"Devido à velocidade da luz ser superior à do som, algumas pessoas parecem inteligentes até as ouvirmos."

Domingo, 18 de Junho de 2023
Morreu Manuel do Laço

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Requiescat in Pace

 


"27 de Agosto de 1947. Nasci e tornei-me sócio do Boavista quase imediatamente. A minha mãe era boavisteira e foi o natural. Eu, miúdo, andava sempre de fugida para o Bessa. Com quatro anos já andava de laço — por intermédio de um salgueirista — e ajudava em tudo no clube: a levar equipamentos para os jogadores, a marcar o campo. Tudo. A minha querida mãe rezava de todas as vezes que eu saía. Todos os dias lhe peço perdão, porque ela sabia quando eu saía de casa, mas nunca sabia quando é que eu ia chegar. Com os meus sete anos, com uma agulha, desviava as meias da minha mãe e algodão de uma fábrica que havia no Campo Alegre. Fazia bolas com aquilo. E o que é que 'botava' fora? 'Boavista Futebol Clube.' Não há português que tenha trabalhado tanto para um clube como eu para o Boavista. De coração. E foi por ser muito correcto e ter amizade pelo próximo que fiquei muito doente quando fizeram o que fizeram ao Boavista. Aquilo foi só política. Quando fiz a minha greve de fome em frente à Liga disse para as televisões: 'Estou a lembrar-me dos trabalhadores que o Boavista vai despedir. E dos filhos deles.' Foi um milagre o Boavista não acabar. Lutei muito por este clube que vai fazer 110 anos. Antes de o Boavista descer nós corríamos o país todo. Todo. E sentia que o povo estava connosco. Sou católico, mas respeito todas as pessoas e todas as religiões. Ando aí pelas ruas e faço questão de ajudar as pessoas. Seja para subir para o autocarro ou o que for. Uma vez, o Pedroto disse-me: 'Dá-me um abraço, tu és o homem da paz.' Faço questão de ser assim. Sou preto e branco. Por dentro e por fora, dos pés à cabeça. Tenho 39 laços e 27 pares de sapatos. Mas respeito os outros independentemente de tudo isso, de todas as cores. Todo o desporto foi feito para ganhar, empatar e perder. Havíamos de entrar para os estádios a rir e sairmos abraçados. Quando isso acontecer não haverá relações cortadas entre clubes, não haverá presidentes a dizer mal uns dos outros e haverá mais crianças no futebol. Ando a dizer isto há anos. É claro que me custa ver o meu clube perder. Mas aceito. Só quando é injusto é que é mais complicado. Quando emigrei, deixei aqui muita gente a chorar. Eu namorava uma mulher de cá, mas era um bocado malandro e não queria casar. Ela emigrou para os Estados Unidos. E a minha querida mãe é que me convenceu que devia ir atrás dela. Ninguém acreditava que eu ia casar. Tinha 36 anos já e não tinha muita vontade de me comprometer. Passavam-se coisas espantosas na minha vida nessa altura... Não tinha coragem de me despedir da empresa onde trabalhava — uma coisa com 1200 pessoas onde cheguei a ter responsabilidades, mas onde nunca tratei ninguém com menos do que 'o senhor isto', 'a senhora aquilo', 'por favor' e 'obrigado'. Então, para escapar a essa despedida na empresa, fi-la num jogo do Boavista. A rua aqui ao pé de casa encheu-se de gente e o aeroporto ficou à pinha. Queriam despedir-se. Quando cheguei à América, comecei a trabalhar numa fábrica de calçado e depois mudei para uma companhia de pintura. Se há cem anos, na América, país onde nasceu o meu filho, na França, na Rússia e por esse mundo todo, no lugar de vender armas se vendesse máquinas e sacholas, hoje não havia tanta luta nem tanta fome no mundo. Eu por fora sou muito alegre, mas por dentro sou muito triste. O que me custa é ver este país e esta cidade que tenho no coração com pessoas que passam tão mal. Que têm fome. Que não têm luz e água em casa. O mínimo dos mínimos todos devíamos ter. No Bessa, há uns tempos, fazia-se a benção das pastas dos estudantes. Num ano, o bispo estava lá e eu fui dar-lhe um abraço. Disse-lhe assim: 'Senhor Bispo, o estádio está cheio, lá fora também. Está a ver aquela bancada toda cheia de juventude? Onde é que se vão empregar estas pessoas?' E ele diz-me: 'Oh Manuel, que grandes palavras...' Gostava que todos os políticos deste país fossem ver esta canalha que está nas escolas a aprender a ler e lhes dissessem que vão fazer alguma coisa por eles. A minha tristeza é ver estudantes desta minha cidade formarem-se aqui e depois saírem. Eu sou pai e ver um filho partir é uma dor que ninguém devia ter de sentir. A cidade do Porto, essa, tenho-a no coração. Como tenho Portugal. E tudo o que vejo que é feito com vontade de melhorar eu aplaudo." (Porto 24fev2015 © Manuel Roberto e Mariana Correia Pinto)

 

  Segunda-feira 19jun2023
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Apresentado pelo presidente da Câmara do Porto, o voto de pesar informal foi aprovado por unanimidade.

 

  Quarta-feira 21jun2023
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O último adeus a Manuel do Laço.



Publicado por Tovi às 18:27
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Segunda-feira, 20 de Março de 2023
Morreu Rui Nabeiro

Requiescat in Pace

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O empresário Rui Nabeiro, fundador do Grupo Nabeiro - Delta Cafés, morreu ontem aos 91 anos, vítima de doença, no Hospital da Luz, em Lisboa.

Jose Bandeira
Um exemplo ímpar do empresariado-alavanca de um crescimento económico socialmente sustentado.
Albertino AmaralDescanse em Paz.......

 

 
Primeiro-ministro António Costa no Twitter - O legado do Comendador Rui Nabeiro ultrapassa largamente o papel de empresário exemplar, dentro e fora do país. O seu percurso foi inspirador, pela força, energia e sempre o sonho de fazer acontecer.
Página Ofical da Presidência da República -
O Presidente da República lamenta a morte do empresário Rui Nabeiro e apresenta à família as mais sentidas condolências. Ainda ontem [18mar2023], ao fim da tarde, o Presidente da República teve a oportunidade de o visitar no hospital. Rui Nabeiro foi um precursor, construiu uma marca global, como há poucas no nosso país, mantendo sempre a sede e o coração da sua atividade em Campo Maior, terra onde nasceu e onde deixa um generoso legado. Num tempo económica e socialmente desafiante, o exemplo de Rui Nabeiro, na sua preocupação social e participação cívica, com a comunidade e com o país, devem ser um exemplo e uma inspiração para todos quantos podem devolver à sociedade um pouco daquilo que esta lhes deu.



Publicado por Tovi às 07:25
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Domingo, 27 de Novembro de 2022
Boavista 1 - 0 Vilafranquense

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Um golo de Yusupha permitiu ao Boavista somar a segunda vitória na Taça da Liga (Fase de Grupos - Grupo F) batendo no Bessa o Vilafranquense, por um a zero. 

