Este sismo no Afeganistão fez, até ao momento, pelo menos 1.000 mortos e 1.600 feridos. As autoridades prevêem que o número venha a aumentar, sobretudo nas zonas mais remotas, onde a ajuda demora mais tempo a chegar. O abalo, sentido no leste do país - quatro distritos da província de Paktika, na zona da fronteira do Afeganistão com o Paquistão - teve uma magnitude de 6,1 na escala de Richter e é o mais letal desde 2002. Porta-voz do governo Talibã pediu a todas as agências humanitárias que enviem ajuda para a área para "evitar mais catástrofes".
Segundo João Duarte Fonseca, sismólogo e professor auxiliar do Instituto Superior Técnico, este sismo do Afeganistão - magnitude 6,1 na escala de Richter - "não é habitual" e "é um tipo de sismo muito perigoso", visto que ocorreu "no interior de uma placa tectónica".
As tensões sobre a demarcação de fronteiras e a violência do Tehreek-e-Taliban Paquistão (TTP) podem prejudicar as relações entre Islamabad e Cabul. Quando os Talibã assumiram o poder na capital afegã, Cabul, em agosto do ano passado, em Islamabad muitos aplaudiram. O colapso do governo afegão apoiado pelo Ocidente foi visto como uma oportunidade para restabelecer as relações entre os dois países, que se tornaram tensas sob a presidência afegã de Ashraf Ghani. Após a formação do governo Talibã, Islamabad tornou-se um de seus principais apoiantes no cenário internacional, pedindo o seu reconhecimento e assistência financeira urgente. Nos últimos meses, no entanto, surgiram sinais de quebras significativas nas relações amigáveis entre os dois. Os desacordos sobre a demarcação da fronteira Afeganistão-Paquistão e o apoio dos Talibã afegão ao TTP causaram tensões. Se nenhuma resolução for alcançada sobre essas questões, isso poderá causar uma rutura nas relações com consequências significativas tanto para a segurança nacional do Paquistão quanto para a estabilidade regional.
No final do século XIX, o Afeganistão tornou-se um Estado tampão no "Grande Jogo" entre os impérios Britânico e Russo. Na Primeira Guerra Anglo-Afegã, de 1839 a 1842, tropas britânicas, vindas da Índia, tomaram o controle do Afeganistão, mas acabaram por ser decisivamente derrotadas. Após a Terceira Guerra Anglo-Afegã de 1919, o país conseguiu tornar-se independente da influência estrangeira. Em 1926, o Afeganistão tornou-se numa monarquia sob comando de Amanulá Cã. Contudo, em 1973, o rei Zair foi derrubado e uma república de partido único foi estabelecida. Em 1978, após um segundo golpe de estado, o Afeganistão tornou-se um Estado socialista, que levou a nação a passar boa parte da década de 1980 envolvido na Guerra Afegã-Soviética contra os rebeldes mujahidins. Em 1996, a maior parte do país havia sido tomado por fundamentalistas do grupo Talibã, que estabeleceram um regime totalitarista radical que só foi derrubado do poder na invasão dos Estados Unidos em 2001, mantendo, no entanto, controle e influência sob boa parte do país, especialmente nas zonas rurais e montanhosas. A guerra civil no país continuou entre o novo governo afegão e os insurgentes Talibã, que resultou em mais de 150 mil mortos, atrocidades, atentados terroristas, torturas, sequestros e assassinatos. Como a nova república afegã dependia imensamente da ajuda económica e militar dos americanos, quando os Estados Unidos iniciaram a retirada, em 2020, o exército afegão entrou em colapso e o governo central começou a ruir. Em maio de 2021, os Talibã iniciaram uma grande ofensiva generalizada e em poucos meses dominaram a maioria dos distritos do país, acabando por chegar à capital Cabul em agosto deste ano, completando o colapso da república afegã.
