Pergunta com resposta difícil
Halyna, uma mulher de 28 anos da cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia, sobreviveu a três semanas de bombardeamentos russos com seu marido, dois filhos pequenos e um cachorro. E conta-nos que os seus filhos (uma menina de oito e um menino de seis anos) só lhe perguntavam se dói morrer.
Prisioneiros de guerra
Segundo diz um assessor presidencial ucraniano 600 prisioneiros estão mantidos em cativeiro em Kherson, região ocupada pela Rússia, em “condições desumanas” e vítimas de tortura.
Corpos de mortos em combate
Familiares de elementos do Batalhão Azov disseram hoje que 210 corpos de combatentes ucranianos mortos a defenderem a siderurgia Azovstal das forças russas na cidade de Mariupol, já foram entregues em Kiev.
Ao 105.º dia é assim que estamos
As forças ucranianas vão "provavelmente" ter de retirar-se de Severodonetsk, cidade no leste na Ucrânia "bombardeada 24 sobre 24 horas" pelas forças russas, disse o governador regional de Lugansk a uma televisão de Kiev. "Provavelmente vai ser precisa uma retirada", declarou o governador Serguei Gaidai ao canal de televisão 1+1 numa altura em que a cidade está parcialmente sob o controlo da Rússia. Neste momento a situação militar é dinâmica e não é possível a confirmação independente de todas as informações que chegam da região.
Segundo relatos da mídia do Kremlin os combatentes que resistiram na siderúrgica Azovstal de Mariupol e depois se renderam, foram transferidos para a Rússia, quando a Ucrânia tinha dito que iriam ser devolvidos numa troca de prisioneiros.
António Guterres, Secretário-Geral da ONU, disse hoje que o impacto da guerra na Ucrânia sobre alimentos, energia e finanças é “sistémico, severo e acelerado”.
As tropas ucranianas foram empurradas para trás na parte oriental da cidade de Severodonetsk pelo constante bombardeamento das forças russas e agora controlam apenas seus arredores, de acordo com uma autoridade regional. A Rússia concentrou suas tropas e poder de fogo na pequena cidade do leste nas últimas semanas para proteger a província vizinha em nome de representantes separatistas. A Ucrânia prometeu lutar o maior tempo possível, dizendo que a batalha pode ajudar a moldar o curso futuro da guerra.
Portugal contabilizou, na última semana, 99.866 casos e 142 mortes de covid-19. Os dados, relativos ao período entre 3 de maio e 9 de maio, refletem um aumento de 23.746 infeções e de 15 óbitos, face ao número reportado no último balanço (entre 26 de abril e 2 de maio).
Na Ucrânia as tropas de Putin continuam no 82.º dia da invasão com os combates a intensificarem-se no leste do país, na zona do Donbas. O exército russo está a tentar avançar em direção a Sloviansk e Kramatorsk, numa tentativa de isolar as tropas ucranianas e cortar o seu contacto com o resto do país. Do outro lado da barricada as forças ucranianas destruíram parte de uma coluna militar russa em Donbas, quando as tropas da Rússia tentavam atravessar um rio.
As autoridades ucranianas não confirmaram, até agora, qualquer acordo, mas a Agência de Notícias Russa TASS noticiou na tarde de hoje um comunicado do Ministério da Defesa da Rússia: “Um regime de silêncio [das armas] está em vigor atualmente [na fábrica de aço Azovstal, em Mariupol] e um corredor humanitário aberto, pelo qual os soldados ucranianos feridos estão a ser transportados para os estabelecimentos médicos de Novoazovsk”, em território controlado pelas forças russas e pró-russas. Já ao fim do dia a Reuters avançou que foram transportados do complexo siderúrgico de Azovstal, para um centro médico na cidade de Novoazovsk, cerca de 300 soldados feridos.
A Rússia, com uma população de 144 milhões, invadiu um país de 44 milhões de habitantes e até hoje as suas “vitórias” não são significativas, mas também não deverão ser desprezadas. Dizia-se nos primeiros dias da entrada das tropas de Putin pelo norte ucraniano que seriam dois ou três dias para chegarem a Kiev, depor o governo de Volodymyr Zelensky e colocar um qualquer governo fantoche na capital da Ucrânia. As coisas não foram assim e ainda hoje não há um motivo minimamente credível para o facto de quilómetros de veículos militares russos terem estado parados durante semanas a fio numa estrada de acesso a Kiev. Depois foram-se embora, não sem deixarem “crimes de guerra” nas redondezas da capital. Já no leste e sul da Ucrânia as coisas foram diferentes e a situação não é atualmente risonha para o governo de Kiev. Daí eu pensar que é tempo de se negociar… pois quando o nosso adversário é tão poderoso como é a Rússia há que lhe “proporcionar” uma “saída airosa” num “acordo de paz”. Infelizmente as autoproclamadas repúblicas do Donbas estarão condenadas a saírem do controle de Kiev e é impensável que a península da Crimeia volte ao que era antes de 2014. (E depois de lerem o que aqui acabei de escrever não vale a pena virem chamar-me “russófilo”. Não sou, nunca fui e seguramente nunca virei a ser um saudoso da União Soviética, muito menos “admirador de Putin”. Mas sou um eterno defensor do diálogo e da diplomacia, tendo como único objetivo a PAZ)
Quem é o oligarca ucraniano dono da Azovstal (e de meio país)
(Bruno Faria Lopes, na Sábado - 5mai2022)
O homem mais rico da Ucrânia, que promete usar a sua fortuna para reconstruir Mariupol, tem origem humilde e uma ascensão tão meteórica quanto suspeita. Há seis meses estava em guerra aberta com Zelensky - a invasão russa parece tê-los unido temporariamente.
Parte da onda de apoio que levou o comediante Volodomyr Zelensky à presidência da Ucrânia em 2019 assentava numa promessa: fazer frente aos oligarcas do país. Nenhum é maior do que Rinat Akhmetov – a sua fortuna, citada pela Forbes em mais 7 mil milhões de dólares, supera o total dos três bilionários seguintes no ranking. Mas, se há apenas seis meses Zelensky e Akhmetov travavam uma batalha feroz por influência, a invasão russa parece ter congelado as diferenças. Akhmetov tem elogiado o Zelensky, criticado o regime de Moscovo do qual era próximo – e promete ajudar a reconstruir Mariupol, onde se trava a batalha pelo último reduto ucraniano no complexo da Azovstal, pertença do oligarca.
