Estamos no século XXI mas mesmo assim até consigo entender que pais mais iletrados deixem de vacinar pontualmente os seus filhos, mas já tenho muita dificuldade em compreender uma mãe que acabei de ver na TV, cidadã licenciada e professora como actividade profissional, afirmar que em consciência resolveu ter em casa os partos das suas três filhas, que nunca as vacinou nem nunca lhe deu como alimento quer carne quer leite. Que esta mãe nunca venha a arrepender-se desta sua decisão… é que a ciência de hoje e factos recentes não dizem que ela está a proceder bem.
Expresso online, 19Abr2017 às 10h09
Morreu a jovem de 17 anos internada com sarampo em Lisboa
A jovem de 17 anos com sarampo, internada no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, faleceu esta quarta-feira de madrugada, segundo fonte hospitalar. De acordo com o Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), a jovem morreu "na sequência de uma situação clínica infeciosa com pneumonia bilateral – sarampo". "A família acompanhou toda a evolução da situação clínica e o CHLC, com tristeza, lamenta a ocorrência e presta, publicamente, os seus sentidos pêsames", adianta a nota do Centro Hospitalar enviada à agência Lusa.
A jovem estava internada desde o fim de semana na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos do CHLC – Hospital Dona Estefânia, na sequência de uma pneumonia bilateral – complicação respiratória do sarampo. Como o Expresso anunciou esta noite, o estado da jovem tinha piorado consideravelmente.
O recente surto de sarampo que abrange vários países europeus causou em Portugal pelo menos 21 casos confirmados de sarampo. Em 2016, Portugal recebeu da Organização Mundial da Saúde (OMS), um diploma que oficializava o país como estando livre de sarampo, até porque os poucos casos registados nos últimos anos tinham sido contraídos noutros países. Com a vacinação gratuita das crianças, a partir de 1974, e sobretudo com a introdução de uma segunda dose de vacina em 1990, o sarampo acabou por se tornar quase uma doença esquecida ou invisível. Mas entre 1987 e 1989 tinham sido notificados em Portugal 12 mil casos, contabilizando-se 30 mortes.
O sarampo é uma das infeções virais mais contagiosas e, apesar de habitualmente ser benigna, pode ser grave e até levar à morte, avisa a Direção-geral da Saúde (DGS). A doença manifesta-se pelo aparecimento de pequenos pontos brancos na mucosa oral cerca de um ou dois dias antes de surgirem erupções cutâneas, que inicialmente surgem no rosto. Segundo a norma clínica emitida pela DGS na semana passada, as complicações do sarampo podem incluir otite média, pneumonia, convulsões febris e encefalite.
Os adultos têm, normalmente, doença mais grave do que as crianças e os doentes imunocomprometidos podem não apresentar manchas na pele. O sarampo, que é evitável pela vacinação, transmite-se por via aérea e pelo contacto direto com secreções nasais ou da faringe de pessoas infetadas. Com um período de incubação que pode variar entre sete a 21 dias, o contágio dá-se quatro dias antes e quatro dias depois de aparecer o exantema (erupções cutâneas).
Consideram-se já protegidas contra o sarampo as pessoas que tiveram a doença ou que têm duas doses da vacina, no caso dos menores de 18 anos, e uma dose quando se trata de adultos. A vacinação é a principal medida de prevenção contra o sarampo, sendo gratuita e incluída no Programa Nacional de Vacinação (PNV). As crianças devem ser vacinadas aos 12 meses e repetir a vacina aos cinco anos.
"Alerta-se, desde já, para a necessidade de os pais vacinarem os seus filhos sem hesitação, uma vez que as vacinas estão disponíveis no país", referiu a DGS numa nota emitida esta quarta-feira, um alerta que tem repetido de forma constante. A vacinação organizada contra o sarampo em Portugal iniciou-se em 1973, com uma campanha de vacinação de crianças entre os um e quatro anos, que vigorou até 1977. Em 1974, a vacina contra o sarampo foi incluída no PNV e em 1990 foi introduzida uma segunda dose da vacina.
Mais de 500 casos de sarampo foram reportados só este ano na Europa, afetando pelo menos sete países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que avisa que muitos dos casos de sarampo ocorrem por causa de pais que não querem vacinar os seus filhos.