The Economist, 18set2021
De Cabul a Kandahar... pela estrada que liga as duas maiores cidades do Afeganistão
A rodovia com quase 500 quilómetros de extensão que liga a capital do Afeganistão, Cabul, à sua segunda cidade, Kandahar, já foi considerada como um sinal de grande progresso na campanha dos Estados Unidos para pacificar o Afeganistão. Quando Hamid Karzai, então presidente, inaugurou o primeiro trecho em 2003, disse que foi um dos melhores dias de sua vida. No entanto, a estrada rapidamente se tornou um exemplo preocupante do que estava errado. Um mês depois dos Talibã assumirem o poder, a viagem de Cabul a Kandahar ilustra como o país mudou da noite para o dia e os fracassos que ajudaram a precipitar essa mudança. Desde algumas semanas atrás, dirigir por este trecho da Rodovia 1, uma espécie de anel viário nacional, era já impensável para muitos afegãos. Postos de controle improvisados dos Talibã interrompem o trânsito e vasculham ónibus e táxis em busca de membros das forças armadas para sequestrar ou matar. Comboios militares foram destruídos por bombas escondidas sob a estrada. Alguns distritos, como Saydabad na província de Wardak, não muito longe de Cabul, tornaram-se conhecidos como locais de perigo.
JN, 22set2021 às 00h06
Por acaso gostava de ouvir o que eles têm para dizer ao Mundo... mas ao que me parece ainda não há reconhecimento formal da sua autoridade.
Al Jazeera, 22set2021 às 08h45
O primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, alertou sobre o risco de uma “guerra civil” no Afeganistão se os Talibã não forem capazes de formar um governo inclusivo, isto é, incluindo todas as fações, o que iria seguramente ter também impacto no Paquistão.
O que é a Sharia?
Os Talibã planeiam governar o Afeganistão de acordo com a Sharia. Durante a sua passagem anterior no poder, este grupo fundamentalista islâmico era conhecido por sua interpretação estrita da jurisprudência islâmica, proibindo a música e forçando as mulheres a usarem uma burca completa em público. Mas muitos países além do Afeganistão - entre eles Arábia Saudita, Irão e partes da Indonésia e Nigéria - também usam a Sharia mas sem tais restrições. Então, o que é Sharia e como ela é aplicada?
Sharia significa “caminho” em árabe, indicando a conduta que agrada a Deus. Abrange as leis criminais, comerciais e de família, mas é muito mais holístico do que os sistemas jurídicos seculares: também estabelece as regras éticas pelas quais os muçulmanos devem viver e adorar (Um código semelhante que rege questões legais e éticas, halakha, existe no Judaísmo). A Sharia é baseada no Alcorão, o livro sagrado do Islão; o "hadith", ou ditos do profeta Muhammad; e o trabalho subsequente de estudiosos jurídicos islâmicos. Existem algumas punições muito severas para crimes considerados contra Deus (conhecidos como "hudud"), incluindo morte por apedrejamento ou 100 chicotadas para adúlteros. Mas o padrão de prova para condenação é extremamente alto, tornando raras essas punições. No caso de adultério, quatro testemunhas devem testemunhar. A retribuição por crimes graves contra pessoas, como assassinato, também pode ser severa, com base no princípio de “qisas”, ou “olho por olho”. Mas o Islão encoraja as vítimas a serem misericordiosas e pagar “diya”, “dinheiro de sangue”, em vez disso.
Al Jazeera, 26set2021
Vai ser uma tarefa árdua a destes quatro países… Rússia, China, Paquistão e Estados Unidos estão a trabalhar em conjunto para garantir que os novos governantes Talibã do Afeganistão cumpram suas promessas, especialmente no que diz respeito a formar um governo genuinamente representativo, evitando que a violência se espalhe.
A Ministra das Relações Exteriores holandesa, Sigrid Kaag, acaba de se demitir do cargo na última quinta-feira (16set), após ter recebido fortes críticas do parlamento sobre a forma como tratou a crise afegã, agindo demasiado tarde relativamente à evacuação dos funcionários da embaixada dos Países Baixos em Cabul, deixando-os em "grave perigo" quando os militantes Talibã tomaram o controle do Afeganistão.
Um dia após a saída da ministra das Relações Exteriores da Holanda a Ministra da Defesa holandesa também renunciou, devido à forma como o governo lidou com as evacuações do Afeganistão.
A comunidade internacional não deve legitimar o governo dos Talibã antes que este demonstre que respeitará os direitos humanos de todos os afegãos.
Não há dúvida que o controle dos Talibã sobre todo o Afeganistão vai remodelar o Oriente Médio por muitos anos e já podemos considerar que foi uma vitória do Paquistão e um novo âmbito de oportunidades para a China, enquanto o papel dos EUA passará a ser mínimo. Se houver uma luta geopolítica pelo Afeganistão, vamos ver o Paquistão e a China de um lado e a Índia, o Irão e a Rússia do outro.