Rinat Akhmetov, 55 anos, é dono de um conglomerado enorme (System Capital Management) para a escala e o desenvolvimento da Ucrânia. Os negócios vão dos metais às minas, da energia à banca, do imobiliário às telecomunicações, do futebol (é dono do Shakhtar Donetsk) aos media (tem mais do que uma estação de TV). Ao todo emprega mais de 200 mil pessoas, quase 2% do que era a população empregada antes da guerra. A fortuna gerada anos após ano por este império dá margem para Akhmetov fazer o que os oligarcas tipicamente fazem: gastos sumptuosos que saltam para os media internacionais.
Em 2011, por exemplo, Akhmetov comprou por 136,4 milhões de libras um apartamento em Londres, que os media britânicos descreveram como uma "fortaleza" com janelas à prova de bala e segurança feita por ex-fuzileiros. Já em 2020 juntou ao seu portfolio imobiliário uma mansão de finais do século XVIII situada na Riviera francesa – com um dos mais importantes jardins botânicos do mundo, segundo citação do antigo proprietário Financial Times – por 200 milhões de euros. O clube de futebol Shakhtar Donetsk – que venceu a Liga Europa e foi treinado por portugueses – é outra das extravagâncias de Akhmetov.
De origens humildes – o pai era mineiro, a mãe trabalhava numa loja – Akhmetov trabalhou nos anos 80 para um milionário com ligações ao crime, Akhat Bragin. Ao longo do percurso de Akhmetov são várias as referências ao seu envolvimento em actividade criminosas nos anos 80 e 90, de lavagem de dinheiro a fraude. O bilionário, que sempre negou esse envolvimento, foi investigado mais do que uma vez, mas nunca foi julgado pela justiça do seu país, um dos mais corruptos da Europa. A origem da vasta fortuna é difícil de precisar. O seu patrão Bragin morreu em 1995, com uma bomba no seu carro dentro do estádio do Shakhtar Donetsk, de que era presidente. Em 2000 fundou a System Capital Management Group e, por entre investigações judiciais que iam caindo, o músculo da empresa foi crescendo.
Com a assunção da fortuna veio o perfil mais público do bilionário e a participação na política. Rinat Akhemtov não foi só um grande financiador do Partido das Regiões, o partido pró-russo que dominou a vida política do país entre 2006 e 2014 – foi Akhmetov que fez a ponte entre o norte-americano Paul Manafort e o político Viktor Yanukovich. Manafort, um consultor político e lobista que dirigiu a campanha de Donald Trump em 2016, prestou serviços ao partido ucraniano, que caiu na revolução de 2014.
A guerra entre separatistas russos e forças ucranianas no leste da Ucrânia (Donbas) em 2014 e a invasão russa este ano destruíram uma parte substancial dos negócios e da fortuna estimada de Akhmetov (que terá caído para menos de metade), que foi montando organizações de apoio humanitário na região leste. Em novembro do ano passado, Zelensky – que reteve pagamentos a uma das empresas do bilionário e preparava legislação para o afastar dos media – acusou Akhmetov de estar envolvido numa conspiração com apoio russo para o afastar do poder, coisa que o oligarca negou com veemência. Meses depois o cenário mudou radicalmente para os dois homens e o país a que pertencem: ambos exigem publicamente a retirada russa e a recuperação do território da Ucrânia.
Esta manhã autoridades no território separatista moldavo da Transnístria denunciaram novos ataques... naquilo que eu considero o "novo" polo de conflito no Leste Europeu.
"...novos ataques de 'drones' de origem desconhecida."
"...foram lançados dois engenhos explosivos a partir de um 'drone'..."
"...ninguém morreu ou ficou ferido..."
"...foi o segundo ataque na cidade de Voronkovo..."
"...situação na Transnítria começou a ficar tensa no final de abril..."
"Kiev alegou que era uma operação de 'bandeira falsa' da Rússia para culpar a Ucrânia..."
"...a Rússia descreveu os incidentes como uma tentativa de arrastar estes territórios para o conflito armado na Ucrânia."
Jose Antonio M Macedo - Como um paiol na Transnístria (o maior da Europa) está a "pôr os russos nervosos". Tem mais de 20 mil toneladas de material guerra, de calibre soviético, que poderá resolver os problemas das forças ucranianas. A situação na região pode inclusive criar um novo palco de conflito na Europa de Leste, segundo o major-general Agostinho Costa.
Efeito colateral do conflito Rússia-Ucrânia
Edgar Morim (filósofo e ensaísta francês) no DN de hoje
Vivemos uma paz guerreira, os nossos corpos instalados na paz, os nossos espíritos entre bombas e escombros. Atacamos um inimigo com palavras e ele ataca-nos com ameaças, mas nós dormimos numa cama e não num abrigo. E, no entanto, participamos na verdadeira guerra sem nela termos entrado, mas fornecendo-lhe armas e munições. (…) A estratégia do exército russo é implacável. Ela é filha da estratégia de Jukov, durante a Segunda Guerra Mundial, dando o protagonismo a formidáveis bombardeamentos de artilharia, não só contra o exército inimigo, mas também contra as cidades a tomar acabando com o esmagamento total pela artilharia pesada da capital do Reich, Berlim. Como todos os exércitos vitoriosos, mas mais terrivelmente no avanço soviético na Alemanha, assassinatos e violações multiplicaram-se. Nós soubemo-lo na altura, mas evitámos denunciá-los, explicando-os como uma vingança pelo imenso sofrimento e mortes infligidos pela Alemanha nazi às populações soviéticas. No que respeita à Ucrânia, povo se não irmão pelo menos primo próximo do povo russo, podemo-nos perguntar se assassinatos e violações se devem à desordem de certas tropas, à fúria da derrota ou a uma vontade de aterrorizar. (…) O que parece provável agora, salvo um golpe de estado no Kremlin ou um golpe militar fatal ou ainda um golpe de teatro diplomático (cessar-fogo, compromisso de paz), é que a guerra está para durar e intensificar-se com o contributo cada vez mais abundante das armas ocidentais e as retaliações cada vez maiores da Rússia. (…) Estamos na escalada da desumanidade e no colapso da humanidade, na escalada do simplismo e no colapso da complexidade. Mas, sobretudo, na escalada em direção à guerra mundializada e no colapso da humanidade para o abismo. Conseguiremos escapar a esta lógica infernal? (…) Por muito repugnantes que sejam as superpotências a diversos títulos, o apaziguamento dos seus conflitos é uma condição sine qua non para evitar os desastres generalizados. Assim, devemos aspirar a um compromisso. A humanidade não ficaria a salvo; ganharia uma prorrogação e, talvez, uma esperança.