 

  O futebol nacional está de luto. Morreu ontem Fernando Gomes
Requiescat in Pace
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Publicado por Tovi às 23:42
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Segunda-feira, 24 de Outubro de 2022
Morreu ontem Adriano Moreira

Requiescat in Pace
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Adriano Moreira morreu ontem de manhã, aos 100 anos, um português ilustre que deixa marca. Antigo ministro do Ultramar do Estado Novo, ex-presidente do CDS, advogado e professor universitário, Adriano Moreira nasceu a 6 de setembro de 1922 em Macedo de Cavaleiros, mudou-se para Lisboa na infância e formou-se durante o período da Segunda Guerra Mundial. Advogado de formação, foi um dos primeiros académicos portugueses a refletir sobre o fenómeno da integração europeia e sobre e a realidade do colonialismo português no século XX, quando integrou a primeira delegação portuguesa nas Nações Unidas, nos anos 50.

 

  Observador / Agência Lusa - 23out2022
Luís Montenegro, líder do PSD, realça, no Twitter, legado “riquíssimo de pensamento sobre valores e princípios sociais”, falando de Adriano Moreira como um grande senhor da academia e da política portuguesa.
Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, fala “em grande figura da democracia portuguesa, que o soube reconhecer e integrar”.
O Minsitro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, publicou uma mensagem na sua conta de Twitter, onde destacou a “disponibilidade e abertura de espírito” de Adriano Moreia “para pensar sobre o lugar de Portugal no mundo”.
Rui Rio prestou no Twitter a sua homenagem a Adriano Moreira, “cuja integridade, conhecimento e valia intelectual” sempre o impressionaram.
Assunção Cristas, ex-presidente do CDS, recorda Adriano Moreira como tendo sido uma pessoa “com uma vida muito plena, onde onde fez sempre questão de sinalizar a importância da sua fé, da família, dos seis filhos e muitos netos, e como isso o tornou um homem muito feliz nesta vida longa que só nos pode inspirar e consolar”.
A porta-voz do PAN lembrou Adriano Moreira nas suas mais variadas facetes, destacando que o professor e advogado foi “reconhecido pelos diferentes quadrantes políticos”.
André Ventura, líder do Chega, diz, no Twitter, que “a morte do professor Adriano Moreira deixa-nos a todos mais pobres”.
Reagindo à morte de Adriano Moreira no Palácio de Belém, o Presidente da República descreveu o político e advogado como fazendo parte da História e estando ao mesmo tempo “acima da História”.
“O professor Adriano Moreira marcou cada lugar por onde passou. Pelos governos, pelo parlamento, pela universidade”, disse Nuno Melo à Rádio Observador. “É uma figura maior do século XX português, também do início do século XXI”, afirmou o atual presidente do CDS.
Joaquim Miranda Sarmento, líder parlamentar do PSD, fala, no Twitter, de Adriano Moreira como “um grande português, um grande académico e um grande político”.
Adriano Moreira “é, talvez, das pessoas que mais e melhor pensou, obviamente no seu quadrante político à direita, o país”, afirmou Telmo Correia em declarações à Rádio Observador.
Rodrigo Saraiva, líder parlamentar da Iniciativa Liberal, diz, no Twitter, que Adriano Moreira é “um exemplo de serenidade na política, quando incompreendido e quando consensual”.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, prestou no Twitter a sua “sentida homenagem” a Adriano Moreira, que descreveu como um “exemplo excecional de quem até aos 100 anos de vida nos brigou sempre a pensar e pelo estímulo que até ao fim nos deu para nos sabermos encontrar como nação e como povo”.
O presidente do PS, Carlos César, classificou Adriano Moreira como “uma referência da vida política portuguesa” com o qual aprendeu sempre, mesmo quando não concordava.
O antigo líder do CDS-PP Francisco Rodrigues dos Santos enalteceu hoje o legado de Adriano Moreira, que “foi génio e luz”, “marcou a academia” e foi “um patriota com um percurso político em encontro permanente com o serviço ao país”.
Cavaco Silva, ex-presidente da República, diz curvar-se perante a memória de Adriano Moreira. Numa mensagem de reação à morte do ex-líder do CDS, enviada ao Observador, Cavaco Silva apresenta também as condolências à família.
A ministra da Defesa Nacional manifestou este domingo, em Santarém, “pesar” pela morte de Adriano Moreira, destacando o seu “legado gigante, enquanto pensador, intelectual, académico e, sobretudo, alguém que contribuiu para a aproximação entre os mundos civil e militar”.
O PS destaca a vertente intelectual e académica de Adriano Moreira, na sua nota de pesar enviada às redações.
A Marinha portuguesa despediu-se de Adriano Moreira com um “até sempre”, enviando “sentidas condolências à família e amigos” daquele que foi “sobretudo um pensador de Portugal”.
A Câmara de Macedo de Cavaleiros, concelho onde Adriano Moreira nasceu a 6 de setembro de 1922, na aldeia de Grijó, transmitiu hoje o seu “enorme pesar e consternação” pela morte do “ilustre macedense”.
A Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro (CTMAD) expressou o seu pesar pela morte de Adriano Moreira.
O cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, fez hoje uma “homenagem agradecida” a Adriano Moreira, sublinhando a sua integridade e o facto de se ter mantido sempre fiel ao seu pensamento.
“É um dia triste para a democracia portuguesa, para a academia portuguesa e eu diria para Portugal, porque estamos a falar de um patriota que pôs sempre Portugal à frente de qualquer cálculo político ou interesse pessoal”, afirmou Paulo Rangel à Rádio Observador.
“Os democratas cristãos tiveram nele o mais ilustre dos Presidentes. Os seus alunos lembram o grande Professor. Os seus leitores recordam o magnifico autor”, afirmou Paulo Portas sobre a morte de Adriano Moreira, em comunicado.
A deputada da bancada do PS e filha de Adriano Moreira deixou uma mensagem dirigida ao seu pai nas redes sociais. “Querido pai, meu amor, amor da minha vida”. É assim que começa a publicação que escreveu e onde recorda uma carta que dirigiu ao pai há dez anos, descrevendo o dia de hoje como “o que mais temeu na vida”.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior enalteceu hoje a “longa e profícua” dedicação de Adriano Moreira à vida académica e instituições universitárias.
O antigo líder do CDS-PP, José Ribeiro e Castro, recordou hoje Adriano Moreira como um “visionário universal”, “democrata cristão” e sublinhou que o seu “legado mais extraordinário” foi uma vida de 100 anos.