Desde que os Talibã reivindicaram "controle total" sobre o Vale Panjshir no nordeste do Afeganistão no início deste mês, o grupo tem vindo a ser acusado de "atrocidades generalizadas", forçando muitos afegãos a fugir da província, o último enclave remanescente de resistência contra o governo instalado em Cabul.
Contado ninguém acredita… mas é verdade: Os governantes Talibã do Afeganistão criaram um ministério para a "Propagação da Virtude e a Prevenção do Vício" no prédio que antes abrigava o Ministério dos Assuntos da Mulher.
Segundo meios de comunicação social iranianos duas explosões atingiram hoje (18set2021) a capital do Afeganistão, uma das quais deixou várias pessoas feridas. A primeira explosão ocorreu em Dasht-e-Barchi, um distrito de Cabul, provocando vários feridos. A segunda explosão registrou-se num outro bairro do mesmo distrito e, por enquanto, não há informações sobre feridos.
Os afegãos que fugiram para o Paquistão enfrentam futuro incerto. O Paquistão já disse que não pode receber mais refugiados e começou a deportar os recém-chegados de volta ao Afeganistão.
JN, 20set2021 às 11h42
Lusa, 31ago2021 às 15h49
Aqui estão os cinco principais desafios que o novo regime afegão enfrenta.
1. Défice de confiança - Há uma suspeita generalizada entre a população urbana e educada sobre os Talibã e com boas razões. Muitos afegãos ainda se lembram do período 1996-2001, quando o movimento islamita estava no poder e aplicava uma leitura ultrarrigorosa da 'sharia', a lei islâmica. As mulheres não eram autorizadas a trabalhar e as escolas para raparigas foram fechadas, enquanto os opositores políticos foram executados e as minorias étnicas perseguidas. Vinte anos mais tarde, os Talibã dizem que pretendem prosseguir uma política diferente, inclusive em matéria de direitos da mulher. Prometeram também estabelecer um Governo inclusivo, entrando em contacto com o ex-Presidente Hamid Karzai. Enviaram também representantes para falar com a minoria predominantemente xiita Hazara, perseguida pelos Talibã nos anos 1990. Embora o regresso dos Talibã tenha sido acolhido com alívio em algumas zonas rurais do país, onde as pessoas querem, acima de tudo, acabar com a violência, muitos afegãos afirmaram querer primeiro ver as ações adotadas para depois fazer um julgamento. As mulheres permanecem em estado de alerta, na sua maioria enclausuradas em casa, um sinal da desconfiança generalizada. No vale de Panchir, a nordeste de Cabul, foi organizada uma verdadeira resistência em torno de Ahmad Massoud, filho do comandante Ahmed Shah Massou, assassinado em 2001 pela Al-Qaeda.
2. Desastre humanitário e económico - O Afeganistão é um dos países mais pobres do mundo. Após a queda do regime talibã, expulso do poder em 2001, a ajuda estrangeira inundou o país, representando, em 2020, mais de 40% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas grande parte desta ajuda foi agora suspensa e os Talibã não têm acesso aos fundos do banco central afegão, a maioria dos quais está no estrangeiro. Washington já indicou que os Talibã não terão acesso aos bens e valores que estão no país, enquanto a Alemanha suspendeu a ajuda financeira total. Portanto, a situação poderá tornar-se num desastre, já que os Talibã terão de encontrar rapidamente dinheiro para pagar os salários dos funcionários públicos e assegurar que as infraestruturas vitais (água, eletricidade, comunicações) continuam a funcionar. As receitas atuais dos Talibã, que provêm principalmente de atividades criminosas, são estimadas pelas Nações Unidas entre 250 milhões e mais de 1,3 mil milhões de euros por ano. Um ganho financeiro que é visto como uma gota no oceano face às necessidades atuais do Afeganistão, segundo os especialistas. Neste contexto, a ONU alertou para uma "catástrofe humanitária" que poderá atingir duramente os afegãos neste inverno.
3. Fuga de cérebros - Para além da crise económica, os Talibã também terão de lidar com outra escassez, igualmente crítica e dramática: a de cérebros. Advogados, funcionários públicos, técnicos e muitos outros afegãos qualificados têm fugido do país em voos de retirada fretados por potências estrangeiras nas últimas semanas. Como sinal da sua preocupação, os Talibã instaram na semana passada os ocidentais a retirar apenas os estrangeiros e não os peritos afegãos, como por exemplo os engenheiros, necessários para a manutenção das infraestruturas do país.