As notícias desta manhã dizem-nos que as tropas de Putin continuam a atacar a fábrica de Azovstal, em Mariupol, com tanques e artilharia. E alguém (não é importante quem) dizia na 5.ª feira [5mai2022], num canal de tv nacional, que “os militares não são feitos para se renderem, mas a função do sacrifício e de mobilização de um dos lados já surtiu efeito”, pelo que até seria desejável que estivesse já a ser negociada a saída dos militares, alegadamente do batalhão Azov, “sem este estrondo todo”. Também na tarde de hoje [7mai2022] seis mísseis atingiram a cidade portuária de Odesa, segundo informação da porta-voz do comando militar do sul da Ucrânia à emissora pública do país. Natalia Humeniuk disse que quatro mísseis atingiram uma fábrica de móveis numa área residencial, enquanto os outros dois atingiram uma pista de aviação já anteriormente danificada.
16h26 (GMT) 7mai2022
A vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, acaba de anunciar que todas as mulheres, crianças e idosos foram retirados do complexo siderúrgico de Azovstal.
David Ribeiro - A Rússia também confirmou que a evacuação de Azovstal foi concluída, mas há que ter algum cuidado com estas informações, visto que os esforços para retirar civis de Azovstal, em Mariupol, estão a ser coordenados pela ONU e pela Cruz Vermelha e até ao momento ainda nenhuma destas organizações confirmou o que foi noticiado. O presidente ucraniano admitiu, este sábado, que a Ucrânia está a preparar a retirada de todos os militares da fábrica Azovstal, último foco de resistência armada à invasão russa na cidade. Na última mensagem publicada nas redes sociais, Zelensky confirmou que todos os civis foram retirados da Azovstal e que, a seguir, seguem-se os militares feridos e médicos.
As Nações Unidas confirmaram na tarde de ontem estar em andamento uma operação para evacuar pessoas da siderúrgica Azovstal em Mariupol - "Operação de Passagem Segura". O porta-voz humanitário da ONU, Saviano Abreu, informou que o esforço de evacuação estava a ser feito em colaboração com o Comité Internacional da Cruz Vermelha e em coordenação com autoridades ucranianas e russas, três dias após a visita do secretário-geral António Guterres a Moscovo e Kiev precisamente com esse objetivo. Kiev e Moscovo asseguraram ter resgatado cerca de 200 civis (100 pessoas a caminho de Zaporizhzhia, área controlada pelos ucranianos; o Ministério da Defesa da Rússia diz ter retirado 80 civis do complexo siderúrgico, tendo sido reencaminhados para território controlado pelos separatistas pró-russos). Acredita-se que até 1.000 civis estejam encurralados juntamente com cerca de 2.000 combatentes ucranianos. Já no sábado as agências oficiais russas de notícias Tass e Ria Novosti, citadas pela congénere espanhola, Efe, tinham anunciado que vinte cinco civis abandonaram a zona de Azovstal, na cidade portuária de Mariupol. Entre os que conseguiram abandonar a fábrica metalúrgica estão 19 adultos e seis crianças com menos de 14 anos, afirmaram nas notícias, que não deram mais detalhes.
Rodrigues Pereira - Pelos vistos, a ida do Guterres está a dar frutos. Por muito lenta que seja a operação, já começou ...
Paulo Pereira - Vitória do nosso Guterres
A retirada dos residentes de Mariupol e da fábrica Azovstal, onde centenas de civis permanecem cercados e encurralados, iniciada no sábado, vai continuar esta segunda-feira, disseram as autoridades locais na plataforma Telegram. De acordo com o município, foram acordados dois locais adicionais para retirar pessoas de Mariupol, sob os auspícios da ONU e da Cruz Vermelha. "Há boas notícias. Com o apoio das Nações Unidas e da Cruz Vermelha, foram hoje acordados dois locais adicionais para colocar pessoas num comboio que saia de Mariupol. Estes são a aldeia de Mangush, na região de Donetsk, e Lunacharsky, perto de Berdiansk, a leste de Mariupol", indicaram as autoridades. "Se tiver familiares ou conhecidos no local, tente contactá-los e fornecer-lhes informações sobre uma possível retirada", alertaram.
Um assessor do prefeito de Mariupol disse que os autocarros que transportam civis deixaram a cidade enquanto os esforços de evacuação continuam. Não ficou imediatamente claro quantas pessoas foram evacuadas nestes autocarros. Centenas de pessoas permaneceram presas na siderúrgica Azovstal, o último reduto de resistência ao cerco de Moscovo à cidade de Mariupol. Um primeiro grupo de evacuados do local deverá chegar a Zaporizhzhia, uma cidade ucraniana a noroeste de Mariupol, na manhã desta segunda-feira. Há indicação que as forças russas voltaram a bombardear a siderurgia no domingo assim que os autocarros deixaram a fábrica, disse o assessor do prefeito.
Esforços para retirar mais civis da cidade portuária ucraniana devastada de Mariupol sofreram atrasos nesta segunda-feira e centenas de pessoas permaneceram presas nas instalações da siderurgia Azovstal, o último reduto de resistência ao cerco russo. Não ficou claro o que estava a causar este atraso.
A evolução das tropas no terreno já é significativa, comparando o dia 6 de março com o dia de hoje, 2 de maio de 2022. Mas há uma grande diferença entre "quem manda" no Norte e no Sudeste da Ucrânia e as forças do presidente russo, Vladimir Putin, estão agora no controle quase todas das cidades do Mar de Azov. O Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas diz que vários batalhões russos foram reposicionados de Mariupol para a cidade de Popasna, na região oriental de Luhansk. Popasna tem sido um dos epicentros dos combates no leste, já que os militares russos tentaram romper as defesas ucranianas como parte de sua ofensiva reorientada no Donbas. O Estado-Maior ucraniano também disse que as forças russas estavam tentando pressionar seus ataques de Izyum a Slovyansk e Barvinkove.
