"Devido à velocidade da luz ser superior à do som, algumas pessoas parecem inteligentes até as ouvirmos."
Sábado, 30 de Abril de 2022
Ucranianos recebidos por russos pró-Kremlin

  No Expresso, na manhã de ontem 
Saíram da Ucrânia até Setúbal, para fugir a mísseis, tanques e soldados russos. Mas no gabinete de apoio aos refugiados da Câmara de Setúbal, de maioria PCP, foram recebidos por russos. Os documentos são copiados e perguntam às mulheres onde ficaram os maridos. O medo deles voltou.
Olga fugiu da guerra. Primeiro, de Luhansk para a região vizinha de Kharkiv (Carcóvia), no nordeste da Ucrânia, por causa da guerra civil entre ucranianos e separatistas pró-russos. Dessa vez a viagem foi curta. Agora, aos 35 anos, atravessou a Europa de Kharkiv até Setúbal para fugir a mísseis, tanques e soldados russos. Olga, que prefere não dar a cara e reservar o apelido, mostra o telemóvel com as fotografias nos abrigos, nas viagens de comboio, no refúgio na Polónia. Chegou a Portugal a 19 de março com as duas filhas, de seis e oito anos. Fugida dos russos, quando foi ao gabinete de apoio aos refugiados da Câmara de Setúbal estranhou ser recebida por russos, que lhe falaram em russo: “Perguntaram-me onde estava o meu marido e o que tinha ficado a fazer”, contou ao Expresso durante uma conversa nos arredores de Setúbal. Fotocopiaram-lhe os documentos: o passaporte e a certidão das crianças. Hoje tem medo.
O mesmo receio é partilhado por outros refugiados em Setúbal, testemunhou o Expresso esta semana. A autarquia, de maioria comunista, liderada por André Martins, criou a Linha Municipal de Apoio aos Refugiados — LIMAR, com gabinete no Mercado do Livramento, no centro da cidade, e que há um mês já tinha atendido 160 ucranianos. Foi lá que Olga encontrou Igor Khashin, um dos líderes da comunidade russa em Portugal, e a mulher, Yulia Khashina, funcionária da câmara setubalense, admitida como jurista nos serviços da autarquia em dezembro, depois de um concurso público. Yulia era quem “traduzia a conversa do russo para a funcionária que tirou as fotocópias”, conta Olga. “Igor estava ao computador.” Mas não é funcionário da autarquia. Os documentos tinham as moradas da família, a filiação e o nome do marido.

 

  E ao longo do dia de ontem foi assim
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  No comunicado que divulgou no dia de ontem, a autarquia setubalense escudava-se na credibilidade que outros organismos do Estado davam a Igor Kheshin - o líder associativo russo que estava a receber refugiados ucranianos em Setúbal. A CMS alegava que este cidadão era colaborador do SEF, mas este organismo emitiu um esclarecimento na tarde de ontem a dizer que apenas recorreu uma vez aos serviços de uma tradutora de nacionalidade ucraniana que pertencia à associação liderada por este cidadão russo. "A Direção Nacional determinou hoje que as solicitações efetuadas a pessoas ligadas a essa associação fossem suspensas", diz o comunicado do SEF. 
O gabinete do primeiro-ministro desmentiu esta sexta-feira à tarde a Câmara de Setúbal, que afirmou ao Expresso ter enviado a São Bento uma carta com uma questão a que diz não ter resposta - sobre uma entrevista da embaixadora da Ucrânia Inna Ohnivets -, que fez acusações a associações financiadas pela autarquia. O gabinete de André Martins, presidente da câmara da CDU, repetiu essa informação num comunicado, esta sexta-feira, a reagir à notícia do Expresso sobre os refugiados ucranianos que são recebidos na câmara por cidadãos russos com ligação a instituições do Kremlin. O comunicado do gabinete do primeiro-ministro diz que "a carta que o Presidente da Câmara Municipal de Setúbal dirigiu ao primeiro-ministro no passado dia 11/04/22 é um protesto sobre declarações prestadas pela Embaixadora da Ucrânia em Lisboa, à CNN, e foi reencaminhada para os efeitos tidos por convenientes para o MNE".

  E ao fim do dia de ontem...
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mw-860.jpg“Não ponho as mãos no fogo sobre nada”- André Valente Martins, presidente da Câmara de Setúbal, militante dos Verdes e eleito pela CDU, reconheceu, assim, a sua incapacidade em dar garantias sobre o tratamento de dados de refugiados ucranianos que recorreram aos serviços da Linha Municipal de Apoio aos Refugiados — LIMAR, com gabinete no Mercado do Livramento, no centro da cidade, onde foram atendidos por uma funcionária russa, Yulia Khashina, e onde esteve a dar apoio o seu marido Igor Khashin, antigo presidente da Casa da Rússia e do Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos e dirigente da Edintsvo - Associação dos Emigrantes de Leste, que foi financiada pela autarquia comunista desde 2005 até março deste ano.

 

  Serviços secretos já tinham sido avisados
A Associação dos Ucranianos em Portugal garante que há, neste momento, neste país, infiltrados pró-Putin em Organizações Não Governamentais (ONG) que apoiam os ucranianos, e já alertou as secretas portuguesas. Numa carta enviada no dia 2 de abril, à secretária-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), Graça Mira Gomes, o presidente daquela associação explica que a situação “é muito grave e pode pôr em causa a segurança dos ucranianos refugiados de guerra que vão chegando a Portugal, dos familiares deles na Ucrânia e a segurança da Ucrânia em tempos de invasão russa”. Segundo refere o presidente daquela associação de ucranianos, no documento que enviou ao SIRP, em causa estão “organizações diretamente ligadas à embaixada da Rússia”, apesar de “nos estatutos” aparecerem como “multiculturais” e que são vistas como representantes dos ucranianos. “Alguns meses antes da invasão russa ao território ucraniano, estas organizações, de repente, limparam toda a informação que mostrava ligação com a embaixada da Rússia em Portugal nas suas páginas web e redes sociais”, explica, acrescentando que, para “agravar”, estas organizações em Portugal são reconhecidas pelo Alto Comissariado dos Migrações (ACM).

 

  Programa “Contra Poder” da CNN-Portugal
Sobre a polémica que envolve a colaboração entre a Câmara Municipal de Setúbal e o acolhimento de refugiados por líderes associativos pró-Putin:
Maria João Avillez - ""A raiz do mal foi a Câmara achar possível usurpar os seus poderes para fazer espionagem. (...) Semanas de gente em situação de fragilidade a ser interrogada por uma funcionária casada com um indivíduo com ligações ao Kremlin".
Sérgio Sousa Pinto - "Não tem desculpa... e passa-se numa Câmara do Partido Comunista. (…) O que me envergonha é que o caso foi detetado pela Embaixadora da Ucrânia".



Publicado por Tovi às 08:23
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