Com a devida vénia ao autor, aqui fica para memória futura um texto de José Carlos Ferraz Alves publicado n'O Ouriço.
No mesmo dia, no mesmo jornal – Público 29 de Janeiro de 2013 –, duas notícias que podem tudo ter a ver uma, com a outra: “Reabilitação do Bolhão só terá verbas do QREN, se houver sobras” e “Se o Estado não tem dinheiro para a cultura, é preciso inventar saídas”. Na indisponibilidade de verbas do QREN, tudo indica que a Câmara do Porto irá seguir o seu “plano de lavagem da cara ao Bolhão”, com os 735 mil euros inscritos no Orçamento Camarário. A habitual política nortenha do “caldo verde”. Mas não há mesmo outras opções?
Num dos artigos acima referidos, das conclusões dos encontros internacionais de gestão cultural realizados a semana passada em Madrid, por não ser possível depender apenas do Estado para a criação artísticas: “… não há dinheiro mas existem ideias, fulcrais para que se inventem novas formas de financiamento, é possível continuar a criar, é possível ganhar dinheiro com a cultura, só é preciso descobrir como. Às vezes das formas mais inesperadas. Não existem fórmulas, há que arriscar” e um apelo à colaboração entre o Estado e o sector privado.
Esperar que o Estado seja a solução para os problemas começa a ser uma questão do passado, sendo a crise uma oportunidade de transição de um modelo obsoleto de financiamento para um modelo de colaboração. Johm Holden, professor de Política Cultural na City University of London, destaca a importância da revolução tecnológica, que deve ser vista como uma oportunidade: “… cada vez surgem meios alternativos para angariar fundos, como as plataformas de crowdfounding…, dado que as pessoas dão valor à cultura, como se pode ver pelos grandes museus, que estão sempre cheios, e os espectáculos e concertos tantas vezes esgotados”.
Regressando à nossa telenovela da reabilitação do Mercado do Bolhão, na falha da resposta pública, porque não a sua entrega directa aos cidadãos do Porto, em vez desta intermediação que não tem sabido dar respostas aos problemas? Os 20 milhões de euros poderiam ser objecto de uma oferta pública de subscrição de acções destinadas aos privados, aos cidadãos do Porto: 100 mil habitantes, investindo 20 euros cada, ou uma qualquer outra combinação, seriam suficientes. Isto mesmo, o mal amado capitalismo também pode dar boas respostas, como modelo popular de intervenção no financiamento de projectos, neste caso a reabilitação do imóvel.
Proponho a criação de uma sociedade municipal que integre o edifício do Mercado do Bolhão, que seria objecto de avaliação, e que depois proceda à entrada de novos pequenos accionistas, minoritários. Os resultados das rendas do espaço, definidas a partir de um valor fixo e de uma percentagem das vendas, tal como nos modelos de gestão dos centros comerciais, seriam afectos à remuneração dos capitais investidos, pela Câmara e pelos cidadãos. Uma parte substancial, afecta a programas de promoção e de animação turística da cidade, dado que a importância e a rentabilização de uma cidade passa pela sua promoção. E para isso é necessário que se aposte mais numa estratégia de marketing cultural e turístico.
“Não se pode esperar que nos resolvam os problemas, nós fazemos parte da solução”. É preciso renovar e inovar, os modelos antigos não são mais rentáveis nem fazem sentido.
«José Carlos Ferraz Alves» in Facebook >> Obrigado pela constante atenção, amigo David.
Por onde eu ando...
Nova Crítca - vinho & gastronomia
PINN (Portuguese Independent News Network)
Meus amigos...
A Baixa do Porto (Tiago Azevedo Fernandes)
Antes Que Me Passe a Vontade (Nanda Costa)
Caderno de Exercícios (Celina Rodrigues)
Cerâmica é talento (Pataxó Lima)
Clozinha/and/so/on (Maria Morais)
Do Corvo para o Mundo!!! (Fernando Pimentel)
Douro de ouro, meu... (Jorge Carvalho)
Douro e Trás-os-Montes (António Barroso)
Escrita Fotográfica (António Campos Leal)
Let s Do Porto (José Carlos Ferraz Alves)
Life of a Mother Artist (Angela Ferreira)
Marafações de uma Louletana (Lígia Laginha)
Matéria em Espaço de Escrita com Sentido (Mário de Sousa)
Meditação na Pastelaria (Ana Cristina Leonardo)
Memórias... (Boaventura Eira-Velha)
Mente Despenteada (Carla Teixeira)
Nortadas (Francisco Sousa Fialho, João Anacoreta Correia e outros)
O Portugal Futuro (Tiago Barbosa Ribeiro)
O Porto em Conversa (Vitor Silva)
Os meus apontamentos (Vitor Silva)
Renovar o Porto (Rui Farinas e Rui Valente)
Reportagens de Crítica, Investigação e Opinião (Tron)
Que é que se come por aqui (Ricardo Moreira)
Servir o Porto (Pedro Baptista)
Um Rapaz Mal Desenhado (Renato Seara)
Vai de Rastos (Luís Alexandre)
(IN)TRANSMISSÍVEL (Vicente Ferreira da Silva)
Adoradores de Baco...
Site de Prova de Vinhos (Raul Sousa Carvalho)