4. Isolamento diplomático - Entre 1996 e 2001, o regime Talibã foi um pária na cena internacional. Desta vez, o movimento islamita parece inclinado a procurar um amplo reconhecimento no estrangeiro, embora a maioria dos países tenha suspendido ou encerrado as missões diplomáticas em Cabul. O grupo tem mantido contactos com várias potências regionais, incluindo Paquistão, Irão, Rússia, China e Qatar, mas nenhum deles reconheceu ainda a nova liderança em Cabul e os EUA advertiram que os Talibã terão "de conquistar" a sua legitimidade.
5. Ameaça terrorista - A tomada de controlo do país pelos Talibã não colocou um ponto final à ameaça terrorista, como ficou demonstrado pelo ataque de 26 de agosto, numa zona próxima do aeroporto de Cabul, reivindicado pela filial local do Estado Islâmico. O Estado Islâmico de Khorasan (ISPK), que segue uma linha sunita radical semelhante à dos Talibã, difere destes últimos em termos de teologia e estratégia. Como sinal da forte inimizade entre ambos, o Estado Islâmico qualificou os Talibã como apóstatas em vários comunicados e não os felicitou após a conquista de Cabul, em 15 de agosto. O desafio para os Talibã é, portanto, complexo: defender a população afegã do mesmo tipo de ataques que os seus próprios combatentes levam a cabo há anos no país.
Al Jazeera, 31ago2021 às 18h15
O novo governo do Afeganistão será anunciado nos próximos dias.
Al Jazeera, 31ago2021 às 20h05
Querem uma apostinha como não tarda muito e a Índia reconhece oficialmente o governo Talibã no Afeganistão?... E se assim for quem “perde a corrida” é o Paquistão.
Jorge De Freitas Monteiro - Nada é impossível por aquelas paragens mas a Índia foi dos países que mais apoiou a ocupação…
David Ribeiro - Eu também achei estranho os indianos serem os primeiros a fazerem reuniões com os Talibã, Jorge De Freitas Monteiro... mas é capaz de ser uma forma da Índia "passar a perna" ao Paquistão.
Wakil Kohsar da AFP News Agency fotografou os membros da unidade das forças especiais Badri 313 dos Talibã a chegarem ao aeroporto de Cabul a 31 de agosto de 2021, depois da retirada total das tropas dos EUA.
AFP News Agency
Cronologia dos principais acontecimentos no Afeganistão, desde a ocupação soviética até à derrota dos EUA.
Zabihullah Mujahid... o "Talibã 2.0".
“We want to build the future, and forget what happened in the past."
Al Jazeera, notícia de 08fev2021
E agora como estará o combate à pandemia no Afeganistão?
Situação da pandemia no Afeganistão (dados reportados à Organização Mundial da Saúde de 03jan2020 a 01set2021).
Reuters, 02set2021 às 16h06
O secretário de relações exteriores britânico, Dominic Raab, afirmou hoje, durante uma missão diplomática em Doha, que “a realidade é que não reconheceremos os Talibã em nenhum momento num futuro previsível, mas acho que há um espaço importante para engajamento e diálogo”.
Al Jazeera, 02set2021 às 19h57
A maior empresa de transferência de dinheiro do mundo vai retomar os seus serviços para o Afeganistão depois de ter suspendido a sua operação há duas semanas, quando os Talibã avançaram em Cabul.
JN, 02set2021 às 22h18
Militares portugueses partem para o Kosovo para cooperar com forças de outras nações, no campo Bechtel, um alojamento temporário para a operação de apoio aos cidadãos civis afegãos retirados de Cabul e que aguardam para serem recolocados em vários países de acolhimento.
Num artigo de Ana Tulha publicado no “Notícias Magazine” de 25ago2021, Jorge Torres, coronel do Exército português que no último ano foi o Representante Nacional Sénior na Resolute Support Mission, missão da NATO no Afeganistão que tinha como principais objetivos o treino, aconselhamento e assistência das forças afegãs, começa por realçar que de 2012 (primeira vez em que esteve no Afeganistão) para 2020 notou “uma evolução em termos de capacitação das forças afegãs”. Mas então como se explica que não tenham sequer sido uma posição de resistência? O atual comandante do Regimento de Infantaria 19, em Chaves, não responde diretamente à questão. Destaca, no entanto, vários aspetos que nos podem ajudar a uma leitura mais profunda. Desde logo a viragem que houve em 2014. “Até aí houve um enorme esforço feito pela comunidade internacional, no sentido de garantir que havia um ambiente seguro para que as instituições do país se levantassem e consolidassem. A partir desse ano, a liderança passou para os afegãos e a comunidade internacional passou apenas a apoiar essas estruturas. Além disso, a parte do treino e levantamento do Exército foi considerada consolidada e o trabalho passou a focar-se mais no treino das forças especiais. Depois, é preciso ver que a capacidade de um exército não é só o músculo, há outros vetores não tangíveis que são fundamentais. Um deles é a capacidade de liderança.”