Serhiy Volyna, comandante dos fuzileiros navais ucranianos que lutam contra as forças russas em Mariupol, disse ontem [4.ª feira, 20abr2022] que as suas forças “podem estar a enfrentar os nossos últimos dias, se não horas”, já que a Rússia emitiu um novo ultimato aos combatentes que se encontram na fábrica siderúrgica da cidade sitiada. "O inimigo está nos superando em número de 10 para um", disse Serhiy Volyna, da 36.ª Brigada de Fuzileiros Navais, ao pedir a extração do último reduto em Mariupol num post no Facebook nesta quarta-feira. Acredita-se que centenas de civis estejam abrigados nos túneis subterrâneos da fábrica sitiada Azovstal. De acordo com informações russas, cerca de 2.500 combatentes ucranianos e 400 mercenários estrangeiros estão escondidos na siderúrgica, enquanto relatórios ucranianos dizem que aproximadamente 1.000 civis procuraram proteção lá. Não é possível verificar as informações fornecidas por ambos os lados, dada a escala dos combates e a falta de comunicações em Mariupol, cujo porto foi cercado por tropas russas em 1 de março, logo após o início da invasão russa em 24 de fevereiro. Considera-se que a cidade e o porto foram praticamente destruídos em semanas de bombardeamentos russos. Foi na última semana de março que a Rússia mudou o seu foco militar para o leste da Ucrânia, depois das suas forças se retiraram de Kiev e das suas áreas adjacentes, encerrando o que Moscovo chamou “a primeira fase” da guerra.
A agência Reuters, citando testemunhas, afirmou que dezenas de pessoas estavam ontem à tarde a embarcar numa pequena caravana de autocarros na cidade de Mariupol, que viajaria para território controlado pela Ucrânia. O governador ucraniano da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, lamentou que tenham sido retiradas menos pessoas que o previsto na quarta-feira em Mariupol devido à falta de autocarros. Kyrylenko esperava a presença de 90 autocarros na cidade, que conseguiriam retirar 6 mil pessoas de Mariupol. "É claro que as pessoas se reuniram nos pontos de encontro acordados, mas poucas entraram nos autocarros", disse, citado pela Reuters.
Nesta manhã [5.ª feira, 21abr2022] foi noticiado ter o ministro da Defesa russo informado Putin que a Rússia tomou Mariupol, segundo é avançado pela Reuters, que cita a agência russa Interfax. Segundo a Reuters, o ministro da Defesa russo, Shoigu, informou o Kremlin de que ainda há resistentes ucranianos na fábrica Azovstal, cerca de 2.000, e que 1.478 já se renderam, mas que as instalações estão bloqueadas de forma segura. A Rússia diz ainda que retirou mais de 142 mil civis de Mariupol e que há condições para o regresso dos civis, pois a situação está "calma". Em resposta, Putin ordenou que fossem cancelados os planos de ataque que existiam e felicitou o ministro da Defesa pela operação bem sucedida. Ainda em reação à tomada de Mariupol pelos russos, o presidente Vladimir Putin diz que os combatentes ucranianos que ainda estão na fábrica Azovstal serão poupados e tratados com respeito. Dizendo que a operação em Mariupol foi "um sucesso", o presidente russo ordenou ainda que as instalações da Azovstal sejam bloqueadas para que "nem uma mosca" passe despercebida.
Iryna Vereshchuk, vice-primeira-ministra ucraniana, exigiu que a Rússia permita a abertura imediata de um corredor humanitário para retirar civis e feridos refugiados no complexo industrial de Azovstal. "São agora cerca de mil civis e 500 soldados feridos. Precisam de ser removidos de Azovstal hoje", escreveu no Telegram. "Apelo aos líderes mundiais e à comunidade internacional para que foquem agora os seus esforços em Azovstal. Agora este é o ponto-chave e o momento-chave do esforço humanitário."
Mais uma da série "Rússia invade Ucrânia"
Da série "Mariupol... a cidade que já não existe"
Na tarde de hoje... na Assembleia da República Portuguesa
No discurso, o presidente ucraniano lembrou que a luta do seu povo não é apenas pela independência mas também "pela sobrevivência" e comparou as revoluções ucranianas, de 2004 e 2014 à Revolução dos Cravos. "O vosso povo, que daqui a nada vai celebrar o aniversário da Revolução dos Cravos, que também vos libertou da ditadura, vocês sabem perfeitamente o que nós estamos a sentir", afirmou. Além disso, fez referência a duas das cidades mais fustigadas, Mariupol e Bucha, comparando-as, em termos de dimensão, a Lisboa e ao Porto. No final, pediu ajuda a Portugal em termos de armamento, sanções contra a Rússia e ajuda humanitária. Zelensky alertou ainda que, depois da Ucrânia, a Rússia vai tentar invadir Moldava, Georgia e os Países Bálticos. De seguida, Augusto Santos Silva transmitiu a unidade nacional no apoio à Ucrânia e defendeu que o "país agredido" tem o direito de se defender. "Defendendo-se a si própria, a Ucrânia defende-nos a todos". O presidente da Assembleia da República disse ainda que Portugal não se ficou pelas palavras de condenação e de solidariedade, tendo enviado tropas para reforçar a NATO na Roménia, abriu portas aos refugiados ucranianos e apoiou várias sanções contra a Rússia. Santos Silva demonstrou ainda apoio à candidatura da Ucrânia à União Europeia e elogiou o exército e o povo ucraniano. "Saudamos e admiramos o esforço heroico do exército e da sociedade ucraniana na defesa da sua pátria, incluindo no Donbass", disse.
Al Jazeera - Addressing Portuguese parliament, Ukraine president accuses Russia of atrocities, says Kyiv needs arms to defend itself. (...) he accused the Russian army of committing many atrocities in Ukraine, including in the port city of Mariupol, and asked Portugal to support a global embargo on Russian oil.
Para memória futura - O PCP considerou esta quinta-feira que a referência que o Presidente da Ucrânia fez ao 25 de Abril durante a sua intervenção, por videoconferência, na Assembleia da República, “é um insulto” à Revolução dos Cravos. “A revolução de Abril foi feita para pôr fim ao fascismo e à guerra. É um insulto esta declaração [de Volodimir Zelenskii] que faz referência ao 25 de Abril. O 25 de Abril em Portugal foi para libertar e contribuiu para a libertação dos antifascistas. Na Ucrânia estão a ser presos”, argumentou a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, nos Passos Perdidos do parlamento.