 

  Joana Amaral Dias no Facebook - 24out2022
Os mortos merecem respeito e a verdade também. Que Adriano Moreira descanse em paz sim, enquanto por aqui lutamos pela história. O ministro de Salazar foi um fascista, colonialista, propagandista do luso tropicalismo. Mandou reabrir o campo de concentração Tarrafal em Cabo Verde e o campo de São Nicolau em Angola, no qual se prendiam os militantes dos movimentos de libertação das ex-colónias.
A seguir ao 25 de Abril, pirou-se se de Portugal.
A relativização à pala do estatuto do indigenato é tonta. Essa revogação já tinha longo lastro não ONU e até acabou por permitir prolongar o colonialismo - desde a exploração do trabalho ao confisco. Aliás, enquanto este “ministro do ultramar” reforçava o estado novo, noutras bandas já se atingia a independência de muitos países ocupados por potências europeias. Adriano Moreira não se converteu à democracia. Negou-a, atrasou-se, fugiu dela, disfarçou e, nas últimas décadas, calou.
Jamais mostrou qualquer arrependimento pelos seus actos, tão pouco pediu perdão às vítimas. Preferiu o silêncio sujo e chegou mesmo a vangloriar-se do que fez. Limitou -se a adaptar-se ao regime democrático para melhor sobrevier. E lá isso conseguiu. Basta ver as hagiografias que já estão na forja para o confirmar. Hoje há um outro funeral a acontecer - o do pensamento crítico e livre. Algum dia voltará dos mortos?

 

  O Executivo municipal [do Porto] cumpriu, na reunião pública desta segunda-feira, um minuto de silêncio em homenagem a Adriano Moreira, falecido no domingo aos 100 anos.
Captura de ecrã 2022-10-24 172718.jpgO momento surgiu na sequência da aprovação do voto de pesar apresentado pelo movimento Rui Moreira: Aqui Há Porto e lido pela vereadora Catarina Araújo: Adriano Moreira foi uma “figura ímpar e incontornável da nossa história, mestre inspirador de várias gerações”, evocava o texto.
“Homem com invulgar inteligência e competência, com cultura e com mundo, a que sempre associou a dedicação e disponibilidade para pensar e servir o País, com probidade, dedicação generosa e altruísta”, acrescentava o voto de pesar, recordando Adriano Moreira como “referência e inspiração para muitos, no direito, na política e na vida”. “Foi sempre fiel aos princípios e valores em que acreditava e defendeu até ao fim, sendo notável a forma como sempre esteve aberto a todas as mudanças, do País e do mundo, acompanhando-as”, sublinhava.
A carreira política de Adriano Moreira estendeu-se por vários anos. “Ministro do Ultramar de 1961 a 1963, depois de deixar o governo regressa ao ensino. Deputado à Assembleia da República em 1980, foi presidente do CDS entre 1986 e 1988, cargo que voltou a exercer de forma interina em 1991-1992 e vice-presidente da Assembleia da República de 1991 a 1995, tendo sido Conselheiro de Estado, eleito pelo Parlamento, entre 2015 e 2019”, lembrou ainda Catarina Araújo, assinalando que “recentemente, em 5 de junho de 2022”, Adriano Moreira foi condecorado pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem de Camões de Portugal.
O voto foi aprovado com a abstenção da CDU e BE. “Tive oportunidade de conhecer Adriano Moreira na Assembleia da República, como deputado. Ele também teve um outro percurso, que naturalmente não deve ser esquecido. Não quero deixar de apresentar as sentidas condolências à família e amigos”, disse Ilda Figueiredo. “Tendo em conta a quantidade de pessoas que foram presas durante a ditadura, não conseguimos acompanhar este voto de pesar, da forma como está redigido”, afirmou Maria Manuel Rola.
Numa declaração de voto, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira fez questão de dar nota às duas vereadoras que “desde 2013 votámos sempre favoravelmente todos os votos de pesar que aqui foram apresentados. Algumas delas que defenderam modelos ditatoriais que não vingaram. Doravante sentir-me-ei livre para votar não favoravelmente todos os votos de pesar que sejam apresentados por estes partidos, que a meu ver são partidos não democráticos.”

 

  David RibeiroAdriano Moreira teve a coragem de reconhecer os erros que cometeu como ministro de Salazar e isso, no meu entender, deu-lhe o direito de viver de cabeça erguida em tempos de democracia e coabitar com ela.



Publicado por Tovi às 08:00
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Quinta-feira, 8 de Setembro de 2022
Morreu a Rainha Elizabeth II

Requiescat in Pace 

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Sou republicano - filho, neto e bisneto de republicanos - mas presto aqui a minha homenagem àquela que nascida Elizabeth Alexandra Mary soube de forma exemplar ser a Rainha do Reino Unido desde 6 de fevereiro de 1952 (coroação em 2 de junho de 1953) até ao dia de hoje, 8 de setembro de 2022, dia da sua morte. 

 

  Da esquerda para a direita: Elisabeth Alexandra Mary em 1929 com três anos, em 1933 com sete anos e em abril de 1945 com uniforme do Serviço Territorial Auxiliar. 
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  Terá sido por isto que viveu até aos 96 anos sempre com este bonito sorriso?
naom_631ae97c2db93.jpg(...) o The Independent foi ainda mais longe. Falou  com um antigo 'chef' da Casa Real britânica e descobriu o habitual menu de Sua Majestade. O dia da rainha começava sempre com uma chávena de chá Earl Grey, sem leite nem açúcar, e biscoitos. Ao pequeno almoço, a monarca costumava optar por fruta e cereais estaladiços. Quando queria variar, gostava de comer torradas com compota ou uns ovos mexidos com salmão fumado e trufas. Antes do almoço, bebia um gin com uma rodela de limão e bastante gelo, acompanhado por dubonnet, um doce à base de vinho. Seguia-se peixe ou frango grelhados e legumes ao almoçar. Quando fazia a refeição sozinha, dizia expressamente que não queria arroz, nem batatas ou massa. À tarde, era servido - pois, claro - um chá. A refeição fica completa com umas mini sandes de pepino, salmão fumado, ovo e maionese, fiambre e mostarda, 'jam pennies' (sandes com compota de framboesa cortadas em pequenos círculos, do tamanho da moeda inglesa), biscoitos, scones e bolos - como o de chocolate com bolacha. Para o jantar eram habitualmente servidos um filete de salmão ou bifes, muito finos, de vaca, faisão ou veado, que vinhas das quintas de Sandringham e Balmoral. Morangos e pêssegos cultivados nas suas quintas, bem como chocolate, rematam a refeição. E antes de deitar-se, pasme-se, bebia um copo de champagne. 



Publicado por Tovi às 18:30
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Quarta-feira, 31 de Agosto de 2022
Contra-ofensiva ucraniana no sul do país

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A Ucrânia anunciou o início nesta semana de uma contra-ofensiva há muito esperada para retomar o território no sul tomado pelas forças russas desde a invasão há seis meses, um movimento que reflete a crescente confiança de Kiev à medida que a ajuda militar ocidental chega. A agência de notícias estatal russa RIA, citando o Ministério da Defesa da Rússia, sustenta que as tropas da Ucrânia tentaram uma ofensiva nas regiões de Mykolaiv e Kherson, mas com o registo de baixas significativas. “A tentativa ofensiva do inimigo falhou miseravelmente”, referiu Moscovo. Estas alegações não foram verificadas de forma independente mas a administração cívico-militar criada pela Rússia em Nóvaya Kakhovka, na região de Kherson, ordenou a saída de habitantes para abrigos antiaéreos, devido ao aumento dos ataques de mísseis ucranianos, que deixaram a cidade sem água e energia. "Declaramos a evacuação. As pessoas estão nos abrigos antiaéreos da cidade, porque as sirenes (de alerta aéreo) não param de soar", justificou o chefe da administração cívico-militar de Nóvaya Kakhovka, Vladimir Leóntiev, citado pela agência russa TASS. 