O Ocidente e especialmente os EUA, devem tirar ilações depois do que aconteceu no Iraque, na Líbia e agora da situação no Afeganistão. Tentar impor um sistema de valores alheio é criar situações explosivas. Há muito que se falava que os representantes do governo do Afeganistão colocavam no bolso parte da assistência internacional ou a enviavam para contas offshore. Mas insistiu-se em “apoiar” um governo corrupto e “equipar” e “treinar” forças da ordem que se borrifavam para aquilo para que tinham sido criadas. E agora?... Tudo vai depender, em primeiro lugar, daquilo que decidirem Rússia e China, bem como Paquistão, Irão, Índia e outros países asiáticos.
Os Estados Unidos anunciaram ontem (28ago2021) terem realizado um ataque aéreo com drone, na província afegã de Nangarhar [leste], contra membros do grupo jiadista Estado Islâmico da Província de Khorasan (ISIS-K, Daesh-K, ou ISKP na sigla em inglês) no Afeganistão, grupo rebelde que reivindicou o atentado terrorista no aeroporto de Cabul. Parece não ter havido “qualquer vítima civil” mas “matámos o alvo” (dois foram mortos, e um foi ferido), segundo o porta-voz do Comando Central dos Estados Unidos, Bill Urban.
António Conceição - Asneira da grossa. O problema do ocidente (leia-se, dos EUA) tem sido ir para o médio oriente fazer Justiça. É um erro. A nossa estratégia deve ser o fomento das rivalidades islâmicas, deixando que as várias facções se matem fraternalmente umas às outras e se entretenham entre elas. Bombardear o Daesh-K não contribui para esta estratégia. Contribui apenas para enfraquecer este grupo, dando força aos Talibãs. Isto não faz sentido. Só faria, se os talibãs fossem nossos amigos ou aliados. Não são. São nossos inimigos, como o Daesh-K. Portanto, a nossa política sensata é manter equilibrada rivalidade entre esses grupos, sem dar superioridade a nenhum.
David Ribeiro - Como já aqui disse, António Conceição, o Ocidente e especialmente os EUA, ainda não tiraram ilações depois do que aconteceu no Iraque, na Líbia e agora da situação no Afeganistão. Tentar impor um sistema de valores alheio é criar situações explosivas. E não esquecer que na região tudo vai depender, em primeiro lugar, daquilo que decidirem Rússia e China, bem como Paquistão, Irão, Índia e outros países asiáticos.
Chico Gouveia - Já se sabia que os EUA iam sair de lá por terra, mas voltariam pelo ar. Não se esperava é que fosse tão cedo.
Da Mota Veiga Suzette - Já se sabe: guerra gera guerra. Cada vez mais dicicil encontrar um caminho para a paz. A China e os Russos tem um certo interesse neste conflito e esperam conseguir disfarçar uma armadilha para os USA.
Notícias de há momentos... 14h00 de 29ago2021
Segundo a "BBC", uma fonte do Ministério da Saúde confirmou que houve, de facto, uma explosão na área e terá sido causada por um rocket que atingiu uma casa perto do aeroporto. Por sua vez, a agência Reuters avança que os EUA realizaram um ataque aéreo em Cabul. O alvo seria um possível carro-bomba suicida que visava atacar o aeroporto. A "CNN" corrobora esta versão, acrescentando que uma explosão secundária significativa no veículo indicou uma quantidade substancial de material explosivo. Um porta-voz dos talibã também confirmou que o ataque aéreo dos EUA tinha como alvo um bombista-suicida suspeito, que viajava num carro, de acordo com a agência de notícias Associated Press (AP). Posteriormente veio a saber-se que dez pessoas de um bairro de Cabul, incluindo crianças, foram mortas neste ataque de drone dos EUA, tendo Washington afirmado que os combatentes do ISKP eram o alvo.