E ao 55.º dia estamos assim
# Ao fim do dia de ontem o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou numa mensagem divulgada na rede social Telegram: “Agora podemos dizer que as tropas russas começaram a batalha pelo Donbass, para a qual se estão a preparar há muito tempo. Uma parte muito grande de todo o Exército russo está agora dedicado a esta ofensiva".
# As forças ucranianas continuavam a resistir em Mariupol ao início desta madrugada e pareciam estar confinadas à siderurgia Azovstal - trata-se de uma área de grandes dimensões e de difícil controlo. Mesmo assim, dada a incapacidade dos ucranianos em reforçarem ou reabastecerem as suas tropas, não se espera que resistam por muito mais tempo.
# As tropas russas capturaram já a cidade de Kreminna, mais a sul do Donbas, enquanto as autoridades ucranianas pediam aos residentes no Donetsk e Luhansk para evacuarem as cidades. “Neste momento, o controlo sobre a cidade de Kreminna perdeu-se", disse na conta de Telegram o governador da região do Luhansk, Sergiy Gaiday.
# As forças ucranianas atacaram um vilarejo perto da fronteira da Rússia com a Ucrânia, ferindo um morador, disse o líder da administração regional da província russa de Belgorod, de acordo com a agência de notícias Reuters.
# O Ministério da Defesa da Rússia diz que as suas forças realizaram dezenas de ataques aéreos no leste da Ucrânia e também ataques com mísseis e artilharia que atingiram 1.200 alvos em todo o país durante a noite.
Imagens de drone mostram o estado da fábrica de aço Azovstal depois dos ataques russos. É possível ver uma enorme nuvem de fumo preto que sobrevoa os céus de toda aquela área. Esta fábrica é a única infraestrutura de Mariupol que ainda está sob controlo das tropas ucranianas.
"Tendo em conta a situação catastrófica que se desenvolveu na fábrica metalúrgica Azovstal, para além de serem guiadas por princípios puramente humanos, as Forças Armadas russas voltam a oferecer aos militares dos batalhões nacionalistas e aos mercenários estrangeiros para cessarem as hostilidades e deporem as suas armas a partir das 12:00", anunciou o Ministério da Defesa russo, citado pela agência espanhola EFE.
Ao fim do dia de hoje a Rússia anunciou um cessar-fogo na fábrica de aço e ferro de Mariupol, avança a agência estatal russa RIA, remetendo para uma decisão do Ministério da Defesa. O cessar-fogo deve acontecer na quarta-feira, a partir das 14h (meio-dia em Lisboa). De acordo com Moscovo, o objetivo é dar aos combatentes oportunidade para se renderem e abandonarem o complexo industrial ilesos. Estima-se que cerca de mil civis estejam refugiados na fábrica de Azovstal.
Partiu hoje para a Roménia uma primeira força nacional destacada para fortalecer a segurança do flanco leste do espaço NATO. Esta força é constituída por 221 militares - vinte são de equipas de operações especiais, os restantes pertencem à companhia de atiradores que nas últimas semanas viu reforçado o treino em defesa antiaérea. Esta viagem estava prevista apenas para o final do ano, mas a situação de agravamento do conflito na Ucrânia obrigou à antecipação. Parte do material de guerra a utilizar durante a missão zarpou esta semana do Porto de Leixões, com recurso a transportadoras privadas, visto o Governo não ter recursos próprios suficientes para assegurar toda a operação.
Agência Lusa – 9h25 de 15abr2022
Militares portugueses já partiram para missão da NATO. No final da cerimónia, que decorreu no aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que a força militar portuguesa que hoje partiu para a Roménia vai prevenir e defender a paz no leste da Europa e adiantou que o primeiro-ministro, António Costa, a visitará dentro de um mês. Além do Presidente da República, a cerimónia contou com a presença da ministra da Defesa, Helena Carreiras, do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, almirante António Silva Ribeiro, e dos chefes do Estado-Maior do Exército, Armada e Força Aérea. Num breve discurso, Marcelo Rebelo de Sousa, Comandante Supremo das Forças Armadas, salientou a importância desta missão da NATO que esta força militar destacada vai cumprir na Roménia no contexto da guerra na Ucrânia. “É uma missão já prevista e agora consolidada, projetada e reforçada num país amigo, aliado – a Roménia - no quadro de uma aliança defensiva e não ofensiva. Uma aliança que não ataca, que está preparada para prevenir, preservar e defender a paz. É essa também a vossa missão”, sustentou o Presidente da República.
Na madrugada de ontem [14abr2022] o cruzador Moskva, navio-almirante russo da frota do Mar Negro, terá sido severamente atingido por mísseis ucranianos. A Rússia confirmou que o navio está "gravemente danificado", mas fala unicamente num incêndio a bordo, cujas causas ainda estão a ser determinadas e que a tripulação foi completamente evacuada “como resultado da detonação de munição causada pelo fogo”.
O Ministério da Defesa russo diz que “a fonte do incêndio no 'Moskva' está localizada; não há chamas visíveis; as explosões de munições pararam". Do outro lado da barricada o chefe da administração militar regional de Odessa, Maksym Marchenko, tinha dito ontem à noite que “forças ucranianas atingiram o navio de guerra russo com mísseis 'Neptuno', causando danos graves (…) uma poderosa explosão de munições derrubou o cruzador e este começou a afundar-se". Cada um com a sua verdade… eu vou esperar mais uns dias para ver o que aconteceu realmente no Mar Negro.
Ao fim do dia de ontem [14abr2022] foi notícia na Sky News que o navio de guerra Moskva afundou enquanto era rebocado no meio de uma tempestade, segundo a agência de notícias TASS que cita o Ministério da Defesa russo. Alegadamente... mas parece que desta vez é mesmo verdade que o navio-almirante da frota russa no Mar Negro foi ao fundo.
O governo ucraniano continua a negar as acusações de Moscovo que dizem ter a Ucrânia enviado dois helicópteros pela fronteira para bombardear uma cidade na região de Briansk, no sul da Rússia, ferindo sete pessoas, incluindo uma criança. Em resposta as tropas de Putin garantem ter atingido uma fábrica “militar” nos arredores de Kiev na quinta-feira [14abr2022], usando mísseis Kalibr de longo alcance baseados no mar.
