"Devido à velocidade da luz ser superior à do som, algumas pessoas parecem inteligentes até as ouvirmos."

Domingo, 30 de Agosto de 2020
Memória da Revolução Liberal de 1820

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   O portal de notícias do Porto.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, depositaram coroas de flores no mausoléu que alberga o coração de D. Pedro IV, na Igreja da Lapa, prestando homenagem à memória da Revolução Liberal de 1820.
O acontecimento que impulsionou o triunfo do liberalismo em Portugal comemorou 200 anos a 24 de agosto, e foi hoje [28ago2020] sublinhado com a deposição de duas coroas de flores num local repleto de simbolismo para a cidade Invicta e para a Revolução Liberal. Na capela-mor da Igreja da Lapa, onde ficou depositado o coração de D. Pedro IV, doado pelo monarca em homenagem ao espírito livre do Porto, o Presidente da República e o presidente da Câmara do Porto prestaram-lhe homenagem.



Publicado por Tovi às 10:20
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Sábado, 22 de Agosto de 2020
Revolução Liberal de 1820... no Porto

   Rui Moreira, no Diário de Notícias de hoje

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Celebramos, este ano, o segundo centenário da revolução liberal de 1820. Uma revolução inevitável pelo contexto político-social da época, e que deu início à difícil, lenta e tormentosa fundação do Portugal moderno.
Portugal sobrevivera, improvavelmente, às invasões francesas e à Guerra Peninsular (1807-1814) mas o preço era, passados alguns anos, intolerável. O país estava mergulhado numa profunda crise política, económica e social, e vivia debaixo de uma dupla tutela.
Transformara-se num protectorado dos ingleses que, depois de terem derrotado as tropas napoleónicas, liderando a resistência portuguesa, mantinham a administração do território nacional, bloqueando as carreiras no exército (refundado por Beresford) e condicionando o funcionalismo público. Transformara-se, também, numa colónia do Brasil, elevado à categoria de reino através de uma nova identidade pluricontinental, onde a corte permanecia, onde o comércio e os portos se abriam a outras potências.
Sem a riqueza do Brasil, a contribuição que antes equilibrara a economia portuguesa sempre dependente da agricultura de subsistência, sem alternativa ou voz na nova ordem europeia, resultante do Congresso de Viena, o país via-se condenado à ruína e privado da sua soberania.
A contraversão da relação colonial com o Brasil, a subjugação a Inglaterra e a crise económica consequente, com impacto na indigente administração que resistira às invasões, gerou o clima propício ao descontentamento.
As ideias da revolução francesa, que tinham encontrado acolhimento em sectores da burguesia urbana ainda antes das invasões voltavam a fervilhar, e a presença dos ingleses, que tinham assentado arraiais com o seu ideário liberal, também ela contribuía para que se questionasse o regime a que mais tarde se chamou de absolutista.
Esses ventos continuavam a abalar a Europa, apesar da mão de ferro da Santa Aliança, concebida no Congresso de Viena, em que as potências que haviam derrotado Napoleão concordaram em resgatar os limites territoriais anteriores à revolução francesa que tinham sido dissolvidas pelas guerras, e restaurar a ordem absolutista do Antigo Regime, pela mão de Metternich.
Em Janeiro de 1820, uma revolta militar tinha imposto o regime constitucional em Espanha, consagrado na Constituição de Cádis de 1812, e levou ao poder os liberais que tinham sido perseguidos por Fernando VII aquando do seu retorno do exílio em França. Portugal fora um dos refúgios eleitos pelos liberais espanhóis, como foi o caso do general Cabanes, em que procuravam apoios em para os seus ideais revolucionários.
Todos esses acontecimentos não passaram despercebidos em Portugal, e tiveram impacto nas cidades onde as notícias iam chegando, e onde a burguesia tinha um papel de relevo. Particularmente no Porto onde a nobreza tinha menor presença e influência, que se vira invadida por desalojados das terras do interior e por desertores, e onde havia bons livreiros e os hábitos das tertúlias que trocavam as voltas à férrea censura da época.
Não admira que o Sinédrio tenha surgido no Porto, Uma sociedade secreta, impulsionada pela consternação que se seguiu à condenação à morte de Gomes Freire, formada por burgueses e por juristas, tendo como característica comum o elevado grau de cultura política e grande respeitabilidade social. Foi no seio do Sinédrio que fermentou a conjura e o ideário liberal que, garantindo a fidelidade à casa de Bragança, lhe exigia que aceitasse regressar a Portugal para reinar constitucionalmente.
O golpe militar, inspirado pelo Sinédrio, ainda que sem a participação dos seus membros, viria a eclodir em 24 de Agosto de 1820. As proclamações protestavam lealdade a D. João VI, condenavam qualquer violência ou anarquia, e faziam referência à reunião das Cortes para promulgação de uma Constituição; e logo foi constituída a Junta Provisória que passaria a dispor da suprema autoridade em nome do Rei.
Enquanto a Junta dos Governadores, em Lisboa, denunciava o horrendo crime de rebelião e confiava em que o exército se apressaria a apagar a mancha de que a sua honra está ameaçada, e a Junta do Porto reclamava que não se tratava de uma revolta, mas de um movimento para defender a dinastia reinante das ameaças que a cercavam, o exército que saíra do Porto ia sendo aclamado por todo o país. E foi assim que a revolução chegou à capital, com a entrada triunfal e pacífica do exército revolucionário em 1 de Outubro.
Foram terríveis os anos que se seguiram à revolução liberal de 1820, e o país só encontrou a paz com a regeneração. Entretanto, viveu-se uma sangrenta guerra civil e inúmeras revoltas num país dilacerado e indeciso.
Se esta revolução, liberal e burguesa, era inevitável no contexto histórico, também é inevitável que tivesse eclodido no Porto. Esse liberalismo procurou na monarquia constitucional um antídoto contra a tirania dos reis absolutos e contra a tirania das maiorias democráticas: combinando as duas legitimidades, monárquica e popular, aspirava a realizar um meio termo entre ambas, um ponto de equilíbrio entre a monarquia pura e a democracia pura, cuja forma consumada e natural seria a República, como escreveu Maria de Fátima Bonifácio.
Mas, nas décadas que se seguiram, e também durante o século XX, o ideário foi esmagado por duas forças contraditórias: pelo radicalismo crescente na Europa, com o seu ideal anticlerical da comunidade de seres iguais, e o Antigo Regime, com os seus afloramentos.
Um conflito insanável entre a macrocefalia da capital, consequência da história e do Império e pasto natural do radicalismo europeu e o país rural, religioso, obediente e conservador; a clássica oposição entre a cidade e o campo, como escreveu Vasco Pulido Valente.
Duzentos anos depois, sem nunca ter causado problemas aos sucessivos regimes, o Porto, mais reivindicativo do que revolucionário, continua, por razão dessa diferença que se espelha nesse contraste e na comparação com outras cidades, a guardar a tradição liberal e a fazer diferente.



