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Fuga à guerra. O que está a acontecer nas fronteiras da Rússia?
(Cristina Sambado - RTP 27set2022)
O anúncio da primeira mobilização militar parcial da Rússia desde a II Guerra Mundial está a levar a uma fuga em massa de homens em idade militar para evitar serem enviados para a guerra na Ucrânia. Nas passagens fronteiriças há filas de vários quilómetros. Os destinos escolhidos preferencialmente são os que têm fronteira terrestre com a Rússia. Finlândia, Mongólia, Cazaquistão, Geórgia, Arménia, Bielorrússia, Uzbequistão, Letónia. Lituânia, Estónia, Polónia, Azerbaijão e Sérvia são alguns dos exemplos. As opções de fuga são limitadas: quatro dos cinco países da União Europeia que fazem fronteira com a Rússia já anunciaram que não permitem a entrada de russos com vistos turísticos. Os voos diretos de Moscovo para Istambul, Yerevan, Toshkent e Baku, as capitais dos países que permitem aos russos a entrada sem visto, esgotaram-se para a semana seguinte ao anúncio da mobilização. O valor elevado das passagens aéreas torna a o valor possível apenas para uma minoria.
Geórgia - As chegadas de russos à Geórgia quase duplicaram para dez mil por dia, após o anúncio da mobilização parcial anunciada por Vladimir Putin no passado dia 21 de setembro. O Ministério do Interior da Geórgia revelou que o “número aumentou para cerca de dez mil por dia. Havia 11.200 no domingo e menos de dez mil na segunda-feira”, em comparação com “cinco mil a seis mil” antes da mobilização. 
Cazaquistão - O presidente do Cazaquistão revelou esta terça-feira que está disposto a acolher refratários russos que estão a fugir para o território cazaque para evitar a incorporação militar. "Nos últimos dias, muitas pessoas vêm da Rússia para aqui. A maior parte é obrigada a sair" do país vizinho, disse Kassym-Jomart Tokaiev, citado pelos meios de comunicação social russos. "Temos de nos preocupar com eles e assegurar-lhe segurança", acrescentou o chefe de Estado do Cazaquistão, país aliado da Rússia mas que está manter distância sobre as questões relacionadas com a nova invasão iniciada no passado dia 24 de fevereiro. Nas fronteiras do antigo Estado soviético registaram-se várias filas de pessoas que querem deixar a Rússia. Apesar de ser um parceiro próximo de Moscovo, devido aos seus laços históricos, o Governo de Astana já revelou que não vai reconhecer a anexação das regiões orientais da Ucrânia, se a Rússia usar os referendos como pretexto para o fazer.
Finlândia - Na última semana, quase 17 mil russos cruzaram a fronteira com a Finlândia, um aumento de 80 por cento face à semana anterior. Alguns dos russos que fizeram a travessia no passado fim-de-semana revelaram que partiram de São Petersburgo - a segunda maior cidade da Rússia - e fizeram mais de três horas de carro. Na sexta-feira, o governo da Finlândia afirmou que vai impedir a entradas de todos os cidadãos russos com visto de turista, apesar de poderem ser feitas exceções em casos de motivos humanitários.
Letónia, Lituânia, Estónia e Polónia - Tal como a Finlândia, são quatro países da União Europeia que partilham fronteira terrestre com a Rússia – dois em redor do enclave de Kaliningrado e ou outros adjacentes ao Continente europeu. Os quatro países decidiram recentemente rejeitar turistas russos, limitando as possibilidades de russos fugitivos usá-los como rota de saída. A UE, que já tinha proibido voos diretos entre seus 27 estados membros e a Rússia, recentemente concordou em limitar a emissão de vistos Schengen, permitindo a livre circulação em grande parte da Europa, para cidadãos russos.
Bielorrússia - O Governo de Minsk é um dos poucos que apoia a invasão russa à Ucrânia, no entanto há relatos de vários russos terem entrado no país. Uma fuga que pode não ser das mais seguras, os serviços de segurança da Bielorrússia foram instruídos a rastrear os russos que fugiram do alistamento.
Mongólia - Entre as minorias étnicas em áreas remotas e pobres da Sibéria, de onde no passado foram retiradas grandes proporções das Forças Armadas profissionais da Rússia, houve protestos. No sábado, o ex-presidente da Mongólia Tsakhia Elbegdorj, atual chefe da Federação Mongol Mundial, disse que qualquer um que fugisse do alistamento militar seria recebido calorosamente em seu país.
Uzbequistão - 
A principal autoridade religiosa do Uzbequistão, uma ex-república soviética na Ásia Central, instou os habitantes a não se envolverem no conflito da Ucrânia, por que isso iria contra a fé islâmica. O Conselho Muçulmano do Uzbequistão disse que membros de algumas "organizações terroristas" estavam recrutando muçulmanos para lutar no conflito na Ucrânia sob o pretexto dejihad, ou guerra santa.

Turquia, Arménia, Azerbaijão e Sérvia - São países nos quais os russos não necessitam de visto para entrar. Os voos foram vendidos a preços exorbitantes devido ao aumento da procura nos últimos dias. Alguns russos chegam à Turquia com a esperança de voar para outros países.