Como diz o jornalista António Capinha no seu artigo de opinião de hoje no DN - As batalhas do Donbass – é nesta região ucraniana que se irá determinar a configuração geopolítica futura daquela zona do mundo.
É assim que estamos em Mariupol
Os EUA + Reino Unido + Polónia querem a GUERRA… A esmagadora maioria dos países da União Europeia são pela PAZ… e enquanto isto não se resolve quem se lixa é o Povo Ucraniano.
Como muito bem dizia Azeredo Lopes num recente artigo de opinião… “O erro da análise é consequência de uma hiperbolização, que vive obcecada com uma referência simples ao bem, e uma referência simples ao mal. Vladimir Putin é o mal absoluto, Zelenskii um herói. E pronto, para além disto é provocação. (…) É uma cruzada, que só parará quando estivermos outra vez dentro das muralhas de Jerusalém e virmos ao longe a Sodoma e Gomorra moscovita. A arder. Menos do que isso é pouco.”
Isto tudo sem renegarmos a grande "filha-da-putice" que está a ser a invasão da Ucrânia pelas tropas de Putin.
Chico Gouveia - Este artigo do Azeredo Lopes é uma das maiores imbecilidades que li ultimamente. Mas, dele, há muito que não espero muito mais.
Jorge Saraiva - O quê?! Francamente.
Paulo Barros Vale - Querem a guerra ? O que é isso ? O Azeredo não vale um charuto ! Nunca valeu !
Joaquim Pinto da Silva - A estratégia dos "compagnons de route" de Putin, mais ou menos disfarçados, é a de tentar dividir o campo das democracias ocidentais. As "divergências" que aparecem são apenas formais e não demonstram nenhuma cedência na questão essencial: obter a paz pela retirada das tropas russas, pela condenação da Rússia e pela liberdade para a Ucrânia. Liberdade total, longe das exigências de "neutralidade" que lhe querem impor.
Paulo Barros Vale - Joaquim Pinto da Silva... absolutamente !!!!!
Carlos Miguel Sousa - É o que penso também. Mas pelo meio a Rússia expôs enormes fraquezas militares e isso pode não ser bom a curto prazo...
Segundo disse Paolo Gentiloni, comissário europeu da Economia, está-se a trabalhar em novas sanções à Rússia, mas quaisquer medidas adicionais não deverão afetar o setor da energia. E também afirmou que os 27 Estados-membros vão seguramente enfrentar uma desaceleração do crescimento causada pela guerra na Ucrânia, mas não uma recessão, dizendo que a previsão de crescimento de 4% era muito otimista e que a UE não a alcançará.
"Pesadas batalhas" estarão para breve na Ucrânia, em particular nas regiões do Sul e de Leste, bem como na cidade de Mariupol, disse este sábado Oleksiy Arestovych, conselheiro presidencial de Volodymyr Zelensky.
Chico Gouveia - ainda não entendi (se calhar sou eu e mais uns milhões) o que é que Putin, realmente e definitivamente, quer. Isto em termos de geoestratégia política e, consequentemente, militar. Mas mesmo admitindo que o que pretende é, somente, uma ligação aos Mares de Azov e Negro, não entendo como é que, neste séc. XXI, não se obtém isto pacificamente, por negociação, como zona de circulação franca, sem necessidade de anexar e poupando os custos de sustentabilidade daquela área. Sob este aspecto, pelo menos há que aprender uma coisa com os chineses (que já o perceberam há muito): pode ser-se dono do que se quiser sem se disparar um tiro. Por estas e por outras me convenço que, nesta guerra, há muito de pessoal. Putin é um primário: não consegue distinguir a política dos ódios pessoais. Primário perigoso, traiçoeiro e implacável. Mas a Europa, e especialmente a Srª Merkel, deviam ter percebido isto há muito.
David Ribeiro - Sim, Chico Gouveia, é por tudo isso que dizes mas também será por aquilo que muitas vezes nos esquecemos ou queremos acreditar não existir: Putin não quer a NATO nas suas fronteiras.
Chico Gouveia - David Ribeiro... talvez. Mas se o Zerensky já lhe assegurou a neutralidade, com revisão Constitucional na Ucrânia, então? Bastava que Putin colocasse na mesa as garantias como, por exemplo: a fiscalização da neutralidade a cargo da China, Índia, etc., os seus aliados. Para mim, há uma questão pessoal insanável contra Zerensky. São as pequenas histórias pessoais que fazem as complicações da História. E pode haver outro problema: mais tarde ou mais cedo, a democratização da Rússia, que não deve demorar depois da queda de Putin, vai trazer a Rússia para o seio da União Europeia. A corrente política europeísta política é muito forte na Rússia. É essa que Putin combate prendendo e depois eliminando, os seus opositores políticos. Mas, como todos os ditadores, Putin não quer sair da História sem uma tremenda mancha de sangue.
David Ribeiro - Chico Gouveia ... Também sou da opinião que é "por dentro" que os russos vão acabar com Putin e seus lacaios. Daí eu ser favorável a mais e mais duras sanções... malgrado ser o povo que vai sofrer com tudo isto.
Carlos Miguel Sousa - Putin está longe de ser um primário. É um tipo frio, calculista e muito inteligente. O Objectivo é ficar com toda a costa do mar negro, para dessa forma ter sempre a Ucrânia, na mão.
Fumo negro eleva-se no ar após ataques por mísseis navais e terrestres de alta precisão no porto estratégico de Odessa, na manhã deste domingo [3abr2022]. Confirma-se aquilo que se esperava: As tropas de Putin estão a tentar consolidar o seu poderio militar no sudoeste da Ucrânia, para controle efetivo do Mar Negro. As últimas notícias relatam que ataques de mísseis destruíram a refinaria de petróleo Kremenchug na região de Odesa. Dmytro Lunin, governador da região de Poltava, na Ucrânia, disse na televisão que “o fogo na refinaria foi extinto, mas a instalação foi completamente destruída e não pode mais funcionar”.
Contextualizando...