 


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Uma equipa de 14 pessoas liderada pelo chefe da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) deixou Kiev pela manhã e chegou à cidade de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, para uma visita à central nuclear na linha da frente do conflito. Um comboio de cerca de 19 carros com pelo menos 10 veículos brancos marcados com “ONU” na lateral pode ser visto a entrar em Zaporizhzhia pouco antes das 14h (11h GMT), disse um correspondente da agência de notícias AFP.  
  Jose Luis Soares Moreira
Haja coragem e diálogo. A paz é o único sentido para a verdadeira humanidade.

 

  Morreu Mikhail Gorbachov
302263092_10221838006207207_706559720971465016_n.jGorbatchov conseguiu destruir o que restava do totalitarismo na União Soviética; ele trouxe liberdade de expressão, de reunião e de consciência para pessoas que nunca a conheceram, exceto talvez por alguns meses caóticos em 1917. Ao introduzir eleições livres e criar instituições parlamentares, ele lançou as bases para a democracia. É mais culpa da matéria-prima com que trabalhou do que de suas próprias deficiências e erros reais que a democracia russa levará muito mais tempo para construir do que ele pensava. (William Taubman, biógrafo de Gorbachev, em 2017)

  
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David Ribeiro - Hilariante!...
Jorge Veiga
David Ribeiro tive que ir buscar as fraldas...



Publicado por Tovi às 08:08
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Sexta-feira, 8 de Julho de 2022
Morreu ZéDu 

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José Eduardo dos Santos foi presidente de Angola de 1979 a 2017. O seu “reinado” foi frequentemente associado à grande corrupção e ao desvio de recursos do petróleo para proveito próprio e da sua família, esquecendo-se de grande parte da população, que vive em condições de pobreza e com grandes diferenças entre as cidades e o campo. A História recorda sempre mais facilmente o “mal feito” do que algo “de bem” que se fez, e eu, que vivi em Luanda a trabalhar para o Ministério dos Petróleos em 1985-86, recordo o digno papel de ZéDu na crise transfronteiriça entre Angola e a África do Sul, que culminou no repatriamento do contingente militar cubano, na independência da Namíbia, e na retirada das tropas sul-africanas de Angola. 


Luis BarataSei quem é e quem foi. Qual o seu comentário pessoal ao personagem?
David Ribeiro
A única coisa "de bem" que reconheço no longo reinado de ZéDu é aquilo que acima referi, a resolução da crise transfronteiriça entre Angola e a África do Sul, que culminou no repatriamento do contingente militar cubano, na independência da Namíbia, e na retirada das tropas sul-africanas de Angola. E já agora: Não o conheci pessoalmente, mas convivi vários anos com a sua primeira mulher, Tatiana Kukanova, mãe da Isabel dos Santos, que na altura era uma menininha com pouca mais de 12 anos.
Luis BarataDavid Ribeiro uma pena realmente a entrega a estrangeiros comunistas e o presidencialismo totalitário-familiaris... E as infraestruturas e estruturas sociais desfeitas, e a criminalidade, e tudo e tudo e tudo... De bom o quê?!
David Ribeiro - Realmente ZéDu exerceu um presidencialismo só comparável às maiores ditaduras africanas. E o "desenvolvimento" que fez após o grande investimento na exploração petrolífera serviu essencialmente para o seu enriquecimento pessoal, o da sua família e de mais alguns indefetíveis apoiantes, alguns dos quais ainda se pavoneiam por este mundo fora.

 

   Mensagem da Presidência da República de Angola
O Executivo da República de Angola leva ao conhecimento da opinião pública nacional e internacional, com um sentimento de grande dor e consternação, o falecimento de Sua Excelência o ex-Presidente da República Engenheiro José Eduardo dos Santos, ocorrido hoje às 11h10, hora de Espanha certificada pelo boletim médico da clínica, em Barcelona, após prolongada doença.
O Executivo da República de Angola inclina-se, com o maior respeito e consideração, perante a figura de um Estadista de grande dimensão histórica, que regeu durante muitos anos com clarividência e humanismo os destinos da Nação Angolana, em momentos muito difíceis.
O Executivo da República de Angola apresenta à família enlutada os seus mais profundos sentimentos de pesar e apela à serenidade de todos neste momento de dor e consternação.
Luanda, 8 de Julho de 2022"

  Organismo integra 11 ministros e a governadora de Luanda
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  O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, acaba de enviar as condolências ao Presidente João Lourenço e à Família do Presidente José Eduardo dos Santos. O Presidente José Eduardo dos Santos foi o interlocutor de todos os Presidentes Portugueses em Democracia, durante quatro décadas, constituindo um protagonista decisivo nas relações entre os Estados e os Povos Angolano e Português. Portugal testemunha o respeito devido a essa longa memória, em período determinante para o nascimento e o arranque da CPLP e do engrandecimento das nossas relações bilaterais após a descolonização.

 


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Foi neste prédio onde vivi em Luanda em 1985-86. Os outros dois edifícios na época ainda não existiam.



Publicado por Tovi às 13:41
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Terça-feira, 1 de Março de 2022
Morreu o Padre Mário da Lixa

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Requiescat in Pace

Conheci o Padre Mário no meu tempo de aluno no Liceu Alexandre Herculano na década de sessenta do século passado. Embora nunca tenha sido meu professor, recordo com saudade as interessantes conversas que tivemos. A última vez que nos encontramos foi na apresentação do seu livro "EVANGELHO DE JESUS, Segundo Maria, mãe de João Marcos, e Maria Madalena" no Café-Bar "La Bohème", na rua Galeria de Paris, próximo da Torre dos Clérigos, no Porto.
Dedicatória que teve a simpatia de colocar neste seu livro:
Para David,
O menino jovem de Nova Sintra, onde tanto conversamos.
Com emoção!
Mário de Oliveira
24/3/2012


Publicado por Tovi às 07:46
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Segunda-feira, 20 de Dezembro de 2021
Morreu José Camilo

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Requiescat in Pace
 
Soube ontem ao fim da tarde que morreu José Camilo, com quem fiz amizade somente há cerca de uma dúzia de anos, mas com quem era bom conversar sobre fosse o que fosse… e de quem já tenho saudades. À Binha um grande beijinho de solidariedade nesta hora de dor.


Publicado por Tovi às 07:33
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Quinta-feira, 9 de Dezembro de 2021
Morreu José Eduardo Pinto da Costa
Requiescat in Pace

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Morreu ontem José Eduardo Pinto da Costa, reputado professor e médico legista. As cerimónias fúnebres estão marcadas para as 17h00 de hoje, na igreja da Cedofeita.