Publicado por Tovi às 11:09
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Quinta-feira, 13 de Fevereiro de 2020
Comemorações da Revolução Liberal do Porto


Publicado por Tovi às 10:13
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Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2020
Revolução Liberal de 1820

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O programa de celebrações da Revolução de 24 de Agosto de 1820 foi ontem de manhã apresentado na Câmara do Porto, pelo seu comissário geral, Pedro Baptista. A efeméride vai ficar marcada, ao longo do ano, por diversas iniciativas, entre elas exposições, um congresso e uma conferência internacional, colóquios, conversas situadas, sessões especiais de Um Objeto e seus Discursos por Semana, concertos, percursos e visitas orientadas, lançamentos de livros e um ciclo de cinema. Os Paços do Concelho encheram para conhecer aquilo que a cidade tem preparado para assinalar os 200 anos de "um momento de grande determinação nacional, que marcou o início da entrada na modernidade, a edificação de algumas dimensões da liberdade e, sobretudo, com o Porto à frente na afirmação patriótica da nacionalidade", destacou o comissário geral, que aceitou o convite de Rui Moreira para coordenar o programa das comemorações. Aliás, é mesmo a cidade que, unida, vai comemorar a Revolução Liberal do Porto. A iniciativa é do Município do Porto, mas a ela, desde a primeira hora, juntou-se o mundo académico, com a participação ativa da Universidade do Porto, da Universidade Lusíada e da Universidade Lusófona, mas também de instituições como o Museu Militar do Porto, a Associação 31 de Janeiro, Juntas de Freguesia (em particular a União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, cujo Cortejo do Traje de Papel, realizado no âmbito das Festas de São Bartolomeu, terá este ano como tema a Revolução de 1820), entre outras instituições parceiras e cidadãos que manifestaram o apoio às comemorações.



Publicado por Tovi às 07:48
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