Odessa é uma cidade costeira ucraniana situada nas margens do Mar Negro, a noroeste da Península da Crimeia. É a quarta maior cidade do país, contando com pouco mais de um milhão de habitantes (dados de 2021). A cidade tem dois grandes portos, um na cidade propriamente dita e outro nos subúrbios - o Yuzhny (terminal petrolífero importante em termos internacionais). Nos tempos da União Soviética, Odessa era o porto comercial mais importante do país e igualmente base naval. Seu porto, porém, tem pouco valor militar, pois é a Turquia (membro da NATO) que controla o tráfego entre o Mar Negro e o Mar Mediterrâneo.
Mariupol é uma cidade da Ucrânia localizada no leste do país, na província (Oblast) de Donetsk. Chegou a ter mais de 500 mil habitantes em 2007, mas em 2013 o número era já de menos de 460 mil pessoas. É um importante porto do Mar de Azov, o segundo maior do país atrás apenas de Odessa. Na Segunda Guerra Mundial a cidade esteve ocupada pelos alemães entre 1941 e 1943 e ficou praticamente destruída, sendo depois reconstruída no típico estilo soviético. No começo da Guerra Civil no Leste da Ucrânia, em março de 2014, tanto o governo central em Kiev quanto os separatistas da República Popular de Donetsk tentaram exercer controle sobre a região, mas com apoio militar russo, os separatistas assumiram o comando de Mariupol e colocaram a cidade como o centro administrativo do Oblast de Donetsk. O governo ucraniano, contudo, começou uma grande ofensiva terrestre e em meados de junho de 2014 Mariupol já estava novamente sob controle das tropas da Ucrânia. Desde então, os rebeldes separatistas tentaram várias vezes retomar a cidade, submetendo-a a bombardeamentos esporádicos de artilharia. Em fevereiro de 2022, a cidade foi cercada por tropas da Rússia no contexto da invasão russa da Ucrânia.
Reflexões de um fim de tarde
O governo ucraniano, que acusa Putin de genocídio, está a documentar crimes de guerra cometidos pelo Kremlin.
O Presidente do Comité de Investigação da Federação Russa, Alexander Bastrykin, ordenou à sua principal unidade de investigação analisar as "informações disseminadas pelo Ministério da Defesa da Ucrânia sobre o assassinato de cidadãos em Bucha, na região de Kiev", avança a agência Tass, citando um comunicado da organização. O Comité apelidou este episódio de "provocação" e acusou a Ucrânia de "disseminar falsidades".
Antonio Guterres, "profundamente chocado" com as imagens de civis mortos na cidade ucraniana de Bucha, pede uma investigação independente. Sim!... porque a verdade, nua e crua, é que os corpos de civis mortos estão nas ruas de Bucha.
De ontem para hoje o panorama de tropas no terreno alterou-se substancialmente na região nordeste de Kiev.
Escrevi eu por aqui: “Os EUA + Reino Unido + Polónia querem a GUERRA… A esmagadora maioria dos países da União Europeia são pela PAZ… e enquanto isto não se resolve quem se lixa é o Povo Ucraniano”. E logo fui acusado de defender a “estratégia dos ‘compagnons de route’ de Putin”. Mas parece que eu tinha razão, pois o presidente polaco Andrzej Duda, após o horror da descoberta de corpos em áreas anteriormente ocupadas por tropas russas, logo veio pedir novamente aos aliados ocidentais que forneçam mais armas à Ucrânia. Escreveu Duda no Twitter: “Na verdade, os Defensores da Ucrânia precisam de três coisas acima de tudo: armas, armas e mais armas”. Como se “mais armas” fossem a solução para se atingir a PAZ na martirizada Ucrânia.
Pingus Vinicus - Então o que se faz?
Joaquim Pinto da Silva - Pois, mais armas é que se deve pedir enquanto a Rússia não abandonar a Ucrânia Ou então faz-se o quê? E isto é tudo menos ser contra a paz. Esta só pode ser conquistada pela retirada/derrota russa, ou há outro meio? E ainda: não é ser contra as conversações, pelo contrário, estas devem prosseguir, mas enquanto houver russos armados na Ucrânia o dever da Europa, sobretudo, é apoiar (com armas também) a Ucrânia. A contradição é daqueles que querem "desarmar" a Ucrânia já, acreditando que a paz virá por si.
David Ribeiro - Teremos que cada vez mais implementar sanções económicas que levem Putin a repensar a forma de estar no Mundo. Mas sanções sérias e dolorosas, começando pela recusa em comprar-lhe gás e petróleo. Ainda hoje o ministro da Defesa da Alemanha disse que a UE deve discutir rapidamente a proibição da importação de gás russo. É certo que o povo russo irá sofrer (e os europeus também)... mas pode ser que a coisa "rebente por dentro".
Da Mota Veiga Suzette - Para dizer a verdade, já não sei o que será a melhor opção? Deve-se conseguir convencer os russos que para eles a guerra não compensa. Mas, Putin nunca vai resignar! Na mentalidade do Putin, nunca recuar ir para frente até uma vitoria a vista. Assim, tudo se torna incerto!
Paulo Teixeira - Entendo-te bem David Ribeiro. Mas de facto esta história raia o impossível. Podemos crer no que vemos? Só vemos porque é no nosso quintal? Não foi já assim feito por nós na Sérvia? Qual o sentido e objectivo do senhor Putin? Confesso que já nem sei o que te diga e as vezes isto parece uma casa de loucos.
Paulo Barros Vale - Sem armas é impossível resistir. Se queres a paz prepara te para a Guerra. Se tivéssemos feito isso mais cedo talvez se tivesse evitado a guerra.
Jorge Saraiva - Ah, então não foi distração. Lamento saber.
O Expresso está a noticiar...
"A Lituânia anunciou esta segunda-feira que decidiu expulsar o embaixador russo no país, criticando os 'crimes de guerra hediondos' que foram cometidos nas últimas semanas em território ucraniano. É o primeiro país da UE a tomar esta decisão. A decisão foi anunciada por Gabrielius Landsbergis, ministro dos negócios estrangeiros lituano, que disse ainda que o embaixador da Lituânia na Ucrânia vai voltar para Kiev nos próximos dias. 'Todos os crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos pelas forças armadas russas na Ucrânia não serão esquecidos', disse o governante. Este fim-de-semana, a Lituânia já se tinha tornado o primeiro estado-membro da UE a parar completamente com a compra de gás à Rússia".
Estas medidas são importantíssimas... isolar o Governo de Moscovo é uma forma de combater Putin.