 
  José Eduardo de Lima Pinto da Costa nasceu no Porto em 3 de abril de 1934, primeiro filho de José Alexandrino Teixeira da Costa (Porto, Foz do Douro, 9 de junho de 1910 - Porto, Aldoar, 6 de dezembro de 1977), comerciante, e de sua mulher (Porto, Cedofeita, 15 de novembro de 1932), Maria Elisa Bessa de Lima Amorim Pinto (Matosinhos, São Mamede de Infesta, 15 de maio de 1913 - 14 de novembro de 1997). Foi professor catedrático jubilado do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e professor de Psicologia Forense, Neuropsicopatologia, Psicofarmacologia e Criminologia Clínica na Universidade Lusíada do Porto. Foi também professor catedrático de Medicina Legal na Universidade Portucalense e diretor científico do Instituto CRIAP. Em 1976, tornou-se diretor do Instituto de Medicina Legal do Porto, lugar que ocupou até 2001.


Publicado por Tovi às 10:47
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Sexta-feira, 10 de Setembro de 2021
Morreu Jorge Sampaio

Requiescat in Pace

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Jorge Sampaio estava de férias com a família no Algarve quando dificuldades respiratórias o levaram a ser internado no hospital de Portimão. Posteriormente, seria transportado, de helicóptero, para o Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, onde era habitualmente acompanhado. Foi Presidente da República de 1996 a 2006. Antes esteve quase seis anos à frente da Câmara Municipal de Lisboa e três como líder do PS, tendo perdido as legislativas de 2001 para Cavaco Silva. Licenciado em Direito, nasceu em Lisboa a 18 de setembro de 1939.

 

   Rui Moreira, na sua página do Facebook
É com profundo pesar que lamento o falecimento do ex-Presidente da República, Jorge Sampaio. Recordá-lo-ei como um homem bom, um humanista, que representou o País colocando o sentido de Estado e de serviço público sempre em primeiro lugar. Recordo, com saudade, a afabilidade, o seu humor fino, a sua cultura, o seu sentido estético. As suas aflições quando se deparava com os problemas da nossa sociedade e do nosso mundo.
Endereço, por isso, as mais sentidas condolências aos seus familiares, a todos os seus amigos e ao Partido Socialista.
As nossas acções de campanha foram canceladas.


   Rodrigues Pereira, na sua página do Facebook
Um adeus de longe
Partiu discreto, como foi seu apanágio de vida.
Gostava muito de Jorge Sampaio. Era um homem de convicções, mas também de emoções. De lágrimas sentidas, sem se importar com uma eventual fragilidade que as mesmas pudessem significar. Estive, com muito gosto, nas suas duas campanhas para as Presidenciais. Foram dias de loucos, em constantes correrias. Sobretudo para um homem com problemas de saúde, como ele.
Encontrei-o, também, em Bangkok, onde foi, de propósito, assistir ao Congresso Mundial de SIDA. Juntamente com Nelson Mandela, Bill Clinton, Bill Gates e outras diversas personalidades mundiais. Que queria aprender, que queria trocar impressões de viva voz com quem vivia o dia-a-dia do problema. Esta procura, esta curiosidade constante, valeram-lhe depois a nomeação para altos cargos nas Nações Unidas, no âmbito do combate à Malária e à SIDA.
Eram um homem com um fino sentido de humor (educação britânica, já se vê) , mas com uma preocupação com o próximo como poucas pessoas conheci.
Vem a propósito um telefonema que recebi em Dezembro de 2004, estava eu a dormir sossegado no Sheraton em Lisboa. às duas da manhã. Acordei estremunhado e do outro lado da linha aparece-me o recepcionista encavacado, a pedir muita desculpa por me ter acordado, mas que achava que o devia fazer, porque tinha o Presidente da República ao telefone. Era Sampaio a dizer-me que, com muita pena, provavelmente não poderia comparecer no dia seguinte à inauguração da nova sede da Abraço, da qual eu era, à altura, presidente da direcção. Perguntei-lhe se estava tudo bem com ele e respondeu-me, em tom de confidência : "Comigo está tudo óptimo, mas amanhã vou ter que largar a «bomba atómica». É que este estado de coisas já não se aguenta". Desejei-lhe sorte e preparei-me para ter uma inauguração mais modesta, no dia seguinte. Uma hora antes do horário previsto , começam a chegar televisões às nossas novas instalações. Mas para além dos três canais nacionais, estavam também a CNN, a BBC, a TF1 , etc., etc, . Depois chega o corpo de intervenção da PSP, que desata a colocar baias pelo caminho que o Presidente seguiria. E ele veio. E, com um piscar de olho e um sorriso matreiro, confidenciou-me : "Como ainda não prestei declarações à comunicação social, achei que talvez fosse bom para a divulgação da Abraço vir até cá ..." Se foi !
Vou ter saudades, Presidente Sampaio !
Um grande beijo à Vera e um enorme abraço ao André.
Até sempre ...

 

   Declaração de Marcelo Rebelo de Sousa
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa proferiu uma declaração, no Palácio de Belém, a propósito da morte do Presidente Jorge Sampaio.
Portugueses,
Acabei de exprimir à família do Presidente Jorge Sampaio, em dor, o pesar de todos vós.
Lutando, mas serenamente, nos deixou hoje o Presidente Jorge Sampaio.
Lutando serenamente. Como sereno foi o seu testemunho de vida, ao serviço da liberdade e da igualdade.
Sereno na sua luminosa inteligência.
Sereno na sua profunda sensibilidade.
Sereno na sua paciente, mas porfiada coragem.
Jorge Sampaio nasceu e formou-se para ser um lutador e a causa da sua luta foi uma: a liberdade na igualdade.
Na carismática afirmação, no movimento estudantil do início dos anos 60.
Na defesa, em tribunais plenários, dos presos políticos durante a ditadura.
Na representação externa da democracia nascente.
Na construção de pontes, década após década, entre formações diversas, no seu hemisfério político e para além dele.
Na adesão ao Partido Socialista, de que viria a ser deputado, líder parlamentar e líder nacional.
Na formação da primeira e mais vasta coligação pré-eleitoral de esquerda da nossa História democrática.
Na Presidência da Câmara Municipal de Lisboa, após uma rara campanha de ideias, com visão estratégica, prioridade aos mais pobres e excluídos, preocupação com as pessoas, os seus sonhos, os seus dramas, a sua realidade.
Na devotada e prestigiante Presidência de Portugal.
Lançando a Cimeira de Arraiolos, com todos os Chefes de Estado europeus eleitos não presidencialistas.
Criando a COTEC, com empresários portugueses, espanhóis e italianos, pela inovação e responsabilidade social.
Recriando as Presidências abertas do seu antecessor, com a constante presença de Maria José Ritta.
Podendo ter-se resignado ao caminho mais fácil do jurista respeitado, da quietude da sua origem social, do natural ascendente da sua cultura, do seu pensamento, da sua oratória, escolheu o caminho mais ingrato, da solidariedade para com os que mais sofriam, do convívio com o concreto, da privação da sua saúde, frágil, em exaustivos e desgastantes labores.
Ninguém esquecerá momentos únicos dessa entrega.
As intervenções decisivas desse furacão ruivo na Alameda da Universidade de Lisboa, em 1962.
A madrugada da libertação dos detidos em Caxias, após o 25 de Abril.
A conversa com Álvaro Cunhal, antes da segunda volta da eleição de Mário Soares, em 1986.
A travessia, em noites de vendaval, dos bairros de lata da capital, que, com o Governo de então, conseguiu extinguir.
Os meses sem dormir, passados, nesta casa, em Belém, por causa de Timor-Leste.
A oposição à intervenção no Iraque.
A dedicação à saúde pública global – herança do magistério paterno – e ao diálogo entre religiões, culturas e civilizações.
O exemplar acolhimento dos refugiados sírios, fugidos das tragédias das guerras.
E, sempre, as lágrimas genuínas do homem bom, porque era um homem bom, na partilha da alegria tal como da dor alheias.
Jorge Sampaio deixou-nos hoje com um duplo legado.
Duplo – porque feito de liberdade, mas também de igualdade.
Duplo – porque feito de inteligência, mas também de sensibilidade. Porque provou que se pode nascer privilegiado e converter a vida na batalha pelos não privilegiados.
Sempre lutando, mas com serenidade. Aquela serenidade que une a força das convicções ao respeito por cada um e por todos os demais. De bem com todos e todos de bem com ele.
A corajosa serenidade de um grande Senhor da nossa Democracia, de um grande Senhor da nossa Pátria comum.