O Jumento [jumento.blogspot.pt]
Precisamos de uma vacina contra a imbecilidade
Hoje de manhã, quando vinha a caminho do emprego lembrei-me do que estava a passar a jovem internada nos cuidados intensivos, com uma pneumonia bilateral adquirida devido a ter sido infetada com sarampo. Tive uma experiência semelhante em 2013, sei o que é entrar na urgência com um choque sético, com a tensão arterial em 6-4, com uma pneumonia bilateral e a precisar de oxigénio.
Imaginei o que seria a vida desta jovem à luz da minha própria experiência, do risco de vida que enfrentava, das muitas sequelas físicas de que poderia sofrer, dos sacrifícios que teria de enfrentar mesmo que conseguisse sair da UCI. No meu caso foi um mês de cuidados intensivos, mais de 20 dias em coma induzido, várias tentativas de saída do coma sem conseguir retomar a respiração, com um risco de perda de vida estimado em 25%. Depois foi a via sacra da cura total e da reabilitação física, um mês de enfermaria de pneumologia, mais outro num centro de reabilitação, para recuperar de uma tetraplegia dos cuidados intensivos, neste centro vi consequências bem mais graves resultantes de pneumonias.
Hoje de manhã eu, diria que o país, fui surpreendido com a morte daquela jovem, um cenário que para mim era muito provável, tendo em conta o pouco que se ia dizendo do seu estado de saúde. Neste momento já corre na comunicação social que a jovem não tinha sido vacinada contra o sarampo, uma mania que se generalizou no Ocidente, promovida por falsos cientistas e por negociantes de falsas vacina e falsos medicamentos, um negócio da China que sobrevive à custa de alguma estupidez que grassa nos países mais ricos e supostamente melhor informados.
Em África morrem muitas crianças e jovens devido a doenças que poderiam ser evitadas com uma vacina que para os padrões europeus têm um preço quase simbólico. Está sendo feito um esforço enorme para debelar um sofrimento humano que há muito os europeus se esqueceram, doenças que dizimavam e marcam a população e que hoje ninguém conhece. Mas em África faltam os recursos financeiros, falta a informação e faltam as estruturas para assegurar que cada criança tem acesso a cuidados básicos de saúde, que por aqui não se questionam.
Mas em África também há os curandeiros que tentam boicotar a ação dos médicos, e até houve um presidente sul-africano, um tal Thabo Mbeki, que questionou a causa da SIDA, questionou o seu tratamento e acusou os cientistas que combatiam a doença de serem nazis. Por cá não temos curandeiros ou idiotas como Thabo Mbeki, mas multiplicam-se seitas de gente de inteligência superior que passam a ideia perigosa de que se curam doenças com medicamentos feitos à base de água da torneira ou que as vacinas matam mais do que curam.
Este movimento ideológico alimentado pela estupidez poderá ter feito a primeira vítima em Portugal, não contando muitas outras que são vítimas dos novos curandeiros. Se assim foi apenas se pode dizer que é lamentável, mas poderão ser evitadas futuras vítimas se aqueles que optam por expor os filhos a doenças ou a transformá-los em agentes de novas epidemias forem responsabilizados.
Comentários no Facebook
«Tiago Barbosa Ribeiro» - Ainda a propósito do tema das vacinas, tenho visto as mais angustiantes reportagens que dão voz aos "pais que não vacinam". É pavoroso ver a confirmação das razões para essa opção. No "Público", uma naturopata e uma macrobiótica afirmam que após apurados estudos (imagino que ainda foram umas valentes horas no google para desconstruir uns séculos de avanços científicos) decidiram não vacinar os filhos. Em "alternativa" optam por "estilos de vida saudáveis" e têm uma "alimentação equilibrada", evitando "farinhas e produtos processados" . Dizem também que se fossem pobres e não tivessem muita higiene provavelmente vacinariam os filhos. É desconcertante ver como o período de maior democratização da informação e acesso generalizado a educação não contém, e até alimenta, o obscurantismo, as crendices e a mistificação. É assim com todos os actos de fé, incluindo os que glorificam "aparições" de virgens e santinhos, por exemplo, mas um racionalista como eu fica sempre a pensar onde é que falhámos como espécie. Em algum lado terá sido.
«David Ribeiro» - A informação se não der origem ao conhecimento de pouco serve.
«Carlos Vargas» - Na enxurrada "informativa" poucos se salvam. Pouco ou nenhum conhecimento se vislumbra. Mas sabe-se que graças ao google o país, quiçá o mundo, dispõe de um número extraordinário de 'experts' em vacinas e em comida biológica.
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