By Mansur Mirovalev / Al Jazeera – 30mar2022
Abramovich é um dos mais excêntricos oligarcas pós-soviéticos que dificilmente parece apto para ser um negociador de paz no conflito Rússia – Ucrânia. O multimilionário de 55 anos com barba por fazer, mas cuidadosamente cuidada, enriqueceu durante a transição da Rússia para o capitalismo na década de 1990 e exerceu um enorme poder por trás do trono do Kremlin de Boris Yeltsin, o primeiro presidente pós-soviético da Rússia que escolheu a dedo Vladimir Putin como seu primeiro-ministro e sucessor em 2000. Durante os primeiros mandatos de Putin, Abramovich governou Chukotka, uma região siberiana coberta de permafrost [tipo de solo encontrado na região do Ártico, constituído por terra, rochas e gelo permanentemente] cuja população de menos de 50.000 habitantes poderia caber facilmente num dos estádios onde o seu Chelsea joga. (…) Na terça-feira [29mar2022], Abramovich foi visto em Istambul a participar de negociações de paz entre Moscovo e Kiev, mais de um mês depois da Rússia ter invadido a Ucrânia, onde se encontrou com o presidente Recep Tayyip Erdogan. (…) Sobre o seu papel como corretor financeiro, Gennady Gudkov, um líder da oposição russa exilado que cumpriu três mandatos na Duma, a câmara baixa do parlamento russo, disse à Al Jazeera: “Ele tem um talento fantástico para ver o futuro, ele tem a capacidade de prever”. A Ucrânia também tem uma visão positiva de Abramovich. O Wall Street Journal informou em 23 de março que Zelensky pediu especificamente ao presidente dos EUA, Joe Biden, para não adicionar Abramovich à lista de oligarcas russos sancionados porque ele “pode ser importante como intermediário com a Rússia para ajudar a negociar a paz”. (…) A resposta pode estar na decisão que ele tomou nos finais dos anos 2000, quando terminou o seu mandato como governador de Chukotka. Abramovich optou por se dissociar do Kremlin e de um punhado de bilionários que permaneceram na Rússia e se envolveram nos projetos económicos de Putin para transformar a economia por meio de um controle governamental mais rígido.
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Da série "Rússia invade Ucrânia"
Expliquem-me por favor - que bem explicado eu percebo tudo – como é que num clima de verdadeira guerra é possível passar tanto gás pela Ucrânia e todo ele com origem no país invasor e com destino aos apoiantes do invadido.
Carlos Miguel Sousa - Como diria alguém em tempos em bom inglês, e obviamente sem ofensa para o autor do post; «É a €economia, estúpido !!»
Jorge De Freitas Monteiro - E com os invadidos a receberem as rendas dos transporte…
Jorge Veiga - ...e nem uma bombinha acertou neles!
João Greno Brògueira - Quando a água bate na rocha quem se lixa é o mexilhão.
Francisco Bismarck - Da mesma maneira que os americanos durante a IIWW vendiam motores GM e coca-cola sob o nome de fanta à Alemanha....
Da Mota Veiga Suzette - Quando é para ganhar, o dinheiro fala mais alto!
A empresa pública de energia nuclear ucraniana, Energoatom, revelou ontem [31mar2022] que as forças militares russas estão a abandonar as instalações de Chernobyl, depois de terem assumido o controle da central em 24 de fevereiro. Apesar de ainda haver alguns militares no local, a maioria está a dirigir-se para a fronteira bielorrussa.
Adao Fernando Batista Bastos - Pois, parece que estão a sentir sintomas de radioactividade...
David Ribeiro - É oficial: já não há tropas russas na central nuclear desativada de Chernobyl. A confirmação foi dada ao final de quinta-feira pela agência estatal da Ucrânia responsável pela Zona de Exclusão de Chernobyl. A Energoatom publicou uma atualização revelando que todos os russos abandonaram o local, e que o controlo da central voltou a estar nas mãos dos responsáveis e técnicos ucranianos. De acordo com o pessoal da central nuclear, não há atualmente no local pessoas de fora da equipa de Chernobyl. As forças de ocupação russas também abandonaram a cidade satélite de Slavutych.
Na Rússia estão suspensas nos próximos seis meses as transferências para o exterior de contas bancárias de não residentes, pessoas físicas ou jurídicas de países que impuseram sanções contra a Rússia por causa da invasão da Ucrânia. No entanto o banco central da Rússia vai “suavizar” para os residentes estas restrições às transferências de fundos: “Dentro de um mês, os indivíduos têm o direito de transferir não mais que 10.000 dólares americanos ou o equivalente em outra moeda da Federação Russa de sua conta num banco russo para sua conta ou para outra pessoa no exterior”, disse o banco em comunicado.
Danos colaterais da guerra Rússia–Ucrânia
O que vai começar a ter efeitos na carteira dos portugueses já a partir do início deste mês de abril: comprar pão, acender a luz, ligar o esquentador ou mesmo um aquecedor encareceu.
O preço do trigo nos mercados internacionais aumentou porque a Ucrânia é um dos maiores exportadores. Em conjunto, a Ucrânia e a Rússia representam cerca de 30% do mercado global de cereais. O cereal que Portugal mais importa da Ucrânia é o milho. Apesar de também ser utilizado na nossa alimentação, a maioria do milho importado é utilizado para alimentar animais. Por isso, um aumento do custo deste cereal pode significar um aumento do preço final da carne, do leite ou dos ovos.
O custo do gás também aumentou porque a Rússia é o maior exportador de gás natural do mundo. E alguns comercializadores de energia já anunciaram que os preços da eletricidade e do gás vão ficar mais caros a partir deste mês de abril.
37.º dia da invasão russa da Ucrânia
O mayor de Kiev diz que batalhas “enormes” estão a ser travadas a norte e leste da capital da Ucrânia e alerta as pessoas que não devem retornar à cidade por enquanto.
No sudeste do país forças russas bloqueiam o esforço ucraniano para entregar ajuda à cidade portuária sitiada de Mariupol, disse uma autoridade local.
Funcionários da defesa dos EUA são da opinião que a reorientação da Rússia no que se refere aos seus esforços militares na região leste de Donbass pode anunciar um “conflito mais longo e prolongado”, já que as forças ucranianas oferecem resistência feroz.
Por onde eu ando...
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