Al Jazeera, 07h40 de 30ago2021
Cerca de 500 soldados de infantaria motorizada russa estão a realizar exercícios nas montanhas do Tadjiquistão no contexto de instabilidade no vizinho Afeganistão. Todos os militares envolvidos no exercício vêm da base militar russa no Tadjiquistão, segundo informação do comando do Distrito Militar Central. Este exercício é o terceiro executado pela Rússia perto da fronteira com o Afeganistão neste mês. No mês que vem, um bloco de segurança liderado pela Rússia realizará outro exercício no Quirguistão, que abriga uma base aérea militar russa
A plantação da papoila no Afeganistão é de há muito uma produção de relevância e até hoje este país da Ásia Central continua a ser o maior fornecedor de opiáceos ilícitos do mundo, o que não deve mudar no futuro próximo com a retoma do poder pelos Talibã. A ONU estima que com este comércio de drogas só os rebeldes afegãos tenham lucrado mais de 400 milhões de dólares americanos entre 2018 e 2019, tendo em 2004 o Afeganistão sido o responsável por 86% do ópio usado em todo o mundo na produção de heroína. Outros grandes produtores são o Paquistão e a região do Triângulo Dourado (Birmânia, Tailândia, Vietname, Laos e a província de Yunnan, na China).
Nesta quarta-feira (25ago2021), os presidentes da Rússia e da China discutiram sobre a posição dos seus países perante a situação atual do Afeganistão. Vladimir Putin e Xi Jinping estão dispostos a aumentar esforços na luta contra a ameaça terrorista e contra o tráfico de drogas no Afeganistão. Os dois líderes sublinharam a importância de ser estabelecida a paz no país em causa, bem como prevenir que sua instabilidade se propague para as regiões vizinhas. Xi Jinping, no entanto, reiterou que a China irá adotar uma posição de não-interferência, respeitando a independência e soberania do Afeganistão. O presidente russo mostrou estar de acordo, afirmando que está disposto a trabalhar com Pequim para impedir forças estrangeiras de interferir e destruir este país da Ásia Central.
O Primeiro-Ministro do Paquistão Imran Khan e o presidente russo Vladimir Putin também falaram no dia de ontem sobre o conflito do Afeganistão. Para Imran Khan um Afeganistão pacífico, seguro e estável é de vital importância para o Paquistão e para estabilidade regional.
Lusa, 09h20 de 26ago2021
Na quarta-feira à noite os Estados Unidos, Reino Unido e Austrália apelaram aos cidadãos para saírem do aeroporto de Cabul devido a "ameaças terroristas", quando milhares de pessoas continuam a chegar ao aeroporto para tentar fugir do país. As pessoas que se encontram no aeroporto sobretudo "nas entradas leste e norte devem sair imediatamente", disse o Departamento de Estado norte-americano, citando "ameaças à segurança". A diplomacia australiana alertou para uma "ameaça muito elevada de ataque terrorista", enquanto Londres emitiu um aviso semelhante.
Poucas horas depois do aviso de ameaça terrorista emitido pelos EUA, Reino Unido e Austrália, duas explosões junto ao aeroporto de Cabul fizeram, pelo menos, 13 mortos, avança a imprensa internacional, que cita fontes talibã. Haverá mulheres e crianças entre as vítimas. A primeira explosão terá sido causada por um homem-bomba e a segunda ocorreu perto do Hotel Baron, em frente ao aeroporto e foi causada pela explosão de um carro. No centro das suspeitas acerca da autoria das explosões está o “Estado Islâmico - Província Khorasan” (Daesh-K), um braço da organização terrorista que está ativo no Afeganistão, e que se posiciona no terreno como um inimigo dos talibã. O jornal britânico “The Guardian” refere que o embaixador dos EUA em Cabul confidenciou a funcionários seus a existência de quatro norte-americanos mortos. O jornal “The Washington Post”, citado pela Lusa, refere que se trata de quatro fuzileiros norte-americanos.
O Pentágono acaba de confirmar, em conferência de imprensa, que pelo menos 12 militares dos EUA morreram - 11 fuzileiros dos Estados Unidos ('marines') e um médico da Marinha - esta quinta-feira, nos atentados suicidas que tiveram lugar junto ao Aeroporto de Cabul, no Afeganistão. Outros 15 militares norte-americanos ficaram feridos.
