanhol destituiu Carles Puigdemond, dissolveu o Parlamento da Generalitat e marcou eleições na Catalunha para 21 de Dezembro.
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«Jose Bandeira» - Este processo é perfeitamente imbecil. Uma autêntica roleta russa!
«Manuel Carvalho» - Por formação inclino-me para o direito dos povos à sua autodeterminação, mas pela razão receio o que venha a acontecer com o povo catalão. Não conheço pessoalmente nenhum catalão para lhe fazer três perguntas simples. A primeira é se o uso do catalão é proibido e se foi retirado do sistema de ensino, a segunda é se as expressões artísticas catalãs são perseguidas e proibidas; sobretudo as danças e o folclore e a terceira qual o grau de autonomia que têm em relação às instituições. A resposta a essas perguntas ajudar-me-ia a ter uma noção mais exacta sobre a necessidade, ou não, do que reclamam agora. Um facto que acho curioso é que todos os movimentos independentistas iniciais partem das regiões mais ricas em detrimento da solidariedade com as regiões mais pobres. Aliás, como os próprios países europeus olham para os países do sul dessa mesma Europa. A Catalunha, embora com um notável poder económico, não terá um futuro promissor se, como parece que será, a comunidade económica não a reconhecer. Actualmente, um país ganha e perde a independência mais por políticas económicas do que pela força, e nós bem que sabemos onde e com quem está a nossa independência. Jose Bandeira, aquando do reinado dos Filipes, Portugal não perdeu totalmente a sua independência, sempre foi visto como um outro país. Se assim não fosse, teríamos perdido todo o império mesmo depois da Restauração e apenas perdemos Ceuta. A Catalunha ajudou ao dividir as forças militares em duas frentes, mas a frente portuguesa não mereceu sequer o empenho para manter o país na alçada espanhola. Ajudou mais porque os nobres que sobreviveram Alcácer-Quibir e foram destacados para combater na Catalunha, aperceberam-se que era o momento certo para lutar pela restauração.
«Jose Bandeira» - Todo o processo decorreu de forma ridícula. Se os separatistas Catalães estivessem a fazer um trabalho sério teriam que assegurar apoio internacional à sua causa. Declarar a independência equivale a criar um novo país e não se pode esquecer a política externa. O Governo Regional Catalão agiu "à espanhola", ou seja, com aquele egocentrismo característico dos espanhóis para quem o mundo termina nas suas fronteiras. Isto é inadmissível!
«David Ribeiro» - Foi não ter assegurado apoio internacional um dos graves erros de Puigdemond, no meu entender.
No passado domingo tivemos o primeiro indício que a independência da Catalunha irá ser mais tarde ou mais cedo uma realidade, apesar de não se avistar ainda quando e como acontecerá este cortar de amarras ao reino de Espanha. Mas a violência que os agentes da Guarda Civil e da Polícia Nacional Espanhola exerceram sobre o povo da Catalunha que pretendia exercer o direito a votar no referendo sobre a independência deste território, colocaram o Governo de Mariano Rajoy numa situação insustentável e repudiada por todo o Mundo civilizado, incluindo a Comissão Europeia. A greve-geral de hoje é mais uma posição de força que Madrid não pode ignorar.
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