 

  Provavelmente o último ato político de Jorge Sampaio
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   Ver aqui notícia de 25ago2021



Publicado por Tovi às 09:10
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Sexta-feira, 20 de Agosto de 2021
Morreu o General Carlos Azeredo

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Requiescat in Pace

Morreu o General Carlos Azeredo, o militar de Abril que intercalava a dura luta política com o passeio do seu dálmata.
A cerimónia fúnebre do General Carlos Azeredo terá lugar hoje (20 de agosto) com Missa de Corpo Presente, às 13h na Igreja de Cristo Rei, no Porto, seguindo depois para o Cemitério de Santa Cruz em Lamego, onde pelas 16h se farão Honras Militares.
 

General de Cavalaria, oriundo da Nobreza de Entre Douro e Minho, Monárquico, participou ativamente no 25 de Abril de 1974. A 20 de fevereiro de 1975 foi o 96.º e último Governador Civil do Distrito Autónomo do Funchal. Foi Comandante da Região Militar do Norte e Chefe da Casa Militar do Presidente Mário Soares. Foi candidato à Presidência da Câmara Municipal do Porto nas eleições autárquicas de 1997 à frente de uma coligação entre o PSD e o CDS-PP, tendo sido derrotado por Fernando Gomes. Condecorado com a Medalha Militar de Ouro de Serviços Distintos com Palma e com a Medalha Militar de 1.ª Classe da Cruz de Guerra. A 10 de junho de 1991 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis e a 13 de fevereiro de 1996 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo. Editou um livro sobre a sua vida "Trabalhos e Dias de Um Soldado do Império". Publicou o livro "Invasão do Norte: 1809: a campanha do general Silveira contra o marechal Soult (Tribuna da História), 2004.

 

   No seu livro biográfico "Trabalhos e Dias de Um Soldado do Império" (Livraria Civilização Editora) falando-nos sobre os seus anos da terceira e quarta classes do ensino primário, na Foz do Douro, na Escola Particular da célebre D. Ângela, lembra-nos Carlos Azeredo um dos castigos mais temidos, que consistia em ficar encerrado por algum tempo numa despensa localizada no vão de umas escadas.
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Antero Braga - Um Senhor, um bom amigo, falava comigo com grande amizade. Desde que o conheci tenho por esta personalidade uma admiração enorme que guardo comigo. Descanse meu amigo.
Augusto Saldanha - David Ribeiro tive o prazer de o conhecer fui alfaiate dele apresatado pelo meu amigo e cliente António Sarmento Beires de Muitos contactos que tive com ele já mais esquecerei de quando queria ir ao baile do clube Portuense acompanhar neta para devotar e a farda não lhe servia, a última vez que a tinha vestido foi em Inglaterra acompanhar o dr Mário Soares sendo ele chefe da casa militar, lá teve que o Saldanha costureiro, depois de uma grande discussão resolver o problema na quela altura o baile ainda era de smokin mas os familiares faziam questão que ele fosse com a farda militar, e foi, um Homem que deixa saudades, que Deus o tenha em bom lugar.
Manuel Carvalho - Na invasão de Goa Damao e Dio, esteve seis meses de castigo, juntamente com os militares do seu comando. Salazar nunca aceitou a rendição dos militares Portugueses... Havia uma máxima do Salazar que era a seguinte: só reconheco Heróis vivos ou mortos. Os invasores é que tiveram de enviar os militares para Portugal!



Publicado por Tovi às 07:52
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Domingo, 25 de Julho de 2021
Morreu Otelo Saraiva de Carvalho

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Requiescat in Pace

Apesar de várias tomadas de posição no pós-25Abril difíceis de entender para muitos portugueses, não nos podemos esquecer que Otelo foi o responsável pela elaboração do plano global do golpe militar que pôs fim à ditadura do Estado Novo.

 

    Comentários no Facebook

José Maltez - Morreu Otelo. Ele foi Abril e um pedaço da ilusão do Império, filho de um alfacinha e de uma goesa, que tanto comandou o golpe que derrubou Marcello Caetano, como andou à procura de uma revolução proletária. Foi um pedaço do meu tempo e um português antigo. Quem o odiar, não nos compreende. Agradeço-lhe ter transformado em teatro político o que podia ter sido uma guerra civil. Matámo-nos menos.

João Baptista Vasconcelos Magalhaes - Morreu Otelo, mas ficará sempre como o símbolo do 25 de Abril. Quem o conheceu sabe que era um homem de ideais, mesmo quando foi polémico. A sua memória é a memória dos dias mais felizes da vida de quem conheceu uma noite de medo. Falar de Otelo tem de ser mergulhar no silêncio da memória do que ele nos trouxe de melhor, as suas utopias de um Portugal mais feliz e mais justo. Que esteja em paz!

Henrique Monteiro - Apesar de tudo, das prisões e mortes de que foi cúmplice, o 25 de Abril deve-lhe muito. Depois de saber que eu fora, com Rogério Rodrigues (melhor diria que foi ele com a minha colaboração) a denunciar que Otelo era o líder das FP25, nunca deixámos de falar. O mesmo se pode dizer de Vasco Lourenço, que no PREC não foi bem tratado por Otelo e puseram as divergências para trás. Como sempre, em Portugal, é tudo gente boa.