Segundo as últimas informações da equipa da Al Jazeera no Afeganistão, pelo menos 110 pessoas morreram nas duas explosões ocorridas no exterior do aeroporto de Cabul, incluindo 13 soldados dos EUA.
Vejam quem é o grupo Estado Islâmico-Khorasan
O duplo atentado suicida junto do aeroporto de Cabul foi o primeiro golpe do grupo Estado Islâmico-Khorasan (EI-K) contra os Talibã, que assumiram o controle do Afeganistão em 15 de agosto. Khorasan é o nome da uma antiga região que englobava parte da Ásia Central e da Índia. O braço afegão do grupo Estado Islâmico nasceu quando o movimento era visado na Síria e no Iraque pela coligação ocidental liderada pelos Estados Unidos. É principalmente integrado por ex-membros talibã paquistaneses e afegãos e conseguiu recrutar facilmente jovens radicalizados do Afeganistão, que serviu de base durante anos para a rede Al-Qaeda e onde o grupo Estado Islâmico se enraizou, aproveitando-se do caos reinante. Com a nova geração de jihadistas, o EI-K ganhou ainda mais terreno. “Os dois grupos são sunitas, mas não têm a mesma agenda", afirmou Didier Billion, diretor-adjunto do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas francês (Iris), em entrevista ao jornal Le Parisien desta sexta-feira (27ago).
Reuters, 03h36 de 13ago2021
EUA e Reino Unido vão deslocar a partir do Kuwait uma força de 3.500 a 4.000 soldados para apoiar a retirada dos funcionários da embaixada americana em Cabul e ajudar a retirar do país cidadãos afegãos que trabalhavam para as forças americanas e britânicas, numa altura em que os Talibã continuam a avançar e a capturar cidades importantes do país.
Press TV, 22h59 de 13ago2021
Não há dúvida que o Irão vai ter uma importante palavra a dizer na atual crise no Afeganistão, pelo que não é de estranhar que o Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) já tenha declarado no dia de hoje que a fronteira iraniana com o Afeganistão está segura e com a polícia e o Exército em prontidão total na região. O major-general Hossein Salami Salami, comandante do IRGC, afirmou que "as pessoas não se devem preocupar, pois o alcance das nossas observações vai além das fronteiras e estamos monitorizando e controlando todos os desenvolvimentos no país vizinho".
Al Jazeera, 23h00 de 13ago2021
Guterres exortou todas as partes a fazerem mais para proteger os civis... mas este apelo é capaz de já vir tarde.
Não há ideologia política, religiosa, social ou cultural que possa justificar uma barbárie como esta que ocorreu ontem numa escola de Peshawar e que foi perpetuada por um grupo de talibãs paquistaneses. Cento e quarenta e uma vítimas, das quais 132 crianças de idades entre os 12 e 16 anos, é uma tragédia que a humanidade não pode esquecer.
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«António Vidal» >> As convenções internacionais não deviam ser cumpridas, para mendecaptos como estes, e outros idênticos. Devia ser aconselhado o uso de Napalm sobre as suas cabeçinhas, para que nem os ossos restassem.
Foi ontem conhecida a atribuição do Prémio Nobel da Paz 2014 à jovem Malala Yousafzai em conjunto com o indiano Kailash Satyarthi. Nascida a 12 de Julho de 1997 numa localidade do noroeste da província paquistanesa de Khyber Pakhtunkhwa, Malala é mundialmente conhecida por ter sido baleada na cabeça por talibãs, em 9 de Outubro de 2012, como represália pelo seu activismo pelos direitos à educação das mulheres no Vale do Swat, onde os fundamentalistas islâmicos do Tehrik-i-Taliban Pakistan (TTP) proíbem as jovens de frequentarem a escola.
Países há muito tempo assumidos como potências nucleares são os EUA, a Rússia, o Reino Unido, a França, a República Popular da China, a Índia, o Paquistão e Israel. Depois há aqueles que estão considerados como “em fase de desenvolvimento de armas nucleares” ou mesmo já as possuindo sem o assumirem, como é o caso da Coreia do Norte e do Irão. E antes que países como o Iraque, o Egipto, a Arábia Saudita e a Turquia iniciem uma corrida a armamentos deste tipo, é tempo do Conselho de Segurança das Nações Unidas impor sanções severas aos que estão a desenvolver armas nucleares e criar zonas livres, já que o completo desmantelamento deste tipo de armamento não será facilmente exequível.
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