João Greno Brògueira - Apesar de todos os desvios, que entretanto a Democracia Portuguesa sofreu e de todos os que aproveitaram a oportunidade para assaltar o poder pós 25 de Abril... Obrigado Otelo Saraiva de Carvalho

David Ribeiro – Completamente de acordo, Brògueira… e é mesmo por isso que não posso esquecer que na madrugada de 25 de Abril de 1974 Otelo conduziu, juntamente com outros cinco oficiais, do Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas no Regimento de Engenharia N.º 1 na Pontinha, as operações militares que derrubaram o decrépito Estado Novo. (Entre estes cinco oficiais encontrava-se o meu saudoso comandante do Batalhão de Engenharia N.º 3, o Tenente-coronel Fischer Lopes Pires)

João Geirinhas Rocha - Otelo. Assim, sem mais, uma personagem maior que o homem, luzes e sombras, utopias e delírios, bravatas e ingenuidades, coragem e fuga, muitas vidas para caber numa pessoa só. O Expresso revelou há anos que era bígamo, tinha e vivia tranquilamente com duas famílias. Não há melhor metáfora para resumir a figura.

 

Várias figuras nacionais reagiram à morte de Otelo Saraiva de Carvalho

  O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reagiu à morte de Otelo Saraiva de Carvalho, lembrando o papel central de comando na revolução do 25 de Abril e apresentando as condolências à família. "É ainda cedo para a História o apreciar com a devida distância", escreveu na nota enviada.

  "Otelo Saraiva de Carvalho foi o coordenador operacional da ação militar do Movimento das Forças Armadas, que, no dia 25 de abril de 1974, derrubou o regime do Estado Novo, pondo fim à mais longa ditadura do século XX na Europa e abrindo caminho à democracia", referiu o Governo em comunicado.

  "Se este país fosse justo, deveria ter morrido na prisão". Foi assim que André Ventura, líder do Chega, reagiu à morte do Capitão de Abril Otelo Saraiva de Carvalho.

  O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, homenageou hoje Otelo Saraiva de Carvalho, "o maior símbolo individual do Movimento das Forças Armadas", que concretizou o sonho de todos os que "ansiavam por viver em liberdade".

  A ativista política e médica Isabel do Carmo lamentou a morte de Otelo Saraiva de Carvalho, considerando que, com o desaparecimento do militar e estratego do 25 de Abril de 1974, "acaba também uma época e uma utopia". "Esta manhã [ao saber da notícia da morte] senti uma coisa, senti que acabou, que, com [a morte de] este homem, acaba também uma época, uma utopia. Senti isso, emocionalmente. Senti a perda, o desaparecimento. Já não vai ser possível falar com ele", afirmou Isabel do Carmo a agência Lusa. Para a antiga dirigente do extinto do Partido Revolucionário do Proletariado (PRP), movimento que exerceu atividade clandestina através das suas Brigadas Revolucionárias (no PRP-BR), Otelo é, juntamente com Vasco Lourenço, "o dirigente do 25 de abril [de 1974], do Movimento dos Capitães e do derrube da ditadura".

  O PCP registou este domingo o papel de Otelo Saraiva de Carvalho no 25 de Abril, considerando que o momento da sua morte "não é a ocasião para registar atitudes e posicionamentos que marcam o seu percurso político". "Sobre o falecimento de Otelo Saraiva de Carvalho deve registar-se no essencial o seu papel no levantamento militar do 25 de Abril. O momento do seu falecimento não é a ocasião para registar atitudes e posicionamentos que marcam o seu percurso político", refere uma nota do gabinete de imprensa do PCP. O Partido Comunista Português endereça ainda condolências à família e à Associação 25 de Abril.

  Tweet de Rui Rio - O dia da morte de Otelo Saraiva de Carvalho é momento para reconhecer o seu papel corajoso e decisivo no 25 de Abril e na conquista da liberdade. Competirá à História fazer, com isenção, a avaliação global de tudo que ele fez de bom e de mau. Hoje, não é o dia para isso.

  Declaração do ex-Presidente Ramalho Eanes - A notícia da morte do Otelo Saraiva de Carvalho magoou-me e surpreendeu-me. Magoou-me, por se tratar de mais um amigo que parte. Surpreendeu-me, porque estive, recentemente, com o Otelo, no funeral da sua mulher, e achei-o, naturalmente, abatido, mas, aparentemente, com vigor e saúde. Conheci o Otelo na Guiné, onde o substituí na Direcção da Secção de Radiodifusão e Imprensa do Comando-Chefe. Tornámo-nos amigos. Foi, aliás, essa amizade que me levou a testemunhar em seu favor no julgamento a que foi submetido, apesar de muitos reparos e apelos para que o não fizesse. O Otelo era um homem bom, generoso, embora, por vezes, pouco prudente, pouco realista – contraditório, mesmo. Adorava representar, até na vida real, esquecendo que a representação exige um espaço delimitado, em que tudo o que aí é normal não o é na vida real. Para mim, e apesar de todas as contradições, o Otelo tem direito a um lugar de proeminência histórica. E tem esse direito, apesar da autoria de desvios políticos perversos, de nefastas consequências, porque foi ele quem liderou a preparação operacional do 25 de Abril, a mobilização dos jovens capitães, o comando da operação militar bem-sucedida. E penso assim porque entendo que um Homem é uma unidade e continuidade, uma totalidade complexa, e que só é bem julgado quando considerando, historicamente, esse quadro e o seu contexto. Mas há homens que, num momento histórico especial, se ultrapassam, ganhando dimensão nacional, indiscutível, porque souberam perceber e explorar uma oportunidade histórica única, e sentir os anseios mais profundos do seu povo. Otelo é uma dessas personalidades. A ele a pátria deve a liberdade e a democracia. E esta é dívida que nada, nem ninguém, tem o direito de recusar.



Publicado por Tovi às 10:44
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Sexta-feira, 14 de Maio de 2021
Morreu Maria João Abreu
A história é feita por aqueles que nela participam.
Forte abraço, Óscar Branco.


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LEMBRAS-TE MARIA JOÃO?
1980 e picos…5 "cromos", empilhados num Fiat Tipo, partem de férias, rumo a Marrocos.
Alguém tinha convencido o José Raposo que o chá, em Tânger custava mais de 15 contos e o mais natural seria regressarmos tesos mas com meia dúzia de camelos por troca pelas 3 airosas chavalas que nos acompanhavam…
Acabadinhos de entrar em Espanha, a Maria João Abreu, arranca num pranto danado.
-Que se passa João?
Ela nada. Continua a chorar convulsivamente.
Fica um pesado silêncio e um só pensamento…férias estragadas.
Depois de "apertar" com ela, diz-me envergonhada:
-É a primeira vez que venho ao estrangeiro.
Gargalhada geral e lá vamos nós de "vacances". A partir daí foi sempre a descer.
O Zé chateava toda a gente, porque disparava fotografias a torto e a direito e obrigava-nos a ficar em pose, enquanto escrevia num papel o local, dia e hora.
A contabilidade ficou estragada, na fronteira, quando ele resolveu, tirar umas fotos aos soldados marroquinos que espancavam uma mulher, que teve a insensatez de lhes dar apenas uma meia dúzia de moedas para comprar o direito de passar o contrabando comprado em Ceuta.
Óbvio que rolo da máquina ficou na posse do Real Estado de Marrocos.
Depois de o Zé cair em desgraça, chegou a minha vez. A estrada panorâmica para Tânger, que o Guia Michelim me tinha recomendado, tinha desabado no inverno anterior e, pelo olhar acusatório, passei de insigne viajante a insigne-ficante.
Chegado a Tânger fui dormir para o Hotel e os outros vestiram os fatos de banho para ir até à praia.
O Zé regressa eufórico com um jogo de futebol, contra um grupo de marroquinos e marcou golo sobre golo.Pudera! Os tipos quando viram aqueles três biquinis, deixaram-no à solta para apalparem as distintas colegas.
Castigo dos céus, ele apanhou uma diarreia e ficou de "castigo" e explicava a tudo e todos, no seu melhor francês:
-Je "espichê"…
Em Fez, um tipo ameaçou-nos com a reconquista muçulmana mas, quando lhe falei da terrível retaliação com o bombardeamento de barris cheios de água do rio Leça, ele ficou preocupado e talvez isso explique o facto de não termos sofrido atentados.
Em todo o lado éramos recebidos em glória pelos putos. Mal viam uma matrícula de Portugal, a corriam atrás do carro aos gritos:
-Madjer! Carlos Cruz!
As férias lá foram correndo, apesar de uma avaria no carro, solucionada com recurso ao artesanato berbere, o ataque de pânico da João quando me penduraram uma cobra enorme à volta do pescoço e o pânico geral quando nos cruzamos com uma excursão das finanças de Gaia, na medina de Marraquexe.
Eram tempos estranhos aqueles. Sem telemóveis, os turistas, estavam condenados a olhar as coisas, falar com os nativos, sem direito a selfies e mensagens cheias de emojis.
Claro que tínhamos de ir aos "recuerdos".
Todos compramos umas coisinhas, excepto a João que não fez a coisa por menos e trouxe mais património marroquino que os franceses em séculos de colonialismo. Foi uma luta na alfândega para explicar aos funcionários que não éramos contrabandistas e ainda tinha ficado lá muito material para os próximos turistas.
A despedida foi épica. Como todos queriam ouvir música tradicional, desaguamos num bar de "meninas".
Tenho de confessar que brilhei naquela noite.
Ainda estavamos atentar perceber onde nos tínhamos metido, já o chefe da banda apontava para mim, dizendo para ali umas coisas de que não percebi nada (confesso que o meu árabe foi sempre um bocado fracote), sai do palco e pespega-me um beijo (sem língua) e arrasta-me para a pista.
Depois de uns passos de dança, passou-me de mão em mão por todos os homens presentes, que me davam um beijo e os respectivos passinhos, segurando-me as mãos.
As "meninas" de serviço, olhavam para mim com um olhar guloso, suspirando por um beijinho e uma dança com o "je", mas não ousavam aproximar-se, para mal dos meus pecados.
"Esparvoado" tentava perceber o que se passava, até que dou com os meus colegas de viagem, encostados ao balcão, a rirem escandalosamente. Só depois me explicaram que tinha sido confundido com o grande cantor romântico marroquino, uma espécie de Tony Carreira lá do sítio.
No dia seguinte, acordamos bem cedo, porque era o último dia de Agosto e sabia que milhares e de emigrantes estariam no porto para apanhar o ferry. Foram horas e horas de espera e só de madrugada atravessamos para Algeciras.
Regressamos a mata cavalos a Lisboa por questões profissionais.
Como era normal, mal se metia a chave na ignição, adormeciam todos e só eu e a João permanecíamos acordados, para nos revezarmos ao volante.
Cheio de sono, já a fazer curvas em plena recta, pedi-lhe para conduzir um bocadinho e zás! Adormeci em menos tempo do que demoro a dizer anticonstitucionalissimamente.
Acordo com um ruído estranho e fico espantado com o que vejo.
A Maria João esbofeteava-se violentamente, alternando com ferozes beliscões:
-Ó João, que se passa? Estás zangada com alguma coisa?
-Não tudo bem. É só para não adormecer.
Acabamos a dormir na berma, perto de Sevilha mas, mal acordou, toca a acelerar que estava ceia de saudades do puto Miguel. Na altura o Ricardo ainda estava em projecto e mesmo sem ainda ter nascido, já ela era doida por ele.
Ela "era" assim. Estóica; determinada; solidária; amiga; terna; mãe leoa…eu sei lá!
Até à vista João!

Escolhi esta foto do espetáculo "Estádio da Nação"- 2003, no Teatro Sá da Bandeira, assim brilhará no firmamento e todos saberão logo que é ela.
(13mai2021 - Óscar Branco, na sua página do Facebook)



Publicado por Tovi às 10:17
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Quarta-feira, 28 de Abril de 2021
Morreu Nuno Ortigão

Requiescat in Pace

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Morreu Nuno Ortigão, Presidente da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde.

Foi decretado pelo Presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, um dia de luto municipal, a respeitar amanhã, 29 de abril.

 

   Jorge Afonso Morgado, Diretor de Comunicação da Metro do Porto

O Nuno Ortigão dizia que tinha um único defeito, que era o de ser vaidoso. Por vezes, não tinha mesmo qualquer problema em reconhecer ser bastante vaidoso. A verdade é que tinha razões mais do que suficientes para o ser.
A verdade é que, no momento da sua partida e olhando para o legado que fica, o Nuno foi até humilde e contido na manifestação do seu orgulho.
O presidente de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde deixa uma bela obra no território das freguesias marítimas do Porto. Lembro-me do contentamento com que aceitou o convite do Rui Moreira e do Nuno Botelho para a missão de concorrer à presidência da União e da felicidade que todos tivemos com as suas expressivas vitórias. Com o Rui Moreira na Câmara, o Nuno tinha motivos para ser vaidoso pelo notável trabalho que produziu e de que a cidade se pode orgulhar.
Foi sempre homem de causas difíceis e de projetos desafiantes. Também por eles, era justo que fosse vaidoso. Esteve na transformação da imagem da Sonae, com Belmiro de Azevedo. Assumiu a modernização da STCP, nos mandatos de Carlos Brito, abrindo a empresa à cultura (no Museu do Carro Eléctrico) e rejuvenescendo uma marca centenária. Com Oliveira Marques, ajudou a construir o Metro do Porto, cujo posicionamento de qualidade e a reputação de excelência muito lhe devem. Esteve na comunicação da AIP, da Liga de Clubes e da Câmara da Maia, ao mesmo tempo que dava aulas no IPAM. Onde esteve, apresentou resultados e deixou admiração.
Tinha vaidade na família em que nasceu e na família que, por opção e amor, criou. Tinha vaidade nos amigos e, sobretudo, no sucesso dos amigos. Tinha uma dedicação intensa e serena que colocava nas causas a que se dedicava. Sem que o exibisse, foi um exemplo de educação e cavalheirismo. Sem perder a lucidez na análise, teve sempre uma atitude positiva perante os problemas, alguma esperança face à estupidez humana e uma imensa tolerância nas dificuldades.
A vaidade do Nuno nunca foi um defeito. Foi uma característica, bastante rara, de quem acredita no mérito e na obrigação de fazer as coisas bem feitas. Obrigado, Nuno.



Publicado por Tovi